terça-feira, julho 18, 2006

“CELLULAR”

“Há dias em que não se deve sair á rua”. Com a explosão do DVD e do “home vídeo”, agora há que ter mais cuidado com a frase. Começa a haver também dias (ou noites) em que “não se pode ficar em casa”, sobretudo se for a ver uns filmezinhos para entreter, daqueles que a indústria produz a bom ritmo e pouca inspiração.
O primeiro, à partida, valia pela presença de Kim Basinger. Puro engano. Nem ela se salva. (Salva-se apenas o celular que pagou o filme). Aliás Kim Basinger começa por ser raptada, depois de levar o filho á escola, fica prisioneira de um gang que quer alguma coisa que o marido esconde, e a faz refém por isso. Ela não tem telefone, mas inventa um, com uns restos que encontra, estabelece ligação com um jovem que não conhece de parte nenhuma, e começa por não acreditar na história que ela conta, mas depois deixa-se envolver nesta meada de crime e violência. Inicia-se assim uma corrida contra o tempo para salvar a vida de Jessica, e o filho desta, depois também do marido.
Uma história que poderia ter algum interesse, mas que descamba no mais puro ridículo, com péssimos actores e uma realização (?) que não convence ninguém. Coitada da Kim Basinger, sempre tão apagada e mal iluminada, e já agora coitado do William H. Macy. David R. Ellis, que assina, foi “stuntman” e director de segunda equipa, e por lá deveria ter ficado.

“LIGAÇÃO DE ALTO RISCO” (Cellular), de David R. Ellis (EUA, 2004); com Kim Basinger, Chris Evans, William H. Macy, Eric Christian Olsen, Jason Statham, etc. Vitória Filme; 94 min; M/12 anos.


“IDENTITY”

Um pouco mais interessante é “Identity” (Identidade Misteriosa), de James Mangold (“Copland – Zona Exclusiva”, 1997, “Vida Interrompida”, 1999, e “Walk the Line”, 2005), baseado num romance de Michael Cooney, que reúne num motel, numa noite de tempestade, não “10 Little Nigers”, mas dez indivíduos misteriosos, que ficam isolados e vão desaparecendo, um a um, com as chaves numeradas dos quartos a rondar os cadáveres: 10, 9, 8, 7, 6, 5 …
Ficam um gerente de motel que relembra Anthony Perkins (o argumentista bem tenta, mas nunca relembra, a bem dizer!), mais um motorista (John Cusack), de uma actriz (Rebecca De Mornay), um polícia (Ray Liotta) com o preso condenado à morte (Jake Busey), um jovem casal, casado há nove horas e que não chega à décima (Clea Duball e William Lee Scott), uma prostituta (Amanda Peet) e uma família bem unida que acaba desagregada (John C. McGinley, Leila Kenzle e Bret Oler)… Acontece que todos fazem anos no mesmo dia, e… todos têm muito mais em comum, até a própria morte.
Nas imagens iniciais (e nas finais), um médico psiquiatra tenta provar a um juiz intransigente que o preso condenado à morte já não tem “a alma” de assassino e que não é responsável pelos seus crimes passados. Apenas “o corpo” os cometeu. Assim se prega a pena de morte na América, com obrinhas como esta, razoavelmente carpinteiradas, bem fotografadas, aceitavelmente interpretadas. O argumento é uma confusão, e só uma mente com acentuado desdobramento de personalidade pode achar plausível este mergulho na paranóia. Enfim, amanhã é outro dia (ou noite).

“IDENTIDADE MISTERIOSA” (Identity), de James Mangold (EUA, 2003), com John Cusack, Ray Liotta, Amanda Peet, Alfred Molina, Clea DuVall, etc. Columbia; 90 min; M/16 anos.

2 comentários:

fcorado disse...

Gosto de saber que consideras que tenho "uma mente com acentuado desdobramento de personalidade". Não sei se será bom...

Anónimo disse...

Really amazing! Useful information. All the best.
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