quinta-feira, julho 13, 2006

COLECÇÃO "TRÊS SINAIS"
EDITORA "GUERRA & PAZ"
DEPOIS DE
AGUSTINA BESSA-LUÍS
EDUARDO PRADO COELHO

“Três Sinais” é uma das colecções que a recém criada editora “Guerra & Paz”, do ex-director de programas da SIC, Manuel S. Fonseca, lançou com alargado interesse entre leitores. O primeiro volume, “Fama e Segredo na História de Portugal”, uma reunião de doze histórias escritas por Agustina Bessa-Luís sobre a História de Portugal "de Viriato a Salazar", apareceu há já uns meses e é, como sempre em Agustina, um delírio de imagens e um festins de palavras que têm em comum alguma mitologia portuguesa, mas bem agarrada a figuras históricas. "Das pernas de Afonso Henriques, coladas até aos joelhos, ao hipotético casamento de Salazar com uma discretíssima senhora Trocado, o que é que sabemos hoje, de facto, sobre as histórias da História de Portugal?”, perguntavam os editores. Agustina divaga, investiga, inventa, promete, e no final dá-nos uma obra de uma prodigiosa qualidade literária. Como sempre. Adoro Agustina. E ela sabe-o.

Ontem (11.07.2006), no Lux, Eduardo Prado Coelho lançou novo volume da mesma colecção: "Nacional e Transmissível" que aborda 22 tópicos considerados "genuinamente portugueses", ícones da nossa identidade, desde expressões tão banais como "passar pelas brasas" ou "a culpa morreu solteira" até “instituições” gastronómicas, como o pastel de nata, o vinho do Porto, a sardinha assada, o bacalhau ou a marmelada. Na geografia citadina (EPC é um citadino, fala do que conhece, e o seu “nacional e transmissível” é radicalmente citadino) vai do Bairro Alto, em Lisboa, à Ribeira no Porto, e passa – vá lá - pelo Guincho e pela roupa pendurada à janela (a bandeira, lá está nas ilustrações). Não esquece a Saudade, o Fado, as Cartas Portuguesas, nem Fernando Pessoa. "É um retrato de uma certa maneira de Portugal se representar a si próprio e também um livro extremamente autobiográfico. Há uma certa nostalgia, como quando escrevo, por exemplo, sobre os cafés de Lisboa, que estão a desaparecer, mas não é essa a dimensão dominante ", disse EPC para quem estava a ouvi-lo. Desejou que tenha sido “capaz de pensar a actualidade e, ao mesmo tempo, estar acima dela". O livro tem fotos e design gráfico de Luís Miguel Castro.
A qualidade maior é passar de forma quase imperceptível do nacional ao “seu” pessoal, recordar pessoas e situações, enquadrá-las nos tempos e nos espaços, saborear a recordação, quer seja dolorosa ou divertida, quer seja um corte abrupto numa relação, ou uma sessão de marmelada no Éden. Com uma escrita elegante e uma ironia muito própria, EPC torna o "Nacional e Transmissível" em “Pessoal e Intransmissível” com um discurso que prende e emociona. A vida aproxima, afasta, há sardinhas indigestas e cortiça extremamente erótica, e re-encontros, depois de pausas absurdas, onde não se tem pressa de nada. Éramos terrivelmente jovens. Antes. Agora estamos no Lux, numa noite quente. No lançamento de "Nacional e Transmissível". Um álbum de recordações portuguesas que muitos podem e devem visitar.
A mesma editora, que quer ser “muito abrangente”, lançou ainda uma nova colecção, “Salto Alto”, "livros femininos íntimos e ousados", cujo primeiro volume foi escrito por Aldina Mestre, da "Quinta das Celebridades", uma autobiografia a que chamou “No Caminho do Amor", uma obra que, disse na apresentação (a que não assisti, helas!), "estava prometida aos portugueses". Obrigado, pela parte que me toca.

2 comentários:

Anónimo disse...

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