sexta-feira, dezembro 30, 2011

Cinema: A ÁRVORE DA VIDA



A ÁRVORE DA VIDA
 “The Tree of Life”, de Terrence Malick, é um acontecimento. Como o foram todos os seus (raros) filmes anteriores. Este é um daqueles autores que prepara minuciosamente cada nova obra, desde a sua estreia na longa-metragem, com o magnífico “Noivos Sangrentos” (1973), passando por “Dias do Paraíso” (1978), “A Barreira Invisível” (1998), ou “O Novo Mundo” (2005), até chegar a este estranho, fascinante e estimulante “A Árvore da Vida” (2011). Agora, como que a contrariar tudo o que se conhecia dele até aqui, anunciam-se quatro novos títulos para os próximos dois anos: “Voyage of Time”, “Lawless”, “Knight of Cups” e um projecto que se conhece apenas pela designação “Untitled Terrence Malick Project”.
O filme começa com uma citação do livro de Job: “Onde estavas quando lancei as fundações da Terra? Entre as aclamações das estrelas da manhã e o aplauso de todos os filhos de Deus?” Claro que este é um filme que invoca a presença (ou a ausência) de Deus, mas é mais uma obra de onde ressaltam as dúvidas e as incertezas, as reticências numa resposta única, do que uma afirmação indubitável de fé divina.
“A Árvore da Vida” pode ser aqui uma metáfora metafísica ou espiritual, uma resposta científica, ou simplesmente a árvore que se planta no quintal e que vai crescer acompanhando o crescimento dos filhos do casal O’Brien. “A Árvore da Vida” é o elogio da vida e da natureza, mas também do apogeu da Graça. Dizem-nos logo no início que umas freiras, algures, ensinaram que existiam dois caminhos, “o da Natureza e o da Graça”. Mais tarde, descreve-se o casal O’Brien como sendo o pai um símbolo da Natureza e a mãe, da Graça. Assistimos, entretanto, ao nascimento da Terra e acompanhamo-la do “Bing Bang” até à actualidade. Vemos  a brutalidade do fogo e da lava em explosão, mas também a harmonia da paisagem, a beleza verde dos campos e das árvores, o amarelo dos girassóis, o azul da água, a aragem a percorrer as areias douradas dos desertos,  lentamente vamos entrando nessa melopeia de imagens e sons, de movimentos de câmara e de ritmos musicais que nos restituem o mundo no seu esplendor. Percebe-se que a Graça e a Natureza coexistem, são um casal, e ambos querem o melhor para os seus filhos, ainda que por caminhos diversos, por vezes até antagónicos.
O pai (um magnífico Brad Pitt) é austero, rigoroso, por vezes violento na sua educação formal. Sabe-se que vem de uma existência traumatizante, está habituado ao “struggle for life”, que é a base da filosofia de vida dos americanos, há que ser forte para derrotar os adversários, há que olhá-los de frente, mostrar se possível fraqueza para depois aplicar o golpe definitivo. É isso que ensina aos filhos, muito embora gostasse de ter sido músico, possivelmente escrever e reescrever dezenas de vezes uma obra-prima e depois dizer “Podia estar melhor”. Mas os caminhos da sua árvore da vida foram outros e vê-se humilhado no final da carreira, despedido, obrigado a mudar de casa, depois de ter perdido um dos seus três filhos. 
A mãe (essa portentosa Jessica Chastain) é a Graça, o espírito, as saias a que se agarram os filhos, o colo a que recolhem, o doce olhar que os ampara, o choro convulsivo quando lhe é transmitida a funesta notícia da morte do filho, o andar desamparado pelas ruas de Smithville (uma cidadezinha perto de Austen, no Texas, corria a década de 50 do século passado). Ela é aquela que para os olhos de um dos filhos não foi: “deixaste que ele (o pai) fizesse de ti o que ele quis. Eu não vou fazer nada do que disserem.” Mas a mulher é a Graça, a presença etérea do espírito materno, a mãe terra, a procriadora, aquela de cujo ventre sai o futuro. Um pezinho de bebé, acolhido entre as mãos dos que o amavam antes dele nascer, e o vão preparar para a vida, para o confronto com a Natureza e com a Graça, com o meio físico e a espiritualidade. Afinal, a dualidade que todos nós enfrentamos quando entramos neste planeta onde a beleza extravasa do exterior para o interior (quase todos os cenários são limitados por vidros, que trazem para o interior das casas a paisagem exterior, quer ela seja dos verdes e azuis da paisagem natural, quer a do aço, do vidro ou do cimento da paisagem urbana das grandes metrópoles).
Terrence Malick aposta numa religião, a do amor: “A única forma de ser feliz é amando. Se amares, a vida passa num segundo.” Mas nem tudo é simples e por vezes a paisagem é de rochas inóspitas que é preciso atravessar. “Vejam a Glória que nos rodeia”, mas logo acrescentam que, por vezes, se vive “na vergonha”. É Jack (Sean Penn), o irmão mais velho, que vive por entre arranha-céus e que grita contra “este mundo está entregue à bicharada, onde campeia a ganância”, que, no final, invoca o irmão perdido, pedindo-lhe: “Irmão, cuida de nós, Orienta-nos. Até ao fim dos tempos.”
Religião? Alguém tenta confortar os familiares, dizendo, após a morte do filho: “Ele está agora nas mãos de Deus!”, ao que lhe respondem com uma inquietante pergunta: “Não esteve ele sempre nas mãos de Deus?”.
“A Árvore da Vida” não é um simples filme. É uma experiência que se atravessa, se vive. Parece-me ter muito de autobiográfico, por muito pouco que se saiba de Terrence Malick, um autor que quase não fala de si, se recusa a dar entrevistas, vive recolhido, e de quem se conhece uma única fotografia. Há quem diga que nasceu em Ottawa, Illinois, outros afiançam que foi em Waco, Texas, filho de Emil Malick, um geólogo austero, proveniente de uma família imigrante, iraniana. A mãe foi Irene Malick, de quem guarda boas recordações. Toda a sua infância é passada em ambientes rurais. Teve dois irmãos mais jovens, um dos quais, Larry, estudou música (guitarra) em Segóvia, Espanha, e que se sabe que morreu jovem (talvez suicídio).
Terrence Malick estudou filosofia na Universidade de Harvard, especializando-se em Heidegger, sobre quem escreveu uma tese, “The Essence of Reasons”. Deu aulas de filosofia e de cinema, escreveu artigos para o “Newsweek”, “The New Yorker” e “Life”. Em todos os seus filmes a natureza ocupa um lugar preponderante. Creio que em todos os seus filmes podemos encontrar um pouco de si, da sua vida passada, do seu testemunho filosófico sobre o destino do homem. O que torna as suas obras completamente diferentes de todas as outras. Afinal, o que faz a diferença das obras de arte é o seu cunho pessoal. Se já tudo se disse e se contou, e se nada é novidade na “estória”, o que é único e transmuda as vozes é a sua sinceridade e a sua verdade.
Não há em “A Árvore da Vida” uma narrativa tradicional, cronológica, mas antes um evocar de olhares e palavras, de memórias e emoções, quase todas elas mantidas por Jack O’Brien, que recorda, de forma não linear, figuras, situações, sentimentos, locais, os anos 50, o Texas, a família, o pai e a mãe, os irmãos, as brincadeiras, a natureza, os rios e as árvores, e aquela árvore plantada no jardim… A iniciação. 
Admiravelmente fotografado por Emmanuel Lubezki, com uma soberba montagem que demorou dois anos e ocupou o realizador e cinco montadores, “The Tree of Life” é indiscutivelmente um dos grandes filmes, senão o maior, de 2011. É impossível não estabelecer pontos de contacto, mais estilísticos do que temáticos, com “2001: Uma Odisseia no Espaço”, de Kubrick. Nas sequências da criação do mundo, na banda sonora, na utilização da música como suporte e contraponto das imagens. E pode, e deve, dizer-se a fechar (ou a abrir para novos considerandos que nunca se esgotarão nesta obra) que “A Árvore da Vida” é, sobretudo, uma celebração da vida e do amor, um poema, uma elegia, uma meditação, uma reflexão filosófica ou um simples olhar extasiado para a beleza que nos rodeia, e que nem sempre sabemos celebrar.
A ÁRVORE DA VIDA
Título original: The Tree of Life
Realização: Terrence Malick (EUA, 2011); Argumento: Terrence Malick; Produção: Nigel Ashcroft, Ivan Bess, Greg Eliason, Dede Gardner, Nicolas Gonda, Sarah Green, Grant Hill, Susan Kirr, Brad Pitt, Bill Pohlad, Donald Rosenfeld, Paula Mae Schwartz, Steve Schwartz, Sandhya Shardanand; Música: Alexandre Desplat; Fotografia (cor): Emmanuel Lubezki; Montagem: Hank Corwin, Jay Rabinowitz, Daniel Rezende, Billy Weber, Mark Yoshikawa; Casting: Vicky Boone, Francine Maisler; Design de produção: Jack Fisk; Direcção artística: David Crank; Decoração: Jeanette Scott; Guarda-roupa: Jacqueline West; Maquilhagem: Direcção de Produção: Scott E. Chester, Erica Frauman, Frank Hildebrand, Tim Assistentes de realização: Bobby Bastarache, Cleta Elaine Ellington, Scott R. Meyers, Katie Tull; Departamento de arte: Ruth De Jong, Robert K. Weinberger; Som: Erik Aadahl, Craig Berkey, Will Files; Efeitos especiais: Brian Cross, Ryan Roundy; Efeitos visuais: Erin Ferguson, Bradley Friedman, Dan Glass, Alexa Hale, Steve Jaworski, Stephen King, Key Hyung Lee, Eric D Legare, Ruheene Masand, Laurent-Paul Robert, Benson Shum; Animação: Mike Jahnke, Sheldon Kruger, Gary Mau; Companhias de produção: Brace Cove Productions, Cottonwood Pictures, Plan B Entertainment, River Road Entertainment; Intérpretes: Brad Pitt (Mr. O'Brien), Sean Penn (Jack), Jessica Chastain (Mrs. O'Brien), Hunter McCracken (Jack, em jovem), Laramie Eppler (R.L.), Tye Sheridan (Steve), Fiona Shaw (avó), Jessica Fuselier (Guide), Nicolas Gonda (Mr. Reynolds), Will Wallace (Arquitecto), Kelly Koonce (padre Haynes), Bryce Boudoin (Robert), Jimmy Donaldson (Jimmy), Kameron Vaughn (Cayler), Cole Cockburn (Harry Bates), Dustin Allen (George Walsh), Brayden Whisenhunt, Joanna Going, Irene Bedard, Finnegan Williams, Michael Koeth, John Howell, Samantha Martinez, Savannah Welch, Tamara Jolaine, Julia M. Smith, Anne Nabors, Christopher Ryan, Tyler Thomas, Michael Showers, Kimberly Whalen, Margaret Hoard, Wally Welch, Hudson Lee Long, Michael Dixon, William Hardy, Tommy Hollis, Cooper Franklin Sutherland, John Cyrier, Erma Lee Alexander, Nicholas Yedinak, Alex Draguicevich, Jackson Hurst, etc. Duração: 139 minutos; Distribuição em Portugal: Zon Lusomundo Audiovisuais; Classificação etária: M/ 12 anos; Estreia em Portugal: 26 de Maio de 2011.
 Terrence Malick - a única fonografia conhecida do cineasta

quinta-feira, dezembro 29, 2011

2011 - O CINEMA PORTUGUÊS EM PORTUGAL, 2

:

RANKING DOS FILMES PORTUGUESES MAIS VISTOS
(1-1-2011/21-12-2011) 
 
Passemos agora ao quadro seguinte, mantendo a mesma fonte, ICA (http://www.ica-ip.pt/Admin/Files/Documents/contentdoc1956.pdf). Trata-se agora de filmes portugueses, estreados durante o mesmo lapso de tempo. 

TÍTULO
TIPO
REALIZADOR
DISTRIBUIDOR
ESTREIA
ESPECT.
RECEITA BRUTA
1
SANGUE DO MEU SANGUE
FICÇÃO
JOÃO CANIJO
MIDAS FILMES
05-10-2011
20.262
€ 95.502,12
2
COMPLEXO UNIVERSO PARALELO
DOC.
MÁRIO PATROCÍNIO
VALENTIM DE CARVALHO
13-01-2011
17.102
€ 85.063,14
3
A CIDADE DOS MORTOS
DOC.
SÉRGIO TRÉFAUT
FAUX
14-04-2011
6.924
€ 32.610,71
4
48
DOC.
SUSANA SOUSA DIAS
ALAMBIQUE
21-04-2011
3.256
€ 15.539,69
5
O ESTRANHO CASO DE ANGÉLICA
FICÇÃO
MANOEL DE OLIVEIRA
ZON LUSOMUNDO AUDIO.
28-04-2011
2.664
€ 11.677,48
6
A MORTE DE CARLOS GARDEL
FICÇÃO
SOLVEIG NORDLUND
ZON LUSOMUNDO AUDIO.
22-09-2011
2.656
€ 11.563,13
7
BUDAPESTE
FICÇÃO
WALTER CARVALHO
CLMC - MULTIMÉDIA
17-02-2011
2.290
€ 10.386,40
8
CISNE
FICÇÃO
TERESA VILLAVERDE
ALCE FILMES
08-09-2011
2.220
€ 9.822,50
9
COM QUE VOZ
DOC.
NICHOLAS OULMAN
NLC - CINEMA CITY
27-01-2011
2.063
€ 10.243,49
10
VIAGEM A PORTUGAL
FICÇÃO
SÉRGIO TRÉFAUT
FAUX
16-06-2011
2.017
€ 8.892,40
11
AMÉRICA
FICÇÃO
JOÃO NUNO PINTO
ZON LUSOMUNDO AUDIO.
26-05-2011
1.762
€ 7.295,16
12
QUINZE PONTOS NA ALMA
FICÇÃO
VICENTE ALVES DO Ó
ZON LUSOMUNDO AUDIO.
07-04-2011
1.657
€ 4.496,06
13
O BARÃO
FICÇÃO
EDGAR PÊRA
ZON LUSOMUNDO AUDIO.
20-10-2011
1.196
€ 5.844,90
14
A ESPADA E A ROSA
FICÇÃO
JOÃO NICOLAU
O SOM E A FÚRIA
07-04-2011
661
€ 2.442,64
15
E O TEMPO PASSA
FICÇÃO
ALBERTO SEIXAS SANTOS
TREVI FILMES, AUDIO, LDª
10-03-2011
566
€ 2.398,30
16
ÁGUAS MIL
FICÇÃO
IVO M. FERREIRA
ZON LUSOMUNDO AUDIO.
12-05-2011
540
€ 2.149,02
17
QUEM VAI À GUERRA
DOC.
MARTA PESSOA
REAL FICÇÃO
16-06-2011
531
€ 2.566,13
18
ATÉ ONDE?
FICÇÃO
CARLOS MAGALHÃES DE BARROS
CARLOS MAGALHÃES DE BARROS
11-06-2011
426
€ 691,00
19
EFEITOS SECUNDÁRIOS
FICÇÃO
PAULO REBELO
C.R.I.M. PRODUÇÕES AUDIO.
14-12-2011
373
€ 566,00
20
THE NORTH CANYON
DOC.
GARRETT McNAMARA, P. CALDEIRA, P. CONCEPTS
ZON LUSOMUNDO AUDIO.
21-10-2011
361
€ 1.585,00
21
DURANTE O FIM
DOC.
JOÃO TRABULO
PERIFERIA FILMES
23-06-2011
172
€ 520,70
22
PERDIDA MENTE
FICÇÃO
MARGARIDA GIL
AMBAR FILMES
01-11-2011
167
€ 376,00
23
NO MEU LUGAR
FICÇÃO
EDUARDO VALENTE
ZON LUSOMUNDO AUDIO.
13-10-2011
62
€ 250,85

O melhor filme português, “Sangue do Meu Sangue”, de João Canijo, ficou-se pelos 20.262 espectadores, com uma receita bruta de 96.502,12 Euros. Elucidativo.
O filme de Manoel Oliveira, “O Estranho Caso de Angélica”, considerado pelos “Cahiers du Cinema”, como o segundo melhor filme visto em França durante o ano de 2011, teve 2.664 espectadores. “E o Tempo Passa”, de Alberto Seixas Santos, um nome seguro do nosso cinema, ficou-se pelos 566 espectadores. A última longa-metragem desta singular lista, teve 52 espectadores, e fez 250,85 euros de receita. Dá que pensar. Sobre os “Caminhos do Cinema Português”, obviamente, mas sobretudo sobre quem são os espectadores de cinema em Portugal, no ano de 2011.

2011 - O CINEMA EM PORTUGAL, 1

:


RANKING DOS FILMES MAIS VISTOS 
(1-1-2011/21-12-2011)
No site do Instituto do Cinema e do Audiovisual (http://www.ica-ip.pt/Admin/Files/Documents/contentdoc2187.pdf), podem ler-se as estatísticas referentes ao ano de 2011, no que ao cinema em Portugal diz respeito. O quadro dos 40 filmes que fizeram mais receita e tiveram mais espectadores durante o período que vai de 1 de Janeiro de 2011 a 12 de Dezembro de 10111 é o seguinte: 

TÍTULO
REALIZADOR
DISTRIBUIDOR
REC.BRUTA
ESPECT.
SESSÕES
1
HARRY POTTER E OS TALISMÃS DA MORTE: PARTE 2
DAVID YATES
COLUMBIA TRISTAR WARNER
€ 2.937.937,05
493.700
12.420
2
OS SMURFS
RAJA GOSNELL
COLUMBIA TRISTAR WARNER
€ 2.792.468,88
478.221
11.995
3
PIRATAS DAS CARAÍBAS: POR ESTRANHAS MARÉS
ROB MARSHALL
ZON LUSOMUNDO  AUDIO.
€ 2.880.357,45
476.881
13.878
4
A SAGA TWILIGHT: AMANHECER PARTE I
BILL CONDON
ZON LUSOMUNDO AUDIO.
€ 2.178.407,15
455.528
10.310
5
VELOCIDADE FURIOSA 5
JUSTIN LIN
ZON LUSOMUNDO AUDIO.
€ 2.105.893,09
446.328
11.651
6
O TURISTA
FLORIAN V. DONNERSMARCK
COLUMBIA TRISTAR WARNER
€ 2.002.186,26
421.410
11.401
7
CARROS 2
JOHN LASSETER, B. LEWIS
ZON LUSOMUNDO AUDIO.
€ 2.408.421,75
408.494
11.932
8
RIO
CARLOS SALDANHA
CLMC - MULTIMÉDIA
€ 2.534.365,39
406.626
11.694
9
A RESSACA PARTE II
TODD PHIILLIPS
COLUMBIA TRISTAR WARNER
€ 1.839.990,17
395.418
13.845
10
O REGRESSO DE JOHNNY ENGLISH
OLIVER PARKER
ZON LUSOMUNDO AUDIO.
€ 1.700.125,43
359.121
12.306
11
AS AVENTURAS DE TINTIN: O SEGREDO DO LICORNE
STEVEN SPIELBERG
COLUMBIA TRISTAR WARNER
€ 1.963.577,13
331.072
11.383
12
O DISCURSO DO REI
TOM HOOPER
ZON LUSOMUNDO AUDIO.
€ 1.566.728,55
327.427
9.696
13
O GATO DAS BOTAS
CHRIS MILLER
ZON LUSOMUNDO AUDIO.
€ 1.885.848,29
317.899
6.920
14
O PANDA DO KUNG FU 2
JENNIFER YUH
ZON LUSOMUNDO AUDIO.
€ 1.727.201,34
295.441
12.611
15
TRANSFORMERS 3
MICHAEL BAY
ZON LUSOMUNDO AUDIO.
€ 1.460.196,90
248.427
9.092
16
CISNE NEGRO
DARREN ARONOFSKY
CLMC - MULTIMÉDIA
€ 1.138.288,11
240.076
8.456
17
MEIA-NOITE EM PARIS
WOODY ALLEN
ZON LUSOMUNDO AUDIO.
€ 960.530,12
200.673
8.040
18
CAPITÃO AMÉRICA: O PRIMEIRO VINGADOR
JOE JOHNSTON
ZON LUSOMUNDO AUDIO.
€ 1.095.779,70
188.843
7.936
19
AMIGOS COLORIDOS
WILL GLUCK
COLUMBIA TRISTAR WARNER
€ 864.611,12
185.943
7.142
20
RANGO
GORE VERBINSKI
ZON LUSOMUNDO AUDIO.
€ 845.869,23
182.247
5.799
21
SEXO SEM COMPROMISSO
IVAN REITMAN
ZON LUSOMUNDO AUDIO.
€ 841.285,93
182.072
6.765
22
ENGANA-ME QUE EU GOSTO
DENNIS DUGAN
COLUMBIA TRISTAR WARNER
€ 833.831,49
180.395
7.387
23
CHEFES INTRAGÁVEIS
SETH GORDON
COLUMBIA TRISTAR WARNER
€ 822.085,19
178.882
7.737
24
PROFESSORA BALDAS
JAKE KASDAN
COLUMBIA TRISTAR WARNER
€ 775.646,65
169.507
7.559
25
SUPER 8
J. J. ABRAMS
ZON LUSOMUNDO AUDIO.
€ 733.219,23
159.009
7.050
26
HEREAFTER - OUTRA VIDA
CLINT EASTWOOD
COLUMBIA TRISTAR WARNER
€ 744.928,74
158.006
6.144
27
THOR
KENNETH BRANAGH
ZON LUSOMUNDO AUDIO.
€ 950.603,03
154.647
6.698
28
O PLANETA DOS MACACOS: A ORIGEM
RUPERT WYATT
CLMC - MULTIMÉDIA
€ 715.615,21
153.616
7.063
29
ENTRELAÇADOS
BYRON HOWARD, N. GRENO
ZON LUSOMUNDO AUDIO.
€ 896.400,54
145.133
5.271
30
ALTA GOLPADA
BRETT RATNER
ZON LUSOMUNDO AUDIO.
€ 635.677,88
137.155
6.358
31
NÃO HÁ FAMÍLIA DO PIOR
PAUL WEITZ
ZON LUSOMUNDO AUDIO.
€ 615.937,77
131.579
6.830
32
INDOMÁVEL
ETHAN COEN, JOEL COEN
ZON LUSOMUNDO AUDIO.
€ 616.368,30
130.701
5.274
33
A ÁRVORE DA VIDA
TERRENCE MALICK
ZON LUSOMUNDO AUDIO.
€ 602.671,70
128.077
5.894
34
AMOR, ESTÚPIDO E LOUCO
GLENN FICARRA, J. REQUA
COLUMBIA TRISTAR WARNER
€ 576.380,08
124.506
5.804
35
72 HORAS
PAUL HAGGIS
PRIS AUDIOVISUAIS
€ 571.592,35
123.797
4.838
36
GNOMEU & JULIETA
KELLY ASBURY
ZON LUSOMUNDO AUDIO.
€ 716.891,50
121.310
5.962
37
CUIDADO COM O QUE DESEJAS
DAVID DOBKIN
ZON LUSOMUNDO AUDIO.
€ 518.598,48
113.676
5.950
38
SEM TEMPO
ANDREW NICCOL
BIG PICTURE 2 FILMS
€ 517.532,41
111.611
5.428
39
OS AGENTES DO DESTINO
GEORGE NOLFI
ZON LUSOMUNDO AUDIO.
€ 511.077,60
111.487
5.427
40
COWBOYS & ALIENS
JON FAVREAU
ZON LUSOMUNDO AUDIO.
€ 502.551,14
107.944
5.628

Este quadro é particularmente elucidativo sobre várias questões que é interessante sublinhar.
1. Entre os 40 filmes mais vistos (e mais rentáveis) em Portugal, em 2011, encontram-se 40 produções anglo-saxónicas, com alta predominância para as norte-americanas;
2. Entre esses 40 títulos, existem 9 longas-metragens de animação, 10 comédias (no mínimo), 14 filmes de acção e aventura, e 9 filmes que se podem considerar verdadeiramente de autor, todos norte-americanos (Steven Spielberg, Woody Allen, Darren Ardnofsky, J.J. Abrams, Clint Eastwood, Irmãos Coen, Terence Malick e Paul Haggis), com excepção de um inglês (Tom Hooper). Quase todos estes se podem considerar obras de autor, mas com um apelo comercial muito forte;
3. 24 filmes foram distribuídos pela Zon Lusomundo Audioviaul, 11 pela Columbia Tristar Warner, 3 pela CLMC, e 2 outros (Prisaudiovisuais e Big Pictures 2 Films);
4. Não aparece um filme europeu (fora do mercado anglófono), não aparece um filme da América Latina, de África ou da Ásia;
5. Obviamente não surge também uma única obra portuguesa.

A qualidade dos títulos acima referidos é muito diversa. Da obra-prima ao lixo há de tudo. Mas este prevalece em grande quantidade (estas são considerações pessoais, que valem o que valem), e é inegável uma conclusão: o espectador português prefere a diversão e o entretenimento, sem grande preocupação estética ou inquietação social, ideológica ou temática.
O “cinema-pipoca” impõe-se nas salas portuguesas. Devo dizer que não sou um purista anti-pipoca: há filmes que foram realizados para esse ambiente e alguns interessantes e divertidos, nada me custando a mim desfrutá-los com a aludida pipoca. Outros há, porém, que requerem silêncio e recolhimento intelectual. Haverá quanto muito meia dúzia nesta lista.
Observação final: em quadragésimo lugar encontra-se um filme que recolheu 502.551,14 euros, foi visto por 107.944 espectadores, em 5.628 sessões. Mantenham estes números como referência, quando passarem para o quadro seguinte.