terça-feira, outubro 07, 2014

CLUBE DE CINEMA "BUCHA E ESTICA"


Clube de cinema “Bucha e Estica” 
na década de 30 do Séc. XX
Com surpresa minha, um amigo do Café Vavá, o António Ferro Santos,  teve a amabilidade de me vir mostrar um cartão de sócio de um clube de cinema, infantil, chamado “Bucha e Estica”, e inteiramente devotado a esta grande dupla de cómicos. O cartão era dele próprio, “sócio efectivo fundador”, e data da temporada de 1935/36. Desconhecia a  existência deste clube que é certamente pioneiro do cineclubismo em Portugal (atenção Manuel Neves, não sei se conheces esta preciosidade!).
Em anexo vão imagens do cartão do António Ferro Santos,  que nessa altura ainda não era técnico oficial de contas, mas já gostava de cinema e não perdia as sessões do Bucha e Estica. Interesse ler o que o cartão dizia:
“Amigo, coloca aqui o teu retrato, quer sejas bonito ou feio. E fixa bem o que é preciso fazer como sócio deste clube de alegria e bom humor”.
Segue-se o nome e a morado do sócio (que era um bonito rapaz com uma boina de todo o tamanho) e o cartão era assinado pelo Presidente e o Secretário, precisamente Oliver Hardy e Stan Laurel, respectivamente.
“Vantagens dos sócios: O “Clube Bucha e Estica” é a agremiação destinada a reunir  todos os amigos e admiradores destes dois famosos artistas.
“Todos os sócios deste Clube poderão assistir às matinées organizadas  pelo Clube, para as quais receberão os devidos convites, tendo sempre preferência os primeiros 700 inscritos.
“Durante a temporada de 1935-36, terão, portanto, ocasião de assistir à passagem de todos os filmes destes laureados artistas
BUCHAE ESTICA
Nas matinées organizadas especialmente pela
Metro-Goldwing-Mayer”


Na contracapa podia ler-se o REGULAMENTO:
Os sócios são obrigados a:
1º Adoptar a divisa: fazer tudo com um sorriso.
2º Ser optimistas como Bucha e Estica, os  patronos do Clube.
3º Assobiar as canções mais em voga dos seus filmes.
4º Angariar sócios: os magros, isto é: os esticas, procurar conseguir a adesão dos mais gordos; e os alentados, diligenciar inscrever os magrizelas.
Quando possível construir grupos formados por um magro e um gordo”.

Na capa do cartão sócio do CLUBE BUCHA E ESTICA, para além de um desenho dos dois cómicos, pode ver-se a indicação do nº de sócio efectivo fundador, neste caso o 1569.
Segundo António Ferro Santos, este clube era dirigido por José de Oliveira Cosme (pode ver biografia aqui: http://largodoscorreios.wordpress.com/2013/09/29/uma-data-de-datas-xlvi-jose-de-oliveira-cosme/) e João Pereira e Sousa (que fizeram dupla nas “Lições do Tonecas” e ainda no jornal “O Senhor Doutor”).

Os sócios tinham direito a uma emblema ou pin, tal como o que vai aqui reproduzido igualmente.




segunda-feira, outubro 06, 2014

ABEL ESCOTO (1912-2014)


ABEL ESCOTO (1912-2014)
Nasceu em Águeda, a 7 de Agosto de 1919. Leão de signo e um pioneiro do cinema português que agora nos deixou, aos 95 anos, depois de ter deixado o seu nome ligado a muitos e variados títulos, do documentário à ficção, desde os anos 40. Tive a felicidade de o ter como meu director de fotografia em “Prefácio a Vergílio Ferreira” e “O Zé Povinho na Revolução”. Era um bom profissional e um óptimo companheiro.   Começou a trabalhar em cinema como operador de som mas, a partir de 1949, passa a operador de câmara, depois a director de fotografia. Tanto assinou a fotografia de “Dom Roberto”, de Ernesto de Sousa, ou “Sophia de Mello Breyner Andresen”, de João Cesar Monteiro (1969), como diversos título do velho cinema português, de “Os Três da Vida Airada” (1952) a “Aqui Há Fantasmas” (1964).

Em jeito de homenagem, Tony Costa disponibilizou no seu blogue o documentário que fez sobre ele em 2005. É uma bonita homenagem. Aqui fica “Abel Escoto e as Fitas do seu Tempo”, com um saudoso abraço para mais esse amigo que parte: https://vimeo.com/27299968 


imagens de "Prefácio a Vergílio Ferreira" e "O Zé Povinho na Revolução".

domingo, outubro 05, 2014

HUGO CARVANA EM PORTUGAL



HUGO CARVANA, 
O “MALANDRO CARIOCA”, MORREU

Com 77 anos, acabou por falecer num hospital do Rio de Janeiro, Hugo Carvana, vítima de um cancro do pulmão. Muito conhecido como actor de telenovelas (“Insensato Coração”, “Celebridade”, “Cara e Coroa” ou “Gabriela”), Hugo Carvana teve um papel importante no cinema brasileiro, quer como actor, quer como realizador  (“Vai Trabalhar, Vagabundo”, “Bar Esperança” ou “O Homem Nu”). Na sua morte, Carlos Diegues sintetizou o seu lugar na cinematografia do seu país:  “Eu costumava brincar: se o Cinema Novo tivesse um rosto, o rosto seria o dele, sem dúvida alguma.” Como actor foi efectivamente o rosto de alguns dos mais significativos títulos do Novo Cinema Brasileiro, trabalhando com quase todos os grandes dessa época: com Ruy Guerra (“Os Cafajestes” e “Os Fuzis”), Paulo César Sarraceni (“O Desafio”), Leon Hirszman (“A Falecida”), Joaquim Pedro de Andrade (“Macunaíma”), Cacá Diegues (“A Grande Cidade”, “Os Herdeiros” e “Quando o Carnaval Chegar”) ou Glauber Rocha (“Câncer”, “O Leão de Sete Cabeças” e “Terra em Transe”).
Esteve em Portugal em 1997, para apresentar no Cine Eco, que então eu dirigia, a sua longa-metragem “O Homem Nu”. Num ano em que estiveram igualmente presentes, entre alguns outros mais, nomes como os dos brasileiros Cláudio Marzo e Daniele Valente, da francesa Alexandra Stewart, dos portugueses Ana Sousa Dias, Camacho Costa, Manuel Costa e Silva, Rita Nunes, José Pedro Andrade Santos, Francisco Manso e Carlos Brandão Lucas, que seria homenageado.

Ficam algumas fotos para recordar um grande homem do espectáculo e um festival internacional de cinema.