Em “A Casa Encantada”, que João Bénard da Costa semanalmente visita no "Público", podia ler-se esta semana:
“Este Natal surgiu um imprevisto. As minhas netas mais novas - a Vera de seis anos e a Leonor de oito - chegaram da escola bastante perturbadas. A professora - custa-me chamar-lhe assim, mas parece que é essa a profissão que lhe dá alimento - dissera-lhes que essas histórias de Natal, Pai Natal, presentes e Menino Jesus eram tudo tretas e que estavam em boa idade de deixar de acreditar nelas. As mães respectivas esforçaram-se a convencê-las que elas tinham percebido mal e que, em 2006, como em todos os Natais de que elas se lembram, o Menino Jesus voltaria a pôr-lhes nos sapatinhos os presentes que elas pedissem e merecessem. Ambas verificaram que foram vencedoras fáceis. Não pelos argumentos que usaram, não pela natural superioridade da palavra materna sobre a palavra escolar, mas porque elas queriam ser convencidas, porque elas não queriam outra coisa senão continuar a acreditar. Espero bem que este ano, talvez pela última vez, elas acreditem e que o Natal ainda seja para a Leonor e para a Vera aquele momento mágico em que tudo pode acontecer, porque se acredita que tudo pode acontecer.
Mas perguntei-me por que é que em três gerações (a minha, a dos meus filhos e a dos meus netos) era a primeira vez que a origem dos presentes de Natal não resultava de uma descoberta própria - mais ou menos dolorosa, mas própria -, mas fora denunciada por uma "professora", ou por alguém que ocupa essas funções, que se achava no direito -talvez no dever - de desmentir os país e de entrar na esfera privada da vida das crianças que é suposto educar.
Ignoro se a professora tem convicções ou as não tem. Suponhamos, no segundo caso, que ela resolve um dia dizer às crianças que essa história de Deus é outra leria, e as exorta a não acreditar em nada. A hipótese, agora, já não me parece nada inverosímil.”
O comentário que a seguir farei necessita de ser enquadrado
1º Fui, sou e gostaria de continuar a ser professor. Acho a profissão (melhor ainda: vocação) de profissão algo de magnifico. Por isso tenho pelos professores o maior dos respeitos e da admiração. Só idêntico ao desprezo que tenho pelos maus professores. Que os há, cada vez mais em maior número.
2º Não tenho uma particular estima pelo João Bénard da Costa. Acho que escreve brilhantemente, defende com argúcia e elegância tudo o que gosta, mas é um mau director de cinemateca, e um megalómano indesculpável que caminha a passos largos não sei para onde (um dia falarei do volume que consagrou ao excelente ciclo ‘Como o Cinema Era Belo’, da Fundação Calouste Gulbenkian, onde só falta dizer que inventou o cinema!). Mas desta feita tem razão, com em quase tudo o que defende. Pena é que tudo o que não gosta, não exista.
Falando do acontecimento que está na base deste comentário, não deixa de ser lamentável que uma chamada professora exerça uma tamanha prepotência e violência sobre os alunos. Se se pode defender a laicidade nas escolas, não é para impor uma nova religião, é para permitir a liberdade de escolha. Liberdade que não se compadece com atitudes patéticas de uma ditadora de pacotilha que quer impor aos alunos a sua visão do mundo.
Pois é Bénard da Costa: o mesmo se passa na Cinemateca Portuguesa e o mesmo se passa com a sua visão estética do cinema. Era bom que deixasse aos outros a liberdade de escolherem os seus próprios “deuses e santos” e de não impor os seus a toda a gente.
Voltando aos professores: mais dia, menos dia teremos greves gerais “contra” os professores. Contra alguns pelo menos. É que os exemplos de maus professores vão-se multiplicando.
“Este Natal surgiu um imprevisto. As minhas netas mais novas - a Vera de seis anos e a Leonor de oito - chegaram da escola bastante perturbadas. A professora - custa-me chamar-lhe assim, mas parece que é essa a profissão que lhe dá alimento - dissera-lhes que essas histórias de Natal, Pai Natal, presentes e Menino Jesus eram tudo tretas e que estavam em boa idade de deixar de acreditar nelas. As mães respectivas esforçaram-se a convencê-las que elas tinham percebido mal e que, em 2006, como em todos os Natais de que elas se lembram, o Menino Jesus voltaria a pôr-lhes nos sapatinhos os presentes que elas pedissem e merecessem. Ambas verificaram que foram vencedoras fáceis. Não pelos argumentos que usaram, não pela natural superioridade da palavra materna sobre a palavra escolar, mas porque elas queriam ser convencidas, porque elas não queriam outra coisa senão continuar a acreditar. Espero bem que este ano, talvez pela última vez, elas acreditem e que o Natal ainda seja para a Leonor e para a Vera aquele momento mágico em que tudo pode acontecer, porque se acredita que tudo pode acontecer.
Mas perguntei-me por que é que em três gerações (a minha, a dos meus filhos e a dos meus netos) era a primeira vez que a origem dos presentes de Natal não resultava de uma descoberta própria - mais ou menos dolorosa, mas própria -, mas fora denunciada por uma "professora", ou por alguém que ocupa essas funções, que se achava no direito -talvez no dever - de desmentir os país e de entrar na esfera privada da vida das crianças que é suposto educar.
Ignoro se a professora tem convicções ou as não tem. Suponhamos, no segundo caso, que ela resolve um dia dizer às crianças que essa história de Deus é outra leria, e as exorta a não acreditar em nada. A hipótese, agora, já não me parece nada inverosímil.”
O comentário que a seguir farei necessita de ser enquadrado
1º Fui, sou e gostaria de continuar a ser professor. Acho a profissão (melhor ainda: vocação) de profissão algo de magnifico. Por isso tenho pelos professores o maior dos respeitos e da admiração. Só idêntico ao desprezo que tenho pelos maus professores. Que os há, cada vez mais em maior número.
2º Não tenho uma particular estima pelo João Bénard da Costa. Acho que escreve brilhantemente, defende com argúcia e elegância tudo o que gosta, mas é um mau director de cinemateca, e um megalómano indesculpável que caminha a passos largos não sei para onde (um dia falarei do volume que consagrou ao excelente ciclo ‘Como o Cinema Era Belo’, da Fundação Calouste Gulbenkian, onde só falta dizer que inventou o cinema!). Mas desta feita tem razão, com em quase tudo o que defende. Pena é que tudo o que não gosta, não exista.
Falando do acontecimento que está na base deste comentário, não deixa de ser lamentável que uma chamada professora exerça uma tamanha prepotência e violência sobre os alunos. Se se pode defender a laicidade nas escolas, não é para impor uma nova religião, é para permitir a liberdade de escolha. Liberdade que não se compadece com atitudes patéticas de uma ditadora de pacotilha que quer impor aos alunos a sua visão do mundo.
Pois é Bénard da Costa: o mesmo se passa na Cinemateca Portuguesa e o mesmo se passa com a sua visão estética do cinema. Era bom que deixasse aos outros a liberdade de escolherem os seus próprios “deuses e santos” e de não impor os seus a toda a gente.
Voltando aos professores: mais dia, menos dia teremos greves gerais “contra” os professores. Contra alguns pelo menos. É que os exemplos de maus professores vão-se multiplicando.
isto de falar no benard é o que dá... nem um comentário...
ResponderEliminarFC: três vezes politicamente incorrecto: não "adorar" de joelhos o Bénard; dizer que há maus professores e, finalmente, achar que as crianças têm direito a acreditar no Pai Natal.
ResponderEliminarquando vou ao cinema gosto de, conscientemente, acreditar e deixar-me levar pelo acontecimento narrado e raramente, por vezes prolongá-lo para lá da sala de cinema. O Natal, assim como toda a panóplia cada vez mais complexa que o caracteriza, deveria igualmente ser conscientemente encantador. Tenho dois filhos e desde tenra idade os pus a par da veracidade desse pai natal e eles optaram por conscientemente acreditar nele e eu aceito essa opção.
ResponderEliminarDeveria haver mais educadores que nos abrissem os olhos para a realidade, que só poderá ser encantadora a partir da nossa consciência e vontade criadora - não ficar à espera que a ilusão permaneça imutável e chata!