APOCALYPTO
(...) Regressemos ao filme. Acabada a perseguição inicial, os caçadores trazem a presa para a aldeia onde esta é distribuída por todos, e onde se assiste a várias cenas da “vida quotidiana dos maias”, mostrando a sua alegria de viver, a sua ânsia de liberdade, o seu gosto pela arte da luta e o seu pendor muito especial para uma generosa disseminação de sangue em magnânimas doses, quer se trate de sacrifícios, humanos ou animais, quer de outras pertinentes actividades que a isso se prestem (esventrar um tapir, retirar coração, fígado e testículos e comer tudo ainda quente, é um bom exemplo).
Definido está o ambiente que preside ao conceito de “bom selvagem”. Olhando para aqueles quadros idílicos somos levados a acreditar que Rosseau tinha toda a razão e que as lendas que sobrevivem sobre a civilização maia são as melhores. Mas rapidamente o quadro idílico se altera com o aparecimento de uma outra tribo rival que cerca a aldeia, incendeia as palhotas, mata velhos, viola mulheres, aprisiona homens maduros, e deixa as crianças vagueando pelas margens da coluna de prisioneiros que é conduzida para uma das cidades mais célebres, para aí serem utilizados como escravos na construção dos grandes templos. De entre todos os guerreiros, um, “Pata de Jaguar”, consegue primeiro fugir, depois ser arrebanhado como os outros, mas todos sabemos que a ele estão atribuídas tarefas maiores. Ele é o protagonista. Será durante o seu sacrifício que o céu se esconde, será ele o único a ultrapassar a prova da corrida no estádio da cidade, será ele a emprenhar-se pelo terreno de trigo e a alcançar a floresta. Será ele o perseguido, será ele o que ousa enfrentar os chefes religiosos e militares, será ele a olhar o mar nas derradeiras imagens do filme e a ter a noção de que a partir dali tudo será muito diferente.(...)
Definido está o ambiente que preside ao conceito de “bom selvagem”. Olhando para aqueles quadros idílicos somos levados a acreditar que Rosseau tinha toda a razão e que as lendas que sobrevivem sobre a civilização maia são as melhores. Mas rapidamente o quadro idílico se altera com o aparecimento de uma outra tribo rival que cerca a aldeia, incendeia as palhotas, mata velhos, viola mulheres, aprisiona homens maduros, e deixa as crianças vagueando pelas margens da coluna de prisioneiros que é conduzida para uma das cidades mais célebres, para aí serem utilizados como escravos na construção dos grandes templos. De entre todos os guerreiros, um, “Pata de Jaguar”, consegue primeiro fugir, depois ser arrebanhado como os outros, mas todos sabemos que a ele estão atribuídas tarefas maiores. Ele é o protagonista. Será durante o seu sacrifício que o céu se esconde, será ele o único a ultrapassar a prova da corrida no estádio da cidade, será ele a emprenhar-se pelo terreno de trigo e a alcançar a floresta. Será ele o perseguido, será ele o que ousa enfrentar os chefes religiosos e militares, será ele a olhar o mar nas derradeiras imagens do filme e a ter a noção de que a partir dali tudo será muito diferente.(...)
Excerto de um texto a aparecer na revista "História", de Fevereiro de 2007..
O mote (argumento) até é interessante ... mas, confesso, não gostei do filme !
ResponderEliminarDEsta vez o Mel não me convence. Nem sequer vou tentar ver, pq sei que antes de meio já sai da sala. E apesar de ter Medeia Card há outros bons filmes que não posso perder de todo!!!
ResponderEliminarGostei do filme. O Mel Gibson pode ser um indivíduo detestável, mas sabe montar grandes espectáculos cinematográficos. Mais: deve ser a primeira vez que se roda um filme de aventuras sobre a América maia exclusivamente da perspectiva dos nativos e não dos ocidentais.
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