quarta-feira, janeiro 10, 2007

CINEMA - Agente OSS 117



AGENTE OSS 117

Jean Bruce, pseudónimo de Jean Brochet, nascido em 1921, foi um popular escritor francês de romances de espionagem. Em 1949 criou uma personagem que haveria de se tornar célebre, um agente de nome Hubert Bonisseur de la Bath, mais conhecido por OSS 117. Escreveu 75 romances com este protagonista e morreu a 27 de Março de 1963, em Paris, num acidente de automóvel, um mês depois do início da rodagem de “OSS 117 se Déchaîne”. Após a sua morte, a personagem não desapareceu. A sua mulher, Josette Bruce, agarrou no agente e escreveu mais 143 romances com OSS 117 como figura principal, entre 1966 e 1985. Em 1987, os filhos de Jean Bruce, François Bruce e Martine Bruce retomam em mão o negócio familiar e acrescentam mais 24 títulos à personagem. 252 romances com base numa figura é coisa de que poucas se podem gabar.

Jean Bruce

Em 1956, surge a primeira adaptação de um romance da série OSS 117: “O.S.S. 117 n'est pas Mort”, uma realização de Jean Sacha, com Ivan Desny na composição de Hubert Bonisseur de La Bath, OSS 117, ao lado de Magali Noël, Anne Carrère, Yves Vincent e Danik Patisson. Em 1963, aparece “OSS 117 se déchaîne”, com direcção de André Hunebelle e interpretação de Kerwin Mathews (Hubert Bonisseur de La Bath, OSS 117), e ainda Nadia Sanders, Irina Demick e Henri-Jacques Huet. “Banco à Bangkok pour OSS 117”, de 1964, volta a ser dirigido por André Hunebelle, com Kerwin Mathews no protagonista, acompanhado por Robert Hossein, Pier Angeli e Dominique Wilms. O último OSS 117 a ser dirigido por André Hunebelle foi “Furia à Bahia pour OSS 117”, em 1965, agora com Frederick Stafford na composição de Hubert Bonnisseur de la Bath, num elenco onde surgia ainda Mylène Demongeot, Raymond Pellegrin, Perrette Pradier e Annie Anderson.

Michel Boisrond foi o realizador seguinte, em “Atout coeur à Tokyo pour O.S.S. 117, de 1966, de novo com Frederick Stafford, e Marina Vlady, Henri Serre, Colin Drake, Jitsuko Yoshimura.
“Niente rose per OSS 117” (1968), de Renzo Cerrato e Jean-Pierre Desagnat, tinha John Gavin como Hubert Bonisseur de La Bath, OSS 117, acompanhado por Margaret Lee, Curd Jürgens, Luciana Paluzzi e Robert Hossein, e “OSS 117 prend des vacances” (1970), de Pierre Kalfon, último desta série, passava a bola a Luc Merenda (Hubert Bonisseur de La Bath, OSS 117), que contracenava com Edwige Feuillère, Elsa Martinelli, Geneviève Grad e Norma Bengell.

Houve ainda outros filmes retirados de romances de Jean Bruce, mas não inspirados em OSS 117. “Le Bal des Espions” (1960), de Michel Clément e Umberto Scarpelli, com Françoise Arnoul, Rosanna Schiaffino, Michel Piccoli, François Patrice e Claude Cerval é um deles. “Cinq gars pour Singapour” (1967), de Bernard Toublanc-Michel, com Sean Flynn, Marika Green, Terry Downes e Marc Michel outro. Finalmente, há ainda a referir “Le Vicomte règle ses Comptes”(1967), de Maurice Cloche, com Kerwin Mathews, Sylvia Sorrente, Jean Yanne, Fernando Rey e Franco Fabrizi.

“OSS 117: Le Caire nid d'Espions”, de Michel Hazanavicius (França, 2006), com Jean Dujardin na nova criação de Hubert Bonisseur de La Bath, OSS 117, é um reavivar do mítico agente secreto francês, de que se anuncia já uma sequela para 2008, ainda sem título.
“OSS 117: Le Caire nid d'Espions” impõe-se como uma paródia aos filmes de espionagem, de que James Bond é o exemplo mais típico. O filme passa-se na década de 50 e ostenta as cores, os ritmos, os tiques, as personagens, as situações, as referências, a estética dessa década.
Estamos no Egipto, em 1955, onde a capital, Cairo, é o verdadeiro “ninho de espiões” que dá o nome ao filme. Quando o agente OSS 117 aterra no aeroporto, logo se percebe que todos vigiam todos, todos desconfiam de todos, todos conspiram contra todos, com ingleses, franceses, soviéticos, americanos, e demais famílias de agentes secretos a envolverem-se numa luta pelo poder, com a dinastia de Faruk, rei deposto, a querer recuperar o trono, e os “Águias de Kheops”, seita religiosa, a tentar também a tomar o poder, lutando por todas as formas, inclusive com o recurso ao terrorismo. Hubert Bonisseur de la Bath, Agente OSS 117, é então enviado para o Cairo pelo Presidente da República Francesa, René Coty, para restabelecer a ordem naquela “colónia”, que, apesar de nunca ter sido francesa e já não ser colónia, é tratada enquanto tal. Este um dos aspectos mais curiosos do filme: a denuncia de uma mentalidade colonizadora e chauvinista, enquanto o seu herói se mostra machista e algo imbecil, apesar de ir triunfando de todas as ciladas e demais agruras do destino.
Todos os estereótipos, todos os lugares comuns, todas as situações limites são recuperados neste “pastiche” divertido, com muita ironia e crítica, mas que, no final, apesar de tudo, sabe a pouco. Para só dar um exemplo: as “Panteras Cor-de-Rosa”, de Blake Edwards, eram paródias a um género e eram geniais. Este “Agente 117” não consegue despegar-se de uma certa banalidade e ganhar os céus. Apesar de toda a simpatia que por ele possamos sentir, como representante recente de uma “pulp fiction” francesa recuperada.


AGENTE 117 (OSS 117: Le Caire nid d'Espions), de Michel Hazanavicius (França, 2006), com Jean Dujardin, Bérénice Bejo, Aure Atika, Philippe Lefebvre, Constantin Alexandrov, etc. 99 min; M/ 12 anos.

terça-feira, janeiro 09, 2007

PAPEL DE LUSTRO


A Belinha Fernandes, da Figueira da Foz, tem um blogue onde vai arquivando os seus bonecos recortados em papel de lustro. Tem coisas muito bonitas, cheias de imaginação e criatividade, e hoje mandou-me este Charlot, que agradeço.
Que tal mais figurinhas cinéfilas?
Um beijo, e aqui fica asugestão de visita, que vale mesmo a pena: _papelustro_cola...

sábado, janeiro 06, 2007

F.I.M. uma revista sobre festivais

Revista F.I.M.
Festivais de Imagem em Movimento

revista on-line
A partir de agora a F.I.M. - Festivais de Imagem em Movimento está disponivel em formato blog aqui mesmo. Todas as novidades respeitantes a festivais de cinema, audiovisual e multimédia. Todas as informações deverão ser enviadas para
revista.fim@gmail.com.

Assim é. Há uns anos atrás, era o Frederico ainda um puto, resolveu fazer uma revista de cinema, a que deu o título F.I.M. (Festivais de Imagem em Movimento). Sairam dois números. Como quase todas as revistas de cinema em Portugal, não foi um sucesso, mas merecia ter sido.

Era uma ideia muito interessante, e um bom esforço.

Como não foi um sucesso, o IACPM (Instituto de Apoio à Criança do Pai e da Mãe) ainda teve de avançar "algum" para a tipografia. Felizmente as novas tecnologias vieram salvar o IACPM. Agora não é preciso tipografia.

Aí está a nova versão bloguista da F.I.M. Merece uma visita. AQUI.

TEATRO EM LISBOA - Zé do Telhado


ZÉ DO TELHADO

Regresso à Malaposta, onde já não ia há uns tempos. Ligam-me a este Centro Cultural laços muito íntimos. Antes de mais pelo Festival de Cinema Documental, que ali era organizado pelo Manuel Costa e Silva, grande amigo, visita regular de minha casa, companheiro de king e de aventuras cinematográficas. Depois foi ali que se efectuou uma exposição da obra de meu pai, anos depois dele falecer. Bonita homenagem. Não há muitos anos a Florbela Oliveira ali encenou uma peça minha, “A Encenação”, numa versão muito pessoal, mas onde fui muito bem tratado e acarinhado. Gosto da Malaposta, portanto, e sou ingrato ao não a frequentar mais. Desta vez, Fernando Gomes e “Zé do Telhado” levaram-me até ao Centro Cultural de Olival Basto. Ainda bem que o fiz.
O “Zé do Telhado”, escrito e encenado por Fernando Gomes, com um elenco de que fazem parte Carlos Macedo, Elsa Galvão, Fernando Gomes, Isabel Ribas, José Nobre, Luís Pacheco, Paula Fonseca e Rui Raposo, é um espectáculo a não perder.
“Zé do Telhado” é uma daquelas personagens que me fascinam desde miúdo. Vi o filme com Vergílio Teixeira, algumas peças de teatro já foram escritas sobre ele, como a de Hélder Costa, há vários livros que comprei sobre a figura do salteador e ladrão que se tornou conhecido com esta alcunha, mas tinha o nome de José Teixeira da Silva, nascera a 22 de Junho de 1818 na Aldeia de Castelães, Comarca de Penafiel, filho de um capitão de ladrões e bem instalado no meio de uma família que fazia do ofício de extorquir haveres ao próximo uma arte. Ficou conhecido como um lendário “Robin Hood portugês” por "roubar aos ricos para dar aos pobres" e será seguramente um dos mais famosos salteadores portugueses do século XIX, chefe da mais temível quadrilha do Marão, que executou um grande número de assaltos em todo o norte de Portugal entre 1842 e 1859.
Também nos amores a vida não foi fácil, e a peça de Fernando Gomes testemunha-o. A 3 de Fevereiro de 1845 casou-se com a sua prima Anna Lentina de Campos, depois de muito contrariado pelos tios. Teve cinco filhos deste matrimónio. Em 31 de Março de 1859, Zé do Telhado foi apanhado pelas autoridades que o perseguiam há muito, quando tentava fugir para o Brasil, e foi preso na Cadeia da Relação, onde esteve lado a lado com Camilo Castelo Branco, que, em “Memórias do Cárcere”, lhe dedica o capitulo 26. Em 27 de Abril de 1861 foi condenado a degredo em África, tendo vivido em Malange, onde se fez negociante de borracha, cera e marfim, e se casou com uma angolana, de nome Conceição, de quem teve mais três filhos. Morreu de varíola em 1875.
O espectáculo criado por Fernando Gomes, e por ele encenado, com a companhia “Klássikus”, parte desse capítulo 26 que Camilo dedica a José do Telhado em "Memórias do Cárcere", mas voa livremente para uma comédia musical, cheia de fantasia e imaginação, extremamente divertida, tendo por base a verdade histórica, é certo, mas arrancando dela se for caso disso. A produção explica que "quem conta um conto acrescenta-lhe um ponto", e por isso “este espectáculo não pretende ser um documento histórico mas um fantasioso divertimento, uma "biografia não autorizada de Zé do Telhado" segundo Camilo Castelo Branco”.
De resto, a encenação é excelente, num estilo popular e jocoso. Faz lembrar “uma récita de amadores”, mas executada por profissionais conscientes do que estão a fazer e que se divertem à brava com o facto. O texto não se esquece de piscar o olho a uma crítica social actual, mas também não vai ao ponto de fazer o elogio destemperado da ladroagem. Mostra como roubar se tornou actividade sistemática e produtiva, mas julgada de forma diferente, consoante é obra de poderosos ou de arraia miúda e sublinha o facto de Zé do Telhado ser “um bom malandro”, de piedoso coração, pois não roubava só para si, mas era “um ladrão de classe” (roubava em nome dos pobres). De resto, “um ladrão pequenino”, porque por estas bandas tudo é “em pequenino”. “Nem para ladrões temos direitos a grandes épicos.” Fernando Gomes é ainda um óptimo actor, chefiando um conjunto muito homogéneo. Os “números” musicais são divertidíssimos. E agora um apontamento muito pessoal: o “Zé do Telhado” é interpretado, e muito bem, por Carlos Macedo que, em 1980, era ele um puto, foi o Amílcar na minha “Manhã Submersa”. Um grande abraço Carlos, e um forte aplauso. Do “Mão Negra” para o “Zé do Telhado”, não largas os salteadores justiceiros.

ZÉ DO TELHADO
Texto e Encenação: Fernando Gomes; Cenografia e Adereços: Natércia Costa; Figurinos: Manuel Moreira; Design Gráfico: Armando Vale; Fotografia: Margarida Nunes; Interpretação: Carlos Macedo, Elsa Galvão, Fernando Gomes, Isabel Ribas, José Nobre, Luís Pacheco, Paula Fonseca, Rui Raposo; Uma co-produção: Klássikus / Teatro da Malposta; Maiores de 12 anos
Teatro da Malaposta: R. de Angola – Olival Basto (Metro linha Amarela Sr. Roubado); Marcações: 21 938 31 00; Espectáculos (até 28 de Janeiro): Quinta a Sábado às 21h30, Domingo às 16h00.

quarta-feira, janeiro 03, 2007

CINE ECO 2006

No blogue de Luís Silva, "Oceano das Palavras"
referência para o Cine Eco 2006.
Agradecido, em nome do festival.
O melhor e o pior de 2006 em Seia
O MELHOR DO ANO 2006

A parceria entre a Câmara Municipal de Seia e a Fundação Aga Khan que tem vindo a contribuir para minorar os efeitos nefastos provocados pelos incêndios de 2005. Além de ajuda alimentar a pessoas que foram directamente prejudicadas, esta parceria tem-se vindo a afirmar em ajudas ao nível de colmeias, reflorestação da área ardida, e outros apoios a pessoas carenciadas. Outra das minhas eleições vai para o CINEECO que se tem vindo a afirmar ano após ano como o melhor festival ambiental realizado em Portugal e um dos melhores a nível europeu. Este ano com a nomeação como melhor filme lusófono, o júri do festival votou no documentário "Ainda há pastores?" o que se tem vindo a revelar uma aposta ganha não só para o filme como também para o Festival.

Aproveito a oportunidade para voltar a felicitar "Ainda Há Pastores" pelo justissimo triunfo de público e crítica que está a conquistar um pouco por toda a parte.
Quando recebi a cópia para pré-selecção no Cine-Eco 2006 percebi logo que se tratava de um bom filme, e de um cineasta com imensas possibilidades (por isso lhe dei a honra de abrir oficialmente o festival, mesmo sabendo que, dias antes, o "Doc Lisboa" o havia recusado, sabe-se lá porquê).
O facto de o filme estar a merecer os maiores louvores, não me leva a alterar uma virgula ao que aqui escrevi sobre ele, e o que pessoalmente disse ao seu autor. Continuo a encontrar um ou outro aspecto que poderia ter sido melhorado, mas, globalmente, é uma surpresa magnífica, e sinto-me orgulhoso por, no silêncio da minha solidão, ter "descoberto" um grande filme e lhe ter dado, na medidas das minhas parcas possibilidades e das potencialidades do Cine Eco, um empurrão para o sucesso.
Sempre pensei e agi assim: pela minha cabeça, procurando nunca prejudicar ninguém, e procurando ajudar quem julgo que o merece. Longe de "panelinhas", de grupos de pressão e de amizades promiscuas, de snobeiras estupidas, de "modernismos" descabidos.
Cada filme é um filme, e o mais importante é o "temperamento" (como dizia Souza Cardoso). Os críticos, os directores de festivais, os directores de cinematecas, o público em geral, devia saber que o importante não é impor directrizes de gosto pessoal (sempre duvidoso), mas abrirem-se ao que cada obra procura oferecer, com honestidade e sinceridade. Os extremistas radicais que procuram impor o seu gosto a todos e obrigar a uma rigidez estética predominante não terão muito sucesso a longo prazo.
Estes sujeitos confundem tudo: um artista, um criador, pode e deve ser radical no que faz, nunca abdicando do seu projecto pessoal. Pode todo o mundo criticá-lo, denegri-lo, insultá-lo, mas ele deve manter-se integro e rigoroso no que quer fazer. Falo de um artista, de um criador. Um crítico, um director de festival ou de cinemateca nunca pode ser assim, em risco de se tornar um castrador que não passa de uma idiota convencido de que tem a verdade na mão. Ora ninguém tem a verdade do seu lado, todos o sabem, exceptos os "convencidos" do contrário.

sábado, dezembro 30, 2006

ENCONTRO DE BLOGUES DE CINEMA - ÚLTIMAS

ÚLTIMAS
1º ENCONTRO NACIONAL
DE BLOGUES DE CINEMA
(Famafest, Famalicão,
Março de 2007)

NOVAS DATAS:
16 a 24 de MARÇO DE 2007


O I Encontro Nacional de Blogues de Cinema vai ter lugar em Famalicão, durante o próximo "Famafest" (Cinema e Literatura), entre 16 e 24 de Março (o Encontro ocupará sexta, sábado e domingo, 16, 17 e 18). Os participantes terão direito a um livre transito para todo o festival, se assim pretenderem, e a organização do festival vai providenciar, junto de hotéis, residenciais e restaurantes para obter “preços módicos” para os inscritos. Para lá das sessões de trabalho e debate, o festival vai organizar sessões especiais com obras particularmente dedicadas ao evento (entre Vanguardas dos Anos 20 e o Expressionismo, veja adiante).
A reunião terá apenas um propósito: debater ideias e criar condições de uma maior eficácia de comunicação. Não será aceite qualquer tipo de condicionante, quer tenha a ver com sexo, idade, raça, credo político, religioso, estético, cinematográfico. Não será tolerada qualquer tipo de tentativa de manipulação dirigista. Uma voz, um blogue, uma possibilidade de expor as suas ideias. Não será tolerada qualquer tentativa de coarctar a liberdade individual, a não ser aquela que reponha a liberdade dos restantes, se ela estiver ameaçada. Nesta perspectiva, poderá sair deste primeiro encontro uma Associação Portuguesa de Blogues de Cinema (e afins), cuja regra número um terá de ser o escrupuloso respeito pela liberdade de pensar e de se expressar de cada associado.
Efectuem a inscrição neste blogue. (em anexo, AQUI, pode ver a lista dos blogues que até agora se manifestaram interessados. Aproveito para pedir uma confirmação para este blogue, nos comentários desta nota).


1º ENCONTRO NACIONAL
DE BLOGUES DE CINEMA
BLOGUES DE CINEMA
Os Melhores de 2006

Na sessão de abertura do I Encontro Nacional de Blogues de Cinema, vai ser anunciado qual o Blogue Nacional de Cinema que conquistou, entre os seus pares, o título de “O Melhor Blogue de Cinema de 2006”, e também o de “O Melhor Blogue Português de Cultura.” A cada um será atribuído um Diploma autenticado pelo Famafest.
Para votar, nada mais fácil, só até ao dia 1 de Janeiro de 2007.
Regras:
1. Cada autor de blogue dispõe de dois votos por categoria
(dois para cinema, dois para cultura);
2. Cada blogue só pode votar uma vez
(deve fazê-lo neste blogue, em comentário);
3. Cada blogue não pode votar em si
(ninguém pode votar neste blogue organizador);
4. Votação vai decorrer até final do ano
(os blogues premiados serão anunciados e receberão o prémio na Sessão de Abertura do 1º Encontro Nacional de Blogues de Cinema (e afins).
5. Só se aceitam votos de blogues existentes à data do início desta votação
(por causa das confusões!).

"BLOGUES DE CINEMA
Os Melhores de 2006
"

Blogues votados até 28.12.2006

Acossado, O
Amarcord
Aranhas, As
Brain-mixer
Cineásia
Cineblog
De que raio é que ele está a falar??
Estado Civil
Fila do meio
Grindouse
Hollywood
Imagens Perdidas
Last Picture Show
Mise en Abyme
Mulholand Drive
Pasmos Filtrados
Play It Again
Royale With Cheese
Wasted Blues
Zona Negra

BLOGUES DE CULTURA
Os Melhores de 2006"

Blogues votados até 28.12.2006

A a Z
Amor atrevido, Um
Amor e ócio
Arrastão
Arte da fuga, A
Aspirina b
Bandida
Blasfémias
Da literatura
Divas e Contrabaixos
Erotismo na cidade
Fadista Valéria Mendez
Foram-se os anéis
Grande Loja do Queijo Limiano
Guilhermina suggia
Hoje há conquilhas
Indústrias Culturais
Insurgente, O
Intruso, O
Kontratempos
Lápis Exilis
Luminescências
Melhor Anjo, O
Miniscente
Miss Pearls
Origem das Espécies, A
Passado/Presente
Passengers
Piano
Portugal dos Pequeninos
Republica e Laicidade
Saudades do futuro
Sem Pénis nem Inveja
Senhora Sócrates, A
Sentido das Palavras, O

Não se especificam os votos de cada blogue para não condicionar votações de última hora. Pode-se dizer que no caso de Cinema, há 5ou 6 blogues muito bem colocados e destacados. No caso da Cultura, o caso fia muito mais fino, há muitos citados, mas nenhum a destacar-se particularmente.


1º ENCONTRO NACIONAL
DE BLOGUES DE CINEMA


TEMA PARA “WORK SHOP"

Votação (28.12.2006):

19 votos
AS VANGUARDAS NAS DÉCADAS DE 20 A 40.
18 votos:
EXPRESSIONISMO, HISTÓRIA E PERMANÊNCIA
4 votos:
GRIFFITH

As votações mantêm-se até final de Dezembro de 2006


1º ENCONTRO NACIONAL
DE BLOGUES DE CINEMA

1) Atendendo a que vai haver um “Encontro Nacional de Blogues” durante o “Famafest 2007” – IX Festival Internacional de Cinema e Vídeo (Cinema e Literatura), de Famalicão;
2) atendendo a que se está a proceder à votação do tema de um “Work Shop” para acompanhar o “Encontro”;
3) atendendo a que se está igualmente a eleger “O Melhor Blogue de Cinema de 2006”;
4) resolveu-se instituir o galardão “Os Melhores Filmes de 2006” para premiar os filmes estreados em Portugal, durante o ano de 2006, e mais votados pelos blogues de cinema (e afins, ou seja: blogues de cultura com presença forte de cinema);
Para tanto, convocam-se os autores de blogues portugueses a enviarem a este blogue (Lauro António Apresenta) uma lista de “Os 10 Melhores Filmes estreados em Portugal em 2006”.
Cada autor de blogue só pode enviar uma lista de “Os 10 Melhores Filmes estreados em Portugal em 2006”.
A votação vai estender-se de 1 de Janeiro de 2006 a 31 de Janeiro de 2007.
A lista de filmes estreados em Portugal durante o ano de 2006 pode consultar-se AQUI, constituindo uma base de trabalho para os futuros votantes;
Na contagem final, os 10 títulos que forem mais votados terão direito a um diploma a ser atribuído durante o “Encontro”. O mais votado de todos terá direito a um diploma especial, referente ao “Melhor Filme estreado em Portugal em 2006”.

sexta-feira, dezembro 29, 2006

MÁRIO CESARINY DE VASCONCELOS


SUPLEMENTO DE "DN"
DEDICADO A
MÁRIO CESARINY DE VASCONCELOS
O suplemento do "DN" de hoje, "6ª", dia 29 de Dezembro de 2006, é (quase) inteiramente dedicado a Mário Cesariny de Vasconcelos. Tem muitos e variados textos, quase todos muito interessantes, uma recolha iconográfica a merecer atenção, e a reprodução de um poema eterno do poeta:
PASTELARIA

Afinal o que importa não é a literatura
nem a crítica de arte nem a câmara escura

Afinal o que importa não é bem o negócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio

Afinal o que importa não é ser novo e galante
- ele há tanta maneira de compor uma estante

Afinal o que importa é não ter medo: fechar os
olhos frente ao precipício
e cair verticalmente no vício

Não é verdade rapaz? E amanhã há bola
antes de haver cinema madame blanche e parola

Que afinal o que importa não é haver gente com fome
porque assim como assim ainda há muita gente que come

Que afinal o que importa é não ter medo
de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:
Gerente! Este leite está azedo!

Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludo
à saída da pastelaria, e lá fora – ah, lá fora! – rir
de tudo

No riso admirável de quem sabe e gosta
ter lavados e muitos dentes brancos à mostra

"Nobilíssima Visão" (1945-1946),
in burlescas, teóricas e sentimentais (1972)

UM FELIZ E PRÓSPERO 2007

gosé t

Uma proposta de "Feliz Ano Novo" inteiramente pirateada.
Um belíssimo poema de Carlos Drummond de Andrade, que a Isabel Victor tem no seu blogue “Caderno de Campo”, e um poema-canção, brasileiro, que a Inominável colocou no seu “Ponto de Saturação". E uma garrafa de champanhe da garrafeira do Tomás Vasques, no “Hoje Há Conquilhas.”
A ideia desta “piratagem” é mostrar como se pode ser solidário neste enorme conglomerado de palavras, ideias e emoções, e reunir amigos, uns aqui nascidos, outros que já vêm detrás.
Não me digam que é fácil ser-se solidário com o que é dos outros, estou aberto a todo o tipo de idêntica piratagem. :)
Um Feliz e Próspero 2007 para todos.


Receita de Ano Novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade

Texto extraído do "Jornal do Brasil", Dezembro/1997.
in http://www.releituras.com/drummond_dezembro.asp
posted by isabel victor at 7:52 PM 0 comments



O tempo que a gente perde pela vida a correr
O tempo que a gente sonha que é chegar e vencer
O tempo faz de nós um copo p’ra beber em paz
O tempo é um momento para nunca mais

O tempo mesmo agora fez a terra girar
O tempo sem demora traz as ondas do mar
O tempo que se inventa quando nunca se é capaz
O tempo é um carro novo sem a marcha-atrás

Voei p’ra te dizer
Sonhei p’ra te esquecer
Eu sei não vais parar para eu crescer
Eu sei esperei demais

Música: Donna Maria
Letra: Miguel A. Majer

quinta-feira, dezembro 28, 2006

O NATAL CONTINUA


“Natal devia ser todo o ano”, ou “Natal é quando um homem quer”, afinal são máximas que se podem concretizar, lendo o jornal. Por exemplo, no DN de hoje, 28.12.2006, sob o título “Jovem dá à luz em comboio Lisboa-Porto”, Ilídia Pinto escreve:

“O revisor e os funcionários da carruagem-bar do comboio Intercidades número 521, que faz a ligação entre Lisboa e o Porto, com partida diária de Santa Apolónia às 8.55, viveram ontem momentos únicos de ansiedade, mas também de alegria, quando uma passageira deu à luz uma menina em plena viagem. O parto, que não durou mais de dez minutos, aconteceu à chegada à estação de Vila Nova de Gaia e foi assistido por um enfermeiro de Coruche que viajava no mesmo comboio. Mãe e filha encontram-se bem de saúde.
Mariana, assim será baptizada, nasceu com 3,270 quilogramas, cerca das 12.30, à chegada à estação de Vila Nova de Gaia. Segundo o revisor de serviço ao Comboio Intercidades 521, a jovem mãe, Sandra Rodrigues, dirigiu-se à carruagem-bar "logo que a composição saiu da estação de Espinho, pediu uma água e sentou-se". Dois ou três minutos depois, a senhora começou-se a queixar com dores e foi feito um anúncio pela instalação sonora do comboio questionado se haveria algum médico ou enfermeiro presente, explicou ao DN Jaime Serdoura. E adiantou: "Eram então cerca das 12.15 e estaríamos a passar na Granja ou na Aguda".
À chamada pela instalação sonora respondeu um enfermeiro residente em Coruche - José da Cunha - que se revelou o herói do dia, assegurando todo o processo de nascimento da pequena Mariana. "Foi ele que assistiu a senhora durante o parto. O Instituto Nacional de Emergência Médica foi chamado para que aguardasse a chegada do comboio na estação de Vila Nova de Gaia, mas a menina nasceu precisamente à paragem do comboio na estação. Os paramédicos subiram então já só para verificar o estado de saúde da mãe e da bebé e para as transportarem ao hospital", acrescentou o revisor.
A jovem mãe, de 21 anos, estava grávida de oito meses e meio e viajava sozinha. "Sabemos apenas que este é o seu segundo filho. A identificação da senhora foi, depois, feita pelos serviços hospitalares", referiu, ainda, Jaime Serdoura. Ambas estão internadas no serviço de Obstetrícia do Hospital de Gaia, onde foram visitadas por um agente da CP que transportava, especialmente para a Mariana, um ramo de flores. A CP - Caminhos de Ferro de Portugal tem prevista uma segunda iniciativa de felicitações à menina à sua jovem mãe, mas ainda está a estudar qual a medida mais apropriada.
Certo é que Jaime Serdoura, revisor há 20 anos, nunca mais esquecerá este dia. "Sou pai e avô mas é a primeira vez que ajudo ao nascimento de um bebé num comboio. Fica marcado na história da minha vida. Em dez minutos, fez-se tudo o que se podia e ficamos muitos felizes em saber que estão bem".

Só uma pequena correcção: Natal não é quando um homem quer. Tem de ser também quando a mulher quer. Se calhar, ultrapassa mesmo a vontade de um e outro. Às vezes é quando um homem e uma mulher não esperam. Mas esta carruagem-bar do Intercidade à passagem pela estação de Gaia devia parecer mesmo um presépio. Sem as figuras tradicionais, mas com o mesmo espírito de fraternal entreajuda.

imagem: "Madonna del parto", de Piero della Francesca (1420?-92)

CINEMA - O Amor não tira Férias


O AMOR NÃO TIRA FÉRIAS

Há filmes que sabe ver, mesmo tendo a certeza de que não são obras-primas nem andam lá perto. “The Holiday”, uma realização e argumento de Nancy Meyers, é um deles. Estamos obviamente no domínio dos contos das fadas, das princesas e dos príncipes mais ou menos encantados. Não há castelos como havia antigamente, há os castelos de hoje em dia. Os reis e as rainhas detêm outros poderes, todos eles ligados ao campo do cinema e do jornalismo ou da escrita criativa, ou seja, dos media, são bonitos, ricos, simpáticos e merecem toda a felicidade que alcançam depois de terem passado por desilusões graves. Como o filme se passa na quadra do Natal e é verdadeiramente um daqueles “filmes de Natal” que os ingleses produzem com bom acabamento e alguma sensibilidade, o produto final é de produção acima da média, servido por um elenco muito bom que irradia sedução e sensualidade.
Cameron Diaz é Amanda, que dirige em Hollywood um empresa que cria “trailers” de cinema e acaba de ter um desgosto de amor: descobre que o namorado andava com outra. Kate Winslet é Íris, vive nos arredores de Londres, escreve sobre casamentos numa revista inglesa, e acaba de ter um desgosto de amor: descobre que o homem que ama não só não a ama, como vai casar com outra da mesma empresa. Para tudo ser mais doloroso ainda, o patrão incumbe-a publicamente de escrever a notícia durante uma festa de Natal da publicação. Íris e Amanda têm muito em comum, e algo que as separa, para lá dos quilómetros: uma chora que se desunha, a outra não consegue chorar, por mais que faça.
Depois, bem depois vocês sabem que na Internet há sites para troca de casas: tu que vives em Londres deixas-me as chaves, eu que vivo em Los Angeles vou para lá e tu vens para a minha mansão em Hollywood. Foi assim que fizeram Amanda e Íris. Trocaram as casas e continuaram muito aborrecidas até que Amanda descobre Graham (Jude Law), o irmão de Íris, que resolveu vir pernoitar e curar uma bebedeira em casa da irmã, e encontra a bela norte-americana que lhe cai nos braços. Por seu turno, Íris também depara com algo interessante em casa de Amanda, Miles (Jack Black), o compositor de partituras musicais para filmes, para lá de dar de caras com um famoso argumentista, Arthur Abbott (Eli Wallach), agora na casa dos oitenta anos, que tem dificuldade em atravessar a rua de andarilho, mas não esquece de aconselhar os bons filmes de outrora nem o gosto muito especial de encantar os que com ele se cruzam.
A coisa é esta, sem tirar nem pôr, o clima é o que se vive nas abastadas casas de afamados profissionais da comunicação, o filme desenrola-se docemente por entre lágrimas e sorrisos de Cameron Diaz e Kate Winslet (esta verdadeiramente surpreendente), com a colaboração segura de Jude Law e Jack Black, a presença brilhante de Eli Wallach, com uma montagem escorreita, onde aqui e ali surge uma ligação mais arrojada de belo efeito (socorrendo-me por vezes dos “trailers” que Amanda monta com perícia) e o conjunto é de agrado garantido, tanto mais que, como já o referimos, os actores são muito bons e criam um clima de discreta, mas intensa sensualidade, que vai desembocar num ambiente de pura sedução e gozo (mais à portuguesa, que à brasileira).
E agora? Como se pode gostar de um tal filme? Pois sem nenhum problema de consciência particular. É um bom divertimento que não engana ninguém, realizado com alguma sensibilidade, procurando tornar mais agradáveis os dias e as noites dos seus espectadores. Um conto de fadas? Pois, sim senhor. Todos sabemos que, se calhar, não há amores assim, que não se vive em paraísos artificiais, que ninguém conserva paixões abrasadoras com milhares de quilómetros e oceanos de permeio, que tudo isto é “a fingir” para “a malta gostar”. Mas olha: finge para mim que eu gosto! Às vezes sabe bem acreditar no impossível e esperar que, uma vez por outra, o improvável seja verdade, mesmo numa tela de cinema.

O AMOR NÃO TIRA FÉRIAS (The Holiday), de Nancy Meyers (EUA, 2006); com Cameron Diaz, Kate Winslet, Jude Law; Jack Black, Eli Wallach, Edward Burns, etc. 138 min; M/ 12 anos.

CINEMA - Eragon



ERAGON
Há dias, andava pelo Monumental, apeteceu-me ir ao cinema e o filme que começa nessa altura era “Eragon”, sobre que tinha lido várias coisas, não muito abonatórias. Jeremy Irons, no dia da ante-estreia em Inglaterra, deu uma entrevista a dizer que os cães dele tinham gostado, o que me deixava de pé atrás. A publicidade dizia que era uma aventura na linha de “O Senhor dos Anéis”, o que para mim também não era nenhuma recomendação fantástica. Ainda para mais “na linha de”. Depois diziam que o filme era retirado de um romance que um rapaz de 15 anos, sobredotado, tinha escrito. Como tenho um cartão daqueles que não se paga para ver os filmes que se quiser, resolvi entrar para espreitar.
Em má hora o fiz. A história fala de um tempo em que o mundo vivia em paz, protegido por guerreiros cavalgando poderosos dragões. Mas cavaleiros e dragões passaram à História (não, não é piada ao FCP!), até que um dia um dragão volta a nascer e um jovem volta a cavalga-lo para conduzir o povo à liberdade. O cavaleiro é um jovem camponês, “Eragon, cujo destino é revelado com a ajuda de um dragão voador chamado Saphira. Para defender as suas terras e o seu povo do cruel Rei Galbatorix, Eragon torna-se um Cavaleiro Dragão e reúne um exército para o combater. Arrastado para um mundo de magia e poder, acaba por descobrir que poderá salvar – ou destruir – um Império.” (isto tendo em conta o resumo lido no site 7ª arte)
Ok. Um argumento tão bom como milhares de outros. O filme é bizarramente mau. Vi meia hora e adormeci. Acordei, vi mais dez minutos e saí da sala, coisa que só muito raramente faço. A senhora da bilheteira tentou ainda reconfortar-me: “É uma aventura mais para miúdos, não é?” Não, não é uma aventura para miúdos nem graúdos. É uma chatice. Que ameaça prolongar-se. Anuncia-se uma trilogia!
Stefen Fangmeier, o realizador, vem dos efeitos visuais e por lá devia ter ficado. A sua realização, do que vi, não desperta um mínimo de interesse, e só pergunto o que Jeremy Irons e John Malkovich andam por ali a fazer. Não me digam, eu sei: andam a ganhar a vida. Mas, que diabo!, acho que nem os cães do Irons devem ter gostado.


ERAGON, de Stefen Fangmeier (EUA, Inglaterra, 2006), Com Edward Speleers (Eragon), Jeremy Irons (Brom), Sienna Guillory (Arya), Robert Carlyle (Durza), John Malkovich (Rei Galbatorix), Rachel Weisz (voz de Saphira), etc. 104 min; M/ 12 anos.

quarta-feira, dezembro 27, 2006

OBRIGADO E BOM ANO

Um muito obrigado a todos os que enviaram
votos de Boas Festas e Feliz Natal,
recebidas em comentários e por mails.
Que as entradas no Novo Ano sejam as mais auspiciosas
e que todos os desejos se cumpram!
Enfim, se calhar nem era preciso todos, todos.
Bastava Paz, Saúde, Amor e Pão
(e já agora um dinheirito para livros, filmes, músicas,
umas viagens, umas festarolas,
nada de muito sumptuoso.
- O quê? Já estamos a pedir demais?
Ok, Socrates! Ficamos pelo essencial,
com promessas de melhores dias!)


Pode ter este calendário, tamanho BIG, aqui

segunda-feira, dezembro 25, 2006

NATAl, 7


LADAINHA
DOS PÓSTUMOS NATAIS

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que se veja à mesa o meu lugar vazio

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que hão-de me lembrar de modo menos nítido

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que só uma voz me evoque a sós consigo

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que não viva já ninguém meu conhecido

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem vivo esteja um verso deste livro

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que terei de novo o Nada a sós comigo

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem o Natal terá qualquer sentido

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que o Nada retome a cor do Infinito
David Mourão Ferreira
Imagem: Tara Mcpherson, "The Pallor of Pear", 2006 (in "Ante & Post)

NATAL 2006 - BÉNARD DA COSTA

Em “A Casa Encantada”, que João Bénard da Costa semanalmente visita no "Público", podia ler-se esta semana:

“Este Natal surgiu um imprevisto. As minhas netas mais novas - a Vera de seis anos e a Leonor de oito - chegaram da escola bastante perturbadas. A professora - custa-me chamar-lhe assim, mas parece que é essa a profissão que lhe dá alimento - dissera-lhes que essas histórias de Natal, Pai Natal, presentes e Menino Jesus eram tudo tretas e que estavam em boa idade de deixar de acreditar nelas. As mães respectivas esforçaram-se a convencê-las que elas tinham percebido mal e que, em 2006, como em todos os Natais de que elas se lembram, o Menino Jesus voltaria a pôr-lhes nos sapatinhos os presentes que elas pedissem e merecessem. Ambas verificaram que foram vencedoras fáceis. Não pelos argumentos que usaram, não pela natural superioridade da palavra materna sobre a palavra escolar, mas porque elas queriam ser convencidas, porque elas não queriam outra coisa senão continuar a acreditar. Espero bem que este ano, talvez pela última vez, elas acreditem e que o Natal ainda seja para a Leonor e para a Vera aquele momento mágico em que tudo pode acontecer, porque se acredita que tudo pode acontecer.
Mas perguntei-me por que é que em três gerações (a minha, a dos meus filhos e a dos meus netos) era a primeira vez que a origem dos presentes de Natal não resultava de uma descoberta própria - mais ou menos dolorosa, mas própria -, mas fora denunciada por uma "professora", ou por alguém que ocupa essas funções, que se achava no direito -talvez no dever - de desmentir os país e de entrar na esfera privada da vida das crianças que é suposto educar.
Ignoro se a professora tem convicções ou as não tem. Suponhamos, no segundo caso, que ela resolve um dia dizer às crianças que essa história de Deus é outra leria, e as exorta a não acreditar em nada. A hipótese, agora, já não me parece nada inverosímil.”

O comentário que a seguir farei necessita de ser enquadrado
1º Fui, sou e gostaria de continuar a ser professor. Acho a profissão (melhor ainda: vocação) de profissão algo de magnifico. Por isso tenho pelos professores o maior dos respeitos e da admiração. Só idêntico ao desprezo que tenho pelos maus professores. Que os há, cada vez mais em maior número.
2º Não tenho uma particular estima pelo João Bénard da Costa. Acho que escreve brilhantemente, defende com argúcia e elegância tudo o que gosta, mas é um mau director de cinemateca, e um megalómano indesculpável que caminha a passos largos não sei para onde (um dia falarei do volume que consagrou ao excelente ciclo ‘Como o Cinema Era Belo’, da Fundação Calouste Gulbenkian, onde só falta dizer que inventou o cinema!). Mas desta feita tem razão, com em quase tudo o que defende. Pena é que tudo o que não gosta, não exista.
Falando do acontecimento que está na base deste comentário, não deixa de ser lamentável que uma chamada professora exerça uma tamanha prepotência e violência sobre os alunos. Se se pode defender a laicidade nas escolas, não é para impor uma nova religião, é para permitir a liberdade de escolha. Liberdade que não se compadece com atitudes patéticas de uma ditadora de pacotilha que quer impor aos alunos a sua visão do mundo.
Pois é Bénard da Costa: o mesmo se passa na Cinemateca Portuguesa e o mesmo se passa com a sua visão estética do cinema. Era bom que deixasse aos outros a liberdade de escolherem os seus próprios “deuses e santos” e de não impor os seus a toda a gente.

Voltando aos professores: mais dia, menos dia teremos greves gerais “contra” os professores. Contra alguns pelo menos. É que os exemplos de maus professores vão-se multiplicando.

AMO-TE, FUZILO-TE

Augusto Pinochet nem depois de morto deixa os chilenos em paz. Agora, em carta
póstuma, ontem divulgada na imprensa do Chile, justifica o golpe militar que o levou ao poder em 1973, lamentando os danos que provocou. Na carta, intitulada "Mensagem aos meus compatriotas", o antigo ditador salienta, contudo, que voltaria a fazer o golpe militar, mas "com mais sabedoria". O documento, segundo notícia do ”JN”, foi deixado aos directores da Fundação Augusto Pinochet, que decidiram publicá-lo “devido ao seu valor histórico e por constituir uma mensagem de "unidade". A carta está dirigida aos chilenos "sem excepção" (deve ser aos mortos e vivos) e Pinochet expressa o desejo de que fosse divulgada após a sua morte, que ocorreu no passado dia 10. "Quero despedir-me de vocês com muito carinho. Entendo que isto pareça incompreensível para muitos, mas é assim. No meu coração não deixei lugar para o ódio", afirma no texto.
Já não havia lugar para ódio, o ódio já o havia libertado todo, durante os anos da sua tenebrosa carnificina governativa. Com uma falta de vergonha sem equivalente, escreveu: "Amo a Pátria e a todos vocês. Por amor podem-se fazer muitas coisas boas e muitas más. Acertadas e erradas. Nunca imaginei entrar na história do meu país, assim aconteceu", refere. E pelas piores razões. Depois de considerar que uma guerra é o "pior que pode acontecer a uma sociedade", Pinochet afirma que a "maioria da população tendia para eliminar a imposição de uma ditadura marxista", em alusão ao Governo de Salvador Allende. Acrescenta que teve que actuar com o "máximo rigor" até conjurar qualquer extensão do conflito que se anunciava, pois, caso contrário, a acção militar teria sido um fiasco, que provocaria no "povo consequências negativas por muitos mais anos". Nesse sentido, Pinochet argumenta que foi preciso "empregar diversos procedimentos de controlo militar, como reclusão transitória, exílios e fuzilamentos". Um hipócrita completo, depois de um pérfido assassino. Os ratos nem quando abandonam o barco deixam de ser pestilentos. No Natal também há notícias destas.

NATAL, 6

DAVID MOURÃO-FERREIRA
"NATAL UP-TO-DATE"

Em vez da consoada há um baile de máscaras
Na filial do Banco erigiu-se um Presépio
Todos estes pastores são jovens tecnocratas
que usarão dominó já na próxima década.

Chega o rei do petróleo a fingir de Rei Mago
Chega o rei do barulho e conserva-se mudo
enquanto se não sabe ao certo o resultado
dos que vêm sondar a reacção do público

Nas palhas do curral ocultam microfones
O lajedo em redor é de pedras da lua
Rainhas de beleza hão-de vir de helicóptero
e é provável que se apresentem nuas.

Eis que surge no céu a estrela prometida
Mas é para apontar mais um supermercado
onde se vende pão já transformado em cinza
para que o ritual seja muito rápido

Assim a noite passa. E passa tão depressa
que a meia-noite em vós nem se demora um pouco
Só Jesus no entanto é que não comparece
Só Jesus afinal não quer nada convosco.

Imagem: "Natal", de Sandro Botticelli

domingo, dezembro 24, 2006

TRÊS NATAIS




NATAL, 5

SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN
"CARTA DE NATAL A MURILLO MENDES"


Querido Murilo: será mesmo possível
Que você este ano não chegue no Verão
Que seu telefonema não soe na manhã de Julho
Que não venha partilhar o vinho e o pão

Como eu só o via nessa quadra do ano
Não vejo a sua ausência dia-a-dia
Mas em tempo mais fundo que o quotidiano

Descubro a sua ausência devagar
Sem mesmo a ter ainda compreendido
Seria bom Murilo conversar
Neste dia confuso e dividido

Hoje escrevo porém para a Saudade
- Nome que diz permanência do perdido
Para ligar o eterno ao tempo ido
E em Murilo pensar com claridade -

E o poema vai em vez deste postal
Em que eu nesta quadra respondia
- Escrito mesmo na margem do jornal
Na baixa - entre as compras de Natal

Para ligar o eterno e este dia.

Lisboa, 22 de Dezembro de 1975
FERNANDO PESSOA
"NATAL"


Natal ... Na província neva.
Nos lares aconchegados,
Um sentimento conserva
Os sentimentos passados.

Coração oposto ao mundo,
Como a família é verdade!
Meu pensamento é profundo,
Estou só e sonho saudade.

E como é branca de graça
A paisagem que não sei,
Vista de trás da vidraça
Do lar que nunca terei!
Imagem: "Natal", de Beato Angelico, Museu de San Marco, Florença

UM QUENTE E FELIZ NATAL


Neste dia, Votos de um Feliz Natal.
Amigas e Amigos,
que já conhecia,
que vim a conhecer,
que conheço só pelos blogues,
que crêem,
que não sabem se crêem,
que descrêem,
que gostam do Natal,
que desconhecem o prazer de gostar do Natal
(prazer, apesar de tudo o que fazem
para lhe desvirtuar o seu espírito),
que sofrem,
que amam,
que nada têm,
que saboreiam a alegria,
que precisam de calor,
mas sobretudo
todos os que necessitam
que seja Natal todo o ano.
Recordações de um Natal em "Natal em Alcochete"
Imagem: "Natal", de Gerard Hornebout

sábado, dezembro 23, 2006

50 FILMES ESQUECIDOS

"Fat City" - uma obra-prima
"OBSERVER" ELEGE

O Frederico, do "Não há nada como o ... realmente" lançou mais um post. Chama-lhe: "é altura das listas", e diz que descobriu no blog do Pedro Mexia "que o "Observer" publicou uma lista com "50 clássicos esquecidos", muitos deles indisponíveis em DVD. A escolha colectiva foi capitaneada por Philip French. conheço alguns e isso faz-me logo dizer que a escolha é muito suspeita (o "Tin Cup" um clássico esquecido????). No entanto há filmes extraordinários, incluindo o recente "Bamboozled" de Spike Lee." Porque também eu achei curiosa esta lista, aqui ficam os cinquenta, por ordem cronológica:

The Front Page, Lewis Milestone, 1931

Ace In The Hole, Billy Wilder, 1951
The Narrow Margin, Richard Fleischer, 1952
Salt Of The Earth, Herbert Biberman, 1953
Ride Lonesome, Budd Boetticher, 1959

The Damned, Joseph Losey, 1961
The Day The Earth Caught Fire, Val Guest, 1961
Petulia, Richard Lester, 1968
The Swimmer, Frank Perry, 1968
Queimada!, Gillo Pontecorvo, 1969

The Hired Hand, Peter Fonda, 1971
Let's Scare Jessica To Death, John D Hancock, 1971
A New Leaf, Elanie May, 1971
Two-Lane Blacktop, Monte Hellman, 1971
Fat City, John Huston, 1972
49 Jeremy, Arthur Barron, 1973
Robin Hood, Wolfgang Reitherman, 1973
Cockfighter, Monte Hellman, 1974
The Parallax View, Alan J Pakula, 1974
3 Women, Robert Altman, 1977
Bill Douglas Trilogy, Bill Douglas, 1972-78
I Wanna Hold Your Hand, Robert Zemeckis, 1978
Newsfront, Phillip Noyce, 1978
Le Petomane, Ian MacNaughton, 1979
Wise Blood, John Huston, 1979

Babylon, Franco Rosso, 1980
The Ninth Configuration, William Peter Blatty, 1980
Cutter's Way, Ivan Passer, 1981
Lianna, John Sayles, 1982
The State Of Things, Wim Wenders, 1982
Breathless, Jim McBride, 1983
Terence Davies Trilogy, Terence Davies, 1984
Top Secret!, Jim Abrahams, David and Jerry Zucker, 1984
Dreamchild, Gavin Millar, 1985
Round Midnight, Bertrand Tavernier, 1986
Housekeeping, Bill Forsyth, 1987
Less Than Zero, Marek Kanievska, 1987
The Mad Monkey, Fernando Trueba, 1989

Twin Peaks: Fire Walk With Me, David Lynch, 1992
Safe, Todd Haynes, 1995
Beautiful Girls, Ted Demme, 1996
Grace Of My Heart, Allison Anders, 1996
Tin Cup, Ron Shelton, 1996
Under The Skin, Carine Adler, 1997

Bamboozled, Spike Lee, 2000
The Low Down, Jamie Thraves, 2000
The Beaver Trilogy, Trent Harris, 2001
Save The Last Dance, Thomas Carter, 2001
Millions, Danny Boyle, 2004
Day Night Day Night, Julia Loktev, 2006

Dos 50, vi 31, e dos que vi, meia uma dúzia serão para mim, clássicos esquecidos. É um lista subjectiva como todas as listas, sobretudo se reunindo várias subjectividades. Mas aqui fica como curiosidade.