segunda-feira, dezembro 18, 2006

VIAGEM AO NORTE, 1

Incursão rápida por Famalicão e Porto
1. FAMAFEST

Em Famalicão, reunião para acertar datas e concretizar ideias relativas à próxima edição do Famafest 2007, IX Festival Internacional de Cinema e Vídeo de Famalicão, dedicado a “Cinema e Literatura”, que este ano decorre entre 16 e 24 de Março, na Casa das Artes, sala 1 e 2, Auditório Municipal e Auditório da Casa de Camilo, em Ceide.
O Festival irá abrir com o 1º Encontro Nacional de Blogues de Cinema (e afins), no fim-de-semana de 16, 17 e 18. Durante o Encontro que terá vários debates, serão proclamados os eleitos como “Melhor Blogue Nacional de Cinema de 2006” e os “10 Melhores Filmes estreados em Portugal durante 2006” (ambas as eleições efectuadas entre blogues de cinema portugueses, e ambas para continuar anualmente). Durante este Encontro decorrerá paralelamente um “work shop” dedicado ao “Expressionismo” ou às “Vangardas dos Anos 20” (ambos os temas ainda em votação até final do ano de 2006, entre bloguistas de cinema – e afins!). (Nota: nesta altura vão à frente as “Vanguardas” por um voto, sendo esta uma votação cerradíssima; Griffith ficou irremediavelmente para trás).
Durante o Famafest 2007, haverá a tradicional secção de Obras a Concurso, todas elas inscritas no tema “Cinema e Literatura”, que serão analisadas por dois Júris, o Internacional e o da Juventude. Para lá dessa secção, outras haverá, paralelas, onde se podem ver filmes retirados de obras literárias, ciclos dedicados a Truman Capote e James Elroy, homenagens a Robert Altman, Mário Cesariny de Vasconcelos, Glenn Ford e Philippe Noiret, e muitas outras iniciativas. Como todos os anos, o Famafest homenageia escritores, actores e realizadores portugueses, cuja obra justifique essa menção. Este ano, os escolhidos são Simone de Oliveira, Joaquim Rosa, Manuela Maria, Carmen Dolores, Eduardo Prado Coelho e Mário Cláudio. Haverá ainda espectáculos a fechar e abrir o certame, que serão anunciados oportunamente.
Atenção bloguistas do meu País: alteração de datas do festival e do Encontro. Tomem nota.

domingo, dezembro 17, 2006

LAURO ANTÓNIO APRESENTA... O ORIGINAL

Lauro António Apresenta...

(o original)

na TVI

"Ter ou não Ter", de Howard Hawks (1944)


(bons tempos, em que se viam clássicos na TV portuguesa)

NÂO PIRILAMPARÁS A MULHER DO PRÓXIMO

Lauro António Apresenta...

Lauro Dérmio Apresenta...

um dos momentos de antologia do humor português

Herman ao seu melhor nível

(um abraço ao Herman: bons tempos!)

sábado, dezembro 16, 2006

FAMAFEST 2007: NOVAS DATAS

FAMAFEST 20007
A data que tinha aqui sido adiantada
para o Famafest 2007
e o 1º Encontro Nacional
de Blogues de Cinema
foi rectificada
e está definitivamente assente:
FAMAFEST:
de 16 a 24 de Março de 2007
ENCONTRO:
dias 16, 17 e 18 de Março de 2007
Não esquecer!

terça-feira, dezembro 12, 2006

PUBLICIDADE, II


Excerto de uma carta enviada à TV Cabo:

À
TV CABO
LISBOA-PORTUGAL


Ex.mos Senhores,
Venho por este meio solicitar que seja cancelada a minha assinatura relativa aos Canais Lusomundo / Disney, da minha conta (cliente nº ---------). Mantenho a TV Cabo normal, a Sport TV e a Net Cabo.

Motivos para o cancelamento, dois:

1º Nem tempo me sobra para ver os DVD que tenho para ver;

2º A repugnante campanha de publicidade que está no ar a promover estes canais.
Sempre quero ver se a mulher, o filho e a empregada se vão embora!

Com os melhores cumprimentos,

Lauro António
Nota: sobre esta campanha, ler excelente artigo de Miguel Sousa Tavares, no "Expresso", de 9 de Dezembro de 2006; ver ainda nota aqui aparecida , a 25 de Novembro de 2006.

segunda-feira, dezembro 11, 2006

UM FOTÓGRAFO

GREGORY CREWDSON
Fotógrafo
Foi a Sofia Pavia Saraiva quem me falou dele pela primeira vez. Gostei deste americano e resolvi chamá-lo ao meu blogue. Imagens encenadas de uma realidade que tem obviamente muito de Hopper e do cinema americano. Pode saber mais sobre o fotógrafo aqui, aqui e aqui, além de centenas de outros sites.

sábado, dezembro 09, 2006

"TIMOR" CENSURADO NA INDONÉSIA


JACARTA, 8 dez (AFP) - O filme "Timor Leste - O Massacre que o Mundo Não Viu" ("Timor Loro Sae"), da cineasta e atriz Lucélia Santos, foi retirado pelas autoridades indonésias da programação do 8º Festival Internacional de Jacarta (JiFFest), que começa nesta sexta-feira.
Ao todo quatro títulos foram censurados, "The Black Road", de William Nessen (sobre a província separatista de Aceh), e três dedicados a Timor Leste: o holandês "Tales of Crocodiles", o cingalês "Passabe" e o brasileiro "Timor Loro Sae".
As autoridades argumentaram que a exibição desses filmes poderia "perturbar a segurança".
Timor Leste é um pequeno país que foi ocupado durante 24 anos pela Indonésia, cujo Exército é acusado de ter cometido inúmeras atrocidades. Vinte e cinco por cento da população morreu lutando pela independência até que, em 1999, obteve sua soberania num referendo observado pela ONU.
Um ano depois, Lucélia Santos foi ao Timor para registrar a trágica realidade dos sobreviventes. O Festival de Jacarta foi fundado em 1998, depois da queda do regime do ditador Suharto, na esperança de servir de incentivo para a pequena indústria cinematográfica indonésia.
Mais de 200 filmes de mais de 35 países estão programados de 8 a 17 de Dezembro.

(Notícia acabada de chegar do Brasil, via a minha querida Lisa França, do FICA. Registe-se que "Timor Loro Sae" estreou em Portugal no Cine Eco, onde ganhou o prémio Lusofonia, no ano de 2001, tendo ainda passado em Lisboa, no Forum Lisboa, por iniciativa do Cine Eco e da Câmara de Lisboa, com a presença da realizadora e do Primeiro Ministro de Timor. No ano seguinte voltou a passar no Famafest, onde ganhou uma menção honrosa) .

Lucélia Santos, recebendo o prémio em Seia,
foto do site do filme: aqui.

sexta-feira, dezembro 08, 2006

UMA LIÇÃO DE CINEMA

"Persona", de Ingmar Bergman
vi o vídeo no blog da "Bandida",
vi e revi e a vontade de o ver e ter foi tal
que finalmente aprendi a colocar vídeos no meu blog.
Teatral, sim, mas retendo do teatro
aquilo que só o cinema pode oferecer.
Intimista, secreto, discreto,
uma lição de contenção.
Profundo, sem uma palavra,
diz mais do que muitos com resmas de diálogos.
Incómodo, sem pactuar, sem transigir.
Toda a dor e mágoa do mundo
num só olhar.
Momentos brilhante numa sequência de cortar a respiração:
Plano de Bibi Anderssom junto a um candeeiro,
que vai crescendo de luminosidade,
iluminando-lhe o rosto que descai
e olha uma foto de guerra
- uma criança de mãos no ar,
ameaçada pelas espingarda de soldados.
Olhares que se trocam
de fim do mundo.
plano picado sobre B.A., na cama;
corte para plano frontal da mesma
sentando-se rápido na cama.
plano de Liv Ulmann em primeiro plano à direita,
com B.A. ao fundo;
a câmara desvia-se um pouco para a esquerda
e entra, ao fundo, o rosto de Gunnar Björnstrand.
Uma lição de cinema que sabe bem ver e rever.
Um site de um Cine Clube francês (Caen),
com curiosa análise do filme,
e sequência de imagens para estudo: Aqui.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

ENCONTRO DE BLOGUES DE CINEMA

OS MELHORES FILMES
DE 2006

1) Atendendo a que vai haver um “Encontro Nacional de Blogues” durante o “Famafest 2007” – IX Festival Internacional de Cinema e Vídeo (Cinema e Literatura), de Famalicão;
2) atendendo a que se está a proceder à votação do tema de um “Work Shop” para acompanhar o “Encontro”;
3) atendendo a que se está igualmente a eleger “O Melhor Blogue de Cinema de 2006”;
4) resolveu-se instituir o galardão “Os Melhores Filmes de 2006” para premiar os filmes estreados em Portugal, durante o ano de 2006, e mais votados pelos blogues de cinema (e afins, ou seja: blogues de cultura com presença forte de cinema);
Para tanto, convocam-se os autores de blogues portugueses a enviarem a este blogue (Lauro António Apresenta) uma lista de “Os 10 Melhores Filmes estreados em Portugal em 2006”.
Cada autor de blogue só pode enviar uma lista de “Os 10 Melhores Filmes estreados em Portugal em 2006”.
A votação vai estender-se de 1 de Janeiro de 2006 a 31 de Janeiro de 2007.
Este blogue vai apresentar, muito brevemente, uma lista de filmes estreados em Portugal durante o ano de 2006 que pode constituir uma base de trabalho para os futuros votantes;
Entretanto, cada autor de blogue pode já ir pensando e estabelecendo a sua lista provisória de “Os 10 Melhores Filmes estreados em Portugal em 2006”.
Na contagem final, os 10 títulos que forem mais votados terão direito a um diploma a ser atribuído durante o “Encontro”. O mais votado de todos terá direito a um diploma especial, referente ao “Melhor Filme estreado em Portugal em 2006”.
Fiquem aguardando mais notícias, e entretanto vão dando sugestões, se as houver, que serão sempre bem-vindas.

UMA ILUSTRADORA INGLESA

UMA ILUSTRADORA INGLESA
NA BLOGOSFERA PORTUGUESA

Foi a Eduarda, que não é muito dada a blogues, quem me fez notar este,The Unkemt Women, The website of Lucy Pepper.
Não sei nada dela, ou quase nada, e se calhar vocês sabem muito mais. Sei que é inglesa, ilustradora (muito boa), vive em Portugal, com família portuguesa, e tem vários blogues e sites que são uma delicia. Desenha magnificamente, tem um traço brilhante, solto e expressivo, destila humor e merece pelo menos uma demorada visita. Pensem que vão a uma exposição, levem algum tempo convosco para explorar os diferentes caminhos, e aproveitem que é de borla, mas mesmo, mesmo, mesmo de borla! ("Ah, se é de borla, não!, De borla não frequento!)




vejam o que têm para ver:

COISAS BOAS

"A FESTA DE BABETTE"
(e da Marta)
A Marta, do blog "Claras em Castelo", deve ser uma óptima pessoa. Tem um blogue feito de coisas boas e bons sentimentos e lembrou-se de homenagear uma velha cozinheira e de relembrar um filme belissimo, "A Festa de Babette", de Gabriel Axel, de 1988, onde se reunem várias das minhas paixões, entre elas o cinema, o bom, e a culinária, a boa. Ainda o gosto de cozinhar, que adoro, apesar de não saber fazer muita coisa e de nunca repetir uma receita, pois sou mais de improvisar do que seguir formulários, o que tem vantagens e desvagens. Posto isto, visitem o blogue amarelinho da Marta (que assumiu recentemente o seu nome de baptismo na blogosfera, o que se saúda: Marta é um nome tâo bonito!) e vejam como Claude Chabrol, um bom garfo, soube escolher (e ser escolhido) também a mulher, a bela Stéphane Audran.

CINEMA: Entre Inimigos


THE DEPARTED:
ENTRE INIMIGOS

Em 2002, Wai Keung Lau e Siu Fai Mak, dois realizadores de Hong Kong, dirigiram um “thriller”, “Infiltrados” na tradução do título para português, “Infernal Affairs”, na sua versão internacional, que se afirmou rapidamente como uma obra de culto em todo o mundo, confirmando-se como um dos títulos mais interessantes do cinema de Hong Kong nas últimas décadas, no campo do cinema de acção e do policial. A história confundia-se com algumas outras, já vistas e revistas: Chan Wing-yan é escolhido, ainda na escola de cadetes da polícia de Hong Kong, para ser um infiltrado no submundo do crime e da Máfia local. Lau Kin-ming, por seu turno, é o homem da tríade de Sam seleccionado para se alistar na polícia, a fim de funcionar como informador. Uma década depois, Yan tenta afastar-se do crime, assumir-se como polícia e ter uma vida normal, mas a pressão de ambos os lados leva-o inclusive a frequentar sessões de psicanálise com a Dra. Lee. O Inspector Lau, por seu turno, sobe na carreira e é um respeitado oficial do Gabinete de Crime Organizado e Tríades, apesar de manter secreta a sua ligação a Sam. É nesta altura que, de um lado e do outro da lei, se inicia a caça ao “infiltrado”.
O filme consegue ter um clima de tragédia, bem dirigido e interpretado, e foi esta obra que esteve na base de “The Departed”, que assinala o regresso de Martin Scorsese a um ambiente que ele bem conhece e onde já dera destacadas provas de mestria: o sub mundo do crime organizado. No filme de Wai Keung Lau e Siu Fai Mak inscreve-se ainda uma curiosa metáfora sobre o sofrimento pessoal, o que fica desde logo indiciado por uma legenda de abertura que se refere “ao pior dos Oito Infernos – o Inferno Contínuo” (que está aliás na base do título original, chinês, “wujian dão”, via ou caminho infinito, sem fronteiras). Ora vemos que esse tema do sofrimento e da expiação individual é uma constante nas obsessões temáticas de Sorcese, que vai de “Boxcar Bertha” a “The Last Temptation of Christ”, de “Táxi Driver” a “Ragging Bull”, de “New York, New Tork” a “Bringing Out the Dead”.
Portanto muito de particularmente “pessoal” existia no “Infiltrados” de Hong Kong para Scorsese, sobretudo se o todo passasse pelo crivo do sentimento pessoal e do estilo do cineasta norte-americano. O que aconteceu: The Departed” é um filme genuinamente scorseseano, pela temática, pelo estilo, pelas obsessões, pelas personagens, pelas situações.

A acção passa-se em Boston, onde se assiste ao normal confronto da polícia e da Máfia local. Frank Costello (Jack Nicholson) é o chefe mafioso que controla a cidade e orienta Colin Sullivan (Matt Dillon) desde criança, agora um jovem policia que tem como missão subir na carreira policial com uma folha de serviços impecável, para deste modo permitir a Costello antecipar os movimentos da polícia e contrariá-los. Por outro lado existe Billy Costigan (Leonardo DiCaprio), integro polícia descendente de uma família de corruptos, que resolve empreender viagem inversa, aceitando infiltrar-se na máfia, para conquistar a confiança de Costelo e ajudar a anular os seus negócios sujos que vão da droga às armas. A existência destes dois traidores não é obviamente fácil, mas torna-se muito mais difícil a partir da altura em que tanto a policia como a máfia descobrem que há entre eles um espião. As duas organizações vão tentar decifrar o enigma, mas são sobretudo Costigan e Sullivan que irão dar inicio a uma trágica e fatal perseguição, um jogo sem recuo nem perdão, onde gato e rato são eles próprios e que ambos sabem ter a ratoeira no final da linha. Aqui “Entre Inimigos” ganha a batalha, ao manter esse suspense até para lá do suportável, com cada um dos contendores a procurar antecipar a jogada do outro, para não só defender a instituição que serve, mas também a pele. As sequências sucedem-se com este jogo a apertar cada vez mais as malhas, cada perseguidor e perseguido a estrangular o antagonista, que sente o “huis clos” cada vez mais asfixiante. Este clima de tragédia latente que se pode precipitar a cada momento é magistralmente bem dado por Scorsese, sua equipa técnica e o seu elenco, onde todos arrancam desempenhos fabulosos, mas onde será de toda a justiça referir a composição de Jack Nicholson que ficará seguramente como uma das mais impressionastes da sua carreira e igualmente uma personagem de gangster inesquecível.

A seu lado, tanto Matt Damon como Leonardo DiCaprio são excelentes. O primeiro num registo que relembra a frieza e o pragmatismo de Ripley, desenhando um jovem ambicioso e amoral, que nada detém na sua luta pela subida na vida, rumo à sonhada respeitabilidade que o dinheiro confere, a casa e a mulher (médica psiquiatra!, anuncia gabarola) garantem, e a que a silhueta do edifício da Assembleia Legislativa dos EUA empresta grandeza mítica. Uma grandeza que a presença de um rato, no plano final, irá por em causa.

O William Costigan de Leonardo DiCaprio, é uma personagem mais nunanceada, trágica desde o seu início, desde que procura afastar-se de uma família de marginais e escolhe um caminho de supremo sacrifico e dor, para se redimir, a si, à sua família, à Humanidade. Costigan quer abandonar o local do crime, aceita passar por provações várias, apenas para regressar ao local do crime. Esta viagem de ida e volta, ainda que de sinal contrário, é bem um símbolo de todo o cinema de Scorsese.
Numa sociedade onde progressivamente se vão perdendo lealdade e fidelidade, e através dessa ausência de valores se perde a própria identidade, onde tudo resvala ameaçadoramente ao sabor dos interesses, será o mais traidor dos traidores a ser nomeado para ir investigar quem é o infiltrado da máfia em terreno da lei. Suprema ironia, num filme onde o tom desencantado de Scorsese se encontra com o estilo seco, nervoso, violento e sem complacência de uma câmara que acompanha rostos e acções procurando captar sobretudo emoções e tensões. Onde através da aparência se tenta tocar no fundamental, no primordial. O nervo essencial. O tendão de Aquiles de uma sociedade doente. Onde não deixa de haver vítimas e mártires, ao lado de sádicos carrascos e maléficos cérebros que tudo corrompem. Com uma filosofia de vida muito concreta. Frank Costello: “Eu não quero ser um produto do meu ambiente. Quero que o meu ambiente seja um produto meu. Há anos atrás tínhamos a igreja. Ou, como quem diz, tínhamo-nos uns aos outros. Os “Cavaleiros de Colombus” eram autênticos quebra gelos; verdadeiras cobaias. Ocuparam a sua zona da cidade. Vinte anos depois de nenhum irlandês conseguir arranjar uma merda de um trabalho, estávamos na Presidência. Que descanse em paz. É isso que os negros não compreendem. Se tenho alguma coisa contra os pretos é esta: Ninguém de dá nada. Tens de ser tu a conquistá-lo.”
Um excelente filme, onde tudo é quase perfeito. Da fotografia à montagem, passando por uma banda sonora que serve na perfeição as intenções de Scorsese.


THE DEPARTED: ENTRE INIMIGOS (The Departed), de Martin Scorsese (EUA, 2006), comLeonardo DiCaprio, Matt Damon, Jack Nicholson, Alec Baldwin, Mark Wahlberg, Martin Sheen, Ray Winstone, Vera Farmiga, Anthony Anderson, Kevin Corrigan, Mark Rolston, etc. 152 minutos; M/ 16 anos.

sexta-feira, dezembro 01, 2006

MICHEL HOUELLEBECQ

MICHEL THOMAS,
dito
MICHEL HOUELLEBECQ

1. A vida
Há quem fale “nos horrores do autor francês Michel Houellebecq”, quem acuse o seu último volume, "A Possibilidade de uma Ilha", de ser um mau romance de um mau autor. Outros, lembram Balzac e Schopenhauer, para dizer que ele “entende as pessoas com menos de 30 anos”. A verdade é que vende muito bem e se tornou um fenómeno. Tem tudo o que os leitores actuais querem: desespero existencial a justificar violência comportamental e muito sexo, rápido e sem dor, nada de emoções, apenas sexo pelo sexo, com “imaginação”. Ou seja, em grupo, troca de casais, oral e anal, posições múltiplas, etc. Depois mais uns pozinhos de polémica, um pouquinho de racismo, anti islamismo, e mais etc.
Um jornalista de investigação do “Le Point”, Denis Demonpion, lançou uma biografia, não autorizada, sobre o escritor, que revela muito do obscuro. Chama-se “Houellebecq Non Autoris: Enquete sur un Phenomene” ("O Houellebecq Não-Autorizado: Investigação sobre um Fenômeno"). Houellebecq chegou a propor colaborar no livro, mas Demonpion recusou. A investigação, dita isenta, descobriu que Houellebecq fantasia detalhes de sua vida pessoal com a mesma tranquilidade com que introduz pessoas da vida real na sua ficção. Essa característica começa a partir do próprio nome dele (o seu verdadeiro nome é Michel Thomas), e da data de nascimento (Michel Thomas é dois anos mais velhos do que declara normalmente, até em tribunal).
Mas parece ser verdade que Houellebecq foi mais ou menos abandonado pela mãe quando era bebé. O escritor alimenta esse mito de rejeição. Demonpion afiança que, apesar de não serem muito íntimos, se viam. Aos 37 anos, parece que enviou à mãe um curioso e significativo ultimato: "Enquanto mãe, a senhora tem sido abjecta e, dado que tem oportunidade de se corrigir antes de morrer, envie-me o dinheiro suficiente para eu poder sustentar-me durante três anos. Se a sua carta vier sem um cheque, irá directamente para o lixo." Também rompeu com o pai, depois deste lhe ter criticado os insultos aos avós paternos no seu romance “Atomised”, onde divulgou várias mentiras sobre eles, usando nomes verdadeiros - os mesmos avós que o criaram, com grande dedicação e amor.

2. No cinema
Ao que consta. Demonpion desvenda, ainda, que, após estudar agricultura, Houellebecq fez dois anos na escola de cinema, tendo-se formado em 1981, e afirma que o escritor nunca chegou a trabalhar na indústria cinematográfica. O que não é verdade. Uma ínfima investigação revela que em 1978, escreveu (com Pierre Lamalattie), realizou e interpretou “Cristal de Souffrance”, com Michel Thomas (Michel Houellebecq) em Johnny de Smythe-Winter (as), Dominique Plé, a mulher, e Henri Villedieu de Torcy, o viajante, uma média metragem de 30 minutos, passado num velho castelo, onde Johnny de Winter-Smythe martiriza um velho pintor, ajudado por um corcunda. Até que chega um viajante e uma mulher…
Em 1982, volta à realização, com “Déséquilibres”, que volta a escrecver, adaptando desta vez uma obra de Jean Ray que fala de uma mulher estropiada que reconhece um dia o homem que a atirou abaixo de uma ponte, quando ambos eram crianças. Jean-Christophe Debar era o homem, Marie Villedieu de Torcy, a mulher. 12 minutos.
Posteriormente, após 18 meses sem trabalho, tornou-se técnico de computadores, trabalhando seis meses no Ministério da Agricultura e, a partir de 1991, durante cinco anos na Assembleia Nacional Francesa.
Demonpion mantém a reserva nalguns casos: não revela, por exemplo, a identidade da primeira mulher do escritor, afirmando apenas que ela é descendente da nobreza europeia e que tinha 22 anos quando casou com Michel Thomas, então dois anos mais velho. No ano seguinte, nasceu o filho de ambos, muito acarinhado nessa altura e agora totalmente esquecido. Demonpion passa por cima de muitos factos que poderiam prejudicar terceiros, não fala sobre o fracasso do casamento, e é igualmente discreto quanto aos hábitos alcoólicos de Houellebecq, embora não deixe de os mencionar. Em 1991, Houellebecq passa a viver com "Marie-Pierre", que trabalhava no campo editorial e com quem se casou mais tarde. Ambos são frequentadores assíduos do mundo dos clubes de swing e de sexo em grupo, onde o escritor é nesta altura figura notória.

3. Produção literária

Os primeiros poemas de Houellebecq foram publicados numa revista em 1988. Em 1991, ele lançou um ensaio sobre “HP Lovecraft” (1890-1937), escritor americano de histórias de horror e ficção científica, ao que consta também admirador de Hitler. "Foi escrevendo esse artigo", disse mais tarde Houellebecq, "que eu descobri o racismo". Os dois escritores revelam outras facetas em comum: Lovecraft tinha um óbvio "desprezo pela vida e ódio pela humanidade"; e estava convencido de que o ser humano foi criado por extraterrestres - uma ideia que Houellebecq explora em seu novo romance. Em 1994, Houellebecq publicou o seu primeiro e possivelmente melhor romance: “Extension du Domaine de la Lutte” ("Extensão do Domínio da Luta"). Quatro anos depois, o seu segundo romance, “Les Particules Élèmentaires”, projecta-o definitivamente, primeiro na França - onde ele foi saudado como o melhor romancista francês vivo - e depois no resto do mundo, onde foi aclamado como o único romancista francês vivo. Polémico e nada pacífico, no mínimo pode dizer-se que revitalizou a ficção francesa.
Com ele, a literatura francesa foi subitamente vulgarizada, lançada no mundo do marketing e do dinheiro. Todos falam dele, por boas e más razões. Os apresentadores de programas de debates na televisão passaram a discutir com Houellebecq práticas como “fellatio” e “cunnilingus”. Em 2001, surgiu “Plateforme” ("Plataforma"), propalando as virtudes do turismo sexual na Tailândia como um caminho para acabar com a pobreza do terceiro mundo. Não se pode dizer que não seja original defender o que todos atacam, mas pelos visto tem adeptos. No romance, há ainda extremistas muçulmanos que, furiosos com esse sinal ostensivo do imperialismo ocidental, explodem um dos hotéis especializados em comércio sexual. Na campanha de promoção do livro, Houellebecq fez comentários ofensivos ao Islão, e, em meia dúzia de dias, o livro tinha vendido 200 mil cópias na França. Os editores, aproveitando o escândalo, sentiram-se obrigados a pedir desculpas pelos comentários do autor e foram, de boné na mão, a uma mesquita em Paris, na manhã do 11 de Setembro. Ao saírem da mesquita, viram pela TV, como se fosse uma premonição dirigida por Houellebecq, as imagens da destruição das Torres Gémeas. Um ano depois, fundamentalistas islâmicos bombardearam também casas nocturnas no Bali, matando 202 ocidentais, construindo para Houellebecq a reputação de “profeta”. Da desgraça.

"As Partículas Elementares", no cinema

4. “A Possibilidade de uma Ilha”
Agora chegou o seu quarto romance, com o título “La Possibilité d’ une Íle” ("A Possibilidade de uma Ilha"). Em França explode novamente uma polémica, ao ser divulgado que ele recebeu 1,3 milhão de euros como adiantamento por parte de um novo editor, e que se recusou a enviar cópias para críticos de mais de meia dúzia de publicações seleccionadas, entre as quais o jornal “Le Monde”.
Quem já leu conta: há duas narrativas dentro do romance. A primeira envolve Daniel, um provocante comediante-solista, cínico como Houellebecq, como ele multimilionário à custa de muita polémica. Daniel abandona a primeira mulher assim que ela engravida, e vai viver com Isabelle, editora de Lolita, aparentemente uma revista para pré-adolescentes, mas que na verdade é lida por mulheres da faixa dos trinta anos, aterrorizadas pela perspectiva de envelhecimento. Diversão e sexo também se tornam o objectivo de Daniel, e o pavor de ficar mais velho é o tema central do romance.
A segunda narrativa em “The Possibility of an Island”, entremeada com a primeira, acontece daqui a mil anos - Daniel 24, um neo-humano, está no futuro, analisando a primeira narrativa, e as memórias de seu ancestral, o humano Daniel 1. Neo-humanos, clonados, vivem em moradias especiais, numa terra devastada por ataques nucleares e mudanças climáticas.
De volta ao presente, Isabelle, aos 40 anos, está demostrando sinais de que está ficando meio louca. Como prova de amor, Daniel1 se casa com ela, mas tarde demais. Ela é preterida por uma actriz de 22 anos. Agora, aos 47 anos, o cínico, exaurido e muito rico Daniel 1 descobre os verdadeiros prazeres do sexo e, através deles, uma felicidade intensa. Já os neo-humanos como Daniel 24, e depois o Daniel 25, perderam todo o seu desejo sexual. Eles discutem a enlouquecida condição humana com desapego e sem humor, com um desprezo reforçado pela visão dos poucos remanescentes da espécie humana, na verdade selvagens que se agitam por detrás das barreiras que protegem a Cidade Central.
Nesse ponto do romance, Daniel 1 tem seu primeiro encontro com os Elohimitas- uma seita semelhante aos Raelianos. Os Elohimitas aproveitam o sexo livre e compartilhado, sem culpas, numa sociedade reclusa como as que Houellebecq descreveu em dois de seus romances anteriores, o acampamento hedonista de Atomised e os hotéis do circuito turístico asiático em Platform.
Para os Elohimitas, o sexo está já dissociado de suas consequências actuais, porque a reprodução é obtida através da clonagem. Isso não ajuda muito o descrente Daniel. Reconhecendo-se ridículo, e incapaz de controlar sua própria obsessão pela jovem actriz, que passa a traí-lo com homens que têm a metade da idade dele, Daniel se mata - não sem antes fornecer seu DNA para os Elohimitas.
Houellebecq é o autor mais conhecido da França, mas qual é o real valor dele? Seu último livro é uma sátira, género que não está entre as melhores tradições na literatura francesa. Alguns o acusam de não ter nada profundo para dizer. E o facto de seus livros serem exaltados em outros países como um ponto alto da ficção na França parece irritar alguns críticos franceses. Um crítico do jornal Figaro disse a respeito de “Plateforme”: "Os livros de Houellebecq são escritos como os memorandos de empresas de porte médio - talvez seja por isso que todo mundo os lê". "A Literatura não tem nada a ver com facilidade e disponibilidade. Ela exige um esforço", escreveu, por seu turno, Eric Naulleau no seu livro mais recente “Au Secours! Houellebecq revient! ("Socorro! Houellebecq voltou!"), atacando Houellebecq. "Para justificar o sofrível francês... utilizado por alguns de nossos mais notáveis escritores, começando por Houellebecq, autores como Cline apelam para introduzir a linguagem falada na literatura..." "O Mundo de Houellebecq", uma conferência internacional sobre o autor, aconteceu em 28 e 29 de Outubro na Biblioteca de Poesia Escocesa, em Edimburgo, na Escócia. Uma organização de Gavin Bowd, tradutor de "The Possibility of an Island". Houellebecq falou na sessão de encerramento.
Neste universo há de tudo, cada um se sirva e escolha o que lhe convier. Por mim, estou a ler "A Possibilidade de uma Ilha" e já comprei “Plataforma – No Meio do Mundo” e “As Partículas Elementares”. Enfim, todo o Houelebecq. Vou ver até onde tenho paciência. Ou me conquista ou me derrota. Juro que não faço sacrifícios.

"Extensão do Dominio da Luta", no cinema

5. Ainda no cinema
Entretanto, a sua colaboração com o cinema intensificou-se. Em 1999, adaptam “Extension du Domaine de la Lutte”, com argumento e realização de Philippe Harel, segundo o romance de Michel Houellebecq. Entre os intérpretes, Philippe Harel, José Garcia, Catherine Mouchet, Cécile Reigher, Marie-Charlotte Leclaire, Philippe Agael, etc. 120 min.
Em 2001, surge “La Rivière”, com direcção do próprio Michel Houellebecq, que também escreve o argumento, numa curta metragem com 16 minutos e um elenco constituído por Laetitia Clément, Cielle Delhomme, Audrey Jouffain, Annabelle Brun e Naïma Abdalahoui.
Jens Albinus escreve e realiza, na Dinamarca, uma nova adaptação do romance “Extension du domaine de la lutte”, em 2002, desta feita para a televisão , com o título “Udvidelse af kampzonen”, e interpretações de Espen Bækmark, Nicolas Bro, Arne Elkrog Hansen, Benedikte Hansen, Nikolaj Lie Kaas, Mia Lyhne e Niels Skousen.
Em 2004, David Rault realiza “Monde Extérieur”, com argumento de Michel Houellebecq e Loo Hui Phang, e Defne Alphan, Olivier Barroux, Olivier Champion, Laurent Chrétien, Loïse Coquelin, Philippe Dupuy, Yannick Dyvrande e Pauline Guimard.
Finalmente, já em 2006, uma nova adaptação “Elementarteilchen”, com realização e argumento de Oskar Roehler (partindo do romance “As partículas Elementares”, de Michel Houellebecq), com Moritz Bleibtreu, Christian Ulmen, Martina Gedeck, Franka Potente, Nina Hoss, Uwe Ochsenknecht , um filme alemão com 113 minutos.
Mas há ainda duas outras contribuições de Hoellebecq, uma em “L’ Érotisme vu par...”, (TV, 2001), com realização colectiva de Christine Angot, Michel Houellebecq, Vincent Ravalec, Zoé Valdês e Jean Van Hamme, e interpretação de Jackie Berroyer e Jean Abeillé, e ainda “9 Songs” (2004), um filme de Michael Winterbottom, onde a colaboração do escritor é ainda especialmente agradecida.


Para saber mais (há imenso material na net):
http://homepage.mac.com/michelhouellebecq/textes/Menu37.html
http://www.houellebecq.info/
http://www.evene.fr/celebre/biographie/michel-houellebecq-1321.php

quinta-feira, novembro 30, 2006

BLOGUES DE CINEMA - Os Melhores de 2006

1º ENCONTRO NACIONAL DE BLOGUES DE CINEMA
(Famafest, Famalicão,
Março de 2007)

ELEIÇÃO DOS

MELHOR BLOGUE DE CINEMA
2006
MELHOR BLOGUE DE CULTURA

Vamos eleger, no quadro do
I Encontro Nacional
de Blogues de Cinema,
o Melhor Blogue de Cinema
e o Melhor Blogue de Cultura
Portugueses
Os blogues mais votados serão
premiados durante o Famafest, 2007

Para votar, nada mais fácil:
Regras:
1. Cada autor de blogue dispõe
de dois votos por categoria
(dois para cinema, dois para cultura);
2. Cada blogue só pode votar uma vez
(deve fazê-lo neste blogue, em comentário);
3. Cada blogue não pode votar em si
(ninguém pode votar neste blogue organizador);
4. Votação vai decorrer até final do ano
(os resultados serão públicos no início de 2007,
e os blogues premiados receberão o prémio
na Sessão de Abertura do
1º Encontro Nacional de Blogues de Cinema
(e afins).
5. Só se aceitam votos de blogues existentes
à data do inicio desta votação
(por causa das confusões!).
Vamos a votos!
Ver lista de blogues e votantes Aqui
Continuamos a aceitar
inscrições para o Encontro (Aqui)
e votações para o tema do Work Shop (Aqui)

"BLOGUES DE CINEMA
Os Melhores de 2006"

Blogues votados até 30.11.2006

Amarcord - II
As Aranhas
Brain-mixer
Cineblog - IIII
Estado Civil
Fila do meio
Grindouse
Hollywood
Imagens Perdidas - II
Mise en Abyme - II
O Acossado
Pasmos Filtrados – III
Play It Againt
Royale With Cheese - II
WAsted Blues - II
Zona Negra - II
"BLOGUES DE CINEMA”
TEMA PARA “WORK SHOP"

Votação (30.11.2006):

12 votos:
EXPRESSIONISMO, HISTÓRIA E PERMANÊNCIA
11 votos
AS VANGUARDAS NAS DÉCADAS DE 20 A 40.
3 votos:
GRIFFITH
As votações mantem-se até final de Dezembro de 2006

quarta-feira, novembro 29, 2006

LIVROS - Michel Houellebecq


MICHEL HOUELLEBECQ
“Extensão do Domínio da Luta”

Acabei de ler “Extensão do Domínio da Luta” para que me haviam alertado. Parece que o autor é uma das coqueluches do momento, não só em França, mas um pouco por todo o lado. Devo dizer que este seu romance não me apaixonou, apesar de lhe reconhecer muitas qualidades, e de muitos o consideraram o melhor do escritor até à data. É um bom sintoma do momento, mas nem todos os sintomas do momento são, só por isso, obras de excepção, ainda que possam ser referências de um tempo. Um tempo desencantado, perdido, sem sentimentos, sem emoções, vulgar, dominado pelas tecnologias e o desprezo pela humanidade. A humanidade e mais ainda a Humanidade. Misógino, reaccionário, com laivos óbvios de racista, de uma violência comportamental desmedida, este Houellebecq tem tanto de qualidade literária como de irritante pelo seu evidente desprezo pela raça humana. Mas vou ler o seu último romance "La Possibilité d'une île". Já me contaram que Daniel, um comediante-solista de sucesso, personagem principal e narrador deste quarto romance de Michel Houellebecq, tem piadas "dignas de antologia". Exemplo: Alguém pergunta: "Como chama àquela gordura à volta da vagina?" e alguém responde: "Mulher."
Há quem goste do género.

Mas escreve bem, não há duvida. Tem ideias originais. Três pequenos exemplos:

NÃO GOSTO DE GENTE
(…)
Sou forçado a virar-me para a paisagem para não ter de olhar para ele. É curioso, porque agora parece-me que o sol se transformou numa bola de fogo, como pela ocasião da minha viagem de ida. Mas estava tranquilo, podia até haver cinco ou seis bolas de fogo vermelhas que em nada iam modificar o decurso da minha meditação.
Não gosto de gente. Decididamente não gosto. A sociedade na qual vivo deprime-me; a publicidade dá-me náuseas; a informática provoca-me vómitos. Todo o meu trabalho de informático consiste em multiplicar referências, composições, aos critérios de decisão nacional. Não encontro qualquer sentido em tudo isto. É, francamente, bastante negativo; um estorvo inútil para os neurónios. Esta gente precisa de tudo, excepto de informações suplementares.
De volta a Paris, sempre sinistra. Os edifícios leprosos da ponte Cardinet por detrás dos quais imaginamos inevitavelmente os reformados a agonizarem ao lado do gato poucette que devora metade da pensão com croquetes da Friskies. Este tipo de estruturas metálicas sobrepõe-se até à indecência para formar um entrelaçado de catenárias. E a publicidade outra vez, inevitável, repugnante e confusa. “Um espectáculo alegre e diferente”. Uma bagatela. Uma bagatela sem valor.

LIBERALISMO ECONÓMICO VS LIBERALISMO SEXUAL
(…)
Estávamos no parque de estacionamento da direcção departamental da agricultura; os candeeiros espalhavam um halo amarelado bastante desagradável; a atmosfera estava fria e húmida. Ele disse: “Sabes, já fiz as minhas contas, posso pagar uma puta por semana; sábado à noite é um dia bom. É o que vou acabar por fazer. Embora saiba que alguns homens podem ter exactamente o mesmo que eu sem terem de pagar por isso, e com amor. Prefiro experimentar; agora quero experimentar”.
Não consegui, obviamente, responder-lhe nada; mas fui para o hotel bastante pensativo. Decididamente, pensava eu, nas nossas sociedades, o sexo representa o belo, segundo um sistema de diferenciação, completamente independente do dinheiro; comporta-se como um sistema de diferenciação impiedoso. Os efeitos destes dois sistemas são pelo menos estritamente equivalentes. Tal como o liberalismo económico sem entrave e por razões análogas, o liberalismo sexual produz os fenómenos de pauperização absoluta. Alguns fazem amor todos os dias; outros, cinco ou seis vezes na vida inteira, ou então nunca. Alguns fazem amor com meia dúzia de mulheres; outros com nenhuma. E aquilo a que chamamos a “lei do mercado”. No sistema económico onde o licenciamento é proibido, cada um consegue de uma maneira ou de outra encontrar o seu lugar. Num sistema sexual onde o adultério é proibido, ninguém consegue, de uma maneira ou de outra, encontrar a sua companhia na cama. Num sistema económico perfeitamente liberal, alguns acumulam fortunas consideráveis; outros improdutivos estão no desemprego e na miséria. Num sistema sexual perfeitamente liberal, alguns têm uma vida exótica e excitante; outros estão reduzidos à masturbação e à solidão. O liberalismo económico é uma extensão do domínio da luta, a sua extensão a todas as idades da vida e a todas as classes da sociedade. Do mesmo modo que o liberalismo sexual é a extensão do domínio da luta, a sua extensão acontece em todas as idades da vida e a todas as classes da sociedade. No plano económico, Raphaél Tisserand, pertence à classe dos vencedores; no plano sexual, à dos vencidos. Há quem ganhe em ambos os lados, há também quem perca nos dois. As empresas disputam entre si alguns jovens licenciados; as mulheres disputam alguns jovens homens; os homens disputam algumas mulheres; o problema e a agitação são consideráveis.


VERONIQUE
(…)
Na noite da morte de Leverrier, o pai tinha-lhe ligado para o empre­go; como ele não estava, foi a Veronique que falou com ele. A mensagem consistia em retribuir-lhe a chamada com a máxima urgência; recado que se esqueceu de transmitir. Leverrier chegou a casa às seis horas da tarde sem ter tido conhecimento do recado e disparou um tiro na cabeça. Foi Veronique que me contou isto na noite em que se soube da morte na Assembleia Nacional; ela acrescentou que, passo a citar, “a presença dele a incomodava um pouco”. Ainda pensei que ela ficasse com remor­sos ou uma espécie de culpabilidade, mas não: no dia seguinte já tinha esquecido o acontecimento.
Veronique andava a fazer psicanálise. Lamento tê-la conhecido. No geral, não há nada a dizer sobre mulheres sujeitas a estas sessões. Uma mulher entregue às mãos de psicanalistas fica definitivamente impró­pria para uso, o que vim a constatar inúmeras vezes. Este fenómeno não deve ser considerado como um efeito secundário da psicanálise, mas sim como a causa principal. Sobre o pretexto da reconstrução do eu, os psicanalistas procedem na verdade a uma escandalosa destruição do ser humano. Inocência, generosidade, pureza... tudo isto é rapidamen­te triturado por entre essas mãos grosseiras. Os psicanalistas, regala­damente remunerados, pretensiosos e estúpidos, exterminam de modo conclusivo toda a aptidão para o amor nos seus pacientes, tanto mental como física; comportam-se com efeito como verdadeiros inimigos da humanidade. Impiedosa escola de egoísmo, a psicanálise está apetrecha­da com o maior dos cinismos à conta das corajosas raparigas miseráveis para as transformar em ignóbeis parvalhonas de egocentrismo delirante, que pode apenas suscitar a mais profunda agonia. Não se deve confiar, qualquer que seja o caso, numa mulher que tenha passado pelas mãos de um psicanalista. A mesquinhez, o egoísmo, o disparate arrogante, a completa falta de sentido moral, a incapacidade crónica de amar: eis o retrato exaustivo de uma mulher “psicanalizada”.
Veronique correspondia, diga-se, traço por traço a esta descrição. Amei-a com todas as minhas forças, o que representa em si muito amor. Foi uma pura perda, agora sei-o bem; se lhe tivesse partido os dois braços mais me valia. Ela sempre teve, sem dúvida, como todos os depressivos, a predisposição para o egoísmo e o coração de pedra; mas a psicanálise transformou-a de maneira irreversível num verdadeiro excremento; sem íntimo e consciência - um detrito envolto em folha de celofane. Lembro-me de que ela tinha um quadro branco onde apontava coisas vulgares do género “ervilhas” ou “pressing”. Um dia à noite tendo vindo de uma ses­são, apontou esta frase de Lacan: “Quanto mais ignóbil, melhor”. Esbocei um sorriso; só podia mesmo sorrir. Esta frase não era ainda, nesta altura, mais do que um princípio; mas ela iria dissecá-la, ponto por ponto.
Numa noite, aproveitando a ausência de Veronique, engoli um frasco de Largactyl. Tomado pelo pânico, chamei imediatamente os bombeiros. Tiveram de me levar às urgências para uma lavagem ao estômago, etc. Enfim, estive à beira da ruptura. A grande parva (nem sei como a pode­ria qualificar) nem sequer me foi visitar. De regresso a “casa”, se assim lhe posso chamar, insultou-me de egoísta lastimoso, tais as palavras que encontrou para me dar as boas-vindas; a sua interpretação do aconteci­mento era que lhe tinha engendrado preocupações suplementares, a ela «que já tinha tanto que se preocupar com os problemas de trabalho». A parvalhona chegou mesmo a dizer-me que tudo aquilo tinha sido uma “chantagem emocional”. Sempre que me lembro lamento não lhe ter golpeado os ovários. Enfim, faz parte do passado.

In “Extensão do Domínio da Luta”, de Michel Houellebecq (Ed. Quasi).

amanhã há mais sobre Michel Houellebeck »

segunda-feira, novembro 27, 2006

PHILIPPE NOIRET

Philippe Noiret
(1.10.1930 - 23.11.2006)
Este mês de Novembro vai alinhando desaparecimentos vários de pessoas que eu amava e amo. Não tinha dado por mais esta nota de dor, até chocar com um blogue discreto, recente, de uma jovem de Aveiro, que gosta de Debussy, e se assina por "Claire de Lune". O blogue chama-se "Doce Inquietude" e lá vinha a nota da morte desse maravilhoso Philippe Noiret que, quase toda a gente lembra de "O Cinema Paraíso", mas aqueceu dezenas e dezenas de bons filmes (sim, por que qualquer filme interpretado por ele passava a ter algo a justificar a visita). Aqui fica a referência e a certeza de que há homens que não morrem, apenas vão fazer umas viagens mais demoradas. Mas deixam ficar os filmes, para que ninguém se esqueça deles.
Já pensaram no Céu, se existisse Paraíso? A confraternização cinematográfica?

"Cinema Paraiso"

domingo, novembro 26, 2006

MÁRIO CESARINY DE VASCONCELOS

Mário Cesariny de Vasconcelos

(6.08.1923 - 16.11.2006)


Voz numa pedra
Não adoro o passado
não sou três vezes mestre
não combinei nada com as furnas
não é para isso que eu cá ando
decerto vi Osíris porém chamava-se ele nessa altura Luiz
decerto fui com Isis mas disse-lhe eu que me chamava João
nenhuma nenhuma palavra está completa
nem mesmo em alemão que as tem tão grandes
assim também eu nunca te direi o que sei
a não ser pelo arco em flecha negro e azul do vento
Não digo como o outro: sei que não sei nada
sei muito bem que soube sempre umas coisas
que isso pesa
que lanço os turbilhões e vejo o arco íris
acreditando ser ele o agente supremo
do coração do mundo
vaso de liberdade expurgada do menstruo
rosa viva diante dos nossos olhos
Ainda longe longe essa cidade futura
onde «a poesia não mais ritmará a acção
porque caminhará adiante dela»
Os pregadores de morte vão acabar?
Os segadores do amor vão acabar?
A tortura dos olhos vai acabar?
Passa-me então aquele canivete
porque há imenso que começar a podar
passa não me olhas como se olha um bruxo
detentor do milagre da verdade
a machadada e o propósito de não sacrificar-se não
construirão ao sol coisa nenhuma
nada está escrito afinal
Mário Cesariny

MÁRIO CESARINY DE VASCONCELOS
nasceu no dia 9 de Agosto de 1923 em Lisboa.
Morreu na madrugado do dia 26 de Novembro de 2006, em sua casa.
Freqüentou a Escola de Artes Decorativas António Arroio e estudou música com o compositor Fernando Lopes Graça. Considerado o mais importante representante poeta português da escola Surrealista, encontra-se em 1947 com André Breton, facto determinante no desenvolvimento do seu trabalho literário. Ainda nesse ano participa, junto com Alexandre O'neill, António Pedro etc., do Grupo Surrealista de Lisboa. Algum tempo depois, por não concordar com a linha ideológica do grupo, afasta-se de maneira polémica e funda o "Grupo Surrealista Dissidente". Principal representante do Surrealismo português, Mario Cesariny, no início de sua produção literária, mostra-se influenciado por Cesário Verde e pelo Futurismo de Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa. Ao integrar-se ao Grupo Surrealista, muda o seu estilo, trazendo para sua obra o "absurdo", o "insólito" e o "o inverossímil". Além de poeta, romancista, ensaísta e dramaturgo, também se dedicou às artes plásticas, sobretudo à pintura.
Obras mais importantes:
Corpo Visível - 1950;
Discurso sobre a Reabilitação do Real Quotidiano - 1952;
Louvor e Simplificação de Álvaro de Campos -1953;
Manual de Prestidigitação -1956;
Pena Capital-1957;
Alguns Mitos Maiores e Alguns Mitos Menores Postos à Circulação pelo Autor -1958;
Nobilíssima Visão -1959;
Poesia -1961;
Planisfério e Outros Poemas -1961;
Um Auto para Jerusalém -1964;
Titânia e A Cidade Queimada -1965;
Burlescas, Teóricas e Sentimentais -1972;
Primavera Autônoma das Estradas -1980;
Titânia -1994.
Todos por Um
A manhã está tão triste
que os poetas românticos de Lisboa
morreram todos com certeza

Santos
Mártires
e Heróis

Que mau tempo estará a fazer no Porto?
Manhã triste, pela certa.
Oxalá que os poetas românticos do Porto
sejam compreensivos a pontos de deixarem
uma nesgazinha de cemitério florido
que é para os poetas românticos de Lisboa não terem de
recorrer à vala comum
Fidelidade
Porquê não se sabe ainda
mas ainda aos que amam o poeta porque ele lhes dá o
livro do não trabalho
e diz cor de rosa diante de toda a gente
mas lhe lêem o livro só nas férias
(entre trabalho e trabalho)
e à noite vão a casas dizer cor de rosa em segredo
a esses e ainda
aos que estudaram o problema tão a fundo
que saíram pelo outro lado
e armaram um quintal novo para as galinhas do poeta
porem ovos
e disseram ao poeta estas são as nossas galinhas que
tu nos deste
se elas não põem os ovos que amamos
matamos-te
e então o poeta vai e mata ele as galinhas
as suas belas galinhas de ovos de oiro
porque se transformaram em malinhas torpes
em tristes bichas operárias que cheiram a coelho
a esses e ainda
aos realmente explorados
aos realmente montes de trabalho
ou nem isso só rios
só folhas na árvore cheia do método árvore
*
Não esquecer
"Autografia", um belissimo filme
de Miguel Gonçalves Mendes
Grande Prémio de Lusofonia
no Famafest 2004

sábado, novembro 25, 2006

BLOGUES DE CINEMA - Os Melhores de 2006

I

1º Encontro Nacional de
Blogues de Cinema
(Famafest, Famalicão, Março de 2007)

ELEIÇÃO DOS

MELHOR

BLOGUE
DE CINEMA

2006

MELHOR
BLOGUE
DE CULTURA
Vamos eleger, no quadro do
I Encontro Nacional
de Blogues de Cinema,
o
Melhor Blogue de Cinema
e o
Melhor Blogue de Cultura
Portugueses
Os blogues mais votados serão
premiados durante o Famafest, 2007

Para votar, nada mais fácil:
Regras:
1. Cada autor de blogue dispõe
de dois votos por categoria
(dois para cinema, dois para cultura);
2. Cada blogue só pode votar uma vez
(deve fazê-lo neste blogue, em comentário);
3. Cada blogue não pode votar em si
(ninguém pode votar neste blogue organizador);
4. Votação vai decorrer até final do ano
(os resultados serão públicos no início de 2007,
e os blogues premiados receberão o prémio
na Sessão de Abertura do
1º Encontro Nacional de Blogues de Cinema
(e afins).
5. Só se aceitam votos de blogues existentes
à data do inicio desta votação
(por causa das confusões!).
Vamos a votos!

Continuamos a aceitar
inscrições para o Encontro (
Aqui) e
votações para o tema do Work Shop (Aqui)

Entretanto, lá por fora, já se efectuaram
algumas votações deste tipo.
O concurso internacional,
Best of the Blogs 2006,
criado pela Deutsche Welle,
com objetivo de premiar
os melhores blogues de todo o mundo,
já anunciou os blogues vencedores deste ano
escolhidos por um júri (oficial)
e pelos usuários (popular).
Na decisão oficial do júri
o vencedor foi o americano
Sunlight Foundation,
voltado para notícias políticas.
Na votação popular,
quem ganhou foi o blogue alemão
de contar histórias,
Lisa Neun.
Entre os premiados,
três blogs brasileiros ganharam destaque.
O primeiro foi o
Apocalipse Motorizado,
de São Paulo, que venceu na categoria
de "Melhor weblog em português".
Já outros dois blogs
Blog de Alcinéa Cavalcante
e
Garotas Que Dizem Ni
ganharam em votação popular,
respectivamente o "Prémio Repórteres Sem Fronteiras" e
“Melhor weblog em português".
A lista completa com todos os vencedores
está no
site do concurso
(via
Jornalista da Web).
Em Portugal,
neste preciso momento,
decorre igualmente uma votação
para eleger os melhores blogues nacionais.
É uma iniciativa do blogue
Geração Rasca.

À atenção dos votantes
uma primeira lista de blogues de cinema
(e alguns de cultura) :


Chroniques de Lisbonne (ON)
Cine Addiction (OFF)
Cine Sphere (ON)
Cine Zone (ON)
Cine7 (ON)
Cinearte (OFF)
Cine-Asia (ON)
Cine-Australopitecus (ON)
Cineblog (ON)
Cinecultura (OFF)
Cinefilosofia (OFF)
Cinejornal (OFF)
Cinejrb (OFF)
Cinema (OFF)
Cinema Dungeon (ON)
Cinema Existencial (OFF)
Cinema Notebook (ON)
Cinema Panteonesco (ON)
Cinema Paraíso (ON)
Cinema Xunga (ON)
Cinémania (OFF)
Cinemania (OFF)
Cinemania77 (OFF)
Cinematecos (OFF)
Cinemundo (OFF)
Cinept (ON)
Cinerama (ON)
CineXplod (OFF)
Citizen Kane (OFF)
Claquete (ON)
Contracampo (ON)
Cool 2 Ra (OFF)
Devaneios(ON)
Duelo ao Sol (ON)
DVD (ON)
Escrever Cinema (ON)
Escrever e Ver Cinema (ON)
Espigas ao vento (OFF)
Estreias Online (OFF)
Eternal Sunshine (OFF)
Eu adoro Cinema (ON)
Fábrica Lumiére (ON)
Fans Harry Potter (ON)
Festroiablog.com (ON)
Fila do Meio (ON)
Film ou Movie (OFF)
Filmes de culto (ON)
Gonn 1000 (ON)
Grande Ecrã (OFF)
Grindhouse(ON)
Hollywood (ON)
House of the blue leaves (ON)
Imagens Perdidas (ON)
It´s Only Tuesday (OFF)
Je t´aime moi non plus (ON)
Jeu de massacre (ON)
Jump Cut (OFF)
Keyzer Soze's Place (ON)
La Saraghina (ON)
Let´s look at the Trailer (OFF)
Lord of the Movies (ON)
Lorfat Lines (OFF)
Lost in translation (OFF)
Magacine (ON)
Manual dos Inquisidores (OFF)
Matiné (ON)
Miguel Galrinho (ON)
Mise en Abyme (ON)
MovieSpace (ON)
Movies Universe (ON)
Mulholland Dr. (ON)
My Asian Movies (ON)
Nakamura´s place (OFF)
Noite Americana (ON)
Not_alone (ON)
Núcleo de Programação Cinematográfica (OFF)
O charme discreto da bloguesia (ON)
O que eu vejo daqui (ON)
O terceiro homem (ON)
O tronco da teia (ON)
O vício da Arte (ON)
O Zombie (ON)
Os espelhos velados (ON)
Os filmes k bi (OFF)
Pasmos Filtrados (ON)
Pepsi e Pipocas (ON)
Pipoca Rasca (ON)
Plano 9 (ON)
Play it again (ON)
Port Moresby (ON)
Pouco sobre muito (ON)
Realizador Vs Cinema (OFF)
Reservoir Movies (OFF)
Rollcamera (ON)
Royale with Cheese (ON)
Scarymovies (OFF)
Série B (OFF)
Sokotai View (OFF)
SOS Cinema Europa (ON)
Spider (ON)
Take 2 (ON)
Take a break (ON)
Teia do Cinema (OFF)
The Big Screen (ON)
The Light of Cinema (OFF)
The Tracker (ON)
Thing´s i´ll never say (ON)
Trailers Blog (ON)
Três Cinéfilos em conflito (OFF)
Tv-child (ON)
Uma semana um filme (OFF)
Vertigo 451 (ON)
Viciado em Cinema e TV (ON)
Viciado em Cinema e TV (A sequela) (ON)
Violência e Paixão (OFF)
Viver contra o Tempo (ON)
Wasted blues (ON)
Wildstrawberries (OFF)
Zona Negra (ON)
Zoom (OFF)


Blogues de Cinema - Brasil
(Mack) Cinema e Cia (OFF)
16por9 [ ] Widescreen Anamorphic (OFF)
A Rebeldia, o Sonho e o Cinema (ON)
A sala proibida (ON)
Ana's Multiply Site (ON)
Anotações de um cinéfilo (ON)
Arquivo de filmes (ON)
Asia Fury (ON)
Baixa Freqüência (OFF)
Bakemon (ON)
Barbirotto (ON)
Baú de Filmes (ON)
Blog da Desforra (ON)
Blog Sétima Arte (OFF)
Cine Dema(i)s (ON)
Caminhante Noturno Cinema (ON)
Chip Hazard (ON)
Christophilmes (ON)
Cine art (ON)
Cinecasulofilia (ON)
Cinedobeto (ON)
Cinefilia (ON)
Cinéfilo (ON)
Cinéfilos Off-line (OFF)
Cinéfilos On-line (OFF)
Cinema Cuspido e Escarrado (ON)
Cinema e Video (OFF)
Cinema Falado (OFF)
Cine na veia (ON)
Cinematógrafo (ON)
Cinematório (ON)
Cinemorama (OFF)
Cinenetcom (ON)
CineSequencia (ON)
Coisas que a gente vê no escuro (ON)
Crônicas Cinéfilas (ON)
Diário de um cinéfilo (ON)
Do desastre ao triunfo (ON)
Dollari Rosso (ON)
EgoLog(ON)
Ele, Ela e o Cinema (ON)
Elucubrações Cinéfilas (OFF)
Em cartaz (OFF)
Enquadramento (ON)
Epílogo (ON)
Era uma vez na Paraíba (ON)
Esse eu já vi (OFF)
Estraga Filmes (ON)
Estréias (ON)
Euassisti.com (ON)
Falando de Cinema (OFF)
Filmes do Chico (ON)
Filmes GLS [ou quase] (ON)
Filmes vistos em 2006 (OFF)
Focinho gelado (ON)
Foco Potiguar (ON)
Fora de quadro (ON)
Fotograma Experimental (ON)
Free as a weird (ON)
Hammer Horror (ON)
Imagem em Movimento (ON)
Império Cinéfilo (ON)
Impressões Cinéfilas (ON)
Kino Crazy (ON)
Le pickpocket (ON)
Liga dos blogues Cinematográficos (ON)
LOGed (ON)
Los Olvidados (ON)
Low Frequency (ON)
Mira! (ON)
Mondo Paura (ON)
Nem todas as batatas sabem nadar (ON)
O anjo exterminador (ON)
O Crítico de Cinema (OFF)
O negativo queimado (ON)
O olho de Hochelaga (ON)
Obscuridades da 7ª Arte (ON)
Olhar Elétrico (ON)
Orionlog (ON)
Os Intocáveis (ON)
Palavras da Sétima arte (OFF)
Perdida na tradução (ON)
Perdido na tradução (ON)
Picilone (OFF)
Pilog (ON)
Punch Drunk Movies (ON)
Purviance, Chaplim, Cinema e Solidão (ON)
Qualquer coisa (ON)
Quarto do Chiko (ON)
Queimando filme (ON)
Repete que eu nao ouvi direito (OFF)
Reservoir dog (ON)
Setaro´s Blog (ON)
Spoiler (ON)
Teco Apple (ON)
Tempo-Espaço (OFF)
The Bridge (ON)
The Cave (ON)
The sound of Silence (ON)
Vida e época de tiago superoito (ON)
Viva Gringo (ON)
Viver e morrer no Cinema (ON)
You talkin to me? (ON)

Blogues de cinema - em inglês
Bitter Cinema (OFF)
Blog by the cemetery (OFF)
Elusive Lucidity (ON)
Luxo (ON)
O signo do Dragão (ON)
Shaukasten (ON)
Tim Lucas Video Watchblog (ON)
Blogues de cinema - em espanhol
Blogdecine (ON)
Nocturne Cinéphage (ON)

Esta lista de blogues de cinema foi originariamente publicada por "Blog Blog Blog"
http://blogblogblogcinema.blogspot.com/
um blogue da autoria de lmarchao que interrompeu a sua publicação em Setembro deste ano, mas que era uma excelente fonte de informação e que aqui saudamos.