Mostrar mensagens com a etiqueta amor. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta amor. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, janeiro 09, 2013

CINEMA: "AMOR"

 
AMOR
 
“Amor”, de Michael Haneke, com dois actores fabulosos, Jean-Louis Trintignant (Georges) e Emmanuelle Riva (Anne), é um filme admirável sobre a velhice, a doença, a morte, mas sobretudo sobre o amor. Um casal de velhos músicos, ela pianista, vive sozinho numa casa em Paris. Vivem bem, apesar de se sentir uma certa solidão, apesar das visitas regulares de uma filha, Eva (Isabelle Huppert), casada, que tem, no entanto, a sua vida e os seus problemas e não pode estar continuamente com eles. Mas Georges e Anne sobrevivem bem, com a lembrança dos seus alunos e as idas a concertos e a música sempre por perto da sua existência. Até que um dia, há sempre um dia nestes casais, Anne adoece, fica cada vez mais dependente dos outros, sobretudo do marido que se esforça por a acompanhar o melhor que sabe e pode. Mas a invalidez, provocada por AVC, vai progredindo inexoravelmente. Anne recusa-se a alimentar-se e George sente-se impotente perante o quadro a que diariamente assiste.

Com um tal argumento, escrito originalmente pelo próprio Michael Haneke, fácil seria cair-se no rodriguinho e no melaço. Tem todos os condimentos para o sentimentalismo lamechas. Haneke, e os seus rigorosos e discretos actores, não vai por aí. O seu filme é de uma austeridade a toda a prova e de uma sensibilidade e pudor notáveis. Olha os seus protagonistas com respeito, pode mesmo dizer-se que com amor, mas coloca-os à distância para impedir qualquer facilidade ou pieguice. Há um humanismo íntegro que sabe bem surpreender a cada plano. A sua câmara regista os gestos mais subtis, os olhares mais íntimos, a beleza das rugas, mas também a debilidade no andar, o sofrimento de quem vê sofrer, a angústia do desconhecido, mas igualmente a serenidade perante o absoluto, e a raiva perante a impotência. Neste aspecto, o trabalho dos actores é de um invulgar virtuosismo e se não podemos deixar de sublinhar Jean-Louis Trintignant (e de o recordar em “Um Homem e Uma Mulher”, por exemplo, no apogeu da sua maturidade), não é menos verdade que Emmanuelle Riva é sublime, justificando todos os adjectivos (ela que fora a presença obsidiante de “Hiroshima, Meu Amor”). Refira-se ainda que entre os intérpretes se destaca Rita Blanco, numa curta mas preciosa aparição.

Austríaco, Michael Haneke é um dos maiores e mais originais cineastas europeus da actualidade. Antes de “Amor”, ele já não tinha dado obras marcantes da última década e meia. Em 2009, realizara o poderoso “O Laço Branco”, que vinha depois de “Brincadeiras Perigosas” (EUA, 2007), “Nada a Esconder” (2005), “O Tempo do Lobo (2003), “A Pianista” (2001), “Código Desconhecido” (2000), “Brincadeiras Perigosas” (Áustria, 1997), “O Castelo” (1997) ou “71 Fragmentos de uma Cronologia do Acaso” (1993). Uma filmografia invulgar, de uma coerência de estilo e de temas que não deixa dúvidas quanto à autoria, com a violência nas relações humanas como obsessão constante. Mas com “Amor” terá atingido um momento sublime na expressão do encanto (e desencanto) das relações humanas. O seu filme é, seguramente, um dos melhores de 2012 e tem sido justamente premiado por todo o lado por onde tem passado. Assim será, certamente, nos Oscars que se avizinham.  

AMOR
Título original: Amour
Realização: Michael Haneke (Áustria, França, 2012); Argumento: Michael Haneke; Produção: Margaret Ménégoz, Michael André, Stefan Arndt, Daniel Goudineau, Veit Heiduschka, Hans-Wolfgang Jurgan, Michael Katz, Wolfgang Lorenz, Heinrich Mis, Bettina Reitz, Bettina Ricklefs, Uwe Schott; Fotografia (cor): Darius Khondji; Montagem: Nadine Muse, Monika Willi; Casting: Kris Portier de Bellair; Design de produção: Jean-Vincent Puzos; Decoração: Susanne Haneke; Guarda-roupa: Catherine Leterrier; Maquilhagem: Thi-Loan Nguyen, Frédéric Souquet ; Direcção de produção: Sophie Boge, Philippinne Cholley, Ulrike Lässer, Ulli Neumann, Olivier Thaon, Stephan von Larcher; Assistentes de realização: Alain Olivieri, Olivier Falkowski, Marine Franssen, Stephanie Guénot, Denis Manin, Justine Selz; Departamento de arte: Jérôme Billa, Fabio Carussi, Alain Chaudet, Sophie Reynaud, etc.; Som: Jean-Pierre Laforce, Guillaume Sciama; Efeitos especiais: Yves Domenjoud, Olivier Gleyze; Efeitos visuais: Béatrice Bauwens, Barthelemy Beaux, Olivier Blanchet, Christophe Courgeau, Sophie Denize, Arnaud Fouquet, Julien Meesters; Companhias de produção: Wega Film, Les Films du Losange, X-Filme Creative Pool, France 3 Cinéma, ARD Degeto Film, Westdeutscher Rundfunk (WDR), Bayerischer Rundfunk (BR), France Télévisions, Canal+, Ciné+, ORF Film/Fernseh-Abkommen; Intérpretes: Jean-Louis Trintignant (Georges), Emmanuelle Riva (Anne), Isabelle Huppert (Eva), Alexandre Tharaud (Alexandre), William Shimell (Geoff), Ramón Agirre (porteiro), Rita Blanco (porteira), Carole Franck (enfermeira 1), Dinara Drukarova (enfermeira 2), Laurent Capelluto, Jean-Michel Monroc, Suzanne Schmidt, Damien Jouillerot, Walid Afkir, etc.; Duração: 127 min; Distribuição em Portugal: Leopardo Filmes; Classificação etária: M/16 anos; Data de estreia em Portugal: 6 de Dezembro de 2012.

quinta-feira, julho 05, 2007

O PORTO E OS SONHOS COM SABOR A BAUNILHA


No blogue da Ida Rebelo, querida amiga do Rio, "Sulburbio", há um belo texto sobre o Porto, sobre a cidade e as memórias, que podem ser de dor ou de sonho e de baunilha.
Lá deixei este comentário que me apeteceu transformar em post o meu blogue. Aqui fica:

"Bonito texto, magoado e sombrio, mas doce como baunilha. Quanto ao Porto, é a minha segunda cidade em Portugal. Adoro o lado cinzento, de Europa do Norte, desta cidade que se sabe deixar amar como poucas. Durante muitos anos fui lá dar aulas, ia quase sempre de véspera, para melhor gozar o Porto, as suas ruas e as suas gentes, ia sempre com um prazer indiscutível, porque adoro dar aulas e gostava imenso dos meus alunos do Porto.Como em todas as cidades que habitamos, como em todos os locais que vivemos, como em todas as pessoas que possuimos e por elas somos possuídos, há a hipótese da dor. E quanto maior for o prazer anterior, maior será a dor futura. Há quem fuja do prazer, antevendo a dor. Há quem se atire de cabeça e morda a vida e o prazer de viver, mesmo que saiba que depois pode sempre vir a desilusão e a perca da inocêcia. Mas depois de "beijos que sabem a sonho", há sempre outros "beijos que sabem a sonho" (a um novo sonho). "

Agora releiam o texto que lhe deu origem, e descubram se o Porto é ou nâo terra de feitiço. Como diria o Malato, que nestas coisas dita lei, "Já fui muito feliz no Porto."
foto de Ida Rebelo

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

DO AMOR

Jack Vetriano

DOIS POEMAS DE AMOR

I
abro-te o sexo húmido de gozo
como-te a saliva da devassidão
rasgo-te o desejo dos seios à boca
sinto-te inundada de prazer
exposta ao estertor
que cavalga profundo no meu eixo
continua, amor, continua
e deixa-me perdido no teu ventre
até amanhecer para lá da janela
e os pássaros se ouvirem no despertar do dia

II

só para ti:
na colcha escarlate,
o borrão húmido
de amor feito-desfeito
eternamente

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Como era o amor há 5.000 anos


A Reuter informa, em notícia proveniente de Roma: “Esqueletos de casal são encontrados num abraço eterno.”
A notícia, que se pode ler na página inicial do MSN Brasil, diz assim (em português do Brasil): “Pode chamar de abraço eterno. Arqueólogos na Itália descobriram um casal abraçado enterrado entre 5.000 e 6.000 anos atrás.
"É um caso extraordinário", disse Elena Menotti, que liderou a equipe nas escavações perto da cidade de Mantova, norte do país. "Não foi descoberto um enterro de casal do período Neolítico, muito menos duas pessoas se abraçando -- e ambos estão realmente se abraçando". Menotti disse acreditar que os dois, quase certamente um homem e uma mulher, embora ainda não tenha sido confirmado, morreram jovens, porque suas arcadas dentárias estavam quase inteiramente intactas e não estavam gastas. "Devo dizer que quando nós os descobrimos ficamos muito entusiasmados. Tenho este emprego há 25 anos. Fiz escavações em Pompéia, todos os sítios famosos", disse ela a Reuters. "Mas eu nunca fiquei tão comovida assim, porque esta é a descoberta de algo especial". Um laboratório tentará determinar a idade do casal à época da morte e há quanto tempo estão enterrados.