

Esta a linha de narração de “Die Welle”, de Dennis Gansel, com argumento deste último e de Peter Thorwarth, segundo romance de Todd Strasser, que por sua vez partia de uma experiência real, vivida em 1967, por um professor norte americano, Ron Jones, que a descreveu num artigo (“The Third Wave”), depois adaptado a telefilme, pelo canal ABC, em 1981, por Johnny Dawkins e Ron Birnbach, com realização de Alexander Grasshoff (“The Wave”). O mesmo tema ainda se pode encontrar igualmente tratado em “The Wave”, um romance de Rhue Morton.

Tudo poderia parecer fácil de explicar aos alunos, mas a verdade foi completamente diferente. Estes aderiram ao projecto, “The Third Wave”, de forma entusiástica, ampliaram a sua massa de adeptos (com alunos de outros projectos), transformaram esta “A Terceira Onda” num acontecimento, aceitando como boa a dimanação do poder do chefe que se autoproclamava, a disciplina imposta na sala de aula (“o poder através da disciplina”), as ordens recebidas e a fazer cumprir, a uniformização de vestuário (e de ideias), as insígnias, o cumprimento pessoal e colectivo, os discursos demagógicos e inflamados, o tratamento por Senhor Jones, e tudo o que decorreu da experiência. Quando se pensava que facilmente se iria explicar os erros e os vícios do totalitarismo, este estava implantado e aceite. Ron Jones terá igualmente sido influenciado pelo êxito da iniciativa, por aquela disciplina que via nascer à sua frente, pela forma habilidosa como conduzia os alunos, pelo respeito que impunha, pelo poder que detinha e dia a dia ia aumentando.

No filme de Dennis Gansel, o professor muda de nome, chama-se aí Rainer Wenger, “Herr Wenger”, a experiência troca de país, o projecto ganha alguma dramaticidade, sobretudo para o final, que termina previsivelmente em tragédia, mas no fundo cinge-se fundamentalmente à experiência real que lhe está na base. Apesar dos bons desempenhos dos principais intérpretes (professor e alunos), e de uma narrativa sóbria e eficaz, apesar da competência técnica de toda a equipa, “Die Welle” mostra a renovação do actual cinema alemão, sem todavia ofuscar pelo brilho. É um filme particularmente interessante, que mobiliza atenções, que desperta polémicas, que coloca em questão não só o problema da emergência das ditaduras, da fragilidade da democracia, da manipulação das massas, como também o papel da escola e do professor, na formação do cidadão.

A ONDA
Título original: Die Welle
Realização: Dennis Gansel (Alemanha, 2008); Argumento: Dennis Gansel, Peter Thorwarth, segundo romance de Todd Strasser; Produção: Christian Becker, Nina Maag, Martin Moszkowicz, Peter Schiller; Música: Heiko Maile; Fotografia (cor): Torsten Breuer; Montagem: Ueli Christen; Casting: Franziska Aigner-Kuhn, Uwe Bünker; Design de produção: Knut Loewe; Direcção artística: Petra Ringleb; Decoração: Tilman Lasch; Guarda-roupa: Ivana Milos; Maquilhagem: Irina Tübbecke-Bechem; Direcção de Produção: Natalie Clausen, Ulrike Fauth; Assistentes de realização: Hendrik Holler, Matthias Nerlich; Departamento de arte: Philipp Hübner; Som: Stephan Fandrych, Dana Hopfe, Alexander Saal; Efeitos especiais: Michael Apling, Ronny Klost; Efeitos visuais: Abraham Schneider; Companhias de produção: Rat Pack Filmproduktion GmbH, Constantin Film Produktion.; Intérpretes: Jürgen Vogel (Rainer Wenger), Frederick Lau (Tim Stoltefuss), Max Riemelt (Marco), Jennifer Ulrich (Karo), Christiane Paul (Anke Wenger), Jacob Matschenz (Dennis), Cristina do Rego (Lisa), Elyas M'Barek (Sinan), Maximilian Vollmar, Max Mauff, Ferdinand Schmidt-Modrow, Tim Oliver Schultz, Amelie Kiefer, Fabian Preger, Odine Johne, Tino Mewes, Karoline Teska, Marco Bretscher-Coschignano, Lennard Bertzbach, Thommy Schwimmer, Joseph M'Barek, Jaime Ferkic, Darvin Schmidt, Leander Hagen, Lucas Hardt, Maxwell Richter, Sophie Kurzke, Liv Lisa Fries, Lena Lutz, Hendrik Holler, Ilo Gansel, Natascha Paulick, Maren Kroymann, Teresa Harder, Thomas Sarbacher, Hubert Mulzer, Gerald Alexander Held, Johanna Gastdorf, Friederike Wagner, Dennis Gansel, Ron Jones, etc.
Duração: 107 minutos; Distribuição em Portugal: Ecofilmes/Vitória Filme; Classificação etária: M/ 12 anos; Estreia em Portugal: 8 de Janeiro de 2009.