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segunda-feira, novembro 25, 2019

CHICAGO, O MUSICAL




CHICAGO NO TRINDADE

A peça musical, é excelente. Já o sabia. A primeira encenação deveu-se a Bob Fosse, em 1975. Essa não vi no original, mas tive mesmo a sorte de ver, num palco de Londres, uma reposição interpretada pela fabulosa Ute Lemper. Depois vi o filme de Rob Marshall, com um belo elenco, onde surgiam Renée Zellweger, Catherine Zeta-Jones, Richard Gere, John C. Reilly e Queen Latifah. Agora aparece no Teatro da Trindade, numa tradução excelente de Ana Sampaio e de Rui Melo (este nas canções), com belíssima e vigorosa encenação de Diogo Infante, com um elenco competentíssimo, de actores, cantores, bailarinos, músicos e etc. De resto, é tudo bom, a cenografia, os figurinos, os desenhos de luz e de som. Ao nível do que de melhor se faz lá fora. Assim vale a pena. Além de que a peça é um prodígio de critica social, com o dedo sempre bem apontado aos poderes e as instituições. Bravo. É daqueles espectáculos que apetece rever logo a seguir.


CHICAGO. Original de Fred Ebb e Bob Fosse, segundo peça de Maurine Dallas Watkin; Música: John Kander; Tradução: Ana Sampaio; Tradução canções: Rui Melo; Encenação: Diogo Infante; Intérpretes: Gabriela Barros, Soraia Tavares, Miguel Raposo, José Raposo, Catarina Guerreiro, Ana Cloe, Carlota Carreira, Catarina Alves, Filipa Peraltinha, Leonor Rolla, Mariana da Silva, Sofia Loureiro, David Bernardino, Gonçalo Cabral, João Lopes, JP Costa, Pedro Gomes e Ricardo Lima; Direção musical: Artur Guimarães; Coreografia: Rita Spider; Cenografia: F. Ribeiro; FIgurinos: José António Tenente; Desenho de luz: Paulo Sabino; Desenho de som: Nelson Carvalho; Coprodução: Teatro da Trindade INATEL e Força de Produção.

domingo, maio 11, 2014

TEATRO: 8 MULHERES

8 MULHERES

“8 Mulheres” é uma peça teatral do francês Robert Thomas que mistura com alguma agilidade a comédia e o policial. Tudo se passa no salão de uma casa senhorial na província francesa, na época do Natal, com muita neve a isolar oito mulheres, seis da família e duas empregadas. É manhã, e todas esperam que o único homem da casa acorde, para tomar o pequeno almoço, mas este não sai do quarto. Vão descobrir que o corpo do mesmo  se encontra na cama, envolto em sangue, com o cabo de uma faca a sair-lhe das costas. Crime!, dizem elas. E uma das oito mulheres será a criminosa, pois todas têm algum motivo para o ajuste de contas e nenhuma delas tem um alibi muito forte. A estrutura policial baseia-se nesta curiosidade de saber quem poderia ter assassinado o homem da casa, a comédia vem sobretudo do facto de toda a gente ter algo a esconder. Divertido, um pouco na linha de Agatha Christie e dos “Ten Little Niggers”.
A peça teve sucesso e múltiplas encenações por todo o mundo, mas o êxito veio-lhe sobretudo de uma excelente adaptação para cinema assinada por François Ozon, com oito mulheres de luxo a integrarem o elenco: Catherine Deneuve, Isabelle Huppert, Emmanuelle Béart , Fanny Ardant, Virgine Ledoyen, Danielle Darrieux, Firmine Richard e Ludivine Sagnier.  Ozon, que é definitivamente um dos mais interessantes cineastas franceses no activo, introduz uma novidade de peso: cada personagem tem direito a uma canção mais ou menos conhecida do reportório francês, e o talento narrativo do cineasta, aliado à genialidade de algumas das actrizes e à intensidade dos momentos musicais faz do filme um clássico.  
Agora, o grupo “Tenda”, com encenação de Hélder Gamboa, leva à cena no Teatro da Trindade, “8 Mulheres”, com um elenco interessante, onde se podem ver Ângela Pinto, Carmen Santos, Catarina Mago, Custódia Gallego, Inês Castel-Branco, Joana Brandão, Paula Guedes e Victoria Guerra. A qualidade é irregular, mas de um modo geral é agradável e eficaz, com relevo para Custódia Gallego e Inês Castel-Branco, Paula Guedes e Ângela Pinto. Mas o mais evidente é que a direcção de actores não foi muito exigente e cada actriz funciona em registo livre.
A encenação é o mais discutível do espectáculo. O cenário não é brilhante, a utilização de elementos de outros espectáculos não ajudou, mas sobretudo há incoerências que tornam frágil a globalidade. Por exemplo: porquê nomes portugueses e franceses nas personagens? Porquê a utilização de duas canções na versão teatral, sem qualquer justificação? Por quê a mescla de guarda-roupa, que não define nem época nem personagem? Mesmo ao nível das marcações e da movimentação das actrizes ressalta um certo primarismo.
Mas, neste momento da vida nacional, em que resistir é importante, tudo o que se faça para manter teatros a funcionar, actores e técnicos a trabalhar e público a frequentar as salas, será bem-vindo. De resto, apesar alguns reparos, “8 Mulheres” merece uma visita.

8 MULHERES (8 Femmes)
Texto de Robert Thomas; encenação Hélder Gamboa; produção musical Fernando Martins; coreografia Paulo Jesus; cenografia Eurico Lopes; guarda-roupa Sandra Rodrigues; assistente de encenação Gonçalo Ferreira; desenho de Luz Paulo Sabino; produção executiva Miguel Manaças: produção Tenda; Intérpretes: Ângela Pinto, Carmen Santos, Catarina Mago, Custódia Gallego, Inês Castel-Branco, Joana Brandão, Paula Guedes e Vitória Guerra; Teatro da Trindade, até 1 Junho;  4ª feira a sáb. 21h30, domingo 18h; M / 12 anos.

sábado, julho 06, 2013

FESTIVAL DE ALMADA: I.B.S.E.N.


I.B.S.E.N. 

de Miguel Castro Caldas

“I.B.S.E.N.” traz o nome do dramaturgo norueguês, mas é um original de Miguel Castro Caldas, que agarra nalgumas situações de peças do autor e as organiza a seu belo prazer, manipulando os textos, por vezes com alguma graça e ironia, por vezes desvirtuando-os. Dizem personagens da peça que Ibsen está velho e os seus textos não são para o público de hoje. Se esse é o pensamento de Miguel Castro Caldas o melhor seria deixar Ibsen em repouso. Este aspecto acho-o, portanto, muito controverso, no mínimo.
Mais discutível ainda é a apoteose final com uma manifestação contra as maiorias, exortando que são as minorias (“os sábios”, como se diz) quem deve dirigir a sociedade. Ora nós sabemos que por vezes as maiorias se enganam, mas temos a certeza de que as minorias erram sempre, para qualquer lado que se voltem. Começa-se logo por duvidar de quem é sábio. Quem o define? Quem é o sábio? O que defende o que nós queremos? Depois, os sábios podem ser historiadores e filósofos que proclamam a hegemonia da raça ariana, um grupo de economistas de superior inteligência que defendem o neo-liberalismo, ou uns iluminados defensores da ditadura do proletariado, temos para todos os gostos. Polémico é, portanto, no mínimo, o espectáculo. Que começa, aliás, com uma orientação curiosa, abordando a vida em família e a situação da mulher, para depois enveredar por caminhos ínvios.
De resto, os intérpretes são excelentes, tão bons que nos custa fazer distinções, mas Sara Carinhas é empolgante, e a encenação de Cristina Carvalhal bem inventiva e saborosa, acompanhada a rigor pela equipa técnica e artística ao seu serviço. Seria um belo espectáculo se….

I.B.B.S.M, de Miguel Castro Caldas; Encenação: Cristina Carvalhal; Cenografia e figurinos: Ana Vaz; Adereços: Stephane Alberto; Desenho de luz: José Álvaro Correia; Desenho de som: Sérgio Delgado; Apoio ao movimento: David dos Santos; Fotografia: Susana Paiva; Produção executiva: Mafalda Gouveia; Interpretação: André Levy, David dos Santos, Inês Rosado, João Lagarto, Luís Gaspar, Manuela Couto, Sara Carinhas, Sílvia Filipe, Stephanie Silva, e ainda Berta Bustorff, Carlos Colaço, Carmo Gelpi, Dora Martinez Pinto, Erica Rodrigues, Irene Sofia Vaz, Maria Angelina Mateus, Maria Helena Falé, Marisa Costa, Miguel Brinca, Miguel Viegas, Rita Pascácio, Sandra Cristina Chambel e Xavier Faria Lopes.

Teatro da Trindade, até dia 14 de Julho. Classificação: M/16 anos.