quarta-feira, setembro 30, 2009

UMA COMUNICAÇÃO AO PAÍS

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Ou eu me engano muito, ou a declaração ao País que parece não ter dito nada de novo e que demonstra, pelo menos, que Cavaco Silva não lê os livros de Stieg Larsson (a fabulosa trilogia do Millennium), nem tem os mais rudimentares conhecimentos de informática, vai dar ainda muito que falar e possivelmente provocar uma das mais graves e imprevisíveis crises institucionais no País.
Qual a razão para esta declaração opaca na data em que foi feita?
Antes de ouvir os partidos, antes de indigitar o novo Primeiro-Ministro?
E se o Senhor Presidente da República achar que não tem confiança política no previsível novo Primeiro-Ministro e não o empossar, passando a bola à Dr.ª Manuela Ferreira Leite, apadrinhada pelo Dr. Paulo Portas?
Acham impossível, e que isso seria um golpe de Estado?
Pois se calhar seria, ou se calhar será.
Esperemos a sinopse nos novos capítulos, e desejamos ardentemente não regressar a um Verão Quente, memo que seja no Outono.
O povo na rua é bom a festejar acontecimentos que o mereçam, não a guerrear-se por infantilidades de políticos medíocres.

domingo, setembro 20, 2009

É A CULTURA, ESTÚPIDOS!

CULTURA: ZERO
Eu sei que quem tem fome não se preocupa com a cultura, eu sei que quando há desemprego ninguém lê livros ou vai ao cinema ou ao teatro, muito menos visita museus ou ouve música. Eu sei que o TGV é muito mais importante para escoar produtos “vendáveis” do que obras de autores nacionais, eu sei que os bancos falidos por operações crapulosas são alvos mais visíveis de subsídios, eu sei que mandar bocas sobre escutas é algo que fica bem a qualquer governante de uma integridade acima de toda a suspeita, eu sei que os portugueses querem é saber sobre as pequenas e médias empresas (desde que nada tenham a ver com a cultura), eu sei que a Justiça, a Saúde, a Economia, a Educação, a Agricultura, etc. etc., são tudo temas dignos dos maiores debates, a merecer até a atenção dos gatos, fedorentos de preferência, mas, que diabo!, tenho visto, lido e ouvido debates constantes para todos os gostos e feitios, e até hoje nunca ouvi falar de Cultura. Somos um País assim tão desinteressante em matéria de Cultura? Paula Rego, Maria João Pires, Manoel de Oliveira, Siza Vieira, Mariza, José Saramago, e etc. e etc. e etc. e ou outros que vêm logo a seguir, em todos os ramos da literatura, da arte, da cultura, e todo o nosso património histórico, humano, geográfico, todo ele tão ligado à cultura, não justificava uma palavrinhas?
No São Luiz havia uns debates a que chamaram, que me lembre, “É a Cultura, Estúpido!”
Agora é mais “É a Cultura, Estúpidos!”

terça-feira, setembro 15, 2009

MANUELA FERREIRA LEITE "ASFIXIA"

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MANUELA FERREIRA LEITE
E A "ASFIXIA DEMOCRÁTICA"

Manuela Ferreira Leite tem sido acusada por alguns de dizer não importa o quê e de não ser muito coerente. Nada de mais errado. O seu pensamento é de uma coerência total e o seu maior pecado será ser tão sincera. Alguns avaliam essa sinceridade como virtude, mas não: expõe-se demasiado. Deixa ver o jogo todo.
Há dias andou pela Madeira, de João Jardim, e congratulou-se pela democracia plena que por lá se vive. Na Madeira, segundo MFL, não há “asfixia democrática” (a tal que, como todos sabem, existe no continente em doses maciças) e se por acaso existe algo semelhante está legitimado pelo sufrágio universal de que saiu vencedor por diversas vezes o seu Presidente do Governo Regional. Portanto, toda a actividade política de Hitler, que ganhou eleições, está igualmente legitimada, e o Governo de Manuela Ferreira Leite sê-lo-á igualmente se, por vontade dos portugueses, sair triunfadora das próximas eleições. Poderá então por em prática aquela teoria dos “seis meses sem democracia para endireitar o País” (e depois logo se verá se são ou não precisos mais alguns meses, ou anos, ou décadas, o Prof. Salazar também começou assim):
Há já sintomas alarmantes: Manuela Ferreira Leite julga que vai ser a escolhida e assegura, desde logo, apontando para Sócrates: “Daqui a dez anos o senhor já não estará cá…” Enfim, Sócrates pode ter cometido alguns erros, mas uma medida tão drástica não me parece de saudar. Assim como não julgo de bom tom acusar o Primeiro-ministro de ser como aqueles “que matam o pai e a mãe para se puderem dizer órfãos”. O ataque à família de Socrates tem sido constante e sistemático, mas, que Diabo!, fiquem-se pelos tios e primos.
Mas MFL teve também momentos de irrepreensível clarividência e, neste aspecto, o ataque aos espanhóis foi brilhante, algo que não se via por estas bandas desde o celebrado Santo Nuno Álvares Pereira. É preciso, de quinhentos em quinhentos anos, alguém que os tenha no sítio (e não será seguramente Carlos Queiroz nem a nossa frágil selecção nacional de futebol). Miguel de Vasconcelos que se cuide, por que vem aí uma nova defenestração. Desta feita alguém sai pela janela do banco Banestro. Ai sai, sai.
Esperemos que não nos caia ao colo como Primeira-ministra.
(a imagem foi encontrada na Net, de autor - inspirado - anónimo)

sexta-feira, setembro 11, 2009

CINEMA: SACANAS SEM LEI

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SACANAS SEM LEI
“Sacanas sem Lei”, último filme de Quentin Tarantino, tem uma história por detrás da própria história do filme, que é interessante conhecer para melhor se perspectivar a obra.
Na verdade, “Inglourious Basterds” inscreve-se numa longa lista de filmes sobre a II Guerra Mundial, onde um grupo de “patifes” ou “sacanas” a contas com a justiça militar se vê envolvido numa acção contra os nazis, tornando-se heróis sem muito bem perceberem como. O primeiro grande filme desta onda foi “Os Doze Indomáveis Patifes” (The Dirty Dozen), de Robert Aldrich (1967), com um elenco notável e uma moralidade evidente, para lá da história e das peripécias decorrentes. O que se procurava testemunhar era a possibilidade de uma “segunda hipótese” que permitisse a redenção de um grupo de proscritos que afinal só precisava de uma nova oportunidade para se regenerar.
Muitos outros filmes se seguiram e procuraram reproduzir o sucesso desta obra, que ela própria teve sequelas, nenhuma delas tão brilhante como o original.
Nas décadas de 60 e 70, os estúdios italianos tinham, por bom ou mau hábito, copiar, com pequenos orçamentos, e em jeito de série B, os grandes sucessos de aventura, acção, terror ou horror que se afirmassem em qualquer outro país, nomeadamente no universo anglo-saxónico. Tendo sido sobretudo os êxitos norte-americanos pirateados até à saciedade. Em filmes que, por vezes, tinham algum interesse (há muitos westerns deste período com uma qualidade inequívoca, que deram a conhecer realizadores como Sergio Leoni e lançaram a carreira de actores como Clint Eastwod), mas a maioria era de péssima qualidade, de um aproveitamento sem escrúpulos das emoções mais primárias que existem no mais fácil dos espectadores.
Não foram só os westerns que foram “revisitados” ou, melhor, “vampirizados”, pelos realizadores italianos (quase sempre com pseudónimos anglicizados), mas também os filmes de terror (que nos deram surpresas agradáveis como Dario Argento, por exemplo) ou de horror (onde o canibalismo e os mortos-vivos bateram recordes de mau gosto). Igualmente os filmes bélicos tiveram o seu auge e uma das obras mais referenciadas é um filme de 1978, assinado por Enzo G. Castellari (que também ficou conhecido por Stephen M. Andrews, Enzo Girolami Castellari, Enzo Castellari, Enzo Girolami, Enzo Girollami, E.G. Rowland ou Enzo G. Rowland), com o título original italiano “Quel Maledetto Treno Blindato”. Nos EUA teve várias outras designações, como “The Inglorious Bastards”, “Counterfeit Commandos”, “Deadly Mission”, “G.I. Bro” ou Hell's Heroes”, para lá de nas Filipinas se ter chamado “The Dirty Bastard”. Em Portugal terá sido “Seis Gloriosos Patifes" e, no Brasil, “Assalto ao Trem Blindado”.
Ora bem, Quentin Tarantino tem desde sempre uma preferência muito especial por séries B, quer sejam americanas, quer sejam de outras origens, das europeias às asiáticas. Quase todos os seus filmes, de “Cães Danados” a “À Prova de Morte”, são demonstrações disso e muito ligadas ao imaginário popular, dos romances de “pulp fiction” aos “comics”, mas sobretudo aos filmes de sessão dupla em salas de bairro. Mais uma vez, isso acontece em “Inglourious Basterds” que, desta feita de forma explícita e por demais publicitada pelo próprio cineasta, se vai basear no já referido “The Inglorious Bastards”, do também já citado italiano Enzo G. Castellari. O que temos é uma “homenagem” de Tarantino a um realizador da acção pura, que faz filmes baseados numa estética (se de estética estamos falando) que tem a ver sobretudo com acção e violência sem muitas explicações históricas ou sociológicas com um enredo diminuto, reduzido a uma ténue linha narrativa que permita fazer suceder, com alguma lógica, as referidas cenas de “Kiss, Kiss, Bang, Bang” (aqui mais “Bang, Bang” e “Pum, Pum”, do que “Kiss, Kiss”). Este género de obras não se preocupa com plausibilidade de situações ou densidade psicológica de personagens, mas com a possibilidade de mandar pelos ares muitos soldados inimigos, ao som de estridentes explosões, que levam consigo tanques ou camionetas de prisioneiros militares. Este o caso da obra de Enzo G. Castellari.
“Quel Maledetto Treno Blindato” é uma película de guerra, de um sub-género muito explorado no cinema, a II Guerra Mundial, ou “os filmes de nazis”. O argumento é de Sergio Grieco e do realizador, o elenco conta actores popularizados neste tipo de filmes, como o sueco Bo Svenson, o afro-americano Fred Williamson, entre outros. Estamos no verão de 1944, na Europa, mais precisamente em França, num acampamento americano. Alguns militares, condenados por crimes graves, são encaixotados numa camioneta rumo ao seu destino mais previsível, o fuzilamento.
Um desertor, Burl (Jackie Basehart), um ladrão, Nick Colasanti (Michael Pergolani), um assassino, Fred (Fred Williamson), um revoltado, Tony (Peter Hooten) e um tenente, Jaeger (Bo Svenson), constituem este grupo de soldados americanos condenados que partem de um acampamento nas Ardenas. Durante a viagem a coluna é bombardeada por aviões alemães e os prisioneiros conseguem libertar-se e fugir. Querem chegar à Suíça. Na deslocação encontram um desertor alemão que se junta ao grupo, formando os “Seis Gloriosos Patifes” da versão portuguesa. Mas, quando são encontrados por membros da resistência francesa são confundidos com um comando que vem efectuar uma perigosa missão de sabotagem, tendo que assaltar um comboio alemão com o objectivo de roubar um dispositivo que alimenta os famigerados V2. E o grupo aceita a missão e “gloriosamente” cumpre-a na íntegra.
Os “westerns spaghetti” (filmes do Oeste, rodados na Europa, sobretudo em Itália e Espanha, entre 60 e 70) tinham criado um estilo. Não havia heróis, mas anti-heróis, personagens romantizadas sem passado nem futuro, andrajosos mas fotogénicos (veja-se Eastwwod com o seu fósforo ou palito ao canto da boca), que atravessavam histórias de uma violência epidérmica, com vilões da pior espécie. A música inspirada de Morricone (e outros continuadores) e uma fotografia densa e soturna criavam o ambiente. E a mística destas obras que tiveram o efeito de projectar o estilo para outros géneros. O filme de guerra, por exemplo.
Em “Quel Maledetto Treno Blindato” não há heróis impolutos, mas patifes contra vilões, assassinos e ladrões contra psicopatas institucionalizados num sistema político que queria dominar o mundo. Obviamente que o público está do lado dos maus simpáticos contra os péssimos antipáticos. O tom destas obras era de violência extrema, mas quase trabalhada ao nível da violência dos cartoons (Speedy Gonzalez contra o demónio da Tasmânia) o que acarretava um humor distanciador. Depois repisavam-se receitas retiradas de outras obras de referência imediata para o grande público. No caso do filme de Enzo G. Castellari são óbvias as citações de “Os Doze Indomáveis Patifes” (Robert Aldrich, 1967), “O Desafio das Águias” (John Sturges, 1973), “Heróis por Conta Própria” (Brian G. Hutton, 1970), “Cruz de Ferro” (Sam Peckinpah, 1877), entre muitos outros. Olhando a obra não me parece que estas referências sejam tanto de uma cinefilia de homenagem, mas fundamentalmente um ingénuo aproveitamento de receitas comprovadas em filmes de grande espectáculo e grande sucesso de bilheteira. O caso de Quentin Tarantino é distinto. Trata-se de uma cinefilia óbvia de um entusiasta por este tipo de filmes de série B, que ele consumiu abundantemente e aprendeu a amar quando ainda era empregado num vídeo clube e se alimentava dessa matéria-prima. Mas, as diferenças são visíveis. Logo nos títulos que parecem idênticos e não são. “The Inglorious Bastards” é o título americano do filme de Castellari, “Inglourious Basterds” é o do filme de Tarantino. A troca do a pelo e, o o acrescentado sublinham a diferença.
Quentin Tarantino escreveu o projecto e diga-se que, tanto ao nível da escrita do argumento como na sua concretização em imagens, o efeito é brilhante. Estamos ao nível do melhor Tarantino.
O cenário é novamente a II Guerra Mundial, quase ao cair do pano, e a história começa na França sob ocupação alemã, onde um oficial das SS, o coronel Hans Landa (Christoph Waltz) dizima traiçoeiramente uma família de judeus. Mas, Shosanna (Mélanie Laurent), uma das filhas, consegue fugir e será ela que mais tarde, sob o nome de Emmanuelle Mimieux, irá dirigir um cinema em Paris. Entretanto, do lado dos Aliados, e entre as tropas americanas, organiza-se um grupo especial de judeus, comandados pelo tenente Aldo Raine (Brad Pitt), conhecido por “Aldo, o Apache” (dado o seu particular gosto por escalpes) que vai liderar este bando de sádicos soldados americanos, numa cruzada que espalha o terror entre os nazis. Uma das espias que colabora com a resistência francesa é a famosa actriz Bridget von Hammersmark (Diane Kruger) que todavia não tem um futuro risonho. Mais perto do fim da guerra, na sala de cinema de Emmanuelle Mimieux, onde se estreia "O Orgulho da Nação", um filme de propaganda nazi, na presença do próprio Adolf Hitler, de Joseph Goebbels e dos principais líderes do III Reich, reúnem-se os “basterds” e o coronel Hans Landa, além de Shosanna, que vai engendrar finalmente a sua vingança, numa pirotecnia brutal que pretende logo ali destruir o III Reich.
Ao contrário do filme de Castellari, Tarantino constrói uma obra extremamente palavrosa, com diálogos infindáveis, onde – o próprio o confessa – testa o seu poder de criar suspense e de o manter. A sequência da taberna francesa com a actriz e os militares alemães é bem exemplar deste propósito. Esta alteração é particularmente significativa para se compreenderem as intenções de Tarantino e a sua base cultural, diversa da de Castellari. Este é um técnico competente para criar cenas de acção, Tarantino é um cinéfilo com uma preparação cinematográfica muito mais apurada. Castellari nunca foi seleccionado para Cannes (nem nunca concorreu, se calhar, é o mais certo), Tarantino é-o quando quiser e declararam-no desde logo o grande acontecimento do Festival desse ano. Um é olhado como um mero tarefeiro, o outro como um pós-moderno. Toda a diferença. O filme de Tarantino organiza-se em redor de uma sala de cinema e da história do cinema. A sala do cinema é o lugar físico onde irá acontecer o momento final, capital, da obra. É nessa sala de cinema, e através de bobines de filmes, que se irá construir a História. Uma História que tem pouco a ver com a verdadeira História, mas que marca bem a diferença entre a realidade (que existe) e a ficção (que tudo torna possível). Mas não será só nessa sala de cinema que o cinema constrói a História, pois o próprio filme é construído pelo cinema, pela sua História (raros filmes terão tantas citações de outros filmes, desde cenas, personagens, referências no diálogo, cartazes, fotografias, legendas, temas musicais, etc.). Este é um filme que vampiriza o cinema, como outrora o fizeram os cineastas italianos dos anos 60 e 70. Curiosamente nessa altura os italianos copiavam os americanos, agora é um americano que se volta para o cinema italiano e nele vai beber inspiração. Círculo fechado.
Diga-se que ao nível de intenções elas prolongam-se de um realizador para o outro. Tarantino realiza um filme onde não há bons e maus, mas maus e mais maus. Uns são péssimos por tradição (os nazis), outros são maus por vingança e sadismo. Pelo meio há alguns inocentes que morrem ou traem, franceses ocupados a bem ou a mal, e resistentes que se esforçam, mas estamos num mundo onde não há ideologias ou causas. Onde parece não haver grandes diferenças comportamentais ao nível ético. Os nazis matam judeus como ratos, os “basterds” matam nazis escalpelizando-os com gozo evidente. Claro que há uma ironia forte a tratar o tema, claro que os diálogos são divertidos, claro que todos percebemos que Tarantino se diverte e nos diverte. Claro que Tarantino não acredita em nada a não ser no cinema. No seu cinema. De acção e diversão. Sem outras pretensões. Claro que é bom nisso, claro que a realização é brilhante, o argumento bem escrito, os actores notáveis (fabuloso Christoph Waltz, no papel do coronel Hans Landa), a banda sonora muito bem escolhida (recorrendo a muitos temas musicais de filmes antigos que Tarantino cita e homenageia). Claro que “Sacanas sem Lei” é um filme a não perder. Mas fica claro também que este não é o “meu” cinema. Apesar de me ter divertido muito a vê-lo. Mas a verdade é que, no final, algo me incomodava (por exemplo: ser levado a achar “porreiros” e “simpáticos” caçadores de escalpes nazis).

SACANAS SEM LEI
Título original: Inglourious Basterds
Realização: Quentin Tarantino (EUA, Alemanha, 2009); Argumento: Quentin Tarantino; Produção: Lawrence Bender, Christoph Fisser, Henning Molfenter, Charlie Woebcken, Bruce Moriarty, William Paul Clark, Lloyd Phillips, Pilar Savone, Erica Steinberg, Bob Weinstein, Harvey Weinstein; Fotografia (cor): Robert Richardson; Montagem: Sally Menke; Casting: Simone Bär, Olivier Carbone, Jenny Jue, Johanna Ray; Design de produção: David Wasco; Direcção artística: Marco Bittner Rosser, Stephan O. Gessler, Sebastian T. Krawinkel, Andreas Olshausen, David Scheunemann, Steve Summersgill, Bettina von den Steinen; Decoração: Sandy Reynolds-Wasco; Guarda-roupa: Anna B. Sheppard; Maquilhagem: Howard Berger, Jake Garber, Pamela Grujic, Grady Holder, Susanne Kasper, Emanuel Millar, Gregory Nicotero, Heba Thorisdottir, Khanh Trance; Direcção de Produção: Tina Anderson, Christopher Berg, Gilles Castera, Philipp Klausing, Arno Neubauer, Michael Scheel, Gregor Wilson; Assistentes de realização: Delphine Bertrand, Jerome Borenstein, William Paul Clark, Carlos Fidel, Mara Fiedler, Scott Kirby, Ariane Lacan, Bruce Moriarty, Jill Moriarty, Julien Petit, Gabriel Roth; Departamento de arte: Robert Blasi, Sabine Engelberg, David R. Evans, Michael Fissneider, Stephanie Rass, Steve Summersgill; Som: Harry Cohen, Ann Scibelli; Efeitos especiais: Gerd Feuchter, Uli Nefzer; Efeitos visuais: John Dykstra, Rodney Montague, Viktor Muller; Agradecimentos especiais a Enzo G. Castellari, John Milius, Tom Tykwer; Companhias de produção: Universal Pictures, The Weinstein Company, A Band Apart, Zehnte Babelsberg Film, Visiona Romântica; Intérpretes: Brad Pitt (Lt. Aldo Raine), Mélanie Laurent (Shosanna Dreyfus), Christoph Waltz (Col. Hans Landa), Eli Roth (Sgt. Donny Donowitz), Michael Fassbender (Lt. Archie Hicox), Diane Kruger (Bridget von Hammersmark), Daniel Brühl (Pvt Fredrick Zoller), Til Schweiger (Sgt. Hugo Stiglitz), Gedeon Burkhard (Cpl. Wilhelm Wicki), Jacky Ido (Marcel), B.J. Novak (Pfc. Smithson Utivich), Omar Doom (Pfc. Omar Ulmer), August Diehl (Major Dieter Hellstrom), Denis Menochet (Perrier LaPadite), Sylvester Groth (Joseph Goebbels), Martin Wuttke (Adolf Hitler), Mike Myers (General Ed Fenech), Julie Dreyfus (Francesca Mondino), Richard Sammel, Alexander Fehling, Rod Taylor (Winston Churchill), Soenke Möhring, Samm Levine, Paul Rust, Michael Bacall, Arndt Schwering-Sohnrey, Petra Hartung, Volker Michalowski, Ken Duken, Christian Berkel, Anne-Sophie Franck, Léa Seydoux, Tina Rodriguez, Lena Friedrich, Ludger Pistor, Jana Pallaske, Wolfgang Lindner, Michael Kranz, Rainer Bock, André Penvern, Sebastian Hülk, Buddy Joe Hooker, Carlos Fidel, Christian Brückner, Hilmar Eichhorn, Patrick Elias, Eva Löbau, Salvadore Brandt, Jasper Linnewedel, Wilfried Hochholdinger, Olivier Girard, Michael Scheel, Leo Plank, Andreas Tietz, Bo Svenson, Enzo G. Castellari, Anastasia Schifler, Michael August, Noemi Besedes, Alex Boden, Bela B. Felsenheimer, Guido Föhrweißer, Jake Garber, Samuel L. Jackson (Narrador), Gregory Nicotero, Aleksandrs Petukhovs, Vitus Wieser, etc. Duração: 153 minutos; Distribuição em Portugal: Zon Lusomundo; Classificação etária: M/ 16 anos; Locais de filmagem: Babelsberg, Potsdam, Krampnitz, Nauen, Rüdersdorf (Brandenburg), Bad Schandau, Görlitz, Sebnitz, Elbe Sandstone Mountains, (Saxónia), Berlin (todos na Alemanha), Paris (França); Estreia em Portugal: 27 de Agosto 2009.

Os filmes de Quentin Tarantino: “Cães Danados” (Reservoir Dogs, 1992), “Pulp Fiction” (1994), “4 Quartos” (Four Rooms) (um episódio, 1995), “Jackie Brown” (1997), “Kill Bill - A Vingança Kill Bill: Vol. 1” (2003), “Kill Bill 2 Kill Bill: Vol. 2” (2004), “Sin City - A Cidade do Pecado” (Sin City, 2005), “Grindhouse” (2007), “À Prova de Morte” (Death Proof, 2007) “Sacanas Sem Lei” (Inglourious Basterds, 2009).

SEIS GLORIOSOS PATIFES
Título original: Quel maledetto treno blindato
Realização: Enzo G. Castellari (Itália, 1978); Argumento: Sandro Continenza, Sergio Grieco, Franco Marotta, Romano Migliorini, Laura Toscano; Produção: Roberto Sbarigia; Música: Francesco De Masi; Fotografia (cor): Giovanni Bergamini; Montagem: Gianfranco Amicucci; Direcção artística: Pier Luigi Basile, Aurelio Crugnola; Guarda-roupa: Ugo Pericoli; Maquilhagem: Giancarlo De Leonardis, Maggi, Giovanni Morosi; Direcção de Produção: Ennio Di Meo , Pino Mangogna; Assistente de realização: Mario Maffei; Departamento de arte: Enrico Sanchini; Som: Nick Alexander, Domenico Dubbini, Mario Ottavi; Efeitos especiais: Gino De Rossi; Companhias de produção: Films Concorde; Intérpretes: Bo Svenson (tenente Jaeger), Peter Hooten (Tony), Fred Williamson (Fred), Michael Pergolani (Nick Colasanti), Jackie Basehart: Burl), Michel Constantin (Veronique), Debra Berger (Nicole), Raimund Harmstorf (Adolf), Ian Bannen (coronel Buckner), Flavio Andreini, Peter Boom, Vito Fornari, Manfred Freyberger, Joshua Sinclair, Mike Morris, Donald O'Brien, Gerard Schwarz, Bryan Rostron, Massimo Vanni, Bill Vanders, Mauro Vestri, Nick Alexander, Enzo G. Castellari, Larry Dolgin, Rocco Lerro, Edward Mannix, Pietro Plinio Quinzi, Franco Ukmar, etc. Duração: 99 minutos; Classificação etária: M/ 12 anos.

segunda-feira, setembro 07, 2009

A SELECÇÃO E CARLOS QUEIROZ

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MAIS UM EMPATE
A selecção jogou bem durante muito tempo, mas mais uma vez jogou contra uma equipa, a Dinamarca (não muito forte), contra um árbitro (que se esqueceu de um penalti) e sobretudo contra o seu treinador (Carlos Queiroz). Desta vez o treinador escolheu um novo sistema de jogo, que funcionou muito melhor, e que tinha em mente ter na frente atacantes que não perdoassem. Fez tudo bem, para jogar com um jogador como Liedson, mas depois acobardou-se e deixou-o no banco. O resultado viu-se: uma exibição (quase) de luxo, mas de uma ineficácia total. O “melhor do mundo” esteve muito melhor (percebe-se por que joga mal na selecção: porque está mal posicionado) e a equipa mostrou que merecia estar no Mundial onde tudo leva a crer que não vai estar. A culpa é só uma: Carlos Queiroz (por muita simpatia que eu tenha, e tenho, por ele e pela sua obra nas camadas mais jovens). Mas Queiroz não é o treinador ideal para esta selecção.
Devo concluir que os jogadores fizeram tudo quanto sabiam e podiam para vencer. Nada a acusá-los, a não ser de falta de pontaria.

segunda-feira, agosto 31, 2009

AINDA AS "ESCUTAS", II

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DEMOCRACIA, POLÍTICOS E PORTUGAL
Dada a enorme polémica surgida no meu Facebook sobre este texto, cumpre-me esclarecer dois ou três pontos:
- De todos os sistemas políticos que conheço o melhor é a Democracia. É o único em que acredito, pela qual no passado lutei e no presente no bato. Só ela permite, por exemplo, este tipo de discussão. Só ela permite, por exemplo, saber, no caso em análise, se há escutas, ou se não há escutas. Se se investigarem os factos.
- Acreditando na Democracia, acredito na política e nos políticos. Por princípio. E acho absolutamente perversa a forma como muitos portugueses (falo de portugueses, são os que aqui me interessam) abordam a politica e adjectivam “os políticos”. Se existem políticos medíocres e outros corruptos, há também muitos competentes e sacrificados pelo bem público. Acho totalmente injusto uns pagarem pelos outros. Por isso é que a Democracia se regenera, investigando os erros e os vícios e fazendo pagar quem os pratica. Assim, por exemplo, no caso das anunciadas “escutas”, não acho possível não haver um culpado: ou quem escuta indevidamente, ou quem o afirma mentindo ou sem provas.
- Sobre Portugal. Com todos os defeitos que se lhe possam apontar, acho Portugal um quase milagre no mundo. Adoro Portugal, acho um País espantoso, temos dos maiores do mundo em quase todos os ramos do saber, das artes, das letras, do desporto. Temos das melhores paisagens, da mais ilustre História, temos um povo pacífico sem ser submisso, temos um saber viver muito próprio, que vai da saudade ao desenrascanço e de tudo isso eu gosto. Por isso cá estou, e cá continuo, escrevendo (e fazendo muitas outras coisas, claro) num blogue e no Facebook, porque (ao contrário do que pensa e escreve Miguel Sousa Tavares, que é um português que eu admiro em muitos aspectos) me dá gozo e julgo útil.

domingo, agosto 30, 2009

AINDA AS "ESCUTAS"

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AGORA (JULGO) TER PERCEBIDO TUDO

Não tinha percebido ao que viera aquela insinuação proveniente de fonte anónima do Palácio de Belém que afirmava que alguém do Governo andava a escutar os telefonemas dos assessores do Senhor Presidente da República. Mas a coisa tornou-se agora límpida aos meus olhos e aos de quem queira ver.
Há dias, a Senhora Drª Manuela Ferreira Leite tinha afirmado numa entrevista à RTP que não lhe interessava saber se havia ou não escutas, e de culpa de quem eram os boatos. A ela interessava-lhe sobretudo saber que existiam suspeitas e mostrar como a vida portuguesa se encontrava eivada de suspeitas destas. Bonito. Para uma candidata a Primeiro-ministro, não se pode exigir mais. Em clareza. Em hipocrisia. Em demissão total frente à calúnia, desde que sirva os seus intuitos. O que afirmou foi que não lhe interessava saber se alguém do Governo andava às escutas (e logo do Senhor Presidente da República), nem se alguém do "staff" do Presidente mentiu ao dizer que havia escutas, para criar alarmismo no País, desacreditar o Governo, logo desacreditar José Sócrates e o PS, logo beneficiar o PSD, logo beneficiar Manuela Ferreira Leite. À referida Senhora não lhe interessa averiguar a verdade, se existir no País esse clima de suspeição, que pode ser criado por boatos como este. E que servem os seus propósitos eleitorais. Ficámos elucidados.
Agora aparece o Senhor Presidente da República a afirmar que não se mete em querelas partidárias, que está acima destas questões e que os cidadãos, “no tempo em que estamos”, não “devem desviar a sua atenção dos reais problemas do País.”
Portanto, “no tempo em que estamos”, não fará comentários com conotações partidárias (que é, de certa forma, reconhecer que a questão em causa é de conotação partidária), o que é grave.
Depois considera “que está acima” destes acontecimentos, o que é confirmado por tudo e todos, dado que sempre se falou numa "fonte anónima" da Casa Civil e nunca no próprio Presidente.
Finalmente, achar que haver escutas ou não na Presidência da República não é “um dos problemas reais do País”, é deixar subentender uma de duas coisas, ambas realmente graves:
1) não é um “problema real” porque sabe que não houve nem há escutas, o que é grave;
2) não é um “problema real” porque acha que o problema não é mesmo importante, quer haja ou não escutas. O que me parece conclusão realmente grave para um Presidente da República proferir de ânimo leve.
Por mim, considero esta questão muito grave e importante para que eu possa continuar a ter alguma confiança nos políticos que nos governam. Nos EUA um Presidente caiu por causa de escutas ilegais. Será que Portugal é muito mais tolerante com estas “ninharias”? Ou será que anda meio mundo a promover “o ambiente asfixiante de um País cheio de escutas” para que alguém que já se assumiu como directa herdeira desse clima possa ganhar eleições?
Esperamos os próximos episódios.

DISCUSSÂO NO FACEBOOK SOBRE TEXTO DE ESCUTAS

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Discussão interessante no "Facebook",
sobre o texto "Ainda as "Escutas":
Luis Miguel Costa
Não há dúvida nenhuma Lauro. Há escutas e Belém sabe disso e Belém apoia o PSD e esteve nos trabalhos de elaboração do Programa Eleitoral. A todos interessa lançar e partilhar a suspeita mas a ninguém interessa tirar tudo a pratos limpos em nome de uma ética política completamente distorcida e vil. Fica tudo no diz que disse e no fez que fez e o povo pequenino que tire as conclusões no recato da tômbola do voto. Frutos podres de uma democracia degenerada em que um Ministro da Administração Interna independente que foi Director do SIS e diz ter medo de cobras. A única dúvida de que não tenho é que sou do PS, de um certo PS que se reveja ainda na espantosa vitória democrática que, como refere, foi o caso Watergate.
há 5 horas · ApagarVítor CoelhoMeu caro, não se preocupe demasiado com o assunto. Depois do dia 27 de Setembro, tudo esquecerá, e aparecerão outros fait-divers. A malta gosta destas intrigalhadas, deixe lá.

Gi VI
Será???
Parece que pouco ou nada vai mudar, ganhe quem ganhar.

Vítor Coelho
Se ganhar Manuela Ferreira leite teremos mais instabilidade, penso eu de que ...

Anibal Miranda
Ora ai está

Gi VI
Não digo que não, mas esta prepotência de quero, posso e mando, também não. Acho que nunca estivemos tão mal de opções como agora.

Humberto Antunes
subscrevo. alertemos os eleitores para que despertem a sua memória, para que deixem de a ter curta... " vocês sabem do que estou a falar..."

Manuela Lima
Concordo!!!

Vítor Coelho
Humberto, está a falar de quê? Explique lá o segredo...

Vítor Coelho
É só para eu perceber, claro. O quero, posso e mando de quem? Do Jerónimo de Sousa? Do Francisco Louçã? Do Aníbal Cavaco? Do Sócrates? Da Manuela F. Leite? Do Paulo Portas?

Vítor Coelho
Ou seja, destes 6 nomes, qual seria o MENOS mandão se viesse a ser primeiro-ministro? Esclareçamos lá a democraticidade destas pessoas, talvez numa escala de 1 a 20, á moda antiga.

Gi VI
A democracias destas pessoas estaria com nota negativa todos eles, uns mais que outros, o que é pena, é que nos não votamos num governo mas sim numa única pessoa, a qual escolhe "da melhor forma" para não dizer palavrões, quem nos vai governar, o problema não são os presidentes dos partidos, mas sim o grupo que com eles governam. Basta olhar para os nossos ministros, que sobre os assuntos que tutelam nada ou quase nada sabem, mas mandam, e se mandam.

Vítor Coelho
Então se nenhum serve, o melhor é fecharmos o País e vamos todos para banhos, né? É tão facil considerarmos que ninguém presta, excepto nós, não é?

Gi VI
Não é bem assim, quando escolhe, escolhe um plano de governo, e espera que esse plano na medida do possível seja cumprido.
Agora quando um ministro, que não interessa mencionar nomes, não concorda com o programa do governo, e porque sua excelência não concorda muda todas as regras existentes só porque tem uma ideia já preconcebida da situação mesmo que esta não seja a real. Não faz sentido nenhum. Se estou em democracia e a minha ideia não é a da maioria, na mesma eu tenho de respeitar a ideia que teve consenso até nova analise. Acho que não é pedir muito. Que a democracia seja respeitada.

Casa Amadis
O que mais me aflige é que nesta campanha todos recorreram a calúnias (ou quase) e o que a maior parte das pessoas que ouço se importam pouco em saber se são verdade ou calúnia. Antes ficam felizes pois alimentam as respectivas conversas políticas e ataques a este e aquele (sobre tudo ao Sócrates, a verdade tem de ser dita mesmo que não agrade).
Um país que prefere ouvir mentiras para argumentar em política a procurar razões válidas para atacar um político (neste caso o PM), é o digno herdeiro do que sempre foi desde os anos 80. Um país que vive de miragens (CEE por exemplo) que rejeita em seguida cuspindo-lhes para cima dizendo que nunca concordou com isso.
Que odeia quem governa (seja quem for) e ama a oposição (seja ela qual for).
O português faz política como "faz futebol". A política é um jogo de bola.
Morra o árbitro! se perde.
Mas que rica batota, venha mais! quando ganha.
O português é pujadista butiqueiro como pequeno burguês que sempre foi, desde as descobertas.
Ou até antes

Albertina Fernandes
lembram-se da Manelinha como Ministra da Educação? e que tal como Ministra das Finanças? que tal de grande exemplo de "quero posso e mando". Um abraço :)

Sergio Mascarenhas
Mas quando é que as pessoas se deixam dessa treta de classificar tudo o que diz respeito a pol... Ler maisítica com mimos do tipo «podre», «vil», «degenerado/a», etc.? Ó Luís, o «povo pequenino» são sempre os outros, não é verdade? Eu, socialista sem PS, utópico na classificação de Marx (o que me dá a rir porque ninguém foi mais socialista utópico - no mau sentido - do que o próprio Marx), acho que a «podridão», a «vileza», a «degeneração», etc., começam sempre em que classifica a política nesses termos. Porque eles começam sempre numa mente, numa boca, numa mão que escreve.
Volta Ramalho, o país nunca precisou tanto de ti. Mas antes de voltares, no purgatório onde residem as memórias de todos os grandes escritores dá uma boa coça ao Eça, o grande pecado do pensar político português!

Mauro Burlamaqui Sampaio
Andam a sofrer de mem... Ler maisória curta !!!! Dias Loureiro , ex Ministro de Cavaco , ex Conselheiro de Estado amigo ? Pessoa de confiança ? De confiança política ? Esqueceram que ele foi Ministro da Administração Interna de Cavaco Silva e é isso que temos !!!! , Todos muito simpáticos porque roubar em nome do Estado até fica bem ... Qual é a índole de Portugueses que estão disponíveis para tolerar esta gente ??? Onde estão ? Onde vivem são amigos de quem?
Maldita índole, entregam um País saqueado a geração a frente ... canalhas e egoístas.

Mauro Burlamaqui Sampaio
Bem feito o que depender de mim isto está só a começar.
Quando a Embraer cancelar o investimento em Portugal e a Polícia Federal brasileira começar vigiar de perto
a Portugal Telecon , Grupo Espírito Santo , Banif e Edp nesta altura os Portugueses vão perceber que o assunto interno é sério e para resolver.

Alice Costa
Casa Amadis, "o português é pujadista butiqueiro"; pode traduzir por favor? Obrigada.
.."como pequeno burguês que sempre foi"..
E termina, num desfecho insultuoso!
Não é português, ou se é, lamento por si.

Mauro Burlamaqui Sampaio
Alice Costa , a verdade é para reflectir e não para ignorar.
Há criminosos na governança em Portugal ao mais alto nível
quem não gosta de Portugal e pensa só em si é que defende
a actual situação nas principais Instituições do País querer mudar é gostar do país. E aqui vai zero posição política na verdade, nestas coisas ou se está de um lado ou se está do outro.

Alice Costa
Os portugueses, foram a GLÓRIA do mundo, na época dos descobrimentos e isso ninguém nos pode tirar!
Ainda hoje podemos orgulhar-nos de termos grandes cientistas, médicos, inventores, um sem número de génios, dentro e fora do país!
Voçê não é português, mas eu sou e com muito orgulho!!

Mauro Burlamaqui Sampaio
Alice Costa , quem disse que não sou Português ? E o que a história Nobre do País é para aqui chamada para se misturar
com está índole de pseudo portugueses. Acho bem que se orgulhe como eu , mas não ensinarei meus filhos tolerar está gente.

Mauro Burlamaqui Sampaio
Já agora... os médicos portugueses andam a se esconder nos corredores do santa maria e são joão e a fazer especializações da treta , muitas vezes sendo pagos pelo Estado e pela indústria farmacêutica enquanto os portugueses precisam de medicina geral .
Depois queixam-se que contratam estrangeiros.

Alice Costa
sr Mauro, eu dirigi-me a Casa Amadis, certo?

Mauro Burlamaqui Sampaio
E eu estou-me nas tintas , -:) Amadis não desenvolveu o tema numa verdade efectiva , e acabou por fazer considerações só ofensivas e que nada acrescenta ... isso é verdade.Alice CostaJá agora, Amadis é françês e o sr é brasileiro.
Atenção, que não sou xenófoba.
Leia tudo (mas tudo) para depois opinar, sim?
Não posso tolerar que insultem os portugueses!

Alice Costa
Sr Mauro, "cada macaco no seu galho".
Não venha falar de médicos, medicina, antes de absolutas certezas de tudo o que foi e está a ser feito.
Olhe para a sua área e depois critique com razões válidas, as outras. Nunca se precipite, pq ás vezes dá mau resultado!
Seja ponderado.
Boa noite.

Mauro Burlamaqui Sampaio
Nunca falo dos Portugueses como é evidente , uma coisa são os Portugueses outra o Estado Português actual , este Estado é corrupto e desaconselhável. Volto a dizer nestas coisas não existem nacionalidades nem ideologias políticas,
ou se está de um lado ou se está do outro.
Aprenda a encarar o factos e não traga ao de cima valores e história de outros Portugueses, repito outra índole de Portugueses para justificar a actual canalha.
Há uma canalha na governança e nas principais Instituições do País , eu valorizo os portugueses que devem ser valorizados assim como de qualquer outra nacionalidade.

Mauro Burlamaqui Sampaio
Naturalmente que sou ponderado há 12 anos que colaboro com a polícia Judiciária, esta animália vai cair um a um e nada de pressas tem é de ser bem feito.

Casa Amadis
Sou português.
E tenho o direito de dizer o que dá na realíssima gana dos meus compatriotas.
Para mim não precisa de ir até aos descobrimentos. época em que Portugal, segundo Camões, contava mais Velhos do Restelo que cientistas embarcadiços.
Basta recuar até 1974, 75, 76, 77 e 78. Anos em que se deu uma verdadeira revolução de pensamento. Em que, em vez de patriotismos bacocos e apelos a vanglórias passadas, tentamos reflectir sobre o que éramos e sobre o que queríamos ser.
Somos por isso talvez o único povo da Europa que tem a constituição política e o regime que quis. O problema é que nem eleitores nem políticos, hoje em dia, sabem o que fazer com ele (ou eles, país e regime). ... Ler mais
Por pura preguiça mental.
Estou farto de ver copiar tudo o que vem do estrangeiro sem discernimento. Comparar-nos com a França ou a Alemanha sem pensar que nunca teremos dimensão para tal. De ver olhar beatamente para os países nórdicos esquecendo que não temos prisões para portadores de HIV

Alice Costa
Sr Mauro, preciso de me repetir?
Já lhe disse que respondi a Casa Amadis, resposta essa, que estava dentro de um contexto que o sr não se inteirou!

Mauro Burlamaqui Sampaio
Percebi Alice Costa . -:) fica bem , boa noite. É sempre bom participar.

Casa Amadis
nem tantas outras aberrações morais e políticas tão comuns nesses supostos paraísos.
O problema de Portugal é no entanto bem simples.
Esbanjamos o dinheiro em obras sumptuosas e condenamos o nosso povo a viver de salários de miséria sob pretexto que sem isso as fábricas iriam à falência (que vão) em vez de utilizar esse dinheiro para fechar de vez a indústria obsoleta herdada do tempo do monopólio colonial e criar postos de trabalho com ordenados decentes.
Temos multinacionais que nos fazem ganhar rios de dinheiro que desprezamos e cantamos glórias ao "dinamismo nortenho" baseado em fabriquetas que nem a China já quer onde se mata gente com trabalho por 400 euros de ordenado.
Temos um ensino superior rasca com quadros formados no estrangeiro antes do 25 de Abril mas que recusa obstinadamente reconhecer diplomas estrangeiros.
etc., etc., etc.
Temos boas leis mas criticamo-las.
Temos uma política económica inepta mas tudo o que fazemos é caluniar quem está dentro e apoiar quem está fora.

Mauro Burlamaqui Sampaio
Casa Amadis, concordo inteiramente com a crónica falta de vontade em tomar decisões estratégias puramente portuguesas , reproduzir modelos só se forem compatíveis económicamente e culturalmente ... foi um dos erros crassos de Sócrates seguir vários modelos , uns falsos , outros frágeis outros enganadores . Apesar de ter havido também algumas medidas boas ... mas o assunto é a escuta ao presidente !!!! Bem isso não interessa para nada ... -:)

Casa Amadis
Fico por aqui

Maria Reis
Peço desculpa...era só para avisar que o Paulo Portas poderá chegar a qualquer momento para distribuir beijinhos e braçinhos. Obrigada. Boa noite.

Mauro Burlamaqui Sampaio
E eu aproveito também e vou a reunião com o irmão Miguel Portas.

Albertina Fernandes
No que isto deu... mas que grande trolar... ó! que tal se relativizássemos (nem sei se isto existe):
a Itália tem o Berlusconi, os USA tiveram o Bush, o Brasil teve o Collor (ainda tem para lá uns tipos multitask políticos/jornalistas/criminosos), Cuba continua com os irmãos Castro (pena que não são os gémeos), enfim. Vamos brincar um pouco com isto, vá lá só para descontrair. Temos um PM todo janota, um PR que rega as plantas cada vez que fala, uma líder da oposição que agora veste cor de rosa, um Portas que devia concorrer ao ídolos (com aquela voz de falsete ia longe), um Louçã que mantém o discurso e o tom que já vem do tempo em que prometeu água e saneamento básico a D.Maria e last but not least o Jerónimo, eterno operário que não mexe na ferramenta há 30 e tal anos. Melhor que tudo isto só o facto de estarmos para aqui com conversa, crítica opinião enfim, viver em Democracia é bom e eu gosto. :p

Mauro Burlamaqui Sampaio
Bravo Albertina ! Concordo. Precisamos , entretanto aplicar um anexo , para além de viver a democracia ela não é sempre garantia absoluta precisamos de vigia-la porque nós , alguns , sujam tudo muito rapidamente e os ratos instalam-se e precisamos de vez em quando de efectuar uma limpeza , através da lei claro , mas precisamos.

Albertina Fernandes
não podia estar mais de acordo (estive todo o dia a tentar dizer esta frase) :p
Por agora ainda são só ratinhos (uns mais gordinhos é verdade) mas, ratinhos - alguns já andam de pulseira electronica :)

Mauro Burlamaqui Sampaio
Bem , sejamos verdadeiros , alguma coisa está a ser feita ... seria necessário mais alguns magistrados com aquilo no sítio desculpe a expressão é que a tolerância é uma palavra repleta de significado mas a paciência é também humana e termina. Precisavamos só de um pouco mais de justiça ... o resto a sociedade resolveria e muito bem não falta gente de bem e boa por aí.

Casa Amadis
Se me fala de democracia, concordo (adoro).
Também concordo com o calamitoso panorama do dirigentes portugueses (mas se quer descansar olhe para os franceses e fica descontraida e confiante no futuro nacional).
Também concordo no que diz respeito ao "calamitismo".
Experimentem o Sarkozy e verão a diferença. E olhe que não é como aquela do anúncio do Omo que lava mais branco.
A propósito de branco, mais vale ser dessa cor aqui pelas bandas.... Ler mais
Da última vez que estive aí (em Março) ia desatando à chapada com um primo que me queria convencer que o Sócrates é como o Sarkozy.
é que era um insulto, tanto para o pobre do Engenheiro (que tem muitas no cartório mas não é nenhum Petain) e para o povo francês, que anda a mamar o pão que pediu ao diabo para amassar.
e que, se calhar, vocês vão pedira à Ferreira Leite para amassar.
Não vos aconselho.
Eu chamo-me Tito Lívio, para os servir.

Albertina Fernandes
Adorei conversar convosco, foi um prazer. Amanhã há que trabalhar por isso... vou dormir :) boa noite

Vanessa Batoques Pelerigo
Caro Lauro, parecem-me algo descabidas essas possíveis conclusões quanto à Dra. Manuela Ferreira Leite, por uma ordem variadíssima de razões que passo a expor. A Presidência da República teme estar a ser vigiada (e está!), o Procurador não investiga, o Presidente nada diz, o Primeiro-ministro, José Sócrates, recusou comentar directamente o assunto, dizendo não poder perder tempo com "disparates de Verão".. Porque haverá uma candidata a 1º ministro comentar tal sucedido?
Primeiro, das alegadas escutas à Casa Civil da Presidência da República nada se pode concluir enquanto as mesmas não forem devidamente provadas, logo as atenções não devem ser desviadas dos problemas graves de Portugal (onde as escutas serão, apenas, uma pequena gota de água).
A Dra. Manuela Ferreira Leite não comentou, assim como o Dr. Francisco Louçã ou como Jerónimo de Sousa. Todos eles acharam que isto mais não é que um 'pateto-gate', um 'silly-gate. Não percebo o porquê do "bater" apenas no PSD.
Vanessa Batoques Pelerigo
Não é novidade nenhuma que diversas personalidades escrevem os programas do partido. Conheço uma que contribuiu para o do PS, assim como para o do PSD - já não me choca. Belém continuará a apoiar a liderança do PSD para as próximas legislativas. E não é apenas com o regresso dos ministros de Cavaco Silva ao Grupo Parlamentar e a exclusão de todos os que não alinharam com a estratégia do cavaquismo reciclado de Ferreira Leite. Belém vai mais longe e está a apoiar com assessores a elaboração do programa do PSD, que acaba por não aproveitar grande coisa do trabalho feito no Gabinete de Estados por Alexandre Relvas, um putativo candidato a líder da facção cavaquista que gostaria de afastar a actual líder.
Se vamos criticar Ferreira Leite então vamos criticar todos os intervenientes porque todos eles têm culpa no cartório! O que se está a passar não é bom para o prestígio e a dignidade da democracia. Se há suspeitas deve-se investigar e mais nada.
Vanessa Batoques Pelerigo
Mal se soube, Cavaco devia ter intervido e não o fez. Porquê? Quanto ao PS ter escutas em Belém também não me surpreenderia assim como também não o faria se me dissessem que Belém também tem escutas em S. Bento ou que todos se andam a escutar a todos. Quem não se lembra do famoso envelope 9 que tanto deu que falar sem que no fim se soubesse quem andava a escutar quem.
Mas, passemos ao importante. O Presidente tem de proibir os membros da sua Casa Civil, que têm um estatuto especial, de fazerem declarações que em nada contribuem para prestigiar a função presidencial. Depois, o Procurador Geral da República não vê motivos para investigar e com razão! É que não existe nenhum facto em concreto, apesar da continuação da polémica em plena campanha eleitoral.
Mas, se quisermos ir pela via venenosa então a notícia da suposta vigilância do governo à Presidência da República não desmentia a participação de assessores do governo na elaboração do programa eleitoral, ao contrário do que diz o PSD e aí sim podem "bater" à vontade na Dra. Manuela Ferreira Leite.De qualquer modo, o Presidente da República dificilmente conseguirá trabalhar novamente com José Sócrates como primeiro-ministro. A machadada final na "falta de lealdade" de José Sócrates de que Cavaco Silva se queixa foi dada com a recusa da nomeação de João Lobo Antunes para o Conselho Nacional de Ética.
E o mais curioso é que os socialistas querem evitar um confronto público com o Presidente, convencidos de que isto os pode prejudicar na campanha e favorecer o PSD. Mas o PSD não está nada convencido de que o "incidente" de Belém o faça ganhar votos e eu, sinceramente, concordo. As escolhas de MFL falaram per si.
Enfim...material para entreter a populaça nas férias. Típico da silly season.

Mauro Burlamaqui Sampaio
Do meu ponto de vista é mais fácil do que parece , e nada tem haver com política . Há muita gente prejudicada no país pelas mais variadas razões e nada tem haver com partidos políticos.

Mauro Burlamaqui Sampaio
Vanessa Pelerigo , esqueça um pouco a política e abra os olhos , o problema é criminal . O problema Português há muito saiu da política reside agora na investigação, nos tribunais e numa justiça expectável. Todo esperamos isso .
Pelo menos as pessoas de bem e informadas.

Vanessa Batoques Pelerigo
Mas, a questão é exactamente essa. As pessoas dão demasiada importância às politiquices e ao diz que disse. Toda a gente julga antes do tempo. Ninguém espera que a (tardia) justiça desempenhe o papel para que foi desenhada. E a presunção de inocência? Proclama-se um Estado de Direito e a Democracia, mas face aos problemas concretos responde-se de um modo repressivo e autoritário. Há que perceber a forma de funcionamento dos tribunais penais e também na forma de actuação dos promotores de justiça, da polícia, dos litigantes.
A reforma da justiça penal não é uma simples mudança de procedimentos é uma alteração institucional de grande envergadura, que redefine o papel da justiça no contexto democrático. As pessoas é que tendem a fechar os olhos.
As pessoas de bem e bem informadas, essas, acreditam que o nosso direito penal é moderno, avançado, racional, favorável à reintegração do criminoso recuperado e à protecção das vítimas (na verdade não o nosso direito, mas o direito alemão e o direito italiano. Mas, não consegue cumprir as tarefas a que se propôs inicialmente. O que mais choca são os aspectos processuais, as diferentes manobras processuais, com recursos de tudo e nada, estratégias dilatórias, e finalmente vítima da prescrição. Não serve nem as vítimas, nem os inocentes, nem os magistrados, nem os procuradores

Casa Amadis
O Sócrates fez eleger o Cavaco e lá teria as suas razões. Se o cálculo lhe saiu furado... não sei.
Quanto aos tribunais, o Sarkozy resolveu o problema. Acabou com os juízes de instrução. Passando esta para o ministério público, isto é, para o Ministério do Interior, para ele próprio.
Nunca mais haverá processos políticos contra membros da maioria enquanto esta estiver no poder controlando a instrução dos processos.
Digo-vos isto porque conhecendo a Pátria Amada, mais dia menos dia imitam os franceses.
Quem previne vosso amigo é.

Mauro Burlamaqui Sampaio
É fácil , o Estado Italiano ,onde também vivo, tem criado leis de excepção para combater a índole mafiosa. Se for preciso combater amanhã ... muda-se lei amanhã ao sabor dos prevaricadores é que uma sociedade não pode ficar .
È preciso ser prático . Leis cirúrgicas e tolerância zero para esta gente.

Mauro Burlamaqui Sampaio
É um facto que Cavaco Silva entrou para Presidência através de um acordo de cavalheiros , o Bloco central na sua expressão máxima. Feio , muito feio e é uma regra que tem condenado os portugueses ao atraso.

Casa Amadis
quem andou na faculdade nos finais de 70 e princípios de 80 (sobre tudo na U Nova) sabe muito bem que toda essa gente foi formada pelo Cavaco ou pelos discípulos deste.
Eles eram abertamente neo-liberais, já na altura.
Em política temos que ter memória.
Por outro lado:
Se vive na Itália sabe que Sócrates não é Berlusconi nem Sarkozy e pode alinhar nas chapadas na cara do meu primo.
E com isto tudo está a dar o "Poil de Carotte" do Julien Duvivier na 3 e perdi o princípio.

Casa Amadis
Bater só no PSD?
Porquê?
Porque dá gozo, muito gozo.
Se tivéssemos batido assim no Sarkozy andávamos menos lixados. Sobre tudo se formos escurinhos.

Casa Amadis
Caro Mauro,
claro que é atraso porque os blocos centrais rimam com política do "juste millieu". Isto é, políticas do consenso mole. Dos arranjinhos.
Governo sem oposição capaz de alternância é marasmo.
E quem mais perde é o PS que se arrisca a tomar o mesmo caminho que o SPD alemão, fagocitado pela CDU.
Mas é bem feito para a cara deles.

sexta-feira, agosto 28, 2009

CINEMA: UP- ALTAMENTE!

:

UP-ALTAMENTE

“Up-Altamente” é um muito bom filme de animação, mas não me parece estar à altura do coro de (quase) unanimidade que se estende à sua volta, desde que inaugurou o festival de Cannes (primeira longa de animação a lograr tal feito!). Julgo que é uma excelente animação, com magníficos desenhos, boa caracterização de personagens, um belíssimo enquadramento paisagístico (que funciona como elemento dramático por excelência), mas deixa algo a desejar quanto à história e à sua estrutura dramática. Dir-se-ia que existem duas histórias em uma, ainda por cima não muito bem cozinhadas.
Inicialmente assiste-se à vida de Carl Fredricksen, vendedor de balões, casado, feliz, até que a morte da mulher o vai encontrar com 78 anos, e desejoso de realizar o sonho da sua vida (e da mulher, que tem até um álbum dedicado à “Grande Aventura”: uma fabulosa viagem que o levará (e à sua casa) até às Cataratas do Paraíso. Prende então milhares de balões à sua modesta vivenda e consegue voar à descoberta do sonho. Que é também o pesadelo. Ou mesmo dois pesadelos: a presença de um intrometido escuteiro, mas bom rapaz, preocupado com a harmonia ecológica, e a chegada à terra onde o perigoso Charles Muntz persegue e cataloga ossadas de animais extintos ou em via de extinção. O filme é delicodoce até ao aparecimento de Muntz, torna-se uma vertiginosa aventura daí em diante. De início arrasta-se em fotografias de álbum de família a puxar ao choradinho, depois lança-se numa aventura estilo Indiana Jones.
Obviamente que se trata de um filme estimável e recomendável, mas comparar “Up” com “Wall-E”, por exemplo, vindo da mesma Pixar, para mim fica a perder. De todas as formas a animação digitar segue de vento em popa, anulando o pessimismo dos que asseguraram que a animação nunca mais seria a mesma coisa e perderia toda a magia. Digital ou não, o importante é a sensibilidade e o talento de quem cria, não as técnicas que utiliza.
UP - ALTAMENTE!
Título original: Up
Realização: Pete Docter, Bob Peterson (EUA, 2009); Argumento: Bob Peterson, Pete Docter, Thomas McCarthy; Produção: Le Con, John Lasseter, Jonas Rivera, Andrew Stanton; Música: Michael Giacchino; Montagem: Katherine Ringgold; Design de produção: Ricky Nierva; Direcção artística: Ralph Eggleston, Bryn Imagire, Harley Jessup, Daniel Lopez Munoz, Don Shank; Departamento de arte: James S. Baker, Josh Cooley, Stephanie Hamilton, Erik Langley, Bobby Rubio, Peter Sohn, Veronica Watson; Som: Tom Myers; Efeitos visuais: Gary Bruins, Tolga Goktekin, Thomas Jordan; Animação: Dave Mullins; Companhias de produção: Walt Disney Pictures,Pixar Animation Studios; Intérpretes: Edward Asner (Carl Fredricksen), Christopher Plummer (Charles Muntz), Jordan Nagai (Russell), Bob Peterson (Dug / Alpha), Delroy Lindo (Beta), Jerome Ranft (Gamma), John Ratzenberger, David Kaye, Elie Docter, Jeremy Leary, Mickie McGowan, Danny Mann, Donald Fullilove, Jess Harnell, Josh Cooley, Pete Docter, etc. Duração: 96 minutos; Distribuição em Portugal: Zon Lusomundo; Classificação etária: M/ 6 anos; Estreia em Portugal: 13 de Agosto de 2009.

segunda-feira, agosto 24, 2009

CINEMA: INIMIGOS PÚBLICOS


INIMIGOS PÚBLICOS

“Inimigos Públicos”, de Michael Mann, pode considerar-se uma (quase) obra-prima do cinema moderno, afirmando-se uma realização de uma inteligência e actualidade gritantes, ao mesmo tempo que se impõe como filme com um estilo e um originalidade invulgares. Michael Mann já nos dera excelentes exemplos de filmes de acção que cruzavam o “filme negro” com o policial, como "Heat - Cidade Sob Pressão", “O Informador” (The Insider), “Colateral” ou “Miami Vice” e já nos presenteara com certas características muito próprias de uma estética definida, que poderíamos integrar nos domínios do “tecno”, do “cool”, do “postmodernismo”. Creio que “Public Enemies” é, senão o seu melhor trabalho até ao presente, um dos seus melhores.
O filme merece certamente um desenvolvimento especial. Estamos em 1933, na América em plena crise económica e social. Depois do “crash” de 1929, a “Grande Depressão” vai estender-se pela década de 30, dando azo ao aparecimento de uma fortíssima instabilidade social, ao aparecimento de uma sucessão de gangsters que se tornariam célebres, muitos deles quase acarinhados pela população, que viam neles justiceiros populares, dado que desafiavam os detentores do poder, em primeiro lugar os banqueiros (olhados como os principais fautores da crise), os políticos e os agentes da autoridade (que lhe davam cobertura legal). São desse tempo Dillinger, Bonnie e Clyde, Baby Face Nelson, Pretty Boy Floyd, Al Capone, George Clarence 'Bugs' Moran, Joe Sante, Kate 'Ma' Barker, e tantos outros.

John Herbert Dillinger nasceu em Indianápolis, a 22 de Junho de 1903 e viria a ser liquidado em Chicago, a 22 de Julho de 1934. Filho de John Wilson Dillinger (1864-1943) e da primeira mulher deste, Mary Ellen "Mollie" Lancaster (1860-1907), teve uma infância não muito feliz, com uma educação ora severa e ríspida, ora permissiva e descuidada. Aos três anos a mãe morre e, quando o pai se volta a casar, anos mais tarde, não suporta a madrasta e a convivência torna-se mais difícil. Logo que pode, alista-se na Marinha, donde desertou poucos meses depois. De volta a Indiana, casa-se em 12 de Abril de 1924 com Beryl Ethel Hovious. Mas as dificuldades em assentar eram muitas, borbulhava no seu íntimo uma rebeldia nata. A sua vida não dava um filme, já deu vários.
Em poucos anos tornou-se no mais famoso ladrão de bancos dos EUA, sendo considerado uma espécie de Robin dos Bosques da época. Ao roubar os banqueiros e ao nunca interferir com o dinheiro dos cidadãos, que respeitava e nunca molestava, criou essa lenda (no filme de Michael Mann pode ver-se ele a assaltar um banco e afirmar a um depositante: “Nós assaltamos bancos, não pessoas”). Ora os bancos e os banqueiros eram responsabilizados pelo cidadão comum pela desgraça nacional que a América atravessava, pelo desastre financeiro que a ganância e os jogos de bolsa provocavam, pela especulação desenfreada que arrastou para a miséria, a fome, a desonra, mesmo a morte milhões de inocentes cidadãos que de um dia para o outro viram aos suas economias ruírem sem motivo aparente. A segurança e a prosperidade prometidas pelos bancos e pela bolsa afinal nada valiam, eram zero. Dillinger e outros como ele só repunham um pouco de justiça no sistema – contra ladrões instalados no poder, os ladrões de armas na mão chegavam a ser bem vindos e bem vistos pela populaça.
Dillinger tinha uma técnica afinada, actuava rápido e fugia com destreza quer dos locais dos assaltos, como das prisões para onde era enviado sempre que o logravam capturar. A imprensa começou a chamar-lhe “o inimigo publico nº 1”, numa acção concertada com a polícia, que procurava criar em seu redor uma auréola de violência, com intuitos secretos, mas que ficaram depois bem à vista de todos, quando o sagaz e ambicioso J. Edgar Hoover impôs a criação do FBI.
Iniciada a sua vida de fora da lei, foi preso em 1924 na Cadeia Estatal de Indiana. Foi aí que conheceu gangsters com longo historial, como Harry Pierpont de Muncie (Indiana) e Russell "Boobie" Clark, de Terre Haute. Dillinger trabalhava na lavandaria da prisão, o que lhe permitiu ajudar na fuga de Pierpont, Clark e outros. Em 1933, saiu em liberdade condicional e juntou-se ao grupo que ajudara, integrando a quadrilha, formando "o primeiro gang de Dillinger" que, além de Pierpont e Clark, ainda contava com Charles Makley, Edward W. Shouse Jr., Harry Copeland, "Oklahoma Jack" Clark, Walter Dietrich e John "Red" Hamilton. O "segundo gang de Dillinger", criado depois da sua fuga Crown Point (Indiana), contaria ainda com Homer Van Meter e Lester Gillis (Baby Face Nelson).
Partindo dos relatos da imprensa da época (e da lenda que se construiu à sua volta), Dillinger era um perfeccionista na forma como preparava os assaltos, que revelavam astúcia e imaginação, além de grande coragem. Fez-se passar facilmente por vendedor de alarmes de segurança em Indiana e Ohio, e chegou a existir um assalto em que o gang se disfarçou de equipa cinematográfica que filmava o roubo de um banco, enquanto o roubava na realidade. O que remete para a relação de Dillinger com o cinema, que o filme de Michael Mann sublinha.
Algum tempo de depois da saída da cadeia de Indiana, voltou à prisão, desta feita em Lima (Ohio), donde foi libertado pelo gang, que na ocorrência matou o xerife Jessie Sarber. Muitos dos participantes da quadrilha foram capturados no fim do ano em Tucson, Arizona, num violento incêndio no Historic Hotel Congress. Dillinger também voltou a ser preso e enviado para a cadeia de Crown Point, Indiana. Julgado sob a acusação de homicídio do guarda William O'Malley durante um tiroteio num banco em East Chicago, Indiana. Foi durante esse julgamento que foi registada a célebre foto dele a apontar uma arma ao promotor de justiça Robert Estill. A 3 de Março de 1934, Dillinger voltava a fugir, agora de Crown Point, usando uma arma moldada numa barra de sabão, mais um elemento a ser explorado na mitologia do crime e dos gangsters norte-americanos. O xerife Lillian Holley, posto em xeque, jurou matar Dillinger. Quando este cruza a fronteira dos Estados de Indiana e Illinois num carro roubado, comete um crime federal, violando o “National Motor Vehicle Theft Act”, o que o coloca sob a alçada do FBI. Entra então em acção J. Edgar Hoover, que procura extrair da prisão, ou morte, de Dillinger dividendos políticos para impor junto do governo o “seu” FBI.
Será em Abril desse mesmo ano que a quadrilha aparece em Manitowish Waters, Wisconsin, em busca de um esconderijo. Fazem parte do gang nessa altura, além de Dillinger e de Evelyn Frechette, Homer Van Meter, Lester ("Baby Face Nelson") Gillis, Eddie Green, e Tommy Carroll, além de outros. Denunciados à polícia de Chicago, esta chama o FBI, que manda uma equipa de agentes, chefiada por Hugh Clegg e Melvin Purvis, que cerca o local. Avisados igualmente os foragidos, segue-se forte tiroteio que possibilita a fuga de quase toda a quadrilha, mas deixa para trás o corpo do agente W. Carter Baum, atingido por "Baby Face" Nelson. Segue-se um período de refúgio, com Dillinger escondido em Chicago, sob um nome falso, Jimmy Lawrence, época em que ele é visto com uma prostituta, Polly Hamilton, que nada sabia da sua verdadeira identidade. Mas o FBI encontra o carro de Dillinger, percebendo que ele se encontra na cidade. Preparam a caça ao homem. Servem-se de uma amiga de Dillinger, Ana Cumpanas, conhecida por Anna Sage, dona de um bordel, que era romena e estava nos EUA com problemas de imigração, e levam-na a denunciar Dilliger, que ela vira entrar no seu estabelecimento acompanhado por Polly Hamilton, e identificara através de uma fotografia de jornal. Prepara-se uma cilada, aproveitando uma ida ao cinema de Dillinger e da namorada.
O título escolhido foi ”Manhattan Melodrama” (que, em português, se chamou oportunistamente “O Inimigo Publico nº 1”, pois só se estreou em 1935), uma realização de W.S. Van Dyke (com a colaboração não creditada de George Cukor), partindo de uma história de gangsters, violência de traições, escrita por Oliver H.P. Garrett e Joseph L. Mankiewicz, segundo ideia de Arthur Caesar, com Clark Gable, na figura de Edward J. 'Blackie' Gallagher, contracenando com William Powell e Myrna Loy.
"Imaginem ser John Dillinger ali sentado no cinema", sugere o realizador. "Todos os teus amigos morreram; a tua mulher, o amor da tua vida, desapareceu. Há cada vez menos pessoas como tu. Estás a enfrentar forças evolutivas gigantescas que tentam esmagar-te – o crime organizado de um lado e o FBI do outro. E o fim está próximo. Não és sentimental em relação a isso – de qualquer forma, não pensas que vais viver para sempre. E tu, Dillinger, estás ali sentado e o Clark Gable diz-te aquelas coisas, ao mesmo tempo que, sem saberes, a menos de cem metros estão 30 agentes do FBI à tua espera, a planear matar-te".
O filme projectava-se no Biograph Theater, em Lincoln Park, Chicago, e Dillinger foi vê-lo na companhia da Polly Hamilton e de Anna Sage, que usava um vestido de cor de laranja para ser facilmente referenciada. Havia duas hipóteses de salas de cinema, mas numa delas passava um filme de Shirley Temple, que foi quase de imediato descartado. Mas a equipe de agentes federais dividiu-se em dois grupos, e à saída do Biograph Theater, fuzilaram Dillinger, atingindo-o com três balas, uma delas no coração. Sage ficaria conhecida como a "dama de vermelho" (a iluminação artificial fez confundir as cores), uma figura sinistramente traiçoeira, que, apesar da denúncia e dos pretensos acordos com as autoridades, acabaria por ser deportada para Roménia, dois anos depois. Dillinger seria sepultado no Cemitério de Crown Hill, em Indianápolis.
Os agentes que fuzilaram Dillinger foram Charles B. Winstead, Clarence O. Hurt, e Herman E. Hollis, não se sabendo qual deles lhe teria provocado a morte com a bala no coração. Mas todos foram louvados por J. Edgar Hoover pelo heroísmo e coragem. Com a morte de Dillinger, fechou a “época de ouro do crime” de rua na América. O crime organizado continuou a existir, mas de forma menos espectacular, mais discreta, controlado do interior de gabinetes e possivelmente do âmago de bancos (veja-se a crise actual, e o estendal de acusações a banqueiros corruptos).
O filme de Michael Mann acompanha os últimos catorze meses de vida de Dillinger, precisamente entre 1933-34. Segundo informações do FBI, só entre Setembro de 1933 e a data da sua morte, em Julho de 1934, “Dillinger e o seu gang aterrorizaram o Midwest, matando dez homens, ferindo sete outros, assaltando bancos e arsenais da polícia, e organizando três fugas de cadeias, durante as quais morreu um xerife e ficaram feridos dois guardas”.
“Public Enemies” começa por ser uma boa reconstituição de época, que funciona como pano de fundo, mas agarra-se fundamentalmente a um aspecto essencial desse período: as transformações tecnológicas e sociais, que umas às outras se influenciavam. Estamos realmente num período charneira da história dos EUA, saídos há pouco da “Lei Seca”, numa transição de um capitalismo selvagem, que levou os bancos à bancarrota e à maior miséria grande parte da população americana (e mundial, por arrastamento), e que, com a política do “New Deal”, do presidente Roosevelt, tende para uma sociedade algo diferente, mais solidária, a que alguns chegaram mesmo a chamar socialista. As semelhanças com o que se passa na actualidade são gritantes nesse aspecto e não deixa de ser curioso ser este mais um filme que aborda a década de 30, entre os recentemente produzidos pelos estúdios norte-americanos.
John Dillinger (Johnny Depp) é, neste contexto, um anti-herói nacional como Bonie e Clyde, mas um homem que se serve das transformações tecnológicas para surpreender o sistema. Ele utiliza o mais moderno armamento e os carros mais velozes (o filme mostra bem a sua preocupação com os carros que usa e que lhe irão permitir movimentar-se com rapidez, bem como as armas que manuseia). As auto-estradas cruzam os Estados, agora mais Unidos. A aviação comercial lança-se em força. O cinema começara a falar, não há muito. Curiosamente J. Edgar Hoover (Billy Crudup) quer criar uma polícia moderna, usando meios mais sofisticados e menos convencionais. Utiliza os meios de comunicação social (nessa altura os jornais sobretudo, mas também a rádio e o cinema, como veremos mais à frente) para lançar a caçada ao “Inimigo Público Número Um”, como passa a designar bombasticamente Dillinger. Hoover sabe como criar dramaticidade. Quer dar força ao seu FBI (Federal Bureau of Investigation) e serve-se do obstinado Melvin Purvis (Christian Bale) para o efeito.
Este monta modernas salas de escutas telefónicas que irão ser vitais para localizar Dillinger, utiliza o poder mobilizador de cinema, recrutando as plateias para denunciarem Dilinger, “se ele estiver ao seu lado” (numa bela cena que Michael Mann encena com humor, mas como se fosse um pesadelo, que de certa forma prenuncia a “caça às bruxas” do macchartismo, onde J. Edgar Hoover vai desempenhar importante papel na sua frenética cruzada anti-comunista). As forças da ordem servem-se ainda de interrogatórios de uma enorme brutalidade, mas Purvis prefere-lhes abertamente outro tipo de coação, a que leva Anna Sage a trair o amigo e entregá-lo às balas à porta de um cinema. Utiliza igualmente armamento sofisticado, e abate perseguidos pela justiça como se de caça grossa se tratasse.
Mas há um outro aspecto muito curioso que Michael Mann explora de forma discreta, não deixando de sublinhar porém esta transformação quase imperceptível: o próprio tipo de crime muda. O assalto a bancos através de tiroteio dá lugar ao crime de colarinho branco. Enquanto por um lado o FBI monta salas de escuta, o crime organizado monta salas de apostas que geram lucros muito mais substanciais do que aqueles que os assaltos proporcionam, e sobretudo muito mais seguros. Os chefes destes negócios não os querem pôr em risco, chamando a desnecessária atenção das autoridades. Logo, interessa-lhes uma cidade tranquila, sem crime nas ruas e sem a polícia a patrulhá-las. Interessa-lhe que homens como Dillinger deixem de exercer o seu “ofício” para que o deles prospere na segurança do esquecimento. Depois, é muito mais fácil “pagar” para as autoridades “esquecerem” este negócio, do que para menosprezarem o crime violento, que assusta o cidadão e o atemoriza. Tudo portanto a favor dos novos tempos, tudo contra o gangster “romântico” (enfim, é uma maneira de dizer, mas o filme de Michael Mann envereda precisamente por esse caminho) que tem os dias contados. Terá sido a polícia a recrutar Anna Sage para a emboscada, mas terão sido os novos processos da Máfia de Chicago que permitiram e incentivaram que o ajuste de contas se processasse. Com Dillinger morto, a cidade tranquilizava à superfície, permitindo que os negócios obscuros prosperassem.
"Dillinger nunca foi considerado responsável pela morte de qualquer cidadão particular inocente", explicou Christian Bale aos jornalistas em Paris. E acrescentou: "Os bancos eram claramente o inimigo. Executavam as hipotecas e roubavam as vidas às pessoas.” “Não que hoje as coisas sejam muito diferentes", continua Johnny Depp no "Ain't It Cool News". "O filme que eu queria fazer tinha a ver com este tipo um bocado selvagem que quer tudo, e que o quer agora, com paixão", disse Michael Mann ao "Guardian". Rodado nos locais onde tudo aconteceu na realidade, e em alta-definição digital, o cineasta explica: "O vídeo parece a realidade, é mais imediato, tem uma superfície de 'vérité'. A película tem uma superfície tipo líquida, parece algo inventado".
Michael Mann inspirou-se numa obra do jornalista e ensaísta Bryan Burrough, "America's Greatest Crime Wave and the Birth of the FBI", e na verdade o seu argumento acompanha com certo rigor (e algumas liberdades “poéticas” obvias) as peripécias da vida de Dillinger e seus companheiros de existência. Uma existência que o próprio gangster quer que seja para “viver e morrer depressa, sem se deixar arrastar”, como aconselha uma jovem que com ele se cruza. Estamos em plena lufada de romantismo, que é explorada na sua vertente de Robin dos Bosques e de apaixonado. Algumas das cenas mais conseguidas neste aspecto, assinalam o encontro de Dillinger com Billie Frechette (Marion Cotillard), a sua namorada em final de vida, suscitando algumas interrogações metafísicas (“Donde vens, para onde vais, para onde me guias?”), culminando nessa cena antológica de sedução e charme num baile, com “Bye, bye, blackbird” por banda sonora. O cinema também serve de pretexto e espelho para Michael Mann criar um contraponto entre realidade e ficção, sobretudo quando, nas cenas finais, Dillinger no cinema se enfrenta com outro gangster, Edward J. 'Blackie' Gallagher (sob a aparência do mítico Clark Gable), num campo/contra-campo premonitório da tragédia que o aguardava à saída dessa “fábrica de sonhos” que, por vezes, também é causa de pesadelos.
Michael Mann exercita uma narrativa brilhante, rodada em HD e com muita câmara à mão, acompanhando os actores e libertando uma tensão inabitual. Há momentos de uma emoção invulgar. Dillinger invadindo o "Dillinger Bureau" da polícia de Chicago, passeando por entre as fotos e as notas recolhidas pelo departamento sobre si próprio, interrogando os agentes sobre o resultado do jogo que ouviam na rádio, é o instante de glória que saboreia em êxtase. Se foi verdade, é magnífico. Se foi uma invenção de Mann, é brilhante. A fotografia é esplendorosa, nas tonalidades nocturnas nimbadas por um matiz entre o castanho carregado e denso e o dourado que reflecte bem o clima da acção (veja-se a excelente chegada do preso Dillinger, de avião, numa noite iluminada pelo tungsténio dos fotógrafos). A montagem consegue o equilíbrio necessário entre a duração febril das acções violentas e o “tempo” necessário ao desenvolver das emoções. Os actores são todos eles brilhantes, mas será justo destacar o magnífico Johnny Deep (numa composição de grande sobriedade e intimismo, o que não surpreende num actor como ele é, mas convém não esquecer) e Christian Dale (absolutamente impecável, é o termo, no cerebral, frio e pragmático Purvis). Este é um encontro de vidas que tinham de ter este frente a frente. Cada um deles parece ter sido feito para o outro. Dillinger o anti-sistema, Purvis o guardião da ordem que assegura o sistema. Enfim, uma obra de uma actualidade notável, reconstruindo uma época e personagens históricas para sobre elas se repensar o presente. Se a História nunca se repete, olhar o passado pode ser uma boa lição para o futuro.
Antes deste “Inimigos Públicos”, de Michael Mann, Dillinger já fora várias vezes recriado no cinema, sendo o mais interessante o filme, escrito e dirigido por John Milius, “Dillinger, Inimigo Público nº 1”, com um magnifico Warren Oates no papel do célebre gangster, ao lado de Ben Johnson (Purvis), Harry Dean Stanton e Cloris Leachman.
Outras versões: em 1945, Lawrence Tierney foi o primeiro a interpretar a personagem de Dillinger, num filme do mesmo nome, dirigido por Max Nossecks. Em 1957, o excelente Don Siegel roda “Baby Face Nelson”, com Mickey Rooney como Nelson e Leo Gordon como Dillinger. Dois anos depois, em 1959, "The FBI Story", protagonizada por James Stewart, Scott Peters interpreta a figura de Dillinger, numa realização de Mervyn LeRoy. O italiano Marco Ferreri assina em 1969 o filme “Dillinger Is Dead”que incluía sequências documentais do autêntico John Dillinger. “The Lady in Red”, de Lewis Teague (1979), apresenta Pamela Sue Martin como a famosa “mulher de vermelho”, mas muda-lhe o nome, passa a Polly, em vez de Anna Sage (Louise Fletcher). Dillinger é Robert Conrad. Em 1991, surge “Dillinger”, um teledramático, com Mark Harmon no papel que dá nome ao filme.
Finalmente, acaricie-se o ego português, com uma boa novidade: Johnny Depp e demais actores do elenco de “Inimigos Públicos” usam chapéus de feltro manufacturados na fábrica Fepsa, em São João da Madeira. Mas antes deles, já Robert de Niro, Nicolas Cage e Clint Eastwood usavam os chapéus de feltro de origem portuguesa, que hoje em dia são coqueluche na América (55% da produção destina-se aos EUA). Até Bush não dispensa o seu feltro nacional, mas isso já é outra conversa, sem tanta graça.

INIMIGOS PÚBLICOS
Título original: Public Enemies
Realização: Michael Mann (EUA, 2009); Argumento: Ronan Bennett, Michael Mann, Ann Biderman, segundo obra de Bryan Burrough ("Public Enemies: America's Greatest Crime Wave and the Birth of the FBI, 1933-34"); Produção: Michael Mann, Kevin Misher, Bryan H. Carroll, Gusmano Cesaretti, Kevin De La Noy, G. Mac Brown, Robert De Niro, Karl McMillan, Maria Norman, Jane Rosenthal; Música: Elliot Goldenthal; Fotografia (cor): Dante Spinotti; Montagem: Jeffrey Ford, Paul Rubell; Casting: Avy Kaufman, Bonnie Timmermann; Design de produção: Nathan Crowley; Direcção artística: Patrick Lumb, William Ladd Skinner; Decoração: Rosemary Brandenburg; Guarda-roupa: Colleen Atwood; Maquilhagem: Danielle Friedman, Jane Galli, Rob Hinderstein, Lisa Jelic, Emanuel Millar, Gregory Nicotero, Linda Rizzuto, Patty York; Direcção de Produção: Julie Herrin, Sean T. Stratton; Assistentes de realização: Bob Wagner, Kwame Amoaku, Bryan H. Carroll, David Kelley, Allen Kupetsky, Charles Mueller, Andy Spellman, Michael Waxman; Departamento de arte: Jeff B. Adams Jr., Karen Fletcher Trujillo, David W. Krummel, Phillis Lehmer, Scott Matula, David Tennenbaum; Som: Derek Casari, Tim Gomillion, Laurent Kossayan, Ed Novick, Jeremy Peirson; Efeitos especiais: Jeff Miller, Don Parsons, Bruno Van Zeebroeck; Efeitos visuais: Collin Fowler, Ben Marks, Andy Schwab, Doyle Smith, Robert Stadd; Companhias de produção: Universal Pictures, Relativity Media, Forward Pass, Misher Films, Tribeca Productions, Appian Way; Intérpretes: Johnny Depp (John Dillinger), Christian Bale (Melvin Purvis), Marion Cotillard (Billie Frechette), Billy Crudup (J. Edgar Hoover), Rory Cochrane (Agente Carter Baum), Jason Clarke (John 'Red' Hamilton), Stephen Dorff (Homer Van Meter), Branka Katic (Anna Sage), Channing Tatum (“Pretty Boy” Floyd), Stephen Graham ("Baby Face" Nelson), Stephen Lang (Charles Winstead), Giovanni Ribisi (Alvin Karpis), James Russo (Walter Dietrich), David Wenham (Harry 'Pete' Pierpont), Christian Stolte, John Judd, Michael Vieau, John Kishline, Wesley Walker, John Scherp, Elena Kenney, William Nero Jr., Madison Dirks, Len Bajenski, Adam Clark, Carey Mulligan, Andrzej Krukowski, John Michael Bolger, Peter Defaria, Jonathan Macchi, Jeff Shannon, Michael Sassone, Emilie de Ravin, Brian Connelly, Ed Bruce, Geoffrey Cantor, Chandler Williams, Robert B. Hollingsworth Jr., David Paul Innes, Joe Carlson, Ben Mac Brown, Diana Krall (cantora), Duane Sharp, Domenick Lombardozzi, Bill Camp, John Ortiz, Richard Short, Randy Ryan, Shawn Hatosy, Kurt Naebig, John Hoogenakker, Adam Mucci, Rebecca Spence, Danni Simon, Don Harvey, Shanyn Leigh, Spencer Garrett, Don Frye, Matt Craven, Laurence Mason, Randy Steinmeyer, Kris Wolff, Lili Taylor, Donald G. Asher, Andrew Steele, Philip M. Potempa, Brian McConkey, Alan Wilder, David Warshofsky, Peter Gerety, Michael Bentt, John Lister, Jim Carrane, Joseph Mazurk, John Fenner Mays, Rick Uecker, Craig Spidle, Jason T. Arnold, Andrew Blair, Mark Vallarta, Daniel Maldonado, Sean Rosales, Stephen Spencer, Patrick Zielinski, Gareth Saxe, Guy Van Swearingen, Jeff Still, Lance Baker, Steve Key, Leelee Sobieski, David Carde, Gerald Goff, Aaron Roman Weiner, Keith Kupferer, Turk Muller, Tim Grimm, Martie Sanders, Robyn Scott, etc. Duração: 140 minutos; Distribuição em Portugal: Zon Lusomundo; Classificação etária: M/ 16 anos; Estreia em Portugal: 6 de Agosto de 2009.


quinta-feira, agosto 20, 2009

AGORA SÃO AS ESCUTAS!?

:
CHEGA DE BANDALHEIRA!

Quase a um mês das eleições, alguém do Palácio de Belém veio dizer que alguém do governo anda a escutar os telefonemas dos assessores do Presidente da República.
Ao contrário do BE e do PCP que não deram especial importância a estas “tontices”, eu, e julgo que a maioria dos cidadãos portugueses, dou muita importância a este facto. De há uns tempos para cá parece que vivemos numa república das bananas, com casos sobre casos, anónimos sobre anónimos, insinuações sobre insinuações, e nada se sabe, fica tudo como está. É altura de dizer basta a esta bandalheira que nos submerge.
Vou votar daqui a um mês e quero saber quem roubou, e se roubaram no Freeport, ou se procuraram apenas linchar o Primeiro-ministro e o governo. Vou votar e quero saber antes se o governo ou alguém do governo anda a escutar Belém, ou se Belém inventa escutas para queimar o governo e beneficiar os seus camaradas partidários.
Eu, e julgo que alguns milhões de portugueses, quero saber quem são efectivamente os senhores que detêm o poder e em quem podemos confiar.
Era bom acabar com as insinuações, era excelente pôr fim a esta onda de calúnias sem rosto de cobardes sem provas ou sem a coragem de as apresentar. Estou farto deste País cada vez mais doente e sem dignidade.
Não estou a brincar: estou mesmo farto desta bandalheira.
Isto não é atmosfera saudável para viver.

segunda-feira, agosto 17, 2009

A LIGA COMEÇOU - MAIS DO MESMO?

Acabada a pré-época e os amigáveis, começamos a ver quem tem unhas para tocar guitarra. Os 3 grandes empataram todos a 1, depois de todos estarem a perder durante quase todo o jogo. Mas uns jogaram fora, em terrenos tradicionalmente difíceis, e o outro em casa, campo que também não lhe é habitualmente muito favorável. Dos três, o pior resultado foi o do Benfica ultra reforçado que se anunciava ir ganhar tudo, mas que só o faz desde que seja a feijões (ou para taças de torneios de preparação). Dos três, o que me pareceu ter melhor equipa e mais equilibrada, foi o Porto, que aliás defrontou o adversário mais difícil. Dos três, o Sporting é o que mais se contenta com a prata da casa e que quase não gastou capital em compras de reforços de peso (o que tem vantagens óbvias e algumas desvantagens a considerar).Para já todos iguais na tabela classificativa, mas uns mais iguais que outros (nesse aspecto, o Benfica parece ser mais do mesmo).Começou a Liga. Vivam as emoções! (fortes? Ou mornas?).