quinta-feira, janeiro 15, 2015

"Manhã Submersa" no Fundão




LAURO ANTÓNIO NO FUNDÃO

O realizador de cinema Lauro António, autor do filme Manhã Submersa, baseado no romance homónimo de Virgílio Ferreira, vai participar na mesa redonda “Fundão Raízes identitárias e representações do espaço urbano” que vai ter lugar, no Fundão, na moagem. Cidade do Engenho e das Artes no próximo sábado, dia 17, a partir das 15 horas. O evento contará também com a participação do jornalista Fernando Paulouro, do professor a UBI Domingos Vaz e do presidente da Câmara do Fundão Paulo Fernandes, moderados por Pedro Miguel Salvado. Recorde-se que "Manhã Submersa", filme que será projectado na sessão, teve no Fundão,e principalmente no seu antigo seminário, a geografia da sua história. Para Pedro Novo, comissário da exposição "Um Destino, Coisa Simples" em que a mesa redonda se enquadra, considera que estas leituras plurais são fundamentais para entender e compreender a “grande diversidade de imagens que o tecido urbano produziu e emite. O Fundão é um dos casos interessantes de ser analisado, pois encontramos representações desde a poesia até à literatura passando pelo cinema. É este diálogo continuado e este cruzar de olhares que queremos associar à mostra”. A exposição vai itinerar a partir de 17 de Janeiro para o Museu dos Lanifícios na Covilhã, Beira Interior, seguindo depois para a Lisboa Roca Gallery em Abril e mais tarde para a Castelo Branco. Estando neste momento a ser acordados novos espaços no território nacional para que possa estar patente até ao final do ano. (nota dos organizadores)

in Jornal do Fundão

OS NOMEADOS DA DIRECTORS GUILD OF AMERICA



OS NOMEADOS DA DIRECTORS GUILD OF AMERICA

A Directors Guild of America  é a organização que representa os realizadores de cinema e televisão dos EUA. Acaba de anunciar os seus nomeados relativos ao ano de 2014.

Melhor Realização – Cinema
Wes Anderson, por "Grand Budapest Hotel"
Clint Eastwood, por "Sniper Americano"
Alejandro González Iñarritu, por "Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)"
Richard Linklater, por "Boyhood – Momentos de Uma Vida"
Morten Tyldum, por "O Jogo da Imitação"

Melhor Realização em Série TV – Drama
Dan Attias, por "Segurança Nacional" (episódio "13 Hours in Islamabad")
Jodie Foster, por "House of Cards" (episódio Chapter 22")
Cary Joji Fukunaga, por "True Detective" (episódio "Who Goes There")
Lesli Linka Glatter, por "Segurança Nacional" (episódio "From A to B and Back Again")
Alex Graves, por "Guerra dos Tronos" (episódio "The Children")

Melhor Realização em Série TV – Comédia
Louis C.K., por "Louie" (episódio "Elevator: Part 6")
Jodie Foster, por "Orange is the New Black" (episódio "Thirsty Bird")
Mike Judge, por "Silicon Valley" (episódio "Minimum Viable Product")
Gail Mancuso, por "Uma Família Muito Moderna" (episódio "Vegas")
Jill Soloway, por "Transparent" (episódio "Best New Girl")

Melhor Realização em Telefilme ou Minissérie
Rob Ashford, por "Peter Pan Live!"
Lisa Cholodenko, por "Olive Kitteridge"
Uli Edel, por "Houdini"
Ryan Murphy, por "The Normal Heart"
Michael Wilson, por "The Trip to Bountiful"

Melhor Realização em Documentário
Dan Krauss, por "The Kill Team"
John Maloof e Charlie Siskel, por "Finding Vivian Maier"
Jesse Moss, por "The Overnighters"
Laura Poitras, por "Citizenfour"

Orlando von Einsiedel, por "Virunga"

NOMEAÇÕES - BAFTAS 2015



NOMEAÇÕES PARA OS BAFTAS 2015

A British Academy Film anuncia os nomeados para os seus BAFTAS de 2015. Estes são os prémios ingleses equivalentes aos Oscars norte-americanos. Segue a lista tal como se encontra disponibilizada no site da BAFA.

The Grand Budapest Hotel
Wes Anderson, Scott Rudin, Steven Rales, Jeremy Dawson
The Imitation Game
Nora Grossman, Ido Ostrowsky, Teddy Schwarzman
Boyhood
Richard Linklater, Cathleen Sutherland
The Theory Of Everything
Tim Bevan, Eric Fellner, Lisa Bruce, Anthony McCarten
Birdman
Alejandro G. Iñárritu, John Lesher, James W. Skotchdopole

Ida
Pawel Pawlikowski, Eric Abraham, Piotr Dzieciol, Ewa Puszczynska
The Lunchbox
Ritesh Batra, Arun Rangachari, Anurag Kashyap, Guneet Monga
Two Days, One Night
Jean-Pierre Dardenne, Luc Dardenne, Denis Freyd
Leviathan
Andrey Zvyagintsev, Alexander Rodnyansky, Sergey Melkumov
Trash
Stephen Daldry, Tim Bevan, Eric Fellner, Kris Thykier

Eddie Redmayne
The Theory Of Everything
Ralph Fiennes
The Grand Budapest Hotel
Benedict Cumberbatch
The Imitation Game
Jake Gyllenhaal
Nightcrawler
Michael Keaton
Birdman

Felicity Jones
The Theory Of Everything
Julianne Moore
Still Alice
Reese Witherspoon
Wild
Amy Adams
Big Eyes
Rosamund Pike

Gone Girl

The Imitation Game
Graham Moore
American Sniper
Jason Hall
Gone Girl
Gillian Flynn
Paddington
Paul King
The Theory Of Everything
Anthony McCarten

The Boxtrolls
Anthony Stacchi, Graham Annable
The Lego Movie
Phil Lord, Christopher Miller
Big Hero 6
Don Hall, Chris Williams

Monkey Love Experiments
Ainslie Henderson, Cam Fraser, Will Anderson
The Bigger Picture
Chris Hees, Daisy Jacobs, Jennifer Majka
My Dad
Marcus Armitage

The Kármán Line
Campbell Beaton, Dawn King, Tiernan Hanby, Oscar Sharp
Boogaloo And Graham
Brian J. Falconer, Michael Lennox, Ronan Blaney
Slap
Islay Bell-Webb, Michelangelo Fano, Nick Rowland
Emotional Fusebox
Michael Berliner, Rachel Tunnard
Three Brothers
Aleem Khan, Matthieu De Braconier, Stephanie Paeplow

The Grand Budapest Hotel
Robert Yeoman
Ida
Lukasz Zal, Ryzsard Lenczewski
Interstellar
Hoyte Van Hoytema
Mr. Turner
Dick Pope
Birdman
Emmanuel Lubezki

The Grand Budapest Hotel
Milena Canonero
The Imitation Game
Sammy Sheldon Differ
The Theory Of Everything
Steven Noble
Mr. Turner
Jacqueline Durran
Into The Woods
Colleen Atwood

Wes Anderson
The Grand Budapest Hotel
James Marsh
The Theory Of Everything
Richard Linklater
Boyhood
Damien Chazelle
Whiplash
Alejandro G. Iñárritu
Birdman

20 Feet From Stardom
Morgan Neville, Caitrin Rogers, Gil Friesen
20,000 Days On Earth
Iain Forsyth, Jane Pollard
Finding Vivian Maier
John Maloof, Charlie Siskel
Virunga
Orlando Von Einsiedel, Joanna Natasegara
Citizenfour
Laura Poitras, Mathilde Bonnefoy, Dirk Wilutzky

Gugu Mbatha-Raw
Jack O'Connell
Shailene Woodley
Margot Robbie
Miles Teller

Birdman
Douglas Crise, Stephen Mirrione
The Grand Budapest Hotel
Barney Pilling
The Theory Of Everything
Jinx Godfrey
The Imitation Game
William Goldenberg
Nightcrawler
John Gilroy
Whiplash
Tom Cross

Guardians Of The Galaxy
Elizabeth Yianni-Georgiou, David White
Into The Woods
Peter Swords King, J. Roy Helland
Mr. Turner
Christine Blundell, Lesa Warrener
The Theory Of Everything
Jan Sewell
The Grand Budapest Hotel
Frances Hannon, Mark Coulier

The Grand Budapest Hotel
Alexandre Desplat
Interstellar
Hans Zimmer
Birdman
Antonio Sanchez
Under The Skin
Mica Levi
The Theory Of Everything
Jóhann Jóhannsson

The Grand Budapest Hotel
Wes Anderson
Boyhood
Richard Linklater
Whiplash
Damien Chazelle
Nightcrawler
Dan Gilroy
Birdman
Alejandro G. Iñárritu, Nicolás Giacobone, Alexander Dinelaris Jr, Armando Bo

’71
Yann Demange, Angus Lamont, Robin Gutch, Gregory Burke
Under The Skin
Jonathan Glazer, James Wilson, Nick Wechsler, Walter Campbell
Pride
Matthew Warchus, David Livingstone, Stephen Beresford
The Imitation Game
Morten Tyldum, Nora Grossman, Ido Ostrowsky, Teddy Schwarzman, Graham Moore
Paddington
Paul King, David Heyman
The Theory Of Everything
James Marsh, Tim Bevan, Eric Fellner, Lisa Bruce, Anthony McCarten

Stephen Beresford, David Livingstone
Pride
Gregory Burke, Yann Demange
’71
Elaine Constantine
Northern Soul
Hong Khaou
Lilting
Paul Katis, Andrew De Lotbiniere
Kajaki: The True Story

The Grand Budapest Hotel
Adam Stockhausen, Anna Pinnock
The Imitation Game
Maria Djurkovic, Tatiana Macdonald
Mr. Turner
Suzie Davies, Charlotte Watts
Interstellar
Nathan Crowley, Gary Fettis
Big Eyes
Rick Heinrichs, Shane Vieau

American Sniper
Walt Martin, John Reitz, Gregg Rudloff, Alan Robert Murray, Bub Asman
The Grand Budapest Hotel
Wayne Lemmer, Christopher Scarabosio, Pawel Wdowczak
Whiplash
Thomas Curley, Ben Wilkins, Craig Mann
The Imitation Game
John Midgley, Lee Walpole, Stuart Hilliker, Martin Jensen, Andy Kennedy
Birdman
Thomas Varga, Martin Hernández, Aaron Glascock, Jon Taylor, Frank A. Montaño

The Hobbit: The Battle Of The Five Armies
Joe Letteri, Eric Saindon, David Clayton, R. Christopher White
Guardians Of The Galaxy
Stephane Ceretti, Paul Corbould, Jonathan Fawkner, Nicolas Aithadi
Dawn Of The Planet Of The Apes
Joe Letteri, Dan Lemmon, Erik Winquist, Daniel Barrett
X-Men: Days Of Future Past
Richard Stammers, Anders Langlands, Tim Crosbie, Cameron Waldbauer
Interstellar
Paul Franklin, Scott Fisher, Andrew Lockley, Ian Hunter

J.K. Simmons
Whiplash
Mark Ruffalo
Foxcatcher
Steve Carell
Foxcatcher
Edward Norton
Birdman
Ethan Hawke
Boyhood

Keira Knightley
The Imitation Game
Imelda Staunton
Pride
Emma Stone
Birdman
Patricia Arquette
Boyhood
Rene Russo
Nightcrawler

segunda-feira, janeiro 12, 2015

FRANCESCO ROSI (1922- 2015)



Francesco Rosi (Nápoles, 15 de Novembro de 1922 - Roma, 10 de Janeiro de 2015)

Vigorosos realizador italiano, com filmes de profundo empenhamento, tornou-se nas décadas de 60 e 70 uma das vozes mais importantes do cinema italiano, com filmes como “Salvatore Giuliano”, “Le Mani sulla Città”, “Il Momento della Verità”, “Il Caso Mattei”, “Lucky Luciano”, “Cadaveri Eccelenti” ou “Cristo si è Fermato a Eboli”. “Salvatore Giuliano” é uma obra-prima neste tipo de cinema, com uma narrativa moderna e invulgarmente conseguida. 



ANITA EKBERG (1931-2015)



Kerstin Anita Marianne Ekberg (29 de Setembro de 1931, Malmö, Suécia – 11 de Janeiro de 2015, Rocca di Papa, Lazio, Itália)

Interpretou mais de 50 filmes, mas um só bastou para lhe dar a imortalidade, “La Dolce Vita”, de Fellini (1960).

GLOBOS DE OURO 2015



GLOBOS DE OURO 2015

Os Globos de Ouro, prémios do cinema e da televisão atribuídos pela Associação de Imprensa Estrangeira, uma antecâmara dos Óscares, foram ontem atribuídos, no hotel Beverly Hilton, em Los Angeles. Foram:


Cinema:

Melhor drama: ‘Boyhood’

Melhor comédia/musical: ‘Grand Budapest Hotel’

Melhor realizador: Richard Linklater, ‘Boyhood’

Melhor actor de drama: Eddie Redmayne, ‘The Theory of Everything’ (‘A Teoria de Tudo’

Melhor actriz de drama: Julianne Moore, ‘Still Alice’ (‘O meu nome é Alice’

Melhor actor de comédia/musical: Michael Keaton, ‘Birdman’

Melhor actriz de comédia/musical: Amy Adams, ‘Big Eyes’

Melhor actor secundário: J.K. Simmons, ‘Whiplash’

Melhor actriz secundária: Patricia Arquette, ‘Boyhood’

Melhor filme estrangeiro: ‘Leviathan’ (Rússia)

Melhor filme de animação: ‘How to Train Your Dragon 2’

Melhor argumento: ‘Birdman’

Melhor banda sonora: ‘The Theory of Everything’ (‘A Teoria de Tudo’)

Melhor música original: ‘Selma’



Televisão:

Melhor série dramática: ‘The Affair’

Melhor actor de drama: Kevin Spacey, ‘House of Cards’

Melhor actriz de drama: Ruth Wilson, ‘The Affair’

Melhor série de comédia: ‘Transparent’

Melhor actor de comédia ou musical: Jeffrey Tambor, ‘Transparent’

Melhor actriz de comédia ou musical: Gina Rodríguez, ‘Jane The Virgin’

Melhor minissérie / telefilme: ‘Fargo’ 

Melhor actor de minissérie / telefilme: Billy Bob Thornton, ‘Fargo’

Melhor actriz de / minissérie / telefilme: Maggie Gyllenhaal, ‘The Honorable Woman’

Melhor actor secundário de série / minissérie / telefilme: Matt Bomer, ‘The Normal Heart’

Melhor actriz secundária de série / minissérie / telefilme: Joanne Froggatt, ‘Downton Abbey’)


Prémio Carreira Cecil B. DeMille: George Clooney

TEATRO: CYRANO DE BERGERAC

CYRANO DE BERGERAC

Edmond Rostand escreveu a peça em 1897. Recuperava em tons românticos a vida aventurosa e amorosa de Cyrano de Bergerac, que foi um pouco de tudo, de poeta a espadachim, de dramaturgo a cientista, filósofo e um valeroso escritor de cartas de amor, apaixonadas, sensíveis, enternecedoras. Não as usava em proveito próprio, porque pensava que ninguém seria capaz de o amar, dada a volumetria do seu nariz, mas escrevia-as e enviava-as em nome de Christian, à amada de ambos, Roxanne. Cyrano privava-se assim do amor da sua bem amada prima, para a oferecer a Christian, seu alter ego em questões amorosas. Esta é uma bela história de amor por interposta pessoa e a peça teatral dela retirada, com raro sentido poético, intrepidez e galanteria, seria alvo de várias encenações ao longo dos tempos. No cinema também não foram poucas as adaptações, sendo as mais célebres a de Jose Ferrer, uma produção de Stanley Kramer, com realização de Michael Gordon (1959) e a de Gerard Depardieu, com direcção do francês Jean-Paul Rappeneau (1990). Será de citar ainda uma comédia norte-americana, assinada por Fred Schepisi em 1987, e que chamava a primeiro plano o objecto da paixão de Cyrano, Roxanne. Os intérpretes eram  Steve Martin e Daryl Hannah. Por Portugal esta peça tem conhecido igualmente várias encenações, a última das quais estreou há dias no Teatro Nacional de D. Maria II. Diga-se desde já que com resultados brilhantes.


Se a peça é excelente, complexa e densa, mas profundamente popular, escrita em saborosos e límpidos versos, que a tradução de Nuno Júdice serve de forma magnífica, e a adaptação de João Maria André conserva, tudo o mais não fica a dever nada ao original. A encenação de João Mota (que deixa agora a direcção do Teatro Nacional de D. Maria II) é modelar em muitos aspectos, jogando com a espectacularidade e o intimismo com acerto. Os cenários de José Manuel Castanheira são sumptuosos e plasticamente muito bonitos, e o guarda-roupa da equipa Storytailors está à altura, com belíssimos figurinos. Muito bons ainda o desenho de luz de P. Graça e desenho de som e sonoplastia de Pedro Costa, Rui Dâmaso e Sérgio Henriques. A música de Pedro Carneiro é inspiradíssima, conjugando bem com a sonoplastia. Finalmente, o elenco vastíssimo, mas de grande homogeneidade, onde imperam dois actores magníficos: Diogo Infante como Cyrano, não ficando em nada atrás dos monstros sagrados que o antecederam a compor a figura, e a belíssima Sara Carinhas, uma doce e empreendedora Roxanne, a que a actriz empresta uma modernidade de tom que surpreende e sabe bem.
Um espectáculo a não perder, que se arrisca a ter casas cheias, mostrando que afinal o teatro “quando é bom” é mesmo bom e o público sabe corresponder. Grande despedida de João Mota do Nacional D. Maria II.



CYRANO DE BERGERAC, de Edmond Rostand; tradução: Nuno Júdice; Adaptação: João Maria André; versão cénica e encenação: João Mota; cenografia: José Manuel Castanheira; figurinos: Storytailors; desenho de luz: P. Graça; música: Pedro Carneiro; desenho de som e sonoplastia: Pedro Costa, Rui Dâmaso, Sérgio Henriques; mestre de esgrima: Miguel de Andrade Gomes; caracterização: Nuno Elias; Cabelos: Helena Vaz Pereira para Griffe Hair Style; Maquilhagem: Carla Pinho; assistentes de encenação: Fábio Vaz (estagiário da ESTC); assistente de cenografia: Luna Rebelo (estagiária); Intérpretes: Diogo Infante, Virgílio Castelo, Sara Carinhas, João Jesus, João Grosso, José Neves, Lúcia Maria, Manuel Coelho, Maria Amélia Matta, Paula Mora, Alberto Villar, Bernardo Chatillon, Celestino Silva, Frederico Coutinho, Joana Cotrim, Jorge Albuquerque, Lita Pedreira, Luis Geraldo, Marco Paiva, Nídia Roque, Rita Figueiredo, Simon Frankel e Bernardo Souto, José Sotero; produção TNDM II; duração 2h25 (com intervalo); M/12 anos; 

segunda-feira, dezembro 29, 2014

119 ANOS DE CINEMA



COMEMORANDO O NASCIMENTO DO CINEMA
Hoje, sessões às 18 e às 21, 30, no Forum Municipal Luísa Todi



1. DA INVENÇÂO DO CINEMA AO PRIMEIRO FILME SONORO

A 28 de Dezembro de 1895, os irmãos Auguste e Louis Lumière anunciam a invenção do cinema, tal como o conhecemos hoje, numa sala de espectáculos. Nesse dia, terá ocorrido a primeira projecção pública do Cinematógrafo na primeira sala de cinema do mundo, o Eden, que ainda existe, situado em La Ciotat, no sudeste de França. A primeira sessão, com publicidade e entradas pagas, teve lugar, no entanto, em Paris, no Grand Café, situado no Boulevard des Capucines. O programa incluía dez filmes, de cerca de um minuto cada. A sessão abriu com a projecção de “La Sortie de l'usine Lumière” à Lyon (A Saída da Fábrica Lumière, em Lyon). George Méliès esteve presente e interessou-se logo pela exploração do aparelho. No ano seguinte, os irmãos Lumière fizeram uma digressão com o invento, visitando Bombaim, Londres e Nova Iorque. “L'Arrivée d'un Train en Gare de la Ciotat” (Chegada de um Comboio à Estação de Ciotat), “Le Déjeuner de Bébé” (O Almoço do Bebé) e outros, incluindo alguns dos primeiros esboços cómicos, como “L'Arroseur Arrosé” (O "Regador" Regado), foram os primeiros filmes apresentados.
Mas para se chegar a esta primeira sessão pública com bilhetes, a invenção do cinema percorreu um longo caminho. Houve sobretudo que ultrapassar três etapas fundamentais:


A INVENÇÃO DA FOTOGRAFIA - criação de imagens por meio de exposição luminosa, fixando-as numa superfície sensível. A primeira fotografia reconhecida remonta ao ano de 1826 e é atribuída ao francês Joseph Niépce. Daguerre desenvolveu depois um processo que reduzia o tempo de revelação de horas para minutos. O processo foi denominado daguerreotipia. Em 1839, os retratos dessas “máquinas fotográficas” dependiam de longa exposição – chegando a 12 minutos, enquanto Niépce levava oito horas – mas a evolução a partir daí foi muito rápida. No mesmo ano, William Talbot anuncia as suas experiências do novo processo fotográfico positivo-negativo, com impressão em papel, constituindo, junto com a metodologia de Daguerre, os princípios básicos da fotografia que ainda usamos hoje.

A IMAGEM EM MOVIMENTO – Desde muito cedo se procurou reproduzir a imagem em movimento. Em primeiro lugar, através do desenho e da pintura. Anthemius de Tralles usou um tipo primitivo de câmara escura, no século 62. Cerca de 1600, foi aperfeiçoado por Giambattista della Porta, com a luz a ser invertida através de um pequeno orifício, e projectada numa superfície ou tela, criando uma imagem em movimento, mas que não é preservada numa gravação. Na década de 1860, mecanismos para a produção de dois desenhos tridimensionais em movimento foram demonstrados com dispositivos como o zootrópio, mutoscope e praxinoscópio. Estas máquinas eram consequências de simples dispositivos ópticos (como lanternas mágicas) e iria mostrar sequências de imagens estáticas em velocidade suficiente para que as imagens nas fotos parecessem estar a mover-se, um fenómeno chamado persistência da visão. Com o aparecimento da real. Uma experiência de 1878, levada a cabo por Eadweard Muybridge, nos Estados Unidos, usando 24 câmaras, produziu uma série de imagens estereoscópicas de um cavalo a galope, que foi sem dúvida a "primeira" série de fotografia, capturando directamente objectos em movimento. As imagens eram passadas a uma velocidade variável de 5 a 10 tornou-imagens por segundo.
Outro importante contributo foi dado pela espingarda fotográfica, o cronofotográfico de Marey, construído em 1882, que era capaz de produzir 12 imagens consecutivas por segundo, todas registadas num mesmo suporte. Estudou o movimento em gatos, cavalos, pássaros, cães, ovelhas, elefantes, peixes, criaturas microscópicas, moluscos, insectos, répteis, etc. Chamam-lhe de "o zoológico animado" de Marey, que estudou igualmente a locomoção humana. Thomas Edison e o seu Cinetoscópio, que se podia ver nos nickeodeons norte-americanos encontra-se neste nível, aproveitando a impressão das imagens sucessivas, que correndo perante o olho humano, dão a sensação de movimento. A visão é, porém, individual e não colectiva e não implica uma projecção.


A PROJECÇÃO DAS IMAGENS EM MOVIMENTO – o terceiro momento, que distingue a invenção de Edison da dos irmãos Lumière, é projectar essas imagens captadas em sucessão e projectá-las dando a ideia de movimento, para o que se contava /conta com um deficiência do olho humano, a persistência retiniana. Na década de 1880, várias foram as etapas que permitiram o desenvolvimento da câmara de cinema levando a que as imagens captadas fossem armazenadas numa única bobine, o que levou ao desenvolvimento de um projector de cinema, que, através de um feixe de luz, conseguiu exportar as imagens impressas na película para um ecrã que podia/pode ser apreciado por uma plateia. Assim nasceram as “imagens em "movimento", o “cinematografo”, o “cinema”.

A HISTÓRIA DO CINEMA – Aquando das primeiras sessões do cinematógrafo, os Irmãos Lumière achavam que a invenção não passava de uma novidade de feira que duraria pouco junto do grande público. Mas Georges Méliès, que se encontrava entre os primeiros espectadores, e que era mago por profissão, descobriu desde logo o poder fascinante desta invenção. Comprou uma máquina e lançou-se na realização de filmes por si encenados e interpretados, onde a ilusão era a dominante. O mais conhecido foi “Le Voyage dans la Lune“ (A Viagem à Lua, 1902). Rapidamente o cinematógrafo apaixonou comerciantes e artistas, na Europa e nos EUA. Inicialmente, os filmes duravam 5, 7 10 minutos. Depois da I Guerra Mundial, a indústria cinematográfica nos EUA floresceu com o aparecimento de Hollywood, dos grandes estúdios, da explosão das stars, Rudolfo Valentino, Douglas Fairbanks, Mary Pickford, Lilian Gish, Charles Chaplin, etc., e a imposição de alguns grandes criadores, à frente dos quais se deve colocar David W. Griffith, que dirige mais de 500 filmes e as primeiras superproduções de sempre, as obras-primas “O Nascimento de uma Nação” (1915) e “Intolerância” (1916). Na década de 1920, na Europa, surgem grandes movimentos artísticos, o expressionismo na Alemanha, com FW Murnau e Fritz Lang, o construtivismo e o realismo soviético, com Sergei Eisenstein e Pudovkin, o surrealismo, com Buñuel, etc.
Durante toda a década de 20, foi-se criando uma nova tecnologia que iria permitir aos produtores e realizadores juntarem a cada filme uma banda sonora de voz, música e efeitos sonoros mais ou menos sincronizados com a acção. Mas os processos foram lentos e muitos deles insatisfatórios, até se conseguir numa mesma película incluir a imagem e o registo óptico do som. Estava descoberto o cinema sonoro, cujo primeiro exemplo mais conseguido foi “O Cantor de Jazz” (The Jazz Singer), dirigido por Alan Crosland e produzido pela Warner Bros., contava com o sistema sonoro Vitaphone. Al Jolson, famoso cantor de jazz da época, canta várias canções no filme. A história é baseada numa peça de mesmo nome, um grande sucesso da Broadway em 1925. O filme foi um dos primeiros a ganhar o Oscar, dividindo o prémio especial com “O Circo”, de Charlie Chaplin.

2. FRED ZINNEMANN, 
REALIZADOR DE “OKLAHOMA!”

“Oklahoma!” é uma realização de 1955 e surge pouco depois de “O Comboio Apitou Três Vezes” (1952) e “Até à Eternidade” (1953), duas das suas obras mais célebres, a última das quais lhe conferiu um dos seus Óscars de Melhor Realizador. Cineasta de “grandes temas” com alguma propensão para um realismo forte, dir-se-ia que o musical não era o seu território, mas Zinnemann era sobretudo um excelente realizador integrado numa indústria que ele respeitava e ajudou a fazer respeitar. Nos Oscars de 1956 “Oklahoma!” ganhou as estatuetas referentes a Melhor Som (Fred Hynes, Todd-AO Sound Dept.) e Melhor Partitura Musical (Robert Russell Bennett, Jay Blackton e Adolph Deutsch), ignorando-se a sua partitura original criada para teatro por Oscar Hammerstein II e Richard Rodgers. Foi nomeado ainda para Melhor Montagem (Gene Ruggiero e George Boemler) e Melhor Fotografia (Robert Surtees).
Alfred Zinnemann nasceu a 29 de Abril de 1907, em Viena, na altura integrada no império Austro-Húngaro, agora Áustria. Morreu a 14 de Março de 1997, em Londres, Inglaterra, de ataque cardíaco. Filho de um médico judeu, inicialmente parecia destinado a uma carreira de violinista, depois estudou Direito na Universidade de Viena, mas apaixonou-se pelo cinema, particularmente pelo americano, também por Sergei Eisenstein e Erich von Stroheim, e decidiu que era essa a carreira a seguir. Primeiro na Europa, na “École Technique de Photographie”, de Paris, em 1927, a seguir em Berlim, onde trabalhou como assistente de realização de Robert Sidmark e de Billy Wilder, nos estúdios UFO, depois na América, onde estudou cinema, foi operador de câmara e figurante. Uma das suas grandes inspirações foi Robert J. Flaherty, de quem se tornou assistente pessoal. Conseguiu o apoio do produtor Paul Strand para filmar no México um documentário, “Redes” (1935), que impressionou pelo seu realismo narrativo. A sua primeira longa-metragem de ficção foi também filmada no México e com um grupo de actores amadores: “The Wave” (1937). Entre 1938 e 1942, filma quinze curtas-metragens, entre as quais “That Mothers Might Live” (1938), que lhe valeu um Óscar na já extinta categoria de curta-metragem de uma bobina. Naturalizou-se cidadão americano em 1936. Casado com Renee Bartlett (1936 - 1997). Realizou também alguns filmes de pequeno orçamento, mas a sua primeira longa-metragem de sucesso foi “The Seventh Cross” (1944). “The Search” (1948) vale-lhe a primeira nomeação para o Óscar de Melhor Realizador. Em 1951, venceu o primeiro Óscar da sua carreira como produtor do documentário de curta-metragem “Benjy” (1951). “High Noon” (1952) e “From Here to Eternity” (1953) são as suas obras mais célebres, a última das quais lhe conferiu o Óscar de Melhor Realizador. Em 1966, com “A Man For All Seasons” ganha seis Óscares, entre os quais outra vez o de Melhor Realizador. Foi sob a sua direcção que se estrearam no cinema Montgomery Clift, Marlon Brando e Meryl Streep. Excelente director de actores, dezoito foram nomeados em filmes seus para Óscars de melhor actor: Hume Cronyn, Montgomery Clift, Gary Cooper, Julie Harris, Frank Sinatra, Donna Reed, Burt Lancaster, Deborah Kerr, Anthony Franciosa, Audrey Hepburn, Glynis Johns, Paul Scofield, Robert Shaw, Wendy Hiller, Jason Robards, Vanessa Redgrave, Jane Fonda ou Maximilian Schell.


Fred Zinnemann, que foi um dos mais talentosos cineastas da época de ouro do cinema norte-americano, definiu excelentemente o que é o cinema norte-americano, sobretudo o do seu tempo, ao dizer: “Sempre me pensei um realizador de Hollywood, não porque tenha nascido na indústria americana, mas porque gosto de fazer filmes que agradem a grandes audiências, e não somente para expressar a minha personalidade e as minhas opiniões. Tentei sempre oferecer ao público algo de positivo ao mesmo tempo que o entretinha”. Diz-se que depois de ter ganho um Oscar, compareceu numa reunião com um jovem produtor executivo que lhe perguntou o que é que Zinnemann tinha feito até aí. Ao que o cineasta respondeu: “Claro, mas primeiro conte você”. Em 1967, radica-se na Inglaterra, onde rodaria alguns filmes bem-sucedidos, e onde vem a falecer.

Principais filmes: 1944: The Seventh Cross (A Sétima Cruz); 1948: The Search (Anjos Marcados); 1948: Act of Violence (Acto de Violência); 1950: The Men (O Desesperado); 1951: Benjy (curta-metragem): Teresa (Teresa); 1952: High Noon (O Comboio Apitou Três Vezes); 1953: From Here to Eternity (Até à Eternidade); 1955: Oklahoma! (Oklahoma); 1957: A Hatful of Rain (Cárcere Sem Grades); 1958: O Velho e o Mar (não creditado); 1959: The Nun's Story (A História de Uma Freira); 1960: The Sundowners (Três Vidas Errantes); 1966: A Man for All Seasons (Um Homem para a Eternidade); 1973: The Day of the Jackal (Chacal); 1977: Julia (Júlia); 1982: Five Days One Summer (Cinco Dias um Verão).

segunda-feira, dezembro 15, 2014

CINEMA: MAPAS PARA AS ESTRELAS


MAPAS PARA AS ESTRELAS

Filmes sobre Hollywood há muitos, desde comédias musicais como “Singing in the Rain” até sátiras verrinosas como “SOB”, “Boogie Nights” ou “The Player”, desde dramas como “Sunset Boulevard”, “A Star is Born”, “Gods and Monsters”, “Stardust Memories”, “The Bad and the Beautiful” ou “Two Weeks in Another Town”, a  alguns nostálgicos, como “The Purple Rose of Cairo”, “The Last Picture Show” ou “Hugo”, não esquecendo evocações biográficas, como “Ed Wood” ou “Shadow of the Vampire”. Mas raras vezes se viu um filme tão amargo, tão violentamente desencantado como “Maps to the Stars”. Depois de nos mostrar em “Cosmopolis” a desagregação de uma sociedade assente numa economia de lucro fácil que tende ao suicídio, Cronenberg retrata agora a mesma sociedade, mas sob o prisma da Meca dos sonhos, num “mapa de estrelas” de onde está ausente qualquer glamour. Hollywood não é mais a fábrica de sonhos de que se falava outrora, mas tão somente uma cidade, não de anjos, mas de demónios, uma espécie de família disfuncional, onde todos olham para o poder, a glória, o sucesso, o dinheiro, esquecendo tudo o mais.
“Mapas para as Estrelas” é, por isso mesmo, extremamente desagradável de ver. Chega a ser quase insuportável dada a crueza com que o argumentista Bruce Wagner e o realizador David Cronenberg nos devolvem a imagem desta Hollywood dos nossos dias. Há quem diga que se trata de uma sátira de um humor negro absoluto, mas parece-nos mais um filme de um hiper-realismo, onde nem mesmo alguns fantasmas sobrevivem senão como projecções da memória dos protagonistas.


Tudo esvoaça em redor de uma família, tendo como figura central Havana Segrand (Julianne Moore), uma actriz entre os quarente e os cinquenta, em decadência, que procura regressar em beleza com um remake de um filme dos anos 60, "Stolen Waters", que teria feito a glória da sua mãe. É como secretária de Havana que Agatha (Mia Wasikowska) se emprega, depois de ter passado uma longa temporada na Florida. No regresso a Los Angeles descobre-se que é irmã de Benjie Weiss (Evan Bird), um miúdo estrela de cinema (um pouco na linha de Macaulay Culkin ou Justin Bieber), insuportavelmente malcriado, prepotente, insolente, e tudo o mais que se possa imaginar. Aos treze anos já passou por drogas e uma sexologia aberrante, e terá sido vítima de Agatha, quando esta, tempos atrás, terá deitado fogo à casa da família. O pai, Stafford Weiss (John Cusack), é um psicólogo muito conhecido, que tem um programa de TV, escreve best-sellers de auto-ajuda, e trata celebridades, como Havana, com massagens no mínimo de duvidosa credibilidade. A mãe de Benjie é Cristina Weiss, que procura salvar a carreira do filho e afastá-lo da presença maléfica de Agatha (como se nesta viagem guiada por Hollywood existissem presenças que não o fossem), recuperando-o para a muito esperada sequela de "Bad Babysitter".
Esta árvore genealógica de Hollywood é realmente aterradora e creio que a intenção de Cronenberg é, de forma metafórica, falar-nos de uma sociedade doente, fechada sobre si própria, aberrante, destituída de quaisquer valores, preocupada apenas com cifras e prazeres fáceis. Havana confessa (ou inventa) uma ligação incestuosa com a mãe, e procura reproduzir êxitos antigos desta última. Benjie e Agatha terão tido igualmente uma relação incestuosa, o que permite supor que em Hollywood é o mesmo ADN que circula sempre. Cronenberg, numa entrevista, fala da perpetuação dos Men, referindo-se a Superman 6, X-Men 5, e tantos outros blockbusters que se eternizam em repetição. Digamos que é uma forma de criação incestuosa, que abdica da criatividade e se limita a reproduzir o mesmo chavão. Ou, como no caso de Havana, que procura recuperar sucessos do passado, seguramente por falta de imaginação ou imperiosa necessidade de empatar capital, jogando apenas pelo seguro.
“Sunset Boulevard” era uma crítica impiedosa a Hollywood, mas emanava do filme de Billy Wilder um encanto evidente. Alguma magia envolvia esta cidade, onde as velhas vedetas envelheciam solitárias, sonhando com um impossível regresso à ribalta. Em “Mapas para as Estrelas” não há ninguém pronto para o close up final, ninguém descerá as escadas para se enfiar numa ambulância a caminho de um hospício. Já toda a gente se instalou no interior do hospício e o “encanto” da star em decadência é vermo-la a limpar o rabo na casa de banho.


Excelentemente interpretada por um elenco magnífico, onde será justo destacar Julianne Moore, num papel ingrato, que muitas actrizes recusariam certamente, mas que ela agarra de forma brilhante, Mia Wasikowska, a perturbante Agatha, e o jovem Evan Bird, numa inquietante composição.
Estruturado quase como um puzzle que se vai organizando à medida que o filme decorre, “Mapas para as Estrelas” prolonga coerentemente o universo mutante de Cronenberg, acrescentado uma nova etapa à sua análise da sociedade actual, de que “Cosmopolis” era um notável exemplo. Não tão perfeito na construção, esta primeira incursão do cineasta por terra norte-americana (Cronenberg nunca filmara nos EUA) é, todavia, uma obra invulgar, uma panorâmica corrosiva e violenta sobre uma sociedade imoral e perversa que não pode aspirar a nada mais do que o suicídio. Mas que não se cansa de recitar Éluard: “Nos refúgios destruídos / nos meus faróis arruinados/ nas paredes do meu tédio / escrevo o teu nome / Na ausência sem desejos / na desnuda solidão / nos degraus mesmos da morte / escrevo o teu nome / Na saúde rediviva / aos riscos desaparecidos / no esperar sem saudade / escrevo o teu nome / Por poder de uma palavra / recomeço a minha vida / nasci para conhecer-te / nomear-te / Liberdade.”
 


MAPAS PARA AS ESTRELAS
Título original: Maps to the Stars
Realização: David Cronenberg (Canadá, EUA, Alemanha, França, 2014); Argumento: Bruce Wagner; Produção: Saïd Ben Saïd, Joseph Boccia, Sarah Borch-Jacobsen, Benedict Carver, Kevin Chneiweiss, Walter Gasparovic, Alfred Hürmer;  Martin Katz, Michel Merkt, Renee Tab, Patrice Theroux; Música: Howard Shore; Fotografia (cor): Peter Suschitzky; Montagem: Ronald Sanders; Casting: Deirdre Bowen; Design de produção: Carol Spier; Direcção artística: Edward Bonutto, Elinor Rose Galbraith; Decoração:  Sandy Lindstedt (Los Angeles), Peter P. Nicolakakos (Toronto); Guarda-roupa:  Denise Cronenberg; Maquilhagem: Alan D'Angerio, Verity Fiction, Cliona Furey, Susan Reilly LeHane;  Direcção de Produção:  Joseph Boccia, Melissa Girotti, Alice S. Kim, David Siegel;  Assistentes de realização: Jack Boem, Walter Gasparovic, Jesse Daniel Glass, Kristina M. Peterson, Gerrod Shully, Cody Williams;  Departamento de arte: John Bannister, Edward Bonutto, Joe Curtin, Kevin Haeberlin, Don Miloyevich, Alexander Narizni, Thibault Pelletier; Som: Rob Bertola, Nicolas Cantin, Pat Cassin, Julien Gigliotti, Michael O'Farrell; Efeitos visuais: Jon Campfens, Peter Denomme, Beau Parsons, Brent Pate; Companhias de produção: Prospero Pictures, Sentient Entertainment, SBS Productions, Integral Film; Intérpretes: Julianne Moore (Havana Segrand), Mia Wasikowska (Agatha Weiss), John Cusack (Dr. Stafford Weiss), Evan Bird (Benjie Weiss), Olivia Williams (Christina Weiss), Robert Pattinson (Jerome Fontana), Kiara Glasco (Cammy), Sarah Gadon (Clarice Taggart), Dawn Greenhalgh (Genie), Jonathan Watton (Sterl Carruth), Jennifer Gibson, Gord Rand, Justin Kelly, Niamh Wilson, Clara Pasieka, Emilia McCarthy, Allegra Fulton, Domenic Ricci, Jayne Heitmeyer, Sean G Robertson, Ari Cohen, Joe Pingue, Christian Lloyd, Donald Burda, Carrie Fisher, Amanda Brugel, Alden Adair, David Amito, Dan Lett, Sandra Battaglini, Joanne Reece, Chris Anton, George Nickolas K., Joseph Murray, Adrienne Wilson, Murray Furrow, Neil Girvan, Byron Lane, Ramiro Paré, Bruce Wagner, etc.  Duração: 111 minutos; Distribuição em Portugal: NOS Audiovisuais; Classificação etária: M/ 12 anos; Data de estreia em Portugal: 11 de Dezembro de 2014.