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quinta-feira, janeiro 15, 2015

"Manhã Submersa" no Fundão




LAURO ANTÓNIO NO FUNDÃO

O realizador de cinema Lauro António, autor do filme Manhã Submersa, baseado no romance homónimo de Virgílio Ferreira, vai participar na mesa redonda “Fundão Raízes identitárias e representações do espaço urbano” que vai ter lugar, no Fundão, na moagem. Cidade do Engenho e das Artes no próximo sábado, dia 17, a partir das 15 horas. O evento contará também com a participação do jornalista Fernando Paulouro, do professor a UBI Domingos Vaz e do presidente da Câmara do Fundão Paulo Fernandes, moderados por Pedro Miguel Salvado. Recorde-se que "Manhã Submersa", filme que será projectado na sessão, teve no Fundão,e principalmente no seu antigo seminário, a geografia da sua história. Para Pedro Novo, comissário da exposição "Um Destino, Coisa Simples" em que a mesa redonda se enquadra, considera que estas leituras plurais são fundamentais para entender e compreender a “grande diversidade de imagens que o tecido urbano produziu e emite. O Fundão é um dos casos interessantes de ser analisado, pois encontramos representações desde a poesia até à literatura passando pelo cinema. É este diálogo continuado e este cruzar de olhares que queremos associar à mostra”. A exposição vai itinerar a partir de 17 de Janeiro para o Museu dos Lanifícios na Covilhã, Beira Interior, seguindo depois para a Lisboa Roca Gallery em Abril e mais tarde para a Castelo Branco. Estando neste momento a ser acordados novos espaços no território nacional para que possa estar patente até ao final do ano. (nota dos organizadores)

in Jornal do Fundão

terça-feira, novembro 25, 2008

POR TERRAS DO FUNDÃO

No velho seminário do Fundão, com Vergílio Ferreira, em 1979.

NO SEMINÁRIO DO FUNDÃO
NO HOTEL "PRÍNCIPE DAS BEIRAS"

O exterior do seminário no filme "Manhã Submersa" (1980)
A convite do Agrupamento de Escolas da Serra da Gardunha, no Fundão, estive a falar sobre Vergílio Ferreira e a sua (e minha) “Manhã Submersa”. Foi algo de emocionante e único. Passo a explicar a razão:
Vergílio Ferreira escreveu “Manhã Submersa” inspirando-se em muito do que viveu e viu viver a outros no seminário do Fundão, entre 1926-1932. Depois licenciou-se em Filologia Clássica na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (1940). Foi professor de Português e de Latim em várias escolas do país, mas sobretudo em Évora e Lisboa (Camões). Nasceu em Melo, na Serra da Estrela, em 1916, e faleceu em Lisboa, em 1996. A sua escrita começa por ter uma feição neo-realista, de que depois se afastou para enveredar por um caminho mais pessoal, intimista, aproximando-se dos existencialistas, de Malraux sobretudo, e do “nouveau-roman”. Foi, e é, um dos maiores ficcionistas portugueses de sempre, num tipo de narrativa austera e rigorosa que cruzava o romanesco e o filosófico com rara exigência e sedução. O romance “Manhã Submersa” saiu em 1953, e logo por essa altura eu o li, e me impressionou fortemente. Teria eu onze anos ou doze anos. Em 1979, quando pude realizar a minha primeira longa-metragem de ficção, zarpei até Linhares da Beira com uma equipa, de técnicos e actores, para iniciar a rodagem deste filme. Antes, com uma outra equipa, reduzida, quatro pessoas e maquinaria de 16 milímetros, tinha percorrido os caminhos de Vergílio Ferreira adolescente, a sua casa em Melo, onde ainda viviam a mãe e uma tia, o seminário por onde passara, numa curva de estrada próximo do Fundão, e depois a sua casa e jardim em Fontanelas (Sintra), onde discutíamos sobre literatura. O filme, que se chamou “Vergílio Ferreira numa “Manhã Submersa” destinava-se a funcionar como “episódio zero” da mini-série “Manhã Submersa” a emitir na RTP. Assim aconteceu.
Nesse filme, de que não tenho pejo em dizer de que gosto muito, e que julgo um documentário essencial para compreender a obra do escritor, um dos capítulos era composto por um longo périplo de Vergílio Ferreira, percorrendo o espaço já dessacralizado do velho seminário (entretanto já substituído nessa altura por outro, situado não muito longe daquele), onde se procuravam traços da sua antiga existência física e espiritual. Em finais de 1979, o edifício, em ruínas, guardava várias famílias de retornados com os quais Vergílio Ferreira estabelecia conversa, no filme, qual entrevistador de uma cadeia de TV. Depois passeava pelos corredores, a estrada, o quintal, os espaços onde outrora estiveram a capela, a cozinha, as camaratas, as salas de aula… Foi assim que aprendi a geografia e que tentei penetrar no espírito do lugar, que retive para sempre. Depois, sempre que por ali fui passando, lá estava o velho edifico, a ruir…
Desta feita, noventa alunos e muitos professores esperavam por mim para falar sobre “Manhã Submersa”, o filme que tinham visto anteriormente nas suas aulas. Foi emocionante discorrer para aquela plateia que sabe o que é ser professor e aluno, que expandiam a escola para fora do edifício de pedra, que procuravam dar um outro sentido às palavras ensinar e aprender. Falei disso mesmo, da emoção que sentia em estar ali, onde hoje é um hotel (Hotel Príncipe das Beiras), da possibilidade de viver no espaço onde há oitenta anos respirara Vergílio Ferreira, onde se passaram a maioria das peripécias que eu relatava no meu filme. Um hotel? É verdade, um hotel espaçoso, cuidado, de linhas direitas e superfícies brancas e lisas (Siza Vieira a deixar marcas da sua arquitectura um pouco por todo o lado), relativamente bem decorado, com sobriedade. Bons profissionais a tomar conta dele, mas uma negligência espantosa: quase nada de Vergílio Ferreira e do anterior seminário ali é recordado.
A verdade é que raros hotéis possuem a hipótese de se transformarem em objectos de culto, em referências da História e da Cultura portuguesa. Este, que deveria, desde logo, ter sido baptizado com o nome de Vergilio Ferreira, pouco mais faz para relembrar o grande escritor do que reservar-lhe uma sala, a mais distante e discreta, ao lado de outras, bem mais grandiosas, com os nomes de Aquilino Ribeiro, António José Saraiva ou José Nuno Figueiredo. Este hotel que poderia recordar um autor e uma obra impares na cultura portuguesa esconde-se timidamente neste aspecto, talvez com vergonha de ter sido anteriormente seminário, sem uma única foto, uma frase, uma indicação histórica. E tanto se poderia fazer para transformar este belíssimo edifico e este hotel numa jóia que muitos gostariam de visitar para se sentirem no interior de um espaço histórico-literário privilegiado.
Mas foi bom estar ali, ouvir e responder a perguntas de jovens visivelmente curiosos, que tinham feito, sem esforço, o seu trabalho de casa”, jantar depois na cantina da escola com um grupo de professores muito interessantes, cativantes na sua simpatia e na sua devoção. Manuel Abelho e Pedro Rafael distinguiam-se na direcção dos acontecimentos. No dia seguinte continuámos a jornada, por aldeias históricas, e, pela noite fora, numa tertúlia à procura do valor da palavra em Castelo Novo. (A seguir)

Imagens actuais do hotel "Príncipe das Beiras", no antigo seminário do Fundão.

ver mais em Agrupamento de Escolas da Serra da Gardunha

FALAR DE VERGÍLIO FERREIRA
NO FUNDÃO

quinta-feira, novembro 20, 2008

FIM DE SEMANA PELO FUNDÃO

Sábado, dia 22 de Novembro de 2008
em Castelo Novo



Sexta -feira, dia 21 de Novembro de 2008
no Fundão