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quinta-feira, janeiro 15, 2015

"Manhã Submersa" no Fundão




LAURO ANTÓNIO NO FUNDÃO

O realizador de cinema Lauro António, autor do filme Manhã Submersa, baseado no romance homónimo de Virgílio Ferreira, vai participar na mesa redonda “Fundão Raízes identitárias e representações do espaço urbano” que vai ter lugar, no Fundão, na moagem. Cidade do Engenho e das Artes no próximo sábado, dia 17, a partir das 15 horas. O evento contará também com a participação do jornalista Fernando Paulouro, do professor a UBI Domingos Vaz e do presidente da Câmara do Fundão Paulo Fernandes, moderados por Pedro Miguel Salvado. Recorde-se que "Manhã Submersa", filme que será projectado na sessão, teve no Fundão,e principalmente no seu antigo seminário, a geografia da sua história. Para Pedro Novo, comissário da exposição "Um Destino, Coisa Simples" em que a mesa redonda se enquadra, considera que estas leituras plurais são fundamentais para entender e compreender a “grande diversidade de imagens que o tecido urbano produziu e emite. O Fundão é um dos casos interessantes de ser analisado, pois encontramos representações desde a poesia até à literatura passando pelo cinema. É este diálogo continuado e este cruzar de olhares que queremos associar à mostra”. A exposição vai itinerar a partir de 17 de Janeiro para o Museu dos Lanifícios na Covilhã, Beira Interior, seguindo depois para a Lisboa Roca Gallery em Abril e mais tarde para a Castelo Branco. Estando neste momento a ser acordados novos espaços no território nacional para que possa estar patente até ao final do ano. (nota dos organizadores)

in Jornal do Fundão

quarta-feira, setembro 04, 2013

Valter Hugo Mãe fala de "Manhã Submersa"


Autobiografia imaginária / Valter Hugo Mãe
Manhã Submersa


Vergílio Ferreira precisava de ser ressuscitado. Mesmo que muitos me digam que ele nem era simpático, andava de cara fechada, reagia pouco bem aos leitores, era severo, um daqueles cidadãos de antigamente cheios de infernos para se culpar e culpar os outros. O Vergílio Ferreira, ainda que difícil de aturar, precisava de ficar vivo e escrever sempre mais para traduzir o intraduzível de que tantas vezes dependemos. Essas máquinas todas sofisticadas que o mundo já tem são muito tolas se não servem para eternizar a vida de alguém. E não me venham dizer que os escritores são eternos, porque os livros do Vergílio Ferreira nunca estiveram tão bonitos [Quetzal] e não me parece que muita gente lhes esteja a pegar. Deve andar tudo maluco. Também urge ir pelas ruas mandar para a cadeia todos quantos não leem Vergílio Ferreira.
Sou a favor de cadeias para crimes de desperdício de maravilha. Quem tem acesso à maravilha e a despreza não pode reclamar da falta de amores, da falta de felicidade.
Volto sempre ao Manhã Submersa. Passei um tempo em estadias breves num seminário de Famalicão, nunca fui forçado a nada, mas tive muito da tentação inexplicável de me sacrificar, abdicar de mim para cumprir uma função exclusivamente dedicada aos outros. Não era uma ideia burra, era apenas uma ideia exagerada. Achava que estar vivo efetivamente me obrigava, e achava que podei pensar e sentir acerca da miséria alheia me condenava à necessidade de intervir. Não poderia ser outra coisa senão um missionário.
Ainda vivi naquele Portugal de casas frias, as poucas cores, os adultos tristes, cansados, pobres, a esperança inteira e tão mal fundada na graça divina. Lembro-me bem da beatitude em meu redor, a senhoria tão religiosa, as tias, a família muito grande, a minha ingenuidade. Eu era um rapaz perfeito para a virtude. Tantas vezes me disseram que haveria de crescer para padre, com a fé toda e a vida resolvida de trabalho, teto e comida. Tinha um medo profundo do que pudesse ser o futuro. Sentia que crescer era ir ao contrário da vontade ou das coisas
naturais.
Hoje estive a rever o filme do Lauro António e poucos filmes me fascinam e magoam tanto quanto este. A sua plasticidade austera, o severo das personagens, a música desoladora e bela,
tudo me impressiona. Compadeço-me com ver o rapaz, sempre a honra da família nas mãos, completamente encurralado pela candura, esforçando-se para aceitar um destino avesso.
Lembro- me de ler pela primeira vez o livro do Vergílio Ferreira e de tentar não dar um rosto ao miúdo, nem que fosse o meu. Tinha-Ihe muita compaixão e sentia-me intimidado. De algum modo, não arranjava coragem para o conhecer ou nunca teria coragem para pensar que poderia ser eu. Compreendia tão bem porque cada coisa lhe acontecia, eram-me tão inteligíveis as suas razões e a sua tristeza que não podia chegar demasiado perto, para não tomar a ficção por realidade.
O Lauro António deu um rosto ao miúdo e podia ser que me salvasse definitivamente de me confundir com ele. Mas há qualquer coisa na maneira como a memória fica que se vai apoderando das diferenças e dizendo que elas são apenas aparentes. Com a idade, sobretudo no que diz respeito à infância, as coisas revelam -se- nos e quase. sempre correspondem às nossas mais estranhas e inconfessáveis ideias. Eu sei que parte de mim deveria andar missionária em África. Isso nunca ninguém me apagará da consciência. Por outro lado, o ser um bocado lingrinhas e dado a dores de cabeça e todo ocupado com livros e histórias não promete muito um missionário. Provavelmente, ao fim de um mês, estaria com os paludismos todos e o calor demasiado esmaga-me o cérebro, e ia faltar-me a mordomia das casas que temos, o café, a roupa da Zara, a estreia de outro filme, os livros.
O que queria dizer era que o Lauro António também devia ser acusado de crime contra o desperdício da maravilha. Isto porque ficou grandemente pelo Manhã Submersa e O Vestido
Cor de Fogo. Um homem que faz destes filmes não pode esquecer-se. Havia de haver escolas verdadeiras. Daquelas públicas que pudessem continuar a ser públicas, para toda a gente, integradoras, generosas, onde se ensinassem as pessoas exatamente para a maravilha. E, depois, havia toda a gente se pôr a ler o livro e a ver o filme. A tirar notas, fazer testes sobre
isso como quem gosta de fazer testes, porque estudar ia ser perfeito. Era fundamental que pensássemos acerca daquela realidade e que pensássemos acerca de como um livro e um filme podem ser tão intensos e guardar dentro partes de gente como para sempre vivas, vigentes, com sentido.
O Vergílio Ferreira não estou a ver quem ressuscite. Resta ler. O Lauro António, desnecessitado de ressurreições, há que consciencializar-se das suas obrigações. Que isto de filmar como filma não lhe dá o direito de recusar-se a voltar ao grande cinema. Depois de Ferreira e Sena, José Cardoso Pires ou Urbano Tavares Rodrigues ficariam muito lindos.


In “Jornal de Letras”, 4 de Setembro de 2013

segunda-feira, julho 30, 2012

PARA A EUNICE

FAZ HOJE 84 ANOS
Parabéns e obrigado por tudo quanto nos tem dado. 
A mim, o privilégio de ter estado ao seu lado. 
Aqui em "Manhã Submersa", a demonstrar que sabe mais de olhos fechados
 que tantos outros com eles bem abertos.  
Um beijo, Eunice, e volte depressa.

quinta-feira, maio 31, 2012

"MANHÃ SUBMERSA" EM CERVEIRA

Vão comer a "Manhã Submersa"
em Vila Nova de Cerveira, 
durante as "Curtas de Gastronomia",
na noite do dia 8 de Junho. 

sábado, novembro 05, 2011

JÚRI NO FEST'A FILM, Montpellier, França


Altura ainda para apresentar algumas obras minhas, entre as quais "Manhã Submersa". 
Depois conto como foi.

quarta-feira, março 30, 2011

"MANHÃ SUBMERSA", HOJE NO LICEU CAMÕES

 : 

"MANHÃ SUBMERSA"
hoje, a partir das 15 h, no liceu Camões

Numa iniciativa do ABC Cine Clube de Lisboa, será apresentado hoje, dia 31 de Março, a partir das 15 horas, no antigo liceu Camões, o filme "Manhã Submersa". A exibição integra-se num ciclo dedicado a filmes adaptados de obras literárias de antigos professores deste liceu, onde, no caso vertente, Vergílio Ferreira leccionou. A projecção será seguida de debate com o realizador.

 

sexta-feira, outubro 08, 2010

MANHÃ SUBMERSA: 30 ANOS DEPOIS

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"MANHÃ SUBMERSA" NO HERMAN 2010

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NO CENÁRIO DE "HERMAN 2010" NO PROGRAMA A IR PARA O AR NO SÁBADO, 9

com Eunice Muñoz, Herman José e João Gil
onde se fala dos "30 anos de "Manhã Submersa"
a exibir a 12 de Outubro, no Teatro da Trindade,
com entrada livre para o público

domingo, setembro 12, 2010

MANHÃ SUBMERSA: 30 ANOS DEPOIS

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30 ANOS DE "MANHÃ SUBMERSA"
50 ANOS DE CARREIRA DE LAURO ANTÓNIO
OUTUBRO NO TEATRO DA TRINDADE (LISBOA)
:
A "Manhã Submersa" estreou em Outubro de 1980. Faz em Outubro deste ano 30 anos. O Teatro da Trindade lembrou-se da efeméride e resolveu assinalá-la, bem assim como os 50 anos de carreira do seu autor (comecei a escrever, e a receber pelo que escrevia, pouquinho é certo, em 1960, tinha então 18 anos), A 12 de Outubro principiam as comemorações, exibição de filme e inauguração de exposição, e início de uma retrospectiva. Tudo para se ir vendo no FB que o Comissário da Exposição lhe dedicou AQUI.

sábado, junho 27, 2009

"casadeosso" ESCOLHE, EU AGRADEÇO

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Descobri no blogue "casadeosso", de walter hugo mãe,
esta bonita homenagem a um filme.
No que me toca agradeço.
uma escolha sem hesitações


o clube de cinema oito e meio - póvoa de varzim - organiza uma exposição colectiva para a qual convidaram alguns artistas e amigos a interpretarem plasticamente um filme que os tenha marcado. eu escolhi a «manhã submersa» do lauro antónio, que foi criado suportado no livro de vergílio ferreira. o meu trabalho é o que vêem acima. não sou artista plástico, de todo, esforço-me de boa vontade para fazer o melhor que possa e, tendo sido convidado, quis muito homenagear um filme que me impressiona. um filme português - como alguns outros - que me impressiona de facto, pelo retrato claustrofóbico de um país que, aqui e acolá, ainda tende a guardar-se do tempo, como medo de amadurecer. é uma vergonha não pintar melhor, mas a homenagem é sincera.aqui podem encontrar

terça-feira, dezembro 09, 2008

UMA VISÃO DA "MANHÃ SUBMERSA"


Num blogue que visito, mas que nunca tinha párado no dia 25-05-2008, descobri agora uma referência ao meu filme "Manhã Submersa". Aqui a recordo, com agrado, obviamente. Um obrigado ao Tonino, sabendo eu que estas coisas nao se agradecem.

o meu jugo é suave
Os insondáveis desígnios de Deus. Esta é a oração, frequente, melhor, a principal justificação para a forte conduta repressiva, sempre em nome de Deus, da Igreja. Ao rever passados tantos anos o filme "Manhã Submersa" (Lauro António, 1980 – adaptação do romance homónimo de Vergílio Ferreira) surpreendi-me pelo que foi a minha própria educação católica. Embora não num seminário, como no filme, e a tão relativa pouca distância, a educação católica e os princípios morais que me deram a conhecer, tinha eu idade aproximada da personagem central do filme, são idênticas às que os Senhores Eclesiásticos nos transmitiam na Igreja, nos campos de férias, na catequese, nos dias em que passei por aquela altura na paróquia. Lembro-me bem do padre, do Sr. Padre, e dos fortes princípios morais que procurava transmitir, incutir nos nossos pensamentos, nos nossos actos e nas nossas omissões (confesso que sem sucesso - nunca acreditei nele). Lembro-me bem de um episódio, após mais um campo de férias, em que o Sr. Padre nos juntou para uma purgação conjunta do que tinha acontecido naquele último campo. Um a um todos foram afirmando o que achavam, chegada a minha vez referi que o campo serviu só para uma coisa: para dar uns beijos, estavam todos ali para isso, a redenção dos nossos pecados passava por isso, por encontrar a rapariga certa para o beijo certo, para os bailes de garagem seguintes e para pouco mais. Claro, o Sr. Padre não gostou, paciência, ele próprio daria uns beijos com uma senhora que lhe tombava aos pés e que logo lhe levantava as saias (nas famigeradas caminhadas e retiros espirituais). O filme "Manhã Submersa" é um filme triste, muito triste. E belo, muito belo. É uma obra poderosa, que remonta à nossa infância, à infância dos homens da minha geração, do nosso país, a uma época de repressão, de fortes desigualdades sociais, de pobreza, de austeridade, principalmente para quem teve, como eu, uma forte vivência na província. Lembro-me bem de quando chegava era recebido como um estranho, tudo porque era do Porto, de uma “grande metrópole”. Lembro-me bem das minhas tias, todas solteiras, que me tratavam com tal honra que era chamado pelos outros como o reizinho, o menino rei, o menino (bom, eu era, na altura, filho único, neto único, sobrinho único; confesso, fui mimado, por isso o sou ainda). E a Igreja sempre presente. Sempre a repressão por tudo que era a descoberta de uma vida feliz. O alcande para a felicidade apregoada pela Igreja passava pela obediência, pela asfixia dos sentimentos, pelo desapego que nos incutiam a ter os nossos próprios desejos, pela renúncia a uma existência alegre, tudo em nome de Deus, para o caminho de uma vida sem pecado. Haja paciência, nunca a tive, cedo desisti dessa vida dedicada a Deus. Não de Deus, esse continua presente. Como dizia Jesus: “O meu jugo é suave”. E é desse jugo que eu gosto, em que eu acredito.
Publicada por toninho em 10:01:00

terça-feira, novembro 25, 2008

POR TERRAS DO FUNDÃO

No velho seminário do Fundão, com Vergílio Ferreira, em 1979.

NO SEMINÁRIO DO FUNDÃO
NO HOTEL "PRÍNCIPE DAS BEIRAS"

O exterior do seminário no filme "Manhã Submersa" (1980)
A convite do Agrupamento de Escolas da Serra da Gardunha, no Fundão, estive a falar sobre Vergílio Ferreira e a sua (e minha) “Manhã Submersa”. Foi algo de emocionante e único. Passo a explicar a razão:
Vergílio Ferreira escreveu “Manhã Submersa” inspirando-se em muito do que viveu e viu viver a outros no seminário do Fundão, entre 1926-1932. Depois licenciou-se em Filologia Clássica na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (1940). Foi professor de Português e de Latim em várias escolas do país, mas sobretudo em Évora e Lisboa (Camões). Nasceu em Melo, na Serra da Estrela, em 1916, e faleceu em Lisboa, em 1996. A sua escrita começa por ter uma feição neo-realista, de que depois se afastou para enveredar por um caminho mais pessoal, intimista, aproximando-se dos existencialistas, de Malraux sobretudo, e do “nouveau-roman”. Foi, e é, um dos maiores ficcionistas portugueses de sempre, num tipo de narrativa austera e rigorosa que cruzava o romanesco e o filosófico com rara exigência e sedução. O romance “Manhã Submersa” saiu em 1953, e logo por essa altura eu o li, e me impressionou fortemente. Teria eu onze anos ou doze anos. Em 1979, quando pude realizar a minha primeira longa-metragem de ficção, zarpei até Linhares da Beira com uma equipa, de técnicos e actores, para iniciar a rodagem deste filme. Antes, com uma outra equipa, reduzida, quatro pessoas e maquinaria de 16 milímetros, tinha percorrido os caminhos de Vergílio Ferreira adolescente, a sua casa em Melo, onde ainda viviam a mãe e uma tia, o seminário por onde passara, numa curva de estrada próximo do Fundão, e depois a sua casa e jardim em Fontanelas (Sintra), onde discutíamos sobre literatura. O filme, que se chamou “Vergílio Ferreira numa “Manhã Submersa” destinava-se a funcionar como “episódio zero” da mini-série “Manhã Submersa” a emitir na RTP. Assim aconteceu.
Nesse filme, de que não tenho pejo em dizer de que gosto muito, e que julgo um documentário essencial para compreender a obra do escritor, um dos capítulos era composto por um longo périplo de Vergílio Ferreira, percorrendo o espaço já dessacralizado do velho seminário (entretanto já substituído nessa altura por outro, situado não muito longe daquele), onde se procuravam traços da sua antiga existência física e espiritual. Em finais de 1979, o edifício, em ruínas, guardava várias famílias de retornados com os quais Vergílio Ferreira estabelecia conversa, no filme, qual entrevistador de uma cadeia de TV. Depois passeava pelos corredores, a estrada, o quintal, os espaços onde outrora estiveram a capela, a cozinha, as camaratas, as salas de aula… Foi assim que aprendi a geografia e que tentei penetrar no espírito do lugar, que retive para sempre. Depois, sempre que por ali fui passando, lá estava o velho edifico, a ruir…
Desta feita, noventa alunos e muitos professores esperavam por mim para falar sobre “Manhã Submersa”, o filme que tinham visto anteriormente nas suas aulas. Foi emocionante discorrer para aquela plateia que sabe o que é ser professor e aluno, que expandiam a escola para fora do edifício de pedra, que procuravam dar um outro sentido às palavras ensinar e aprender. Falei disso mesmo, da emoção que sentia em estar ali, onde hoje é um hotel (Hotel Príncipe das Beiras), da possibilidade de viver no espaço onde há oitenta anos respirara Vergílio Ferreira, onde se passaram a maioria das peripécias que eu relatava no meu filme. Um hotel? É verdade, um hotel espaçoso, cuidado, de linhas direitas e superfícies brancas e lisas (Siza Vieira a deixar marcas da sua arquitectura um pouco por todo o lado), relativamente bem decorado, com sobriedade. Bons profissionais a tomar conta dele, mas uma negligência espantosa: quase nada de Vergílio Ferreira e do anterior seminário ali é recordado.
A verdade é que raros hotéis possuem a hipótese de se transformarem em objectos de culto, em referências da História e da Cultura portuguesa. Este, que deveria, desde logo, ter sido baptizado com o nome de Vergilio Ferreira, pouco mais faz para relembrar o grande escritor do que reservar-lhe uma sala, a mais distante e discreta, ao lado de outras, bem mais grandiosas, com os nomes de Aquilino Ribeiro, António José Saraiva ou José Nuno Figueiredo. Este hotel que poderia recordar um autor e uma obra impares na cultura portuguesa esconde-se timidamente neste aspecto, talvez com vergonha de ter sido anteriormente seminário, sem uma única foto, uma frase, uma indicação histórica. E tanto se poderia fazer para transformar este belíssimo edifico e este hotel numa jóia que muitos gostariam de visitar para se sentirem no interior de um espaço histórico-literário privilegiado.
Mas foi bom estar ali, ouvir e responder a perguntas de jovens visivelmente curiosos, que tinham feito, sem esforço, o seu trabalho de casa”, jantar depois na cantina da escola com um grupo de professores muito interessantes, cativantes na sua simpatia e na sua devoção. Manuel Abelho e Pedro Rafael distinguiam-se na direcção dos acontecimentos. No dia seguinte continuámos a jornada, por aldeias históricas, e, pela noite fora, numa tertúlia à procura do valor da palavra em Castelo Novo. (A seguir)

Imagens actuais do hotel "Príncipe das Beiras", no antigo seminário do Fundão.

ver mais em Agrupamento de Escolas da Serra da Gardunha

FALAR DE VERGÍLIO FERREIRA
NO FUNDÃO