sexta-feira, setembro 15, 2006

UM FILME EM DEBATE

"Angel-A"
De repente, "Angel-A", de Luc Besson, apareceu em grande nos blogs portugueses. Alguns textos:
No "Divas e Contrabaixos", surge um bom texto de Maria do Rosário Fardilha. Não vi ainda o filme, não acredito que tenha o mesmo entusiasmo (Luc Besson não é realizador da minha especial preferência, faz sempre o filme que outros já fizeram, mas a um nível abaixo, o que é sempre frustrante. Este "cheira-me" que é Wim Wenders, sem o golpe de asa). Acontece que o texto da "Diva" é bom, inteligente, bem escrito. Vale a pena espreitar.
No "Ante e Post", um blog colectivo muito desequilibrado (*) (tem vindo a piorar, o Verão foi nefasto!), onde o mau gosto e o oportunismo mais rafeiro se cruzam com bons textos, inteligentes e coisas divertidas, uma referência da Lilly Rose merece igualmente reflexão. Esta Lilly Rose (que, há dias, assinara um belo texto neste blog, sobre "ser portuguesa", e que tem novo blog seu, "Antes que me Deite II", para deleite dos muitos fãs da sua sensualidade forte, onde dá livre curso às suas fantasias com alguma subtileza e uma evidente envolvência) não fala tanto do filme mas da procura de "anjos franceses". que a sobressaltam, quero quer.
Este texto, intimista, "inspirou-me" um comentáro que aqui transcrevo:

"Não será retirar-te valor, nem ao teu belo post, mas já agora aproveito para referir um texto, num outro blog, sobre este filme, que me parece interessante: http://www.divasecontrabaixos.blogspot.com/ Vale a pena ler. Eu não sou um apaixonado por Luc Besson, um francês muito americanizado, muito comercialão, mas com talento. O teu texto é bonito, e espero que encontres o teu "anjo francês", se ainda o não encontraste. E tens razão: há muitos falsos anjos só com pele deles, mas alma de puta. Já é muito mais dificil encontrar putas com almas de anjo, mas não se deve perder a esperança. E não acredito que apareçam só em França. Nem em Berlim. Mas tu lá sabes onde os procuras. Os anjos não se procuram, porém. Encontram-se. E quando assim acontece, guardam-se num cantinho que muitos (deveriam ser todos) temos no coração. Um cantinho quente e confortável, onde o anjo se aconchega e se sente bem. Mas não é preciso só encontrar anjos. É preciso estar "disponível" para os receber no seu coração. Ou seja: "ser" anjo para "ver" os anjos. Só os anjos descobrem os seus semelhantes. Por isso tanto gente os procura e os não descobre. Talvez porque não está preparada, não tem o cantinho no coração aberto a essa descoberta, não tem os olhos abertos para o mistério que é ser-se anjo. E há tantas formas de se ser anjo e tanta maneira de os ver. Beijos, de anjo para anjo.:) Quem dera!
Colocado por: Lauro António setembro 15, 2006 01:33 AM
POST_POST
(*) Por lapso, tinha saído "desiquilibrado". Normalmente escrevo estes posts em directo, no local da postagem, por vezes altas horas da noite, e é vulgar surgirem lapsos. De resto, não sou perfeito, nem anjo, nem nunca me arvorei em tal. E sempre dei erros de ortografia (o que deixava muito triste a minha querida avó Júlia, professora). Mas como houve uma alma caridosa que salientou o facto, apressei-me a rectificá-lo para não difundir, entre outros, "erros meus, má forrtuna." (ver comentários rápidos). Acontece que sei aceitar falhas próprias, o que pelos vistos não acontece com os satisfeitinhos consigo próprios, que não toleram críticas, que se sentem felizes com o que fazem, que se divertem muito com o disparate inconsequente, que julgam os outros por si próprios (orgulho-me muito se tiver 10 leitores, não me orgulharia nada de ter 3.000 se os tivesse, vendendo a alma ao demónio, para me manter no território dos anjos e dos demónios - por isso não ando a postar opiniões noutros blogs para ser visitado, prática de bajulice sistemática em certos dominios da blogosfera). E é verdade: a minha mãe nunca me previniu contra bloguistas. Não precisou. Sei prevenir-me por mim próprio.
Para terminar com esta polémica que nunca deveria ter sido, que nunca desejei: referi que o citado blog era muito desiquilibrado (emendei depois para desequilibrado). Se calhar, tenho de emendar algo mais: é mesmo muito equilibrado: merecem-se todos uns aos outros. Será? A verdade é que alguns que eu considerava em bom plano só me dão desilusões. Outros, mantêm-se ao nível habitual. O que é triste, o que me levou ao comentário inicial, é que globalmente este blog nao é escrito por inconsientes incultos. Não conheço pessoalmente os seus membros, mas tudo o que escrevem denota um nível cultural acima da média. Infelizmente, por vezes desbaratam esse capital, num puro "divertimento", no mínimo muito discutível, que deixa bastante a desejar. Como só mandam beijinhos e felicitações uns aos outros, haver uma voz de fora a chamar a atenção para este desperdício de talento, podia ser um alerta bem vindo. Afinal em certos campos da blogosfera seduz-se para se ser seduzido, em circuito fechado (fechado ou aberto, isso é outra questão, e deve haver para todos os gostos!). É o "toma lá beijinhos e dá cá beijinhos", "que bem que escreves!", "que lindo post!", tudo em superlativo. Em hipocrisia (depois criticam-se pelas costas e devoram-se em invejas - ando cá há três meses, mas já deu para perceber). Há quem queira uma blogosfera portuguesa assim. Assim seja. Amem.
Por mim, o caso está encerrado. Há mais anjos no céu. Alguns devem ser verdadeiros.

8 comentários:

aNa disse...

para quem é tão lesto a criticar e adjectivar as palavras dos outros, deveria ter mais cuidado com a ortografia. "desiquilibrado"?
na verdade, somos um pouco desequilibrados e não nos levamos nada a sério, o que faz com que nos divertamos imenso!
aNa
(colaboradora do Ante&Post)

Anónimo disse...

Não percebi o objectivo deste post.
Falar de Luc Besson, do "oportunista" Ante et Post, do post da Lilly Rose ou foi para deixar aqui, uma vez mais, o seu comentário feito no referido post?

Anónimo disse...

Ó Lauro... e eu que o tinha em tão boa conta! Bem me dizia a minha mãe que não devia nunca confiar em críticos de cinema... é que classificar o ante como um blog oportunista e de mau gosto rafeiro faz com que me sinta como o Spielberg antes de ter sido reconhecido com um Óscar (ou será Oscar?)

Cumprimentos e salamaleques

PreDatado disse...

Caro Sr. Lauro António

Eu cá sou fã de polémicas, muito mais do que de Besson ou de que de alguns críticos de Besson. Mas não foi por isso que decidi comentar o seu post. Eu vim aqui pura e simplesmente bajulá-lo. Naquele estilo de que, se eu comentar no seu blog, uma vez que é uma pessoa importante, vou logo ter muitos comentadores a correrem atrás do meu blog, assim como que uma mão cheia. Chama-se a isto dar e levar. O que demonstra algum equilíbrio. Ou não fosse eu um pagador de promessas. Pago sempre as Graças recebidas. A minha mãe sempre me disse que isso era uma questão de equilíbrio. Por essa razão não me senti nada tocado pelo seu epíteto ao blog em que colaboro. Apesar do que escrevi, que me parece suficiente, reforço a ideia de que não sou avesso a críticas negativas. Todavia, por uma questão de equilíbrio, tal como o senhor costuma fundamentar as suas críticas cinematográficas (mesmo neste post o fez, embora que superficialmente, a Luc Besson), poderia ter dado umas dicazinhas aqui à malta sobre o que gosta menos ou lhe desagrada mais no nosso blog. Até porque o Verão (horribilis) já passou e a gente (na parte que me toca) com a cabeça agora um pouco mais fria produziríamos qualquer coisinha do seu agrado.


PS. Embora por questão de sign-on aqui apareça a identificação do meu blog pessoal, este comentário é feito em nome do PreDatado, autor de alguns, desequilibradíssimos, textos do Ante & Post

Anónimo disse...

Oh Sr. Predatado, não se preocupe. Por mim dei por terminada esta troca de galhardetes. Vocês estão todos muito bem, uns para os outros. Não dão erros de ortografia, nem têm lapsos (só quando calha). São uma espécie de "Floribela" para adultos. Com sal e pimenta. Grandes audiências, grandes seduções. O triunfo! Que mais podem querer?
Se não percebem, também não vale a pena explicar. E quem sou eu para o fazer? Vocês sabem todos muito bem ao que andam. Eu também. Andamos é em caminhos paralelos. LA
PS: Não me tragam mais leitores, por favor, ao postar aqui. É que já não tenho mãos a medir. Isto de passar de 10 para 3.000 é demais.
Um segredo só para si: por acaso, quando disse que o blog era desequilibrado, era porque achava que alguns bloguistas eram interessantes. O prédatado era um deles. Havia mais dois ou três que gostava de ler. Mas até quem eu gostava mais me desilude. Esta vida são só tristezas. Nem o Sporting deixa de ser perseguido. Agora até os lampiões emprestaram a mão de Vata do Paços de Ferreira.
LA

PreDatado disse...

Não se desiluda, meu caro sr. Lauro António. É que eu também sou lampião e sempre fico feliz quando os meus amigos (e outros que não o sejam) lagartos ficam no final do jogo a chamar gatuno ao árbitro. Sabe, só para si, também um segredo: fico a rir baixinho.
Um abraço.
Pre

JorgeMorais disse...

Bolas, já nem se pode brincar com o Sporting... :-(

O blog é realmente desequilibrado, muito por culpa de um factor: não escrevemos com uma estratégia comum, cada um sabe de si, e foi nesse espírito que o blog nasceu. Daí que não seja possível encontrar um daqueles blogs interessantes em que a diversidade é pensada, como os blogs políticos onde existem elementos de todas as cores, ou blogs de apenas um determinado sector da sociedade. No ante et post somos todos realmente diferentes, não porque isso seja um objectivo estratégico, mas porque tal é consequência directa da diversidade humana. Mudar isso, para reequilibrar o blog, seria matá-lo de vez. E como não temos qualquer objectivo que não seja escrever o que nos apetece em cada momento, muitas vezes completamente diferentes porque a nossa disposição é diferente (por exemplo, os meus posts dos dois últimos sábados são completamente diferentes, um mais pessoal, outro uma provocação assumida - aproveito para pedir desculpas ao Chico Buarque pela referência à sua música "Meu caro amigo", também ela provocatória). E garanto que tal não se tratou de qualquer oportunismo barato, apenas estados diferentes de espírito.

E, não querendo desrespeitar os leitores do blog, posso contrapor com outra hipótese: será que devemos escrever o que os leitores esperam de nós, apenas porque estão habituados a determinado registo? Deveremos ser prisioneiros do gosto dos nossos leitores. Estaremos proibidos de variar de tema e até de estilo? Parece-me que já há demasiadas "Margaridas Rebelo Pinto" na praça. Se é para escrever sempre no mesmo estilo, não contem comigo.

Aproveito, pelo sim pelo não, para avisar que, por motivos pessoais, não vou poder escrever muito no blog, pelo que talvez o blog se reequilibre. ;-)

Lauro António disse...

Não calculava que um simples comentário sobre um blog, em que sublinhava aspectos positivos e outros negativos (tudo segundo a minha óptica, obviamente subjectiva, valendo tanto como qualquer outra), fosse desencadear uma tal onda de protestos dos seus colaboradores. Mantenho tudo o que disse então, e agora acrescento mais, servindo-me das palavras do Jorge Morais: “Deveremos ser prisioneiros do gosto dos nossos leitores. Estaremos proibidos de variar de tema e até de estilo? Parece-me que já há demasiadas "Margaridas Rebelo Pinto" na praça. Se é para escrever sempre no mesmo estilo, não contem comigo.”
A questão é mesmo essa: escrita fácil já há muita. Ir ao encontro do que os leitores querem ler, ver, ouvir, unicamente para ter muitos leitores, é o tal oportunismo barato de que falava. O mau gosto são algumas dezenas de fotos que me escuso de referir, porque vocês sabem. Ora, por que razão me referi eu a esse blog e não a milhares de outros muito piores, e até com muito maior audiência? Precisamente porque o vosso blog tem todas as condições para ser um bom blog, e desperdiça-as muitas vezes. Quase todos os colaboradores (que desconheço por completo, a não ser pelo que escrevem) demonstram cultura acima da média, inteligência, algumas vezes sentido de humor, sentido crítico, ás vezes bom gosto (outras não), etc. Mas muitas vezes malbaratam essas qualidades em textos e iconografia que os não merecem. Obviamente que me dizem: quer dirigir o que escrevemos? Era o que faltava. Quer que tudo o que escrevemos seja altamente cultural, intelectual, formativo, informativo, etc? Então e a diversão? Pois, a diversão depende do que cada um acha que é diversão. Um atirador furtivo vai para uma janela “divertir-se” a acertar nas pessoas que passam. O austríaco que aprisionou a mocinha deve “ter-se divertido” muito. A mocinha terá tido momentos em que julgava “divertir-se”. Qualquer nosso acto é um acto “cultural”, seja de pura diversão ou deliberadamente cultural. Assim como é um acto “político”. Nada do que fazemos é gratuito. Apenas mais um exemplo: um homem inteligente (e simpático até, apesar daquele cachecol vermelho ), que dá pelo nome de Prédatado, escreveu há dias aqui uma frase de que não se deu conta do que estava a dizer certamente. “É que eu também sou lampião, disse ele, e sempre fico feliz quando os meus amigos (e outros que não o sejam) lagartos ficam no final do jogo a chamar gatuno ao árbitro. Sabe, só para si, também um segredo: fico a rir baixinho.” Isto é de uma gravidade total. É sobre futebol, é! Mas o futebol é exemplo para milhões de pessoas. Um individuo que “ri baixinho” e o escreve e o assume publicamente, quando horas antes se tinham dado vários atentados à verdade, á justiça, à legalidade, que devemos pensar? Eu sou sportinguista ferrenho, mas se o que aconteceu ao Sporting tivesse acontecido ao Benfica, ao Porto ou ao Beira Mar (veja-se o “roubo” da semana anterior, e eu tomei partido), se fosse chamado a intervir teria dito precisamente o que digo em relação ao que se passou este fim de semana em Alvalade: um atentado a todos os valores por que nos devemos bater. Os risinhos são legítimos. Eu não me ri, gargalhei com os 3-0 do Boavista e os 7-1 do Sporting. Mas não quando estão em causa roubos, canalhices e outras javardices em que se afunda o futebol em Portugal. Os benfiquistas podem ri dos 6-3, quando têm um inspirado João Pinto. Não podem rir, nem sequer baixinho, quando assistem à total inversão de valores como o que se viu em Alvalade. Uma coisa é a saudável rivalidade, inventar graças com graças. Outra é ir para as bancadas, em claque, gritar grosserias para os adversários. Não pactuo com isso em nenhum estádio. Nem em Alvalade. Sobretudo em Alvalade, onde está a minha família clubista. A vida não é a branco e preto. Tem muitas cores. Muitas nuances. Era bom pensar duas vezes antes de escrever. As coisas tornam-se muito mais “equilibradas”.
De todas as formas, um abraço para a equipa do Ante_Post onde já percebi que há algumas zonas verdes. E o verde é esperança. LA

PS - Olhe que você equilibra, em vez de desiquilibrar. E afinal acho que esta troca de ideias até pode ser interessante para todos nós. Tudo o que faça pensar, ajuda. LA