quarta-feira, janeiro 10, 2007

CINEMA - Agente OSS 117



AGENTE OSS 117

Jean Bruce, pseudónimo de Jean Brochet, nascido em 1921, foi um popular escritor francês de romances de espionagem. Em 1949 criou uma personagem que haveria de se tornar célebre, um agente de nome Hubert Bonisseur de la Bath, mais conhecido por OSS 117. Escreveu 75 romances com este protagonista e morreu a 27 de Março de 1963, em Paris, num acidente de automóvel, um mês depois do início da rodagem de “OSS 117 se Déchaîne”. Após a sua morte, a personagem não desapareceu. A sua mulher, Josette Bruce, agarrou no agente e escreveu mais 143 romances com OSS 117 como figura principal, entre 1966 e 1985. Em 1987, os filhos de Jean Bruce, François Bruce e Martine Bruce retomam em mão o negócio familiar e acrescentam mais 24 títulos à personagem. 252 romances com base numa figura é coisa de que poucas se podem gabar.

Jean Bruce

Em 1956, surge a primeira adaptação de um romance da série OSS 117: “O.S.S. 117 n'est pas Mort”, uma realização de Jean Sacha, com Ivan Desny na composição de Hubert Bonisseur de La Bath, OSS 117, ao lado de Magali Noël, Anne Carrère, Yves Vincent e Danik Patisson. Em 1963, aparece “OSS 117 se déchaîne”, com direcção de André Hunebelle e interpretação de Kerwin Mathews (Hubert Bonisseur de La Bath, OSS 117), e ainda Nadia Sanders, Irina Demick e Henri-Jacques Huet. “Banco à Bangkok pour OSS 117”, de 1964, volta a ser dirigido por André Hunebelle, com Kerwin Mathews no protagonista, acompanhado por Robert Hossein, Pier Angeli e Dominique Wilms. O último OSS 117 a ser dirigido por André Hunebelle foi “Furia à Bahia pour OSS 117”, em 1965, agora com Frederick Stafford na composição de Hubert Bonnisseur de la Bath, num elenco onde surgia ainda Mylène Demongeot, Raymond Pellegrin, Perrette Pradier e Annie Anderson.

Michel Boisrond foi o realizador seguinte, em “Atout coeur à Tokyo pour O.S.S. 117, de 1966, de novo com Frederick Stafford, e Marina Vlady, Henri Serre, Colin Drake, Jitsuko Yoshimura.
“Niente rose per OSS 117” (1968), de Renzo Cerrato e Jean-Pierre Desagnat, tinha John Gavin como Hubert Bonisseur de La Bath, OSS 117, acompanhado por Margaret Lee, Curd Jürgens, Luciana Paluzzi e Robert Hossein, e “OSS 117 prend des vacances” (1970), de Pierre Kalfon, último desta série, passava a bola a Luc Merenda (Hubert Bonisseur de La Bath, OSS 117), que contracenava com Edwige Feuillère, Elsa Martinelli, Geneviève Grad e Norma Bengell.

Houve ainda outros filmes retirados de romances de Jean Bruce, mas não inspirados em OSS 117. “Le Bal des Espions” (1960), de Michel Clément e Umberto Scarpelli, com Françoise Arnoul, Rosanna Schiaffino, Michel Piccoli, François Patrice e Claude Cerval é um deles. “Cinq gars pour Singapour” (1967), de Bernard Toublanc-Michel, com Sean Flynn, Marika Green, Terry Downes e Marc Michel outro. Finalmente, há ainda a referir “Le Vicomte règle ses Comptes”(1967), de Maurice Cloche, com Kerwin Mathews, Sylvia Sorrente, Jean Yanne, Fernando Rey e Franco Fabrizi.

“OSS 117: Le Caire nid d'Espions”, de Michel Hazanavicius (França, 2006), com Jean Dujardin na nova criação de Hubert Bonisseur de La Bath, OSS 117, é um reavivar do mítico agente secreto francês, de que se anuncia já uma sequela para 2008, ainda sem título.
“OSS 117: Le Caire nid d'Espions” impõe-se como uma paródia aos filmes de espionagem, de que James Bond é o exemplo mais típico. O filme passa-se na década de 50 e ostenta as cores, os ritmos, os tiques, as personagens, as situações, as referências, a estética dessa década.
Estamos no Egipto, em 1955, onde a capital, Cairo, é o verdadeiro “ninho de espiões” que dá o nome ao filme. Quando o agente OSS 117 aterra no aeroporto, logo se percebe que todos vigiam todos, todos desconfiam de todos, todos conspiram contra todos, com ingleses, franceses, soviéticos, americanos, e demais famílias de agentes secretos a envolverem-se numa luta pelo poder, com a dinastia de Faruk, rei deposto, a querer recuperar o trono, e os “Águias de Kheops”, seita religiosa, a tentar também a tomar o poder, lutando por todas as formas, inclusive com o recurso ao terrorismo. Hubert Bonisseur de la Bath, Agente OSS 117, é então enviado para o Cairo pelo Presidente da República Francesa, René Coty, para restabelecer a ordem naquela “colónia”, que, apesar de nunca ter sido francesa e já não ser colónia, é tratada enquanto tal. Este um dos aspectos mais curiosos do filme: a denuncia de uma mentalidade colonizadora e chauvinista, enquanto o seu herói se mostra machista e algo imbecil, apesar de ir triunfando de todas as ciladas e demais agruras do destino.
Todos os estereótipos, todos os lugares comuns, todas as situações limites são recuperados neste “pastiche” divertido, com muita ironia e crítica, mas que, no final, apesar de tudo, sabe a pouco. Para só dar um exemplo: as “Panteras Cor-de-Rosa”, de Blake Edwards, eram paródias a um género e eram geniais. Este “Agente 117” não consegue despegar-se de uma certa banalidade e ganhar os céus. Apesar de toda a simpatia que por ele possamos sentir, como representante recente de uma “pulp fiction” francesa recuperada.


AGENTE 117 (OSS 117: Le Caire nid d'Espions), de Michel Hazanavicius (França, 2006), com Jean Dujardin, Bérénice Bejo, Aure Atika, Philippe Lefebvre, Constantin Alexandrov, etc. 99 min; M/ 12 anos.

1 comentário:

Blogger disse...

Quem diria que esta equipa iria ganhar os oscar deste ano