domingo, agosto 17, 2008

LE CORBUSIER NO CCB

LE CORBUSIER


Um feliz acaso coloca-me Siza Vieira, o mestre da arquitectura portuguesa, na frente de algumas serigrafias de Le Corbusier, na exposição do CCB. Chamo-lhe “um encontro de mestres” e ele sorri. Chama-me para junto de si e começa a explicar-me a génese de algumas obras ali expostas, nomeadamente do “poema sobre o lado direito” e acho que não poderia ter encontrado melhor altura para visitar esta exposição. “Vim hoje a correr. Quase perdia a exposição”, diz-me. (A exposição fecha domingo, 17, para os interessados). Na verdade uma oportunidade a não perder. Conhecia de Le Corbusier o mais sabido por todos, sobretudo alguma arquitectura. Desconhecia muito dos seus desenhos, pinturas, tapeçarias, móveis, esculturas, design, etc. Desconhecia igualmente que, para lá de um arquitecto que tinha influenciado toda a arquitectura posterior (sim, a influência de Le Corbusier em Siza Vieira é manifesta, bem como no brasileiro Óscar Niemeyer), Le Corbusier era um humanista que tinha pensado e repensando a arquitectura dando-lhe um rosto humano, colocando-a ao serviço do homem, despojando-a de tudo o que pareceria excessivo, tornando-a brilhante de luz e de beleza. Conferindo prazer ao acto de habitar. Escreveu, polemizou, cruzou a vida com outros génios das artes, viajou pelo mundo todo e deixou-se impregnar pelo que viu e viveu, no Brasil, na Índia, em Nova Iorque, em Moscovo, pela Europa. Publicou muitos trabalhos na revista “L'Esprit Nouveau” (O Espírito Novo) e na obra “Por uma Arquitetura”, editada no início dos anos de 1920, defendeu “o purismo” na arquitectura e lançou as bases de “um modernismo racionalista.” Um mestre não isento de polémicas: apontado como egoísta, foi muito atacado por ter colaborado com o governo de Vichy durante a ocupação nazi e voltou a ser muito criticado quando do seu comportamento aquando do projecto de Niemeyer para o edifício das Nações Unidas. Muito de tudo isto está patente nesta bela exposição que se instalou no CCB, via Joe Berardo. A exposição, projectada pelo norte-americano Frank O. Gehry, foi inicialmente organizada pelo museu Vitra Design para comemorar os 120 anos do homem que revolucionou a arquitectura do século XX. A entrada é gratuita e centenas de pessoas percorrem os caminhos de Charles-Édouard Jeanneret, mais conhecido como Le Corbusier (La Chaux-de-Fonds, 6 de Outubro de 1887- Roquebrune-Cap-Martin, 27 de Agosto de 1965).

2 comentários:

LS disse...

Que tenha um dia feliz são os votos do Luis Silva para si neste dia de anos. Um abraço serrano e muitos PARABÉNS!!!

Maria do Rosário Sousa Fardilha disse...

Ha 3 dias apenas estive em La Chaux de Fonds, no noroeste da Suiça; hei-de mostrar-te fotos da primeira casa desenhada por Le Corbusier - em 1912, uma casa destinada a servir de residencia aos seus pais. Chama-se La Maison Blanche, fica numa colina entre arvores centenarias; e é sobria e luminosa. Mas gostaria de ouvir as apreciaçoes do Siza..., que privilégio, Lauro!

bj e ... parabéns pela enésima vez :)