sábado, maio 08, 2010

RUFUS WAINWRIGHT

:

RUFUS WAINWRIGHT NA AULA MAGNA


Canadiano de nascimento, membro ilustre de uma família de cantores e músicos, Rufus Wainwright esteve na Aula Magna a dar mais uma lição. Entrou em silêncio (o mesmo silêncio que pediu ao público para acatar durante a primeira parte do concerto), num palco fundido em negro, apenas atravessado pela luz que jorrava por detrás de si, envergava longa capa de quilométrica cauda, o passo compassado, o piano ao fundo, como alvo, onde tocou ininterruptamente, durante cerca de uma hora, as canções do seu novo álbum, “All Days Are Nights: Songs For Lulu”, dedicado a sua mãe, a cantora Kate McGarrigle, desaparecida em 2009. Foi uma hora de luto convertida numa dolente balada de palavras e sons, em várias áreas, prolongada por uma projecção de Douglas Gordon no ecrã, igualmente dorida e negra. Um lamento absolutamente sublime, que Rufus (nem o seu público) não podia admitir entrecortado por aplausos ou manifestações alheias. Uma homenagem que cruza a balada, a toada do musical americano e o requiem operático, que muitos não esperavam ou não compreenderam. Para mim foi o melhor do concerto, a surpresa, a revelação de um génio múltiplo.
Na segunda parte, esteve o Rufus Wainwright que todos esperavam, aquele de quem se queriam ouvir as canções já conhecidas e consagradas. Que se fizeram ouvir com o requinte e a intensidade a que este cantautor nos habituou. Nostalgia e humor, vibração e "Cigarettes and Chocolate Milk", as canções sobre sonetos de Shakespeare, ou "Beauty Mark", "Matinee Idol", "Nobody's Off The Hook", "Memphis Skyline", "Art Teacher", "Cigarettes and Chocolate Milk", "Poses", "Leaving For Paris", entre muitas outras, deliciaram o público que queria aquilo mesmo e teve o “performer” exuberante e por vezes excêntrico. Mas o “performer” contido e rigoroso do luto carregado com que abriu o espectáculo foi o sobressalto desta noite que nos faz aguardar com muita expectativa a sua estreia como autor da ópera “Prima Dona”, estreada em finais de 2009 nos EUA.

Segundo indicações do site da revista “Blitz”,
o espectáculo teve o seguinte alinhamento:

I ACTO
1. Who Are You New York
2. Sad With What I Have
3. Martha
4. Give Me What I Want and Give It To Me Now!
5. True Loves
6. Sonnet 43
7. Sonnet 20
8. Sonnet 10
9. The Dream
10. What Would I Ever Do With A Rose?
11. Les Feux d'artifice t'appellent
12. Zebulon

II ACTO

1. Beauty Mark
2. Grey Gardens
3. Nobody's Off The Hook
4. Matinee Idol
5. Memphis Skyline
6. Art Teacher
7. Leaving For Paris
8. Vibrate
9. Little Sister
10. Dinner at Eight
11. Cigarettes and Chocolate Milk
12. Poses
13. Going To A Town
14. The Walking Song

Foto do concerto de Lisboa, de Rita Carmo/Blitz

1 comentário:

v disse...

"But I do have your taste
And I do have your round face and long hands
I think Callas sang a lovely "norma"
You prefer Robeson in "Deep River"
I may not be so manly
But still I know you love me
Even if I don't have your beauty mark"