terça-feira, agosto 10, 2010

CINEMA: TOY STORY 3

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TOY STORY 3
Depois de “Toy Story”, 1 e 2, o terceiro episódio da série parece que a dá por terminada. De modo feliz, pois não desmerece em nada dos anteriores, se não for mesmo superior a ambos. Os brinquedos fazem parte do imaginário colectivo de públicos de todas as idades, desde os que os têm agora, aos que já os tiveram na infância e certamente deles se recordam com nostálgico agradecimento pelos belos momentos de diversão que proporcionaram. Depois, há brinquedos para todos os gostos e alguns desgostos. Aqui se relembra "Quebra-Nozes", que adultos e crianças gostam de ver e rever. “Toy Story 3” é o "Quebra-Nozes" da actualidade, em 3D e tudo. Mudam as tecnologias, mas não muda a condição humana, nem as emoções.
Andy era um miudinho que tinha brinquedos que se animavam. Andy cresceu, vai para a faculdade, alguns brinquedos continuam miraculosamente imaculados, uns vão para um saco preto que se pensa arrumar no sótão, e o fiel Woody, o "cow-boy", será levado pelo dono. Mas Andy põe e os argumentistas da Pixar dispõem: o cow boy vai para junto dos restantes brinquedos e o saco é trocado e ruma a um infantário, onde, ao lado de criancinhas saídas de um filme de terror e possuídas pelo demónio da Tasmânia, se encontram muitos outros brinquedos traumatizados por vidas desgraçadas que resolvem, em uníssono, não dar tréguas aos recém chegados. Claro que o filme adquire uma tonalidade de terror psicológico, que fará certamente as delícias do seu público-alvo. Quem, em criança, não chorou como uma Madalena com “Bambi”, quem não sofreu baba e ranho com “Branca de Neve” e a feiticeira, quem não sucumbiu à tristeza de “ET”? E cá estamos todos, mais ou menos traumatizados, mas sobretudo com as monstruosidades do dia a dia no telejornal, e não tanto pela fantasia da ficção cinematográfica ou literária (lembram-se de Hans Christian Andersen ou dos Irmãos Grimm?).
Pois bem, os brinquedos de Andy sofrem a bom sofrer, e nós com eles, até à grande evasão final, a que só falta Steve McQueen ou Pele. Altura para alguns se assoarem e outros assobiarem em francês na plateia, enquanto limpam os óculos de 3D. O final será happy, claro, mas a felicidade vem sobretudo do facto de ser ter assistido a um excelente filme de animação, de técnica impecável, com boas ideias de argumento e de realização, e sem cair na pecha muito vulgar de tratar as crianças como atrasadinhos mentais. A dobragem é magnífica, a portuguesa também, e o resultado final não será o melhor filme de 2010, mas sim uma das melhores animações dos últimos anos.
De resto há momentos de antologia, como a passagem de modelos de Ken, frente a Barbie, ou o destempero do espacial Buzz Lightyear que, descontrolado, entra numa de mexicano imparável. Também gosto da boneca zarolha, que só por si merecia um título à parte, mas para “adultos de sólida formação moral”. Ela e o urso maléfico fariam um casal de “freaks” de “cult movie”. Mas também há delicadas criaturas, como essa ternurenta Jessie, que nos faz desfazer de um afecto bem divertido.

TOY STORY 3
Título original: Toy Story 3
Realização: Lee Unkrich (EUA, 2010); Argumento: John Lasseter, Andrew Stanton, Lee Unkrich, Michael Arndt; Produção: Darla K. Anderson, John Lasseter; Música: Randy Newman; Montagem: Ken Schretzmann; Departamento de arte: Marty Baumann, Mark Cordell Holmes, Bud Luckey, Juliet Pokorny, Belinda van Valkenburg, etc. Som: Tom Myers; Animação: Andrew Cadelago, Tom Gately, David Park, James Reinhart Robertson, Christian Roman, Max Sachar, Michael Stocker, etc. Casting: Holly Dorff, Mickie McGowan; Companhias de produção: Pixar Animation Studios, Walt Disney Pictures; Intérpretes (vozes originais): Tom Hanks (Woody), Tim Allen (Buzz Lightyear), Joan Cusack (Jessie), Ned Beatty (Lotso), Don Rickles (Mr. Potato Head), Michael Keaton (Ken), Wallace Shawn (Rex), John Ratzenberger, Estelle Harris, John Morris, Jodi Benson, Emily Hahn, Laurie Metcalf, Blake Clark, Teddy Newton, Bud Luckey, Beatrice Miller, Javier Fernandez Pena, Timothy Dalton, Lori Alan, Charlie Bright, Kristen Schaal, Whoopi Goldberg, etc. Duração: 103 minutos; Distribuição em Portugal: Zon Lusomundo Audiovisuais; Classificação etária: M/ 6 anos; Estreia em Portugal: 29 de Julho de 2010.

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