domingo, junho 29, 2008

TERTÚLIAS DO FADO E DA INQUIETAÇÃO



Ontem, dia 27 de Junho, aconteceu mais um jantar da associação “Tertúlia do Fado e da Inquietação.” Reúnem-se no Centro de Congressos, ali para os lados de Belém, são jantares que oscilam entre os 70 e os 100 convivas, a intenção é confraternizar, ouvir e cantar uns fados, e convidar para cada repasto (cerca de 4 ou 5 por ano) alguém que fale da sua relação com o fado e o mais que adiante acontecer. Ontem o “convidado especial” fui eu, apresentado pela Mary com entusiasmo de amiga. Lá confessei a minha paixão pelo fado que vem desde os tempos de menino (os meus pais eram apreciadores, ouvia-se muito na telefonia, depois em discos de 78 rotações), citei Amália e Hermínia, falei do fado no cinema português e fui obsequiado, no final, com dois fados da minha predilecção cantados por uma médica de bela voz e emotiva postura, Anabela Paixão, que, se não fosse o facto de ser uma ilustre e indispensável pediatra, eu diria que tinha errado a profissão. Depois cantaram-se fados de Coimbra, nas vozes de Pedro Ramalho, Fernando Coelho Rosa, Manuel Relvas, acompanhados à viola e à guitarra por João Gomes e Alexandre Bateiras, e mais uma vez percebi como é bonito ver despretensiosos amadores exercerem uma arte que amam, e exercitarem-na pelo simples prazer de cantar. É o gosto da fama, segredam alguns. Nada disso. Claro que há o prazer de se fazerem ouvir, mas aqueles não precisam de fama para nada, são médicos, engenheiros, bancários, gestores, delegados de propagando médica, e muito mais, têm ou tiveram carreiras que os satisfizeram e encontram-se para cantar pelo prazer de cantar. Outros espontâneos apareceram antes do caldo verde da uma da manhã.
Numa sociedade cada vez menos solidária, egoísta, fechando-se cada um em si e em sua casas, sabe bem descobrir comunidades que procuram a comunicação pela comunicação, o diálogo, que falam e ouvem, que procuram a companhia e ainda se ofertam fados uns aos outros, depois do jantar, na medida das suas possibilidades, com vozes cristalinas ou roufenhas. Inscrevi-me como sócio. Lá estarei em próximas tertúlias, a ouvir "convidados especiais".

1 comentário:

Rosa Brava disse...

"...Numa sociedade cada vez menos solidária, egoísta, fechando-se cada um em si e em sua casas, sabe bem descobrir comunidades que procuram a comunicação pela comunicação, o diálogo, que falam e ouvem,..."

... mas que felizmente, como aqui se comprova, tem tendência a, cada vez mais, abrirem-se novos horizontes.

Uma bela tertúlia.

Grata por aqui a partilhar.

Um abraço ;)