quinta-feira, março 21, 2013

CINEMA: GANGSTER SQUAD



FORÇA ANTI-CRIME
 
 
Los Angeles, 1949. Mickey Cohen (Sean Penn) um poderoso gangster ameaça controlar o submundo do crime do Estado e prolongar o seu poderio para outros Estados do Oeste norte-americano. A polícia parece estar amarrada de mãos e pés, dada a influência que Cohen assume junto dos poderes corruptos. Um chefe da polícia local, incorruptível, Bill Parker (Nick Nolte), resolve chamar o sargento John O'Mara (Josh Brolin) para formar um grupo de polícias escolhidos por este, para fazerem implodir o império de Cohen e levar à captura do mesmo. John O'Mara reúne então meia dúzia de especialistas em vários ramos, do tiro ao alvo às escutas, de investigadores a pesos pesados, e avança para a tarefa de enfrentar a mafia instalada na sociedade de Los Angeles e arredores. Tem como companheiro, um amigo de longa data, o sargento Jerry Wooters (Ryan Gosling).
Não se trata de ficção. Isto aconteceu e foi relatado pelo jornalista Paul Lieberman, primeiro em reportagens de jornais, depois numa obra que as compilava, "Gangster Squad". Foi este trabalho que esteve na base do argumento de Will Beall que permitiu a Reuben Fleischer realizar “Força Anti-Crime”.
 

O filme acompanha-se com interesse, tem uma boa direcção artística, recuperando interiores e exteriores de finais da década de 40, os actores são convincentes, ainda que aqui e ali as personagens necessitassem de alguma consistência mais, fotografia, montagem, banda sonora não surpreendem, mas são eficazes, a realização não compromete, mas também não está à altura de outras obras idênticas, relativamente recentes, como “LA Confidencial”, de Curtis Hanson, com base num romance de James Elroy, “Cidade Sob Pressão” (Heat), de Michael Mann, ou “Inimigos Públicos” (Public Enemies), do mesmo Michael Mann.
Curiosamente, nos últimos dias andava a ler “White Jazz”, de James Elroe (um policial escrito em 1992 e que é o quarto romance inscrito no L.A. Quartet, deste escritor, depois de “The Black Dahlia”, “The Big Nowhere”, e “L.A. Confidential”) e as semelhanças são muitas, no clima de violência, na descrição da corrupção, no erotismo forte e evanescente, mas as diferenças são igualmente de sublinhar. Enquanto em Elroe a sociedade está (quase) completamente contaminada pela corrupção, as ligações entre polícias e gangsters são por demais evidentes, neste filme de Ruben Fleischer a polícia conserva redutos incorruptiveis que se organizam para combater o crime organizado e também as ligações entre este e o poder instituído.
 

Há ainda um outro aspecto a sublinhar: o grupo comandado pelo sargento John O'Mara vai operar fora de toda a hierarquia policial, autonomamente, e aconselham-no mesmo, se for descoberto, a dizer que a sua acção não é do conhecimento da hierarquia. Uma espécie de “esquadrão da morte” que faz justiça pelas próprias mãos, prática que não deixa de ser altamente reprovável. Mais a mais não se trata de ficção pura, mas sim de uma ficção que decalca a realidade. Ora é sempre muito duvidosa a legitimidade da acção de “incorruptiveis” a fazer justiça pela sua cabeça e instinto. O que torna “Força Anti-Crime” uma obra não só não muito excitante de um ponto de vista cinematográfico, como ainda, no mínimo, bastante ambígua nos seus propósitos.
Entretanto, e já que falámos de “White Jazz”, de James Elroe, podemos adiantar que a adaptação deste romance se encontra em fase de pré-produção, desde há alguns anos, e que Geoege Clooney chegou a ser dado como o actor principal, mas que esta hipótese se encontra afastada. Já a estreia se anuncia para esse ano ou no próximo.  

FORÇA ANTI-CRIME
Título original: Gangster Squad
Realização: Ruben Fleischer (EUA, 2013); Argumento: Will Beall, segundo obra de Paul Lieberman ("Gangster Squad"); Produção: Bruce Berman, Ruben Fleischer, Dan Lin, Kevin McCormick, Jon Silk, Michael Tadross; Música: Steve Jablonsky; Fotografia (cor): Dion Beebe; Montagem: Alan Baumgarten, James Herbert; Casting: John Papsidera; Design de produção: Maher Ahmad; Direcção artística: Mark Hunstable, Timothy David O'Brien, Dean Wolcott; Decoração: Gene Serdena; Guarda-roupa: Mary Zophres; Maquilhagem: Roxane Griffin, Robin Myriah Hatcher, Rolf John Keppler, Christien Tinsley; Direcção de produção: Ravi D. Mehta, Richard Mirisch, Ray Quinlan; Assistentes de realização: Alexander H. Gayner, Vincent Lascoumes, Christophe Le Chanu, Terry Leonard, Julian Wall; Departamento de arte: Bryan Belair, Katie Childs, Carol Kiefer, Tammy S. Lee, Geoffrey Mandel, Karl J. Martin; Som: Cameron Frankley, Jason W. Jennings, Chloe Patenaude; Efeitos especiais: H. Barclay Aaris, Arran C. Dahlberg, Kayla Jo Holland; Efeitos visuais: Jacob Eaton, Dan Levitan, Jack Mullins, Rocco Passionino, Ray Scalice, Kraig Tytus; Companhias de produção: Langley Park Productions, Lin Pictures, Village Roadshow Pictures, Warner Bros. Pictures; Intérpretes: Sean Penn (Mickey Cohen), Josh Brolin (sargento John O'Mara), Ryan Gosling (sargentoas Jerry Wooters), Emma Stone (Grace Faraday), Nick Nolte (chefe Bill Parker), Anthony Mackie (detective Coleman Harris), Giovanni Ribisi (detective Conwell Keeler), Michael Peña (detective Navidas Ramirez), Robert Patrick (detective Max Kennard), Sullivan Stapleton (Jack Whalen), Holt McCallany (Karl Lennox), Josh Pence (Daryl Gates), Austin Abrams (Pete), Jon Polito (Jack Dragna), James Hébert (Mitch Racine), John Aylward (juiz Carter), Troy Garity (Wrevock), James Carpinello (Johnny Stompanato), Wade Williams, Ambyr Childers, Mick Betancourt, Brandon Molale, Michael Papajohn, Jeff Wolfe, Anthony Molinari, Austin Highsmith, Neil Koppel, Jack McGee, Mireille Enos, Evan Jones, Austin Abrams, Lucy Davenport, Dennis Cockrum, etc. Duração: 113 minutos; Distribuição em Portugal: Columbia TriStar Warner Filmes de Portugal; Classificação etária: M/16 anos; Estreia em Portugal: 21 de Fevereiro de 2013.
Gangster Squad: o vetrdadeiro

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