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sexta-feira, março 22, 2013

SÓCRATES NA RTP



A HISTERIA ANTI SÓCRATES
Não compreendo, e repugna-me, esta histeria instalada contra José Sócrates. Por uma razão simples. É que não encontro razão nenhuma em particular para assim se proceder.

Vejamos. Que eu saiba, José Sócrates tem sido acusado de dois tipos de pecados:

1º Andar metido em negócios pessoais pouco claros, de que foi acusado e de que nunca nada se provou de concreto, em nenhum dos casos. Ora eu acho que vivemos ainda em democracia, num estado de direito, onde qualquer individuo é considerado inocente até ser julgado e condenado como culpado. Julgamentos sumários em praça pública ou assassinatos políticos, para mim não contam e acho-os ignóbeis. Não o fiz com Sá Carneiro, na histeria Snu, não o fiz com Santana Lopes, quando imperava a boatice, não o farei com José Sócrates. Ponto final, paragrafo, até me provarem o contrário.

2º Ter permitido, enquanto primeiro-ministro, vários erros de governação que nos conduziram onde hoje os encontramos: num profundo buraco negro. Ora não tenho dúvidas de que José Sócrates pode, e deve, ser acusado de alguns erros de governação. O maior de todos, talvez, ter-se demitido. Acontece que nunca vi em Portugal nenhum político não se enganar, até chegarmos ao vergonhoso estado em que hoje nos encontramos, em que os ditos governantes não acertam uma. Mais: quem acabou com a agricultura e as pescas e iniciou as faraónicas obras de cimento e betão? Cavaco Silva! Quem iniciou a delapidação generalizada dos avultados dinheiros vindos da CE? Bom, não preciso de ir mais longe. José Sócrates é tanto réu como tantos outros, com a agravante de muito do que ele disse se ter confirmado posteriormente. Na verdade, a crise não era só portuguesa, mas internacional; na verdade, a dívida não era para se pagar como está a acontecer, mas para se negociar, etc, etc. E nos primeiros quatro anos do seu mandato, sem crise, as contas portuguesas equilibraram-se como raras vezes tinha acontecido. Depois sim, foi o descalabro. Mas não foi o descalabro só português, foi europeu, foi internacional.

Posto isto, em democracia qualquer um pode falar e expor as suas razões. Tenho visto e ouvido cada alimária a dizer disparates tamanhos que não será certamente o programa de José Sócrates na RTP a incomodar-me. Terá mesmo uma virtude, que só quem tem medo do que pode aí vir não quererá aceitar: ouvir o que o homem tem para nos dizer. Será que estávamos onde hoje estamos se o PEC IV tem sido implementado? Teríamos a tróica entre nós?

Assim sendo, deixem falar o homem, que os tempos da ditadura do silêncio já passaram. Eu sei que nos pretendem impor uma outra ditadura, mas ainda há quem não a aceite.

quarta-feira, novembro 23, 2011

MOMENTO DE REFLEXÃO

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 MOMENTO DE REFLEXÃO 
EM VÉSPERAS DE…

Greve ou não greve? Ok, é um problema interessante e a merecer ponderação. Na verdade, a situação de indignação é geral, enfim, digamos que percentualmente muito grande (dado que para quem tem MUITO dinheiro não há indignação que se note, as viagens mais exóticas, os hotéis de muitas estrelas, os restaurantes mais afamados, os carros de luxo, as lojas de marca das principais avenidas, nada disso se queixa da crise, e pour cause).
Mas estamos a assistir a um fenómeno que sociologicamente é muito curioso. Estamos a assistir à destruição, sistemática e programada, da classe média, sobretudo da media baixa e média. A classe que normalmente não faz revoluções, a classe que é chamada de “maioria silenciosa”, aquela que historicamente apoiou a direita, a sustenta em termos eleitorais, é agora chicoteada impiedosamente pela direita, um pouco por todo o lado, e of course, também em Portugal (e de que maneira!).
Já se saber que as classes menos desfavorecidas estão mal. Obviamente que não se toca no ordenado mínimo nacional, mas também não se prejudica quem já vive de uma economia paralela (muito pelo contrário, apoia-se ainda que indirectamente, pois retirando-se poder de compra à classe média, esta vai favorecer o pequeno e o grande negócio clandestino, que é mais barato). Também não se toca nas grandes fortunas (a menos que se ache que “grande fortuna” é aquela de quem ganhe mais de 1.500 euros por mês).
Mas todas as medidas tomadas em nome da troica dirigem-se, quase exclusivamente, ao poder de compra de quem trabalha. Por isso a indignação da classe média é muita. Por isso não me espanta que a “maioria silenciosa” o deixe de ser. O que pode tornar muito perigosa esta bomba relógio que a troica e seus apoiantes andam por aí a municiar.
Apareça por aí um fala-barato hábil nas artes da retórica a congregar vontades ou um chico-esperto da manipulação das massas e verão no que tudo isto pode dar. Basta ler a História do passado, que está cheia de lições.
De resto, a Europa é bom terreno para fazer germinar este tipo de sementeira. Basta esperar que a terra esteja ávida de ser regada e lançar alguns jactos de loucura bem condimentada. Depois digam que não foram avisados.
Só há uma verdade insofismável desde sempre: os mesmos de sempre nunca são incomodados. Os MUITO ricos continuam a ser muito ricos. Ou então passam outros a ser MUITO ricos. Mas uns e outros não distribuem a riqueza.

segunda-feira, maio 16, 2011

VIOLAÇÃO OU ARMADILHA?


A POLÍTICA E A ALTA FINANÇA INTERNACIONAIS 
ANDAM EM BOAS MÃOS!

Dominique Strauss-Khan, de 62 anos, o homem forte do FMI, socialista francês em boa posição para disputar o cargo a Sarkosy, foi preso quando saia de avião de Nova Iorque, rumo a Paris. Acusação? Tentativa de violação e rapto de uma empregada de limpeza do hotel onde se encontrava em NY. Tinha 32 anos.
DSK alega inocência, mas tem historial de sedutor. Toda esta história, que já teve uma consequência irrefutável – o afastamento do FMI e da corrida ao Eliseu –, deixa algumas dúvidas e uma certeza.
As dúvidas:
- Será que DSK agiu como o acusam? Seria muito mau para o prestígio de quem nos governa a vários níveis. Uma coisa é alguém ser sedutor e exercer o possível fascínio de acordo com as parceiras, outra muito diferente tentar violar e raptar. Quanto à primeira hipótese, estou-me nas tintas. Quanto à segunda, se for verdade, preocupa-me a moralidade de quem avalisa ajudas deste montante e prega moral a terceiros.
- Será que tudo isto não passa de uma conspiração bem montada (não, não é piada brejeira) para arrumar de vez com alguém considerado incómodo? Em vista do seu passado de conquistador, era fácil arquitectar uma aventura destas. O que não deixa de ser gravíssimo e cá por mim me parece o mais provável. Mas posso estar enganado.
- A certeza é que, quer seja verdade a denúncia ou a macabra conspiração, quem nos governa (não, não me refiro a Sócrates!) não merece confiança nenhuma. A política e a alta finança internacionais andam em boas mãos, sim senhor! 

Adenda: Há quem diga que onde há fumo, há fogo. Nem sempre é verdade. Uma das técnicas mais utilizadas hoje em dia para desprestigiar alguém é atirar para o ar com uma atoarda, mais ou menos bem engendrada, e esperar que muitos pensem precisamente isso - que onde há fumo há fogo. Depois, ninguém mais conseguirá apagar o fogo. Quer seja verdade ou mentira
Depois há outra questão que me incomoda cada vez mais na justiça e na comunicação social - sem o julgamento ser efectuado, e o juiz declarar culpado o réu, ninguém deve ser apontado como culpado. Mas, presentemente,nada disso conta. Numa democracia autentica este é um atentado gravíssimo. Mas parece que ninguém se importa. 
Há uns anos, o cinema americano preocupava-se com este facto. E deu-nos obras como "Doze Homens em Fúria" ou "A Calúnia", para só citar dois, que dão bem a medida da gravidade da questã

sábado, dezembro 11, 2010

PEQUENOS APONTAMENTOS POLÍTCOS




ESTENDENDO O TAPETE VERMELHO
À MAIORIA LARANJA
E OUTROS APONTAMENTOS POLÍTICOS

Agora que se comemoram os 30 anos sobre a trágica morte de Sá Carneiro, o seu sonho político parece concretrizar-se: um presidente, um governo, uma maioria.
Pelo andar da carruagem, alguém tem dúvidas de que Cavaco Silva seja reeleito Presidente? Com quatro adversários, dois dos quais a brincar, todos a darem tareia no candidato da direita e a fazerem dele a vítima necessária, e alguns deles sem qualquer prestígio para o desafiarem, que esperam? Mas há mais: a proliferação de candidatos só mostra a divisão e a ineficácia desta votação. Muito votante se interroga: valerá a pena votar, quando a decisão já é conhecida?
A reeleição de um Presidente tem estado quase sempre garantida. Esta chegou a tremer quando se descobriu “escutas” no gabinete do futuro candidato. No afã de derrotarem o PS, que cometeu muitos erros, mas não tantos como os que se lhe apontam, CDS, PSD, BE, PCP juntaram-se para conseguirem o resultado esperado: vitória de Cavaco, dissolução da Assembleia, eleições com uma nova AD a triunfar em toda a linha. Nunca uma Frente Comum foi tão unida. A ver vamos o que o eleitorado dirá daqui a dois anos. Qual o grau de contentamento de certos sindicalistas, de milhares de professores, do funcionalismo público, do Serviço Nacional de Saúde, e por aí fora.
Não percebo como se pode ser tão cego que não se veja certas coisas que estão a acontecer no mundo (e que objectivamente se reflectem no nosso país). A saber: a crise que hoje o mundo atravessa não tem a ver com países isolados ou melhores ou piores governos (estes podem agravar ou atenuar a crise, nada mais). A crise é um fenómeno conjuntural global. O PCP tem razão em acusar o capitalismo de estar na origem desta crise. Mas perde toda a razão quando deliberadamente se esquece que um dos principais países capitalistas do mundo é a China.
Na verdade, foi a vergonhosa avidez dos capitalistas que se entretiveram a multiplicar dinheiro virtual e a brincar aos monopólios com o capital dos depositantes que provocou esta crise que nos afunda a todos. Já tinha sido assim em 1929. Já se sabe que o capital não tem sentimentos. O que se pode estranhar é que um país dito “comunista” entregue a sua massa de trabalhadores quase a custo zero e em condições de perfeita escravatura às multinacionais para ali produzirem muito mais barato o que nos países ditos industrializados (Europa, América, Canadá, Japão e poucos mais) fica obviamente mais caro, dadas as conquistas sociais de que dispõem os seus trabalhadores.
Por isso o desemprego sobe em flecha na Europa e nos EUA, acompanhando a subida em flecha dos lucros das multinacionais e dos bancos. Os trabalhadores portugueses, para dar um exemplo próximo, julgavam ter adquirido “certas regalias sociais” quando as conquistaram aos capitalistas ocidentais. Esqueceram-se que havia o outrora “terceiro mundo” e que este passou a chamar-se, nalguns casos, “economias emergentes”. China, Índia, países árabes, alguns centros em África, vários países da América Latina. Esqueceram-se que muitos povos se iriam revoltar contra essa condição de colonizados, mesmo depois de oficialmente descolonizados.
E a revolta surgiu, mas infelizmente quem a comandou não foram os descamisados, mas o capitalismo “emergente” nesses territórios que se aliou ao já antigo capitalismo para dividir em partes mais equitativas o bolo. Alguém mais beneficiou com esta troca? Uma certa burguesia burocrata e tecnocrata que prolifera na China, na Índia, e mais ninguém. Os trabalhadores da China e da Índia não lucram com o facto dos camaradas da Europa e da classe média portuguesa apertarem o cinto. Estamos a apertar o cinto para os comilões do costume, mais os que recentemente se vieram sentar à mesa, para desfrutarem de mais regalias.
A luta é, pois, contra o capitalismo selvagem que não olha a meios para alcançar os fins. Acontece que não há só um capitalismo “de direita”. Há também capitalistas ditos “de esquerda”, que é preciso igualmente combater. A exploração do homem pelo homem, que às vezes roça um servilismo feudal e abjecto, é essa que tem de ser contrariada. À direita ou à esquerda, que neste caso as etiquetas não querem dizer nada: eles andam todos misturados atrás do lucro fácil. As multinacionais, como o próprio nome anuncia, não têm nação, nem rosto humano.
Teria todo o gosto em perder parte das minhas (curtas, diga-se) regalias, se isso fosse impedir que alguém morresse à fome na China ou em África. Mas para engordar mais o capitalista americano sentado à mesma mesa com o capitalista chinês, não, obrigado.
O que nos leva a outro tema "momentoso": a actividade da Wikileaks, que julgo particularmente relevante, ao denunciar não tanto as adjectivações diplomáticas, como as corrupções escondidas. Acontece que, ao acusar certos países democráticos, a Leakpedia está igualmente a elogiá-los: afinal consegue-se penetrar nas suas engrenagens, o que não acontece com os países que vivem em monarquia absolutista ou em ditadura. Nem China, nem alguns países árabes ou africanos, nem Cuba (para citar alguns apenas) têm visto as suas malas diplomáticas devassadas. Segurança de sistemas nesses países ou parcialidade na difusão do material apreendido por parte da Wikileaks? Neste dilema, a primeira conclusão é grave, a segunda gravíssima. A liberdade de expressão tem de ser defendida, mas a honestidade de processos também. 

segunda-feira, maio 24, 2010

REFLEXÃO A TEMPO (?), POR CAUSA DOS TEMPOS

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À DERIVA, DE CIMA A BAIXO
Nestes últimos tempos, tenho alguma dificuldade em acompanhar a vida política e social portuguesa (se estivesse noutro país, a dificuldade era a mesma, se não maior). A vida democrática portuguesa tem-se aviltado ultimamente de forma muito perigosa. As ameaças surgem de todo o lado e em grande parte causadas por uma partidarite asfixiante. Não há nem razão nem consciência, e sobretudo parece ter deixado de haver ética pública. Dos mais ignorantes aos aparentemente mais sábios, quase todos parecem ter perdido as estribeiras e a vergonha. A comunicação social, na sua maioria, é vergonhosa, armada não em informação e opinião, mas em justiceiros na praça pública (deviam ver “A Calúnia”, de Sydney Pollack, para perceberem alguma coisa do trabalho do jornalista). A perseguição pessoal a certas pessoas, que só deviam ser condenadas publicamente depois de julgadas e sentenciadas, é obscena. As liberdades individuais que qualquer cidadão devia defender, em nome da causa pública e da sua própria defesa pessoal, são diariamente enxovalhadas na comunicação social, na justiça, no parlamento, onde quer que seja. O governo e oposição (curioso poder falar-se de “uma” oposição que junta direita, esquerda e extrema esquerda na mesma bagunça) dizem-se e desdizem-se conforme sopram os ventos. Eu que me considero de esquerda tenho de saudar os exemplos de Mota Amaral, pela integridade, e de Pedro Passos Coelho por (quase) ter terminado com o clima de ódio histérico de caça as bruxas que se vivia até há bem pouco tempo no PSD, e transformá-lo em oposição política consciente. Mas francamente que dizer de um homem como Pacheco Pereira, cuja prática política o levou a um pântano lamentável?
Os bancos e os operadores financeiros que criaram a maior crise económica e política dos últimos oitenta anos, depois de um susto passageiro, aí estão, regressados “a mandar vir” e a impor regras e alguns mesmo a falar em moral (para os outros). Eles que deviam nalguns casos estar a cumprir pesadas penas decretam afinal penas, estas económicas, para quem apenas vive do seu trabalho e do seu salário, e nunca enriqueceu com dinheiro vadio de agiotagem encoberta e de economias à maneira da “injustiçada” Dona Branca (sim, “injustiçada”, fez o mesmo e foi condenada!).
Curiosidade escandalosa: numa sociedade em que toda a gente diz o que quer, em que se insulta a qualquer hora em qualquer local, o PR, o PM e demais políticos, andam alguns em algazarra a proclamar que não há liberdade. Enfim. Do PC ao CDS todos sabem o que é não haver liberdade. Sabem até muito bem como cercear liberdades. Mas esta não lhes convém. Benza-os Deus, se é que tem liberdade para isso.
Agora aparece uma jovem, dita professora de música (nos tempos livres dos alunos do básico), a despir-se para ganhar 700 euros e cumprir o seu sonho de ser vedeta nuns minutos de glória. Que ela o tenha feito, em fotos de um erotismo saloio, admira um pouco. Que se mostre surpreendida pelas suaves consequências do seu acto, espanta mais. Que uma vasta quantidade de insensatos venha defender o acto em nome da liberdade individual, não passa pela cabeça de ninguém. Que uma grande maioria de blogues se dividam entre textos e comentários de saudosistas de uma qualquer ditadura que atacam em nome de um puritanismo pusilânime (e metem no mesmo saco gays e fotos de “Playboys”) e desregrados para quem a liberdade individual é sagrada, mesmo que ponha em causa outras liberdades, eis o que muito me espanta.
Estamos afinal numa aldeia global em que tudo é permitido, sem que quase ninguém pense um pouco antes de actuar? Ou então com muita gente a pensar muito bem como há-de agir tendo em vista apenas os seus proveitos.
Gostava de estar enganado, mas este clima não prenuncia nada de bom. Mais ano, menos ano, com CE ou sem CE, hão-de aparecer por aí uns “salvadores da Pátria”. Para quem nunca conheceu o que isso era, vai ser uma surpresa. Mas vai custar-lhes cara a descoberta.

Na foto, retirada com a devida vénia, da revista "Playboy" (que leio, sem falsos pudores), "toda a nudez será castigada" ou "sobre a nudez crua da verdade, o manto diáfano da fantasia".

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

PROPAGANDA ENGANOSA


UM CARTAZ VERGONHOSO
Para falar honestamente não sei em que medida José Sócrates interveio no Caso Freeport e agradeço que o mais rapidamente possível se dissipem as dúvidas. As minhas e as de todos os portugueses. Creio, por que um homem que aspira ao cargo de Primeiro-ministro não se iria meter em alhadas destas meses antes, mas espero para ver.
Acontece que, enquanto espero para ver o resultado das investigações policiais, não há acusados nem réus. Por isso, para mim, e para qualquer pessoa bem intencionada, ninguém é culpado até prova em contrário. Seja de que partido for, seja de que cor seja.
A política do vale tudo é verdadeiramente nojenta. É o caso deste “outdoor” imaginado pela Juventude Social-democrata de Setúbal, onde se diz, em letras garrafais, que Sócrates mente, e depois, lá em cima, em letras miudinhas, se diz que prometeu 150.000 novos empregos. Acontece que todos sabem que Sócrates prometeu algo numa época em que não existia a crise que se abateu sobre TODO o mundo. Por isso não se lhe devem imputar essas culpas (outras haverá, como por exemplo a muito recente ideia peregrina de sugerir trabalho gracioso a professores reformados, sobretudo NESTE ALTURA do campeonato). Mas o mais grave não é isso. O mais grave é aproveitar, de uma forma totalmente despudorada, o caso Freeport para passar a mensagem que “Sócrates mente” (ou tal como lá está escrito: “Ainda acredita?”, com a imagem do nariz do “Pinócrates”).
Há atitudes que só se podem voltar contra quem as pratica. Esta é uma delas. Ainda haverá gente de bem e com princípios no PSD? Claro que há. Por que actuam?

terça-feira, janeiro 27, 2009

CRISES: 1929 - 2009

o crash de 1929...
APRENDER, OU NÃO, COM O PASSADO

A situação mundial agrava-se a olhos vistos. Preocupante nos seus actuais contornos sociais, mas sobretudo preocupante no desenho que ameaça esboçar-se no futuro. No entanto, há no passado suficientes razões para se ter aprendido um pouco com o que aconteceu e não permitir que o futuro repita erros. Acontece que tudo parece evoluir numa mesma direcção, como se nada se tivesse assimilado.
O que está a acontecer agora, com base na América, assemelha-se em muito ao que aconteceu a partir de 1929, com origem na mesma América. O crash bolsista, a crise financeira, a derrocada económica, o desregramento social, o desemprego, o aumento de criminalidade, o extremar dos campos políticos, com extrema esquerda e extrema direita a tentarem aproveitar o caos, para destruírem a democracia e implantarem regimes totalitários, tudo isso aí está outra vez, com algumas nuances, mas muito pouco de novo.
A crise resulta obviamente de uma desregularização capitalista, que teve como base a inconcebível administração Bush. Não há dúvidas possíveis. Escandaloso apoio a mafiosos banqueiros, proteccionismo aos mais fortes, despesismo acima do legítimo, endividamento, crédito mal parado, guerras estúpidas, mentiras, isolamento internacional, enfim, o retrato já foi revelado e não adianta muito estar a enunciar tudo, a não ser para se reflectir nos erros (inclusive os que permitem que um completo incompetente tenha ascendido ao mais alto posto político mundial) e procurar antídotos. Não se pode voltar atrás, só se pode prever o futuro, ou fazer alguma coisa para isso.
Tal como em 1929, o que veio a seguir foi muito pior do que a funesta crise. O que veio a seguir foram as ditaduras por todo o mundo e a II Guerra Mundial. Agora, em 2009, tudo se pode repetir e existem muitos elementos que nos permitem dizer que se está já a repetir. Acontece que o mundo evoluiu, a globalização é um facto (por vezes negativo, mas também pode ser positivo, se bem aproveitado) e as sociedades podem e devem encontrar dentro de si os antibióticos certos para combater o bacilo. Mas o que se vai vendo, com raras excepções, não é isso.
O que se vai vendo é as democracias a suicidarem-se às mãos dos seus inimigos tradicionais. É sabido que há regulares fontes de intoxicação, à direita e à esquerda, que só procuram a instalação do caos social para terem a veleidade de chegar ao poder que de outra forma nunca atingiriam (em períodos de lucidez social). Mas as crises económicas e políticas trazem consigo a desordem social e sobretudo a desordem mental. O cidadão comum, que normalmente até pensa, parece prescindir desse dom e deixa-se levar na mais baixa demagogia, deixa-se instrumentalizar pela manipulação mais reles, grita como um louco, gesticula, e no fim acaba manietado numa ditadura que ajudou a criar e vai bater com os costados numa qualquer guerra que depois afirma não saber como aconteceu e de que afinal, desculpabiliza-se, não teve responsabilidade nenhuma. Falso: teve-a toda, se tivesse pensado a tempo e agido de acordo.
Mas o que se vê é assumpção da idiotia, nos meios de comunicação social, na política, nas instâncias oficiais, nos partidos, na opinião pública (leiam-se os blogues, os posts que proliferam, os comentários bacocos, levianos e irresponsáveis). Veja-se as filosofices baratas de aprendizes de feiticeiros que ressuscitam teorias da prepotência para condicionar o exercício da inteligência. Veja-se a forma nada subtil como se tenta denegrir tudo e todos para se impor o deserto das ideias. Os políticos são todos uns corruptos, as instituições de um legal exercício do poder são torpedeadas, as opiniões dos intelectuais e dos pensadores em geral são minimizadas (cambada de gajos que se alimenta, que até ganha dinheiro para escrever o que pensa), o opinião pessoal é desprezada, em favor de uma opinião pública que se sabe como se manipula facilmente. O que se vê é o que se viu antes do nazismo, do fascismo, do estalinismo terem assentado arrais pelo mundo. A morte da inteligência, o suicídio da tolerância e do diálogo, a apologia do confronto, do extremar de posições, o apelo da guerra. Um ligeiro arremedo pode desencadear o tsunami. Uma faísca causa o incêndio.
A América em 1929 teve Roosevelt para arrumar a casa. Pode ter Obama em 2009. Mas entre 39-45 a guerra foi sobretudo na Europa. Em 2000 e não sei quantos voltará a ser na Europa, se não tivermos juízo. E o juízo deve vir dos políticos, dos intelectuais, dos quadros, mas sobretudo de nós todos, da “arraia miúda” de que falava Fernão Lopes, que não se pode deixar levar mais por mensageiros da desgraça e da catástrofe, que tudo fazem para colocar os seus interesses e o seu poder ditatorial acima do interesse geral. Campos de extermínio na Alemanha ou na Sibéria outra vez, não obrigado. Nem em nome da raça ariana, nem em nome do “homem novo”. Viver com dignidade em liberdade é quanto basta. Se houver que fazer sacrifícios para as manter, que se façam, mas não se peçam paraísos na terra, quando o que se sabe que vem depois são infernos devastadores.

...acabou assim.

terça-feira, novembro 04, 2008

PROFESSORES E SINDICATO

Passei pelo blogue do meu amigo Tomás Vasques, "Hoje há Conquilhas..." e surpreendi uma citação de um outro blogue, "O Voo das Palavras", de António Garcia Barreto, com a qual estou inteiramentre de acordo. Leia-se então também aqui:
«Uma das razões, porventura a mais forte, que contribui para a imagem que se tem hoje dos professores, o desrespeito de que são alvo por parte de alguns alunos e encarregados de educação, sobretudo de gente menos avisada, deve-se às políticas sindicais protagonizadas pelo sindicalista Nogueira, que transformaram uma classe digna em carne para canhão de políticas reivindicativas antigovernamentais. Hoje olha-se para um professor e vemo-lo colocado ao nível de um administrativo ou um auxiliar de educação. É a tendência para o basismo total.»
Eu sei que não é politicamente correcto concordar com esta conclusão, por demais óbvia, mas custa-me ver uma classe que tem dentro de si tanto e tão bom material humano, ser amesquinhada diariamente mercê de uma política sindical de todo em todo mal conduzida.
Os professores - classe a que desde sempre me orgulhei de pertencer! - eram uma das classes mais prestigiadas em Portugal, antes desta inglória polémica, onde ninguém tem a razão absoluta pelo seu lado, mas onde a actividade oratória do sindicalista Nogueira coloca a maioria do lado oposto aos professores. O Ministério da Educação não poderia ter melhor aliado. É que já se sabe sempre, com dias de antecedência, o que a "cassete" vem dizer. O desprestigio da politica é total em casos como este.
Acrescento fora de horas: ver Hoje Há Conquilhas.

sábado, setembro 20, 2008

A ANEDOTA E A GLOBALIZAÇÃO

A globalização é assim: tenho um amigo em Valência que me manda normalmente anedotas que me divertem. Normalmente rio ou sorrio (já aconteceu não achar graça nenhuma, ele que me desculpe!), sózinho ou em família. Mas esta, que ultrapassa a mera anedota, partilho-a convosco. Vem obviamente do Brasil, refere-se aso EUA, e vai aprecer num blogue português. Com votos de longa vida para o protagonista que São pedro entrevista..

Racismo à americana

Na fila para entrar no céu, São Pedro checava aqueles que mereciam entrar. Ele pergunda para o próximo:
- E você?... O que andou fazendo pelo mundo?
- Eu sou Barack Obama e fui o primeiro negro a ser eleito presidente dos Estados Unidos!
- Nos Estados Unidos?! Um presidente negro?! Com todo respeito, você está me gozando!!! Quando isso aconteceu?!?!?!
- Uns vinte minutos atrás ...

sexta-feira, janeiro 11, 2008

A AMÉRICA VAI MUDAR?


Hillary Clinton e Barak Obama,
vencedores em New Hampshire,
vão discutir o candidato democrático até ao fim.
A política americana vai mudar?

sábado, abril 14, 2007

JOSÉ SOCRATES E A DEMOCRACIA

Esta história do “engenheiro” já enjoa, e devo dizer que não tenho uma especial simpatia pessoal pelo engenheiro Sócrates. Nem antipatia também. Acho, todavia, que está a cumprir uma função e a está a cumprir o melhor que sabe, no caso até acho que a está a cumprir bem, a fazer o que nenhum outro até agora tinha tido poder ou coragem para o fazer.
É obvio que esta trapalhada da Universidade Independente e dos títulos académicos que o PM possui ou não possui legitimamente daria muito pano para muitas mangas, mas ninguém me tira da cabeça que a relação OPA falhada de Belmiro de Azevedo e o facto do “Público” (jornal de Belmiro de Azevedo) ter puxado pelo assunto é uma coincidência dos diabos. O que retira a toda esta questão qualquer consistência honesta e a atira para o pior que há da baixa política. Já tivemos tentativas de assassinato político desse senhor pelo menos por duas vezes, e quem saiu tostado foi quem levantou as questões da sua inclinação sexual, de uma vez, e de um caso de possível compadrio na zona protegida da Arrábida, ao que me lembro. Em ambos os casos, Sócrates saiu por cima. A baixa política por baixo. Mas a missão dos boatos venceu porque fica sempre no ar a dúvida.
Depois, quero lá saber se Sócrates é engenheiro ou não. Não está a construir casas, está a governar o País. Dizem-me: pois mas não é isso que está em causa, mas sim o facto de a licenciatura do senhor poder ser uma aldrabice e isso definir uma personalidade e um modo de agir. Nada de mais enganoso. Se houve anomalias na atribuição do grau académico, isso tem a ver com o funcionamento das universidades, não com os alunos. Já viram o que seria da classe política portuguesa se se fosse examinar “a passagem administrativa” de tantos e tantos? Todos os que passaram pelo ensino superior entre 1974 e 1980, e até mais tarde, podem ter esse labelo colado às costas. Ora bem, passaram, fizeram os cursos, desempenham actividades profissionais, o que há a fazer é saber se o fazem bem ou não. No campo onde se encontram.
Esta história do “Senhor Engenheiro” ser ou não ser “Engenheiro” enfim releva do maior provincianismo português e da mais descarada hipocrisia política. Podem crer que diria o mesmo, qualquer que fosse a cor partidária do “Engenheiro”. Já viram o que seria pedir o título universitário a José Saramago, para poder receber o Prémio Nobel?
Mas este caso levanta muitas outras questões, algumas delas essenciais para a vida política portuguesa. E não só. Também para o que se entende que deva ser a democracia. A democracia está em crise há muito. Em crise em virtude das suas próprias características e virtudes.
A democracia vive da liberdade. Liberdade de expressão, liberdade política, liberdade jurídica, liberdade económica. A liberdade de expressão assegura a liberdade a todos, inclusive aos que atentam contra a liberdade. Quem propõe uma ditadura exprime-se livremente em democracia. Em ditadura quem defende a liberdade de expressão é preso, perseguido, mesmo morto.
Ora o que se assiste de algum tempo a esta parte é não a uma tentativa de derrube da democracia, mas a um sistemático ataque às virtudes da democracia, para a desacreditar. Hoje é difícil impor na Europa ditaduras como as que existiram no mundo na primeira metade do século XX. A ditadura de hoje, muito mais sofisticada, é simplesmente económica, não tem ideologia, exerce-se nas multinacionais sem rosto, que tudo controlam em nome do lucro e que não têm pátria. Nem regime político. Veja-se o caso da China: diz-se comunista, mas é um mercado tremendo, logo serve os interesses. Por isso não só se fazem todos os negócios com a China, como se dá possibilidade ao regime de sobreviver, aceitando que invada mercados com os seus preços baixos e a sua mão-de-obra quase escrava. Não há nem moral, nem política que pare o interesse económico.
Nos países democráticos (não é só em Portugal, é a nível planetário!), a liberdade de expressão permite algo de perfeitamente perverso: destruir a democracia por dentro, ir corroendo lentamente as personagens e as instituições, até a opinião pública não acreditar em nada e se afastar do que considera a “politica”. A “porca política”.
Os meios de comunicação social tradicional estão hoje em dia todos na mão do capitalismo. Jornais como “A República” ou “O Diário de Lisboa” de há uns anos atrás, realmente desalinhados em relação ao sistema, são impossíveis de conceber presentemente. Todos se norteiam pelas tiragens, o lucro. Precisam de altas tiragens (que raros têm) e para as conseguir procuram o que vende. O que vende é a coscuvilhice no jet set, a certos níveis, e na política, nesses e noutros níveis. O que vende são os sucessivos “namorados” da Elsa Raposo ou a corrupção política. Logo, vamos a isso, e se não existirem casos reais significativos, inventam-se alguns ou descobrem-se miudezas para alimentar os tablóides. O que se disse de Sá Carneiro, o que se disse de Mário Soares, o que se disse de Paulo Portas, o que se disse de Guterres, o que se disse de Santana Lopes, o que se disse de José Sócrates, com e sem razão! Para só falar de alguns, porque dizer-se, disse-se de todos.
Que alguns anónimos da blogosfera espalhem boatos e digam o que lhes apetece sob o disfarce do nickname, compreende-se. Que se sirvam dessa cobardia perfidamente assassina para passar a jornais, rádios e televisões, isso já fia mais fino. Que se ataquem impunemente pessoas sem provas provadas do que se afirma ou se insinua é algo que não só pode “assassinar” civicamente o visado, como vai matando lentamente a democracia.
Este é um trabalho sistemático, planificado, organizado. A ideia final é demonstrar que toda a gente é corrupta, toda a gente só se serve a si próprio. O que incute no cidadão normal a ideia de que ninguém “serve o interesse comum”, todos “se servem”, logo o melhor é eu fazer o mesmo. Donde essa geração de tecnocratas sem alma que visa o proveito pessoal e nada mais. Logo cada vez mais essa sensação de total desencanto que só pode levar ao alheamento da política. Logo a instalação de uma terra de ninguém, onde o poder económico se instala sem critica e sem controlo. Logo essa ditadura sem rosto que actua a seu belo prazer, duplamente legitimada: se todos procuram o lucro, para quê criticar aqueles que vivem do lucro? Vivendo do lucro, conseguido de forma selvática, a ditadura económica não encontra oposição credível, pois esta foi destruída previamente. E ainda vai lucrando uns pozinhos com a comunicação social que detém e que a serve, beneficiando também duplamente com os escândalos: vendem papel e conseguem audiências, por um lado, e minam oposições, por outro. Para quê arranjar ditadores de outro género, se esta situação serve perfeitamente e ainda por cima dá a ilusão de se viver numa perfeita democracia? Em que ninguém está acima do poder controlador da comunicação social.
Ora bem, com todos os seus vícios, a democracia é ainda o melhor sistema político que conheço. Se não fosse ela não estava aqui a escrever o que escrevo, nem vocês aí a lerem-se, se for o caso. Mas para que isso aconteça, a democracia e a liberdade têm de encontrar os seus próprios mecanismos de defesa.
Mas isso ficará para um próximo texto.
Adenda:
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É evidente que a blogosfera está infestada de energúmenos que a coberto de anonimato dizem o que entendem, sem respeito por nada nem ninguém. É óbvio que só idiotas, e idiotas mal intencionados, podem acreditar que esta forma de expressão é o que se chama “liberdade de expressão” ou qualquer forma de exercício da democracia. A essa vil forma de “expressão”, cobarde e sem carácter, nada mais se poderá chamar do que velhaca calúnia, qualquer que seja a sua justificação. Quem quer ataca e criticar que o faça a descoberto, usando o seu nome e o seu rosto. Quem não tiver coragem para o fazer assim, que se cale. Neste blogue não há lugar para cobardes.