Incursão rápida por Coimbra. Rápida mas intensa, saboreando memórias, recordando locais de estimação. Uma paragem na rua da Sofia, para comprar os jornais da terra, um café no belo Café de Santa Cruz, com o seu austero interior de madeira trabalhada e a sua esplanada sobre a praça. Sempre que passo por Coimbra, este local impõe-se, há muitos anos.
Passeio pelas ruas centrais e subida (sim, subida!), da Calçada de Quebra Costas, escadinhas e rampas repletas de apetecíveis livros usados, bijutarias várias, “recuerdos” turísticos, velhos discos de vinil ou cds actuais de Zeca Afonso e outros cantores coimbrões. Ouve-se o fado de Coimbra, por debaixo dos arcos, do Arco de Almedina. Subida que nos leva à Sé Velha, numa tarde de sol que nos recorda noites de serenatas. As casas onde viveram Zeca Afonso e Edmundo Bettencout. Em frente, em frente, depois descendo até ao Jardim da Manga.
De carro, passa-se já ao longo dos Arcos do Jardim e do Jardim Botânico e termina-se no Penedo da Saudade, com Coimbra aos pés.
Passa-se pelo Teatro Gil Vicente, para levantar bilhetes para a festa de encerramento dos Caminhos do Cinema Português, logo à noite. O jantar está marcado para o tradicional restaurante “Pharmacia”. Ali se encontra a organização e os convidados da XIV edição destes “Encontros” que relançam durante uma semana toda a produção portuguesa, das longas às curtas, da imagem real à animação.
Acabado o jantar, atravessamos a “Feira do Livro”, onde se canta Lopes Graça. No Gil Vicente entregam-se os prémios do ano. (*) Depois, Henrique Espírito Santos sobe ao palco e faz o meu elogio. É estranho ouvir alguém falar de nós, ouvirmo-nos como se fossemos “outro”, o “outro”. Trata-se do prémio Ardenter Imagine, que reconhece uma “Carreira” ao serviço do cinema. Agradeci comovido por se tratar dos “Caminhos do Cinema Português”, por se tratar de Coimbra, epor vir de uma organização de jovens estudantes universitários. Se era para reconhecer uma paixão expressa ao longo de uma carreira, acho justo. Julgo merecê-la. Assim tem sido efectivamente. Na medida das minhas possibilidades.
Entrevistas à saída, autógrafos, simpatias várias. A Alexandra fica em Coimbra, eu, a Eduarda e a Ana voltamos a Lisboa. Auto-estrada Porto-Lisboa. Noite.
(*) relação dos premiados:
JÚRI OFICIAL
Grande Prémio do Festival – “Transe”, de Teresa Villaverde
Melhor Longa – “Atrás das Nuvens”, de Jorge Queiroga
Melhor Curta – “Cântico das Criaturas”, de Miguel Gomes
Menção Honrosa – “História Desgraçada”, de Elsa Bruxelas
Melhor Animação – “Stuart”, de Zepe
Menção Honrosa – “Jantar em Lisboa”, de André Carrilho
Melhor Documentário – “Logo Existo”, de Graça Castanheira
Menção Honrosa – “Humanos A Vida em Variações”, de António Ferreira
Prémio Revelação – Hugo Vieira da Silva
JÚRI FICC
“A Minha Aldeia Já Não Mora Aqui”, de Catarina Mourão
JÚRI IMPRENSA
“Ainda há Pastores?”, de Jorge Pelicano
Menção Honrosa – “Operário em Construção”, de Pedro Canotilho e Eduardo Nascimento PRÉMIO DO PÚBLICO
Suicídio Encomendado de Artur Serra Araujo
PRÉMIO ARDENTER IMAGINE
Lauro António
8 comentários:
Parabéns! Parabéns! Parabéns! Tenho tanta pena de não poder ter estado presente...
Beijinhos
Fred
Parabéns pelo merecido Prémio de Carreira! Beijinhos
Aqui esta ovelha negra, do que gosta em Coimbra, é do Zé Manel dos Ossos, atrás do Astória, onde a comida é divina.
Olá Lauro António
Só recentemente, por mão amiga, tomei conhecimento da sua crítica ao meu livro O Homem da Carbonária.
Humildemente lhe agradeço a bondade das suas palavras, que para mim tiveram um peso maior por terem partido de alguém que me habituei a respeitar desde rapaz e que faz parte do restrito lote de portugueses do cinema, responsáveis pela minha formação e pelo meu gosto nessa matéria, tão da minha preferência. Por exemplo, através de um livro saido poucos anos após o 25 de Abril, sobre a censura e o cinema, que recordo com saudade - emprestei-o e não regressou -, e um outro com o título deste Blog, que tenho à minha frente.
Se me informar sobre o local de destino, terei todo o prazer em lhe enviar o meu primeiro livro, O caso da Rua Direita, a que se referiu, cuja temática é totalmente diversa deste segundo, pois aborda a dinâmica de uma brigada de homicídios da PJ de Lisboa, tudo emoldurado por uma história policial.
parabéns pelo blog, que passarei a frequentar mais regularmente.
Carlos Ademar (cademar@gmail.com)
Meu Caro Carlos Ademar,
Em primeiro lugar obrigado pelas suas palavras. Depois, dado que gostei bastante do seu 1º livro, já consegui o segundo, que vou ler logo que acabe uns que se meteram pelo meio. Mas um dia gostava de os ter autografados. Fica para quando nos encontrámos pessoalmente.
Um abraço de estima
Não pude deixar de me solidarizar com o(a) ouriço: Zé Manel dos Ossos, sempre!!!
É muito bom.... Temos de ir lá todos, um dia.
Mag, Cátia, obrigado pelos parabéns!
Enviar um comentário