quinta-feira, novembro 30, 2006

BLOGUES DE CINEMA - Os Melhores de 2006

1º ENCONTRO NACIONAL DE BLOGUES DE CINEMA
(Famafest, Famalicão,
Março de 2007)

ELEIÇÃO DOS

MELHOR BLOGUE DE CINEMA
2006
MELHOR BLOGUE DE CULTURA

Vamos eleger, no quadro do
I Encontro Nacional
de Blogues de Cinema,
o Melhor Blogue de Cinema
e o Melhor Blogue de Cultura
Portugueses
Os blogues mais votados serão
premiados durante o Famafest, 2007

Para votar, nada mais fácil:
Regras:
1. Cada autor de blogue dispõe
de dois votos por categoria
(dois para cinema, dois para cultura);
2. Cada blogue só pode votar uma vez
(deve fazê-lo neste blogue, em comentário);
3. Cada blogue não pode votar em si
(ninguém pode votar neste blogue organizador);
4. Votação vai decorrer até final do ano
(os resultados serão públicos no início de 2007,
e os blogues premiados receberão o prémio
na Sessão de Abertura do
1º Encontro Nacional de Blogues de Cinema
(e afins).
5. Só se aceitam votos de blogues existentes
à data do inicio desta votação
(por causa das confusões!).
Vamos a votos!
Ver lista de blogues e votantes Aqui
Continuamos a aceitar
inscrições para o Encontro (Aqui)
e votações para o tema do Work Shop (Aqui)

"BLOGUES DE CINEMA
Os Melhores de 2006"

Blogues votados até 30.11.2006

Amarcord - II
As Aranhas
Brain-mixer
Cineblog - IIII
Estado Civil
Fila do meio
Grindouse
Hollywood
Imagens Perdidas - II
Mise en Abyme - II
O Acossado
Pasmos Filtrados – III
Play It Againt
Royale With Cheese - II
WAsted Blues - II
Zona Negra - II
"BLOGUES DE CINEMA”
TEMA PARA “WORK SHOP"

Votação (30.11.2006):

12 votos:
EXPRESSIONISMO, HISTÓRIA E PERMANÊNCIA
11 votos
AS VANGUARDAS NAS DÉCADAS DE 20 A 40.
3 votos:
GRIFFITH
As votações mantem-se até final de Dezembro de 2006

quarta-feira, novembro 29, 2006

LIVROS - Michel Houellebecq


MICHEL HOUELLEBECQ
“Extensão do Domínio da Luta”

Acabei de ler “Extensão do Domínio da Luta” para que me haviam alertado. Parece que o autor é uma das coqueluches do momento, não só em França, mas um pouco por todo o lado. Devo dizer que este seu romance não me apaixonou, apesar de lhe reconhecer muitas qualidades, e de muitos o consideraram o melhor do escritor até à data. É um bom sintoma do momento, mas nem todos os sintomas do momento são, só por isso, obras de excepção, ainda que possam ser referências de um tempo. Um tempo desencantado, perdido, sem sentimentos, sem emoções, vulgar, dominado pelas tecnologias e o desprezo pela humanidade. A humanidade e mais ainda a Humanidade. Misógino, reaccionário, com laivos óbvios de racista, de uma violência comportamental desmedida, este Houellebecq tem tanto de qualidade literária como de irritante pelo seu evidente desprezo pela raça humana. Mas vou ler o seu último romance "La Possibilité d'une île". Já me contaram que Daniel, um comediante-solista de sucesso, personagem principal e narrador deste quarto romance de Michel Houellebecq, tem piadas "dignas de antologia". Exemplo: Alguém pergunta: "Como chama àquela gordura à volta da vagina?" e alguém responde: "Mulher."
Há quem goste do género.

Mas escreve bem, não há duvida. Tem ideias originais. Três pequenos exemplos:

NÃO GOSTO DE GENTE
(…)
Sou forçado a virar-me para a paisagem para não ter de olhar para ele. É curioso, porque agora parece-me que o sol se transformou numa bola de fogo, como pela ocasião da minha viagem de ida. Mas estava tranquilo, podia até haver cinco ou seis bolas de fogo vermelhas que em nada iam modificar o decurso da minha meditação.
Não gosto de gente. Decididamente não gosto. A sociedade na qual vivo deprime-me; a publicidade dá-me náuseas; a informática provoca-me vómitos. Todo o meu trabalho de informático consiste em multiplicar referências, composições, aos critérios de decisão nacional. Não encontro qualquer sentido em tudo isto. É, francamente, bastante negativo; um estorvo inútil para os neurónios. Esta gente precisa de tudo, excepto de informações suplementares.
De volta a Paris, sempre sinistra. Os edifícios leprosos da ponte Cardinet por detrás dos quais imaginamos inevitavelmente os reformados a agonizarem ao lado do gato poucette que devora metade da pensão com croquetes da Friskies. Este tipo de estruturas metálicas sobrepõe-se até à indecência para formar um entrelaçado de catenárias. E a publicidade outra vez, inevitável, repugnante e confusa. “Um espectáculo alegre e diferente”. Uma bagatela. Uma bagatela sem valor.

LIBERALISMO ECONÓMICO VS LIBERALISMO SEXUAL
(…)
Estávamos no parque de estacionamento da direcção departamental da agricultura; os candeeiros espalhavam um halo amarelado bastante desagradável; a atmosfera estava fria e húmida. Ele disse: “Sabes, já fiz as minhas contas, posso pagar uma puta por semana; sábado à noite é um dia bom. É o que vou acabar por fazer. Embora saiba que alguns homens podem ter exactamente o mesmo que eu sem terem de pagar por isso, e com amor. Prefiro experimentar; agora quero experimentar”.
Não consegui, obviamente, responder-lhe nada; mas fui para o hotel bastante pensativo. Decididamente, pensava eu, nas nossas sociedades, o sexo representa o belo, segundo um sistema de diferenciação, completamente independente do dinheiro; comporta-se como um sistema de diferenciação impiedoso. Os efeitos destes dois sistemas são pelo menos estritamente equivalentes. Tal como o liberalismo económico sem entrave e por razões análogas, o liberalismo sexual produz os fenómenos de pauperização absoluta. Alguns fazem amor todos os dias; outros, cinco ou seis vezes na vida inteira, ou então nunca. Alguns fazem amor com meia dúzia de mulheres; outros com nenhuma. E aquilo a que chamamos a “lei do mercado”. No sistema económico onde o licenciamento é proibido, cada um consegue de uma maneira ou de outra encontrar o seu lugar. Num sistema sexual onde o adultério é proibido, ninguém consegue, de uma maneira ou de outra, encontrar a sua companhia na cama. Num sistema económico perfeitamente liberal, alguns acumulam fortunas consideráveis; outros improdutivos estão no desemprego e na miséria. Num sistema sexual perfeitamente liberal, alguns têm uma vida exótica e excitante; outros estão reduzidos à masturbação e à solidão. O liberalismo económico é uma extensão do domínio da luta, a sua extensão a todas as idades da vida e a todas as classes da sociedade. Do mesmo modo que o liberalismo sexual é a extensão do domínio da luta, a sua extensão acontece em todas as idades da vida e a todas as classes da sociedade. No plano económico, Raphaél Tisserand, pertence à classe dos vencedores; no plano sexual, à dos vencidos. Há quem ganhe em ambos os lados, há também quem perca nos dois. As empresas disputam entre si alguns jovens licenciados; as mulheres disputam alguns jovens homens; os homens disputam algumas mulheres; o problema e a agitação são consideráveis.


VERONIQUE
(…)
Na noite da morte de Leverrier, o pai tinha-lhe ligado para o empre­go; como ele não estava, foi a Veronique que falou com ele. A mensagem consistia em retribuir-lhe a chamada com a máxima urgência; recado que se esqueceu de transmitir. Leverrier chegou a casa às seis horas da tarde sem ter tido conhecimento do recado e disparou um tiro na cabeça. Foi Veronique que me contou isto na noite em que se soube da morte na Assembleia Nacional; ela acrescentou que, passo a citar, “a presença dele a incomodava um pouco”. Ainda pensei que ela ficasse com remor­sos ou uma espécie de culpabilidade, mas não: no dia seguinte já tinha esquecido o acontecimento.
Veronique andava a fazer psicanálise. Lamento tê-la conhecido. No geral, não há nada a dizer sobre mulheres sujeitas a estas sessões. Uma mulher entregue às mãos de psicanalistas fica definitivamente impró­pria para uso, o que vim a constatar inúmeras vezes. Este fenómeno não deve ser considerado como um efeito secundário da psicanálise, mas sim como a causa principal. Sobre o pretexto da reconstrução do eu, os psicanalistas procedem na verdade a uma escandalosa destruição do ser humano. Inocência, generosidade, pureza... tudo isto é rapidamen­te triturado por entre essas mãos grosseiras. Os psicanalistas, regala­damente remunerados, pretensiosos e estúpidos, exterminam de modo conclusivo toda a aptidão para o amor nos seus pacientes, tanto mental como física; comportam-se com efeito como verdadeiros inimigos da humanidade. Impiedosa escola de egoísmo, a psicanálise está apetrecha­da com o maior dos cinismos à conta das corajosas raparigas miseráveis para as transformar em ignóbeis parvalhonas de egocentrismo delirante, que pode apenas suscitar a mais profunda agonia. Não se deve confiar, qualquer que seja o caso, numa mulher que tenha passado pelas mãos de um psicanalista. A mesquinhez, o egoísmo, o disparate arrogante, a completa falta de sentido moral, a incapacidade crónica de amar: eis o retrato exaustivo de uma mulher “psicanalizada”.
Veronique correspondia, diga-se, traço por traço a esta descrição. Amei-a com todas as minhas forças, o que representa em si muito amor. Foi uma pura perda, agora sei-o bem; se lhe tivesse partido os dois braços mais me valia. Ela sempre teve, sem dúvida, como todos os depressivos, a predisposição para o egoísmo e o coração de pedra; mas a psicanálise transformou-a de maneira irreversível num verdadeiro excremento; sem íntimo e consciência - um detrito envolto em folha de celofane. Lembro-me de que ela tinha um quadro branco onde apontava coisas vulgares do género “ervilhas” ou “pressing”. Um dia à noite tendo vindo de uma ses­são, apontou esta frase de Lacan: “Quanto mais ignóbil, melhor”. Esbocei um sorriso; só podia mesmo sorrir. Esta frase não era ainda, nesta altura, mais do que um princípio; mas ela iria dissecá-la, ponto por ponto.
Numa noite, aproveitando a ausência de Veronique, engoli um frasco de Largactyl. Tomado pelo pânico, chamei imediatamente os bombeiros. Tiveram de me levar às urgências para uma lavagem ao estômago, etc. Enfim, estive à beira da ruptura. A grande parva (nem sei como a pode­ria qualificar) nem sequer me foi visitar. De regresso a “casa”, se assim lhe posso chamar, insultou-me de egoísta lastimoso, tais as palavras que encontrou para me dar as boas-vindas; a sua interpretação do aconteci­mento era que lhe tinha engendrado preocupações suplementares, a ela «que já tinha tanto que se preocupar com os problemas de trabalho». A parvalhona chegou mesmo a dizer-me que tudo aquilo tinha sido uma “chantagem emocional”. Sempre que me lembro lamento não lhe ter golpeado os ovários. Enfim, faz parte do passado.

In “Extensão do Domínio da Luta”, de Michel Houellebecq (Ed. Quasi).

amanhã há mais sobre Michel Houellebeck »

segunda-feira, novembro 27, 2006

PHILIPPE NOIRET

Philippe Noiret
(1.10.1930 - 23.11.2006)
Este mês de Novembro vai alinhando desaparecimentos vários de pessoas que eu amava e amo. Não tinha dado por mais esta nota de dor, até chocar com um blogue discreto, recente, de uma jovem de Aveiro, que gosta de Debussy, e se assina por "Claire de Lune". O blogue chama-se "Doce Inquietude" e lá vinha a nota da morte desse maravilhoso Philippe Noiret que, quase toda a gente lembra de "O Cinema Paraíso", mas aqueceu dezenas e dezenas de bons filmes (sim, por que qualquer filme interpretado por ele passava a ter algo a justificar a visita). Aqui fica a referência e a certeza de que há homens que não morrem, apenas vão fazer umas viagens mais demoradas. Mas deixam ficar os filmes, para que ninguém se esqueça deles.
Já pensaram no Céu, se existisse Paraíso? A confraternização cinematográfica?

"Cinema Paraiso"

domingo, novembro 26, 2006

MÁRIO CESARINY DE VASCONCELOS

Mário Cesariny de Vasconcelos

(6.08.1923 - 16.11.2006)


Voz numa pedra
Não adoro o passado
não sou três vezes mestre
não combinei nada com as furnas
não é para isso que eu cá ando
decerto vi Osíris porém chamava-se ele nessa altura Luiz
decerto fui com Isis mas disse-lhe eu que me chamava João
nenhuma nenhuma palavra está completa
nem mesmo em alemão que as tem tão grandes
assim também eu nunca te direi o que sei
a não ser pelo arco em flecha negro e azul do vento
Não digo como o outro: sei que não sei nada
sei muito bem que soube sempre umas coisas
que isso pesa
que lanço os turbilhões e vejo o arco íris
acreditando ser ele o agente supremo
do coração do mundo
vaso de liberdade expurgada do menstruo
rosa viva diante dos nossos olhos
Ainda longe longe essa cidade futura
onde «a poesia não mais ritmará a acção
porque caminhará adiante dela»
Os pregadores de morte vão acabar?
Os segadores do amor vão acabar?
A tortura dos olhos vai acabar?
Passa-me então aquele canivete
porque há imenso que começar a podar
passa não me olhas como se olha um bruxo
detentor do milagre da verdade
a machadada e o propósito de não sacrificar-se não
construirão ao sol coisa nenhuma
nada está escrito afinal
Mário Cesariny

MÁRIO CESARINY DE VASCONCELOS
nasceu no dia 9 de Agosto de 1923 em Lisboa.
Morreu na madrugado do dia 26 de Novembro de 2006, em sua casa.
Freqüentou a Escola de Artes Decorativas António Arroio e estudou música com o compositor Fernando Lopes Graça. Considerado o mais importante representante poeta português da escola Surrealista, encontra-se em 1947 com André Breton, facto determinante no desenvolvimento do seu trabalho literário. Ainda nesse ano participa, junto com Alexandre O'neill, António Pedro etc., do Grupo Surrealista de Lisboa. Algum tempo depois, por não concordar com a linha ideológica do grupo, afasta-se de maneira polémica e funda o "Grupo Surrealista Dissidente". Principal representante do Surrealismo português, Mario Cesariny, no início de sua produção literária, mostra-se influenciado por Cesário Verde e pelo Futurismo de Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa. Ao integrar-se ao Grupo Surrealista, muda o seu estilo, trazendo para sua obra o "absurdo", o "insólito" e o "o inverossímil". Além de poeta, romancista, ensaísta e dramaturgo, também se dedicou às artes plásticas, sobretudo à pintura.
Obras mais importantes:
Corpo Visível - 1950;
Discurso sobre a Reabilitação do Real Quotidiano - 1952;
Louvor e Simplificação de Álvaro de Campos -1953;
Manual de Prestidigitação -1956;
Pena Capital-1957;
Alguns Mitos Maiores e Alguns Mitos Menores Postos à Circulação pelo Autor -1958;
Nobilíssima Visão -1959;
Poesia -1961;
Planisfério e Outros Poemas -1961;
Um Auto para Jerusalém -1964;
Titânia e A Cidade Queimada -1965;
Burlescas, Teóricas e Sentimentais -1972;
Primavera Autônoma das Estradas -1980;
Titânia -1994.
Todos por Um
A manhã está tão triste
que os poetas românticos de Lisboa
morreram todos com certeza

Santos
Mártires
e Heróis

Que mau tempo estará a fazer no Porto?
Manhã triste, pela certa.
Oxalá que os poetas românticos do Porto
sejam compreensivos a pontos de deixarem
uma nesgazinha de cemitério florido
que é para os poetas românticos de Lisboa não terem de
recorrer à vala comum
Fidelidade
Porquê não se sabe ainda
mas ainda aos que amam o poeta porque ele lhes dá o
livro do não trabalho
e diz cor de rosa diante de toda a gente
mas lhe lêem o livro só nas férias
(entre trabalho e trabalho)
e à noite vão a casas dizer cor de rosa em segredo
a esses e ainda
aos que estudaram o problema tão a fundo
que saíram pelo outro lado
e armaram um quintal novo para as galinhas do poeta
porem ovos
e disseram ao poeta estas são as nossas galinhas que
tu nos deste
se elas não põem os ovos que amamos
matamos-te
e então o poeta vai e mata ele as galinhas
as suas belas galinhas de ovos de oiro
porque se transformaram em malinhas torpes
em tristes bichas operárias que cheiram a coelho
a esses e ainda
aos realmente explorados
aos realmente montes de trabalho
ou nem isso só rios
só folhas na árvore cheia do método árvore
*
Não esquecer
"Autografia", um belissimo filme
de Miguel Gonçalves Mendes
Grande Prémio de Lusofonia
no Famafest 2004

sábado, novembro 25, 2006

BLOGUES DE CINEMA - Os Melhores de 2006

I

1º Encontro Nacional de
Blogues de Cinema
(Famafest, Famalicão, Março de 2007)

ELEIÇÃO DOS

MELHOR

BLOGUE
DE CINEMA

2006

MELHOR
BLOGUE
DE CULTURA
Vamos eleger, no quadro do
I Encontro Nacional
de Blogues de Cinema,
o
Melhor Blogue de Cinema
e o
Melhor Blogue de Cultura
Portugueses
Os blogues mais votados serão
premiados durante o Famafest, 2007

Para votar, nada mais fácil:
Regras:
1. Cada autor de blogue dispõe
de dois votos por categoria
(dois para cinema, dois para cultura);
2. Cada blogue só pode votar uma vez
(deve fazê-lo neste blogue, em comentário);
3. Cada blogue não pode votar em si
(ninguém pode votar neste blogue organizador);
4. Votação vai decorrer até final do ano
(os resultados serão públicos no início de 2007,
e os blogues premiados receberão o prémio
na Sessão de Abertura do
1º Encontro Nacional de Blogues de Cinema
(e afins).
5. Só se aceitam votos de blogues existentes
à data do inicio desta votação
(por causa das confusões!).
Vamos a votos!

Continuamos a aceitar
inscrições para o Encontro (
Aqui) e
votações para o tema do Work Shop (Aqui)

Entretanto, lá por fora, já se efectuaram
algumas votações deste tipo.
O concurso internacional,
Best of the Blogs 2006,
criado pela Deutsche Welle,
com objetivo de premiar
os melhores blogues de todo o mundo,
já anunciou os blogues vencedores deste ano
escolhidos por um júri (oficial)
e pelos usuários (popular).
Na decisão oficial do júri
o vencedor foi o americano
Sunlight Foundation,
voltado para notícias políticas.
Na votação popular,
quem ganhou foi o blogue alemão
de contar histórias,
Lisa Neun.
Entre os premiados,
três blogs brasileiros ganharam destaque.
O primeiro foi o
Apocalipse Motorizado,
de São Paulo, que venceu na categoria
de "Melhor weblog em português".
Já outros dois blogs
Blog de Alcinéa Cavalcante
e
Garotas Que Dizem Ni
ganharam em votação popular,
respectivamente o "Prémio Repórteres Sem Fronteiras" e
“Melhor weblog em português".
A lista completa com todos os vencedores
está no
site do concurso
(via
Jornalista da Web).
Em Portugal,
neste preciso momento,
decorre igualmente uma votação
para eleger os melhores blogues nacionais.
É uma iniciativa do blogue
Geração Rasca.

À atenção dos votantes
uma primeira lista de blogues de cinema
(e alguns de cultura) :


Chroniques de Lisbonne (ON)
Cine Addiction (OFF)
Cine Sphere (ON)
Cine Zone (ON)
Cine7 (ON)
Cinearte (OFF)
Cine-Asia (ON)
Cine-Australopitecus (ON)
Cineblog (ON)
Cinecultura (OFF)
Cinefilosofia (OFF)
Cinejornal (OFF)
Cinejrb (OFF)
Cinema (OFF)
Cinema Dungeon (ON)
Cinema Existencial (OFF)
Cinema Notebook (ON)
Cinema Panteonesco (ON)
Cinema Paraíso (ON)
Cinema Xunga (ON)
Cinémania (OFF)
Cinemania (OFF)
Cinemania77 (OFF)
Cinematecos (OFF)
Cinemundo (OFF)
Cinept (ON)
Cinerama (ON)
CineXplod (OFF)
Citizen Kane (OFF)
Claquete (ON)
Contracampo (ON)
Cool 2 Ra (OFF)
Devaneios(ON)
Duelo ao Sol (ON)
DVD (ON)
Escrever Cinema (ON)
Escrever e Ver Cinema (ON)
Espigas ao vento (OFF)
Estreias Online (OFF)
Eternal Sunshine (OFF)
Eu adoro Cinema (ON)
Fábrica Lumiére (ON)
Fans Harry Potter (ON)
Festroiablog.com (ON)
Fila do Meio (ON)
Film ou Movie (OFF)
Filmes de culto (ON)
Gonn 1000 (ON)
Grande Ecrã (OFF)
Grindhouse(ON)
Hollywood (ON)
House of the blue leaves (ON)
Imagens Perdidas (ON)
It´s Only Tuesday (OFF)
Je t´aime moi non plus (ON)
Jeu de massacre (ON)
Jump Cut (OFF)
Keyzer Soze's Place (ON)
La Saraghina (ON)
Let´s look at the Trailer (OFF)
Lord of the Movies (ON)
Lorfat Lines (OFF)
Lost in translation (OFF)
Magacine (ON)
Manual dos Inquisidores (OFF)
Matiné (ON)
Miguel Galrinho (ON)
Mise en Abyme (ON)
MovieSpace (ON)
Movies Universe (ON)
Mulholland Dr. (ON)
My Asian Movies (ON)
Nakamura´s place (OFF)
Noite Americana (ON)
Not_alone (ON)
Núcleo de Programação Cinematográfica (OFF)
O charme discreto da bloguesia (ON)
O que eu vejo daqui (ON)
O terceiro homem (ON)
O tronco da teia (ON)
O vício da Arte (ON)
O Zombie (ON)
Os espelhos velados (ON)
Os filmes k bi (OFF)
Pasmos Filtrados (ON)
Pepsi e Pipocas (ON)
Pipoca Rasca (ON)
Plano 9 (ON)
Play it again (ON)
Port Moresby (ON)
Pouco sobre muito (ON)
Realizador Vs Cinema (OFF)
Reservoir Movies (OFF)
Rollcamera (ON)
Royale with Cheese (ON)
Scarymovies (OFF)
Série B (OFF)
Sokotai View (OFF)
SOS Cinema Europa (ON)
Spider (ON)
Take 2 (ON)
Take a break (ON)
Teia do Cinema (OFF)
The Big Screen (ON)
The Light of Cinema (OFF)
The Tracker (ON)
Thing´s i´ll never say (ON)
Trailers Blog (ON)
Três Cinéfilos em conflito (OFF)
Tv-child (ON)
Uma semana um filme (OFF)
Vertigo 451 (ON)
Viciado em Cinema e TV (ON)
Viciado em Cinema e TV (A sequela) (ON)
Violência e Paixão (OFF)
Viver contra o Tempo (ON)
Wasted blues (ON)
Wildstrawberries (OFF)
Zona Negra (ON)
Zoom (OFF)


Blogues de Cinema - Brasil
(Mack) Cinema e Cia (OFF)
16por9 [ ] Widescreen Anamorphic (OFF)
A Rebeldia, o Sonho e o Cinema (ON)
A sala proibida (ON)
Ana's Multiply Site (ON)
Anotações de um cinéfilo (ON)
Arquivo de filmes (ON)
Asia Fury (ON)
Baixa Freqüência (OFF)
Bakemon (ON)
Barbirotto (ON)
Baú de Filmes (ON)
Blog da Desforra (ON)
Blog Sétima Arte (OFF)
Cine Dema(i)s (ON)
Caminhante Noturno Cinema (ON)
Chip Hazard (ON)
Christophilmes (ON)
Cine art (ON)
Cinecasulofilia (ON)
Cinedobeto (ON)
Cinefilia (ON)
Cinéfilo (ON)
Cinéfilos Off-line (OFF)
Cinéfilos On-line (OFF)
Cinema Cuspido e Escarrado (ON)
Cinema e Video (OFF)
Cinema Falado (OFF)
Cine na veia (ON)
Cinematógrafo (ON)
Cinematório (ON)
Cinemorama (OFF)
Cinenetcom (ON)
CineSequencia (ON)
Coisas que a gente vê no escuro (ON)
Crônicas Cinéfilas (ON)
Diário de um cinéfilo (ON)
Do desastre ao triunfo (ON)
Dollari Rosso (ON)
EgoLog(ON)
Ele, Ela e o Cinema (ON)
Elucubrações Cinéfilas (OFF)
Em cartaz (OFF)
Enquadramento (ON)
Epílogo (ON)
Era uma vez na Paraíba (ON)
Esse eu já vi (OFF)
Estraga Filmes (ON)
Estréias (ON)
Euassisti.com (ON)
Falando de Cinema (OFF)
Filmes do Chico (ON)
Filmes GLS [ou quase] (ON)
Filmes vistos em 2006 (OFF)
Focinho gelado (ON)
Foco Potiguar (ON)
Fora de quadro (ON)
Fotograma Experimental (ON)
Free as a weird (ON)
Hammer Horror (ON)
Imagem em Movimento (ON)
Império Cinéfilo (ON)
Impressões Cinéfilas (ON)
Kino Crazy (ON)
Le pickpocket (ON)
Liga dos blogues Cinematográficos (ON)
LOGed (ON)
Los Olvidados (ON)
Low Frequency (ON)
Mira! (ON)
Mondo Paura (ON)
Nem todas as batatas sabem nadar (ON)
O anjo exterminador (ON)
O Crítico de Cinema (OFF)
O negativo queimado (ON)
O olho de Hochelaga (ON)
Obscuridades da 7ª Arte (ON)
Olhar Elétrico (ON)
Orionlog (ON)
Os Intocáveis (ON)
Palavras da Sétima arte (OFF)
Perdida na tradução (ON)
Perdido na tradução (ON)
Picilone (OFF)
Pilog (ON)
Punch Drunk Movies (ON)
Purviance, Chaplim, Cinema e Solidão (ON)
Qualquer coisa (ON)
Quarto do Chiko (ON)
Queimando filme (ON)
Repete que eu nao ouvi direito (OFF)
Reservoir dog (ON)
Setaro´s Blog (ON)
Spoiler (ON)
Teco Apple (ON)
Tempo-Espaço (OFF)
The Bridge (ON)
The Cave (ON)
The sound of Silence (ON)
Vida e época de tiago superoito (ON)
Viva Gringo (ON)
Viver e morrer no Cinema (ON)
You talkin to me? (ON)

Blogues de cinema - em inglês
Bitter Cinema (OFF)
Blog by the cemetery (OFF)
Elusive Lucidity (ON)
Luxo (ON)
O signo do Dragão (ON)
Shaukasten (ON)
Tim Lucas Video Watchblog (ON)
Blogues de cinema - em espanhol
Blogdecine (ON)
Nocturne Cinéphage (ON)

Esta lista de blogues de cinema foi originariamente publicada por "Blog Blog Blog"
http://blogblogblogcinema.blogspot.com/
um blogue da autoria de lmarchao que interrompeu a sua publicação em Setembro deste ano, mas que era uma excelente fonte de informação e que aqui saudamos.

PUBLICIDADE

TV CABO
O CONVITE À FUGA

A TV Cabo lançou uma campanha publicitária que é uma verdadeira vergonha. Uma vergonha estar a ser difundida, uma vergonha ter sido pensada, uma vergonha não haver neste País ninguém com vergonha na cara que impeça que tal campanha de publicidade se matenha.
Imaginem só que, por a casa só ter 4 canais de televisão, a mulher deixa o marido, a empregada demite-se, o filho baza! O elogio do consumismo levado a um extremo que julgava impossível de ver, assistir, ler nos jornais, ver na televisão, ouvir na rádio. Um convite a "entalar" os pais, os maridos, os patrões, a endividarem-se para manter o agregado familiar intacto, com base em "mais canais"!. Um convite aos filhos para bazarem se os pais não lhe derem as mordomias julgadas "essenciais" à sua felicidade. A saber: mais do que 4 canais na sua televisão.
Não ninguém responsável neste País que veja televisão ou compre jornais e que perceba o que esta campanha quer dizer?

sexta-feira, novembro 24, 2006

BLOGUES DE CINEMA - O MELHOR DE 2006

1º Encontro Nacional de
Blogues de Cinema
(Famafest, Famalicão, Março de 2007)


(veja post actualizado

no dia 25.11.2006)

quinta-feira, novembro 23, 2006

Dois Blogues / Mano a Mano

Dois novos blogues surgiram.
Um recente, acabadinho de chegar.
Só ainda com um post, mas que afiança continuar
(ainda que só daqui a alguns dias, por ausência da voz feminina):
O outro já existe há algumas semanas,
mas só agora demos por ele,
o que não impediu de o lermos tudinho,
e cheio de curiosidade:
(também está em stand by por causa da voz feminina,
que se pode dizer que, nesta altura,
é uma "mulher das Arábias",
mas volta..)
Ambos são escritos a meias,
e alternadamente,
por um homem e uma mulher
(diferentes nos dois blogues).
Ambos procuram alguma coerência na escrita,
mas jogam sobretudo com
a possível argúcia dos seus autores
para estabelecerem as pontes entre os textos.
Ambos refletem a vida,
o que foi, o que poderia ter sido,
a verdade, a mentira,
a realidade e a fantasia...
Ambos...

quarta-feira, novembro 22, 2006

ROBERT ALTMAN

Robert Altman

(nasceu a 20 de Fevereiro de 1925,
em Kansas City, Missouri, EUA;
faleceu a 20 de Novembro de 2006,
em Los Angeles, California, EUA)
Um dos maiores cineastas contemporâneos
ROBERT ALTMAN
nos jornais portugueses
Diário de Noticias

O realizador individualista, independente e do 'contra',
que gostava de filmar histórias colectivas

Pouco antes de morrer, John Ford deu uma entrevista em que confessava já não ir ao cinema porque os filmes não prestavam. Para enfatizar o que ele achava ser o estado deplorável a que Hollywood tinha chegado, disse: "Qualquer dia aparece aí um filho da puta a fazer uma comédia sobre a guerra!" Em 1970, Robert Altman assinava Mash, o seu primeiro sucesso, uma comédia negra anti-Vietname e anti-militarista, passada na guerra da Coreia.
Altman morreu ontem num hospital de Los Angeles, aos 81 anos. Foi um dos realizadores mais individualistas, independentes e avessos aos constrangimentos de Hollywood, e um dos mais influenciados pelo cinema europeu. "Tive muita sorte. Nunca realizei um filme que não tenha escolhido ou feito o projecto", disse ao receber, este ano, o Óscar de Carreira. (Foi nomeado cinco vezes para Melhor Realizador, mas nunca ganhou). Tinha reputação de arrogante e intransigente, o que dificultava as suas relações com estúdios e produtores. Conseguia filmar com orçamentos mínimos, atraindo actores de nomeada que queriam o prestígio de trabalhar com ele.
A sua carreira teve grandes altos e baixos. Um auge nos anos 70, uma longa "travessia do deserto" na década de 80, em que voltou a trabalhar para a televisão onde se havia estreado nos anos 50, e um regresso em 1992 com O Jogador, outra sátira vitriólica, agora a Hollywood, que o recebeu com aplausos.
A sua imagem de marca era os filmes colectivos, feitos de múltiplas pequenas histórias entrecruzadas para formar um quadro panorâmico de vários sectores, grupos ou estratos sociais da sociedade americana (e não só), com elencos intermináveis, muita improvisação e um ar aparentemente desarrumado. Estão entre eles Nashville (1975), Um Casamento (1978), HealtH (1980), Os Americanos (1993), Prêt-a-Porter (1994), Gosford Park, feito em Inglaterra (2001) ou Os Bastidores da Rádio (2006), em exibição entre nós.
Mas Altman também realizou anti-policiais (O Imenso Adeus, 1973), anti-westerns (A Noite Fez-se para Amar, 1974), comédias dramáticas (Brincando com a Sorte, 1974), ficção científica (Quinteto, 1979) e bizarrias (Popeye, 1980). Gostava tanto de actores quanto desprezava os executivos dos estúdios, e deliciava-se a dirigi-los. Este ano, estreou-se nos palcos londrinos, no Old Vic, a encenar uma peça de Arthur Miller.
Nascido em Kansas City, Robert Altman trabalhou em curtas e documentários na sua cidade. Foi para Hollywood nos anos 50 realizar séries de televisão como Bonanza ou Alfred Hitchcock Apresenta, e passou para as longas-metragens em 1968.
Eurico de Barros

BEATRIZ PACHECO PEREIRA
Directora do Fantasporto
Era um dos meus realizadores favo­ritos, sobretudo pela sua extraordi­nária habilidade para coser várias his­tórias. 0 típico filme de Robert Altrnan é uma história que se desen­volve através de várias personagens, que no final se reúnem de forma mag­nífica. Foi um realizador atípico no ci­nema americano, ferozmente de­fensor da sua visão como cineasta, e que fez um dos mais notáveis filmes musicais, “Nashville”, conseguindo ao longo da carreira tocar vários géne­ros. Pertenceu a uma geração dife­rente, a seguir aos grandes realiza­dores como John Ford ou Howard Hawks, mas ao mesmo tempo é um herdeiro deles, tem um espectro lar­go da sociedade. Nem sempre foi compreendido, amado, e, sempre saudavelmente à parte, foi um realiza­dor americano com alguns laivos de cinema europeu, de autor. Era um ho­mem que eu admirava.

LAURO ANTÓNIO
Cineasta

Era um dos grandes realizadores norte-americanos. Um homem que tinha um estilo de cinema inconfun­dível e que marcou, sem dúvida, al­gumas gerações. 0 seu cinema é como um puzzle de vidas que se en­trecruzavam e tinha uma maneira muito original e muito crítica de ob­servar a realidade norte-americana. Robert Aitman foi sempre um realizador afastado dos grandes cir­cuitos e nunca teve o apoio das pro­dutoras, preocupando-se sempre em alhear-se delas para fazer um cine­ma mais independente. Altman dei­xa uma filmografia muito vasta e par­ticularmente interessante, desde” Nashville” até ao último filme que vi dele, “Os Bastidores da Rádio”, que é um tes­tamento brilhante de um dos gran­des realizadores do cinema contem­porâneo.

Público:


Robert Altman
Morreu o realizador que viveu à margem de Hollywood

Era um cineasta incómodo que gostava de fazer retratos satíricos da América. M*A*S*H, Nashville e Gosford Park foram os seus grandes sucessos comerciais. Teve sempre conflitos com os grandes estúdios. Só em 2006 recebeu um Óscar, uma homenagem de Hollywood à sua obra. Altman morreu aos 81 anos.
Quando A Prairie Home Companion - Bastidores da Rádio (2006) se estreou, quase todos os observadores foram unânimes em ver nesta comédia uma espécie de "testamento cinematográfico" de Robert Altman. Em entrevistas, o realizador concedeu que Bastidores da Rádio (que se estreou há poucas semanas em Portugal) era um filme "sobre a morte", e ficará como a última das suas quase 40 longas-metragens: Robert Altman morreu num hospital de Los Angeles na segunda-feira, de causas não reveladas, aos 81 anos.
Bastidores da Rádio é um final apropriado para uma carreira que viu Robert Altman erguer-se a pulso como um dos mais importantes cineastas americanos da década de 1970, trabalhando quase sempre à margem, observando com um olhar clínico, muitas vezes satírico mas sempre lúcido, as idiossincrasias, grandezas e misérias da sociedade americana.
Os seus filmes mais conhecidos são, ainda hoje, os retratos sem complacências que lhe valeram o seu estatuto de "mestre": a violenta sátira anti-militarista de M*A*S*H (1969), o cruzamento dos mundos da política e da música country de Nashville (1975), o dissecar de uma cerimónia de casamento pequeno-burguês em Um Casamento (1978), o olhar desencantado para a Los Angeles moderna em Short Cuts - Os Americanos (1993).

Obra inovadora
Cineasta incómodo e pouco atreito a catalogações, Altman passou a sua carreira permanentemente "à margem": nunca foi recompensado pelos Óscares, apesar de por cinco vezes ter sido nomeado para melhor realizador (já este ano, recebeu um Óscar honorário pelo conjunto da sua carreira - Comentou: "Antes ser premiado por todo o meu trabalho do que por este ou aquele filme"), contam-se pelos dedos os seus efectivos sucessos comerciais, as suas relações com os grandes estúdios foram sempre conflituosas, mesmo a crítica nem sempre o defendeu. No entanto, conseguiu ultrapassar esses obstáculos para construir uma obra coerente, estimulante mesmo quando menos conseguida, inovadora formalmente através da fuga às convenções do género (a sua adaptação do clássico do romance negro O Imenso Adeus, de Raymond Chandler, provocou a ira dos fãs do escritor), da sobreposição de diálogos, da liberdade dada aos actores para improvisarem frente à câmara, da colisão de estruturas narrativas paralelas que exploravam uma densidade ausente do cinema mainstream.
Ironicamente, Robert Altman começara carreira precisamente dentro do establishment que tanto irritava. Depois de uma primeira tentativa sem grande sucesso em finais da década de 1940, arranjou emprego numa firma de filmes industriais na sua Kansas City natal e, entre 1950 e 1956, aprendeu e aperfeiçoou a sua técnica como realizador e argumentista de curtas industriais e anúncios televisivos. Chegou à longa-metragem com The Delinquents (1957), que levou a um convite para dirigir alguns episódios da série Alfred Hitchcock Apresenta, e, até 1965, trabalhou essencialmente para televisão, assinando episódios de Maverick, Bonanza ou Estrada 66.
Foi M*A*S*H, recusado por mais de uma dezena de realizadores e com o qual a 20th Century-Fox não sabia o que fazer, que valeu a Altman, então com 44 anos, o reconhecimento. O filme enjeitado pelo estúdio ("A Fox não lançou este filme, ele fugiu-lhes") foi um sucesso comercial e crítico improvável (valeu-lhe a Palma de Ouro em Cannes) e lançou Altman para uma carreira em que "nunca [teve] de dirigir um filme que não [escolheu]", cujo ponto alto terá sido, em 1975, o triunfo comercial e crítico de Nashville. Mas os insucessos comerciais que se seguiram, e que culminaram na recepção desastrosa a Popeye (1980), atiraram-no para uma "travessia do deserto" na década de 1980, mantendo um invejável ritmo de produção com uma série de pequenos filmes bem recebidos mas pouco vistos e a aclamada sátira política televisiva Tanner "88, criada com o humorista Garry Trudeau.

Os últimos sucessos
O Jogador, feroz sátira do sistema hollywoodiano (que Altman dizia ser muito suave quando comparada com a realidade), marcou em 1992 o seu regresso "pela porta grande" e Short Cuts - Os Americanos (1993), adaptação fidelíssima dos contos do escritor Raymond Carver, consagrou-o definitivamente, revelando-o a toda uma nova geração.
Os dois filmes exploravam os mosaicos narrativos que Altman refinara em Nashville e que funcionariam surpreendentemente bem transplantados para a Inglaterra dos anos 1930 em Gosford Park (2001). Este mistério policial ambientado numa casa de campo, dobrado de violenta sátira à luta de classes, tornar-se-ia no seu maior sucesso comercial e crítico desde M*A*S*H, com sete nomeações para os Óscares.
Casado por três vezes, Altman teve cinco filhos, um dos quais adoptivo (Stephen, o terceiro, trabalhou regularmente como cenógrafo nos filmes do pai). Para além de realizador, foi também produtor, fundou a Lion"s Gate (que vendeu em 1981 e é hoje um pequeno estúdio independente especializado em filmes de género) e produziu filmes de Alan Rudolph e Robert Benton. Como escrevia ontem a BBC on-line, morreu o realizador rebelde.
Jorge Mourinha

A Prairie Home Companion, o testamento
O último filme de Robert Altman, A Prairie Home Companion - Bastidores da Rádio (que continua em exibição em Portugal), baseia-se na emissão que o humorista Garrison Keillor anima há mais de 30 anos no serviço público de rádio americano; Altman, um grande apreciador do programa, convidou Keillor para escrever um guião original, onde se ficciona a última emissão do programa devido à demolição do teatro de onde é transmitido ao vivo para dar lugar a um parque de estacionamento. Apesar do bom humor reinante, não é difícil ver Bastidores da Rádio como uma elegia por uma certa América, individualista, camarada, liberal, tolerante, que Altman lamenta estar à beira de desaparecer; mistura de requiem embargado e velório irlandês, é um filme sobre a morte e sobre a memória, cuja estrutura em mosaico e elenco de luxo (Meryl Streep, Kevin Kline, Lily Tomlin ou Woody Harrelson) o inscreve na tradição dos melhores filmes de Altman. J.M.

Alguns filmes:
M*A*S*H (1969) - Palma de Ouro em Cannes; nomeado para Óscar de melhor realizador
A Noite Fez-se para Amar (1971)
O Imenso Adeus (1973)
Nashville (1975) - nomeado para Óscar de melhor realizador
Buffalo Bill e os Índios (1976) - vencedor do Urso de Ouro em Berlim
Três Mulheres (1977)
Um Casamento (1978)
O Jogador (1992) - vencedor do prémio de melhor realizador em Cannes; nomeado para Óscar de melhor realizador
Short Cuts - Os Americanos (1993) - Leão de Ouro em Veneza; nomeado para Óscar de melhor realizador
Gosford Park (2001) - Globo de Ouro de melhor realizador; nomeado para Óscar de melhor realizador