terça-feira, julho 31, 2007

MICHELANGELO ANTONIONI: HOMENAGEM PESSOAL




Não há muito tinha-se reposto em salas de Lisboa, "Profissão Reporter". Por essa altura recuperei um texto antigo, que aqui volto a transcrever, agora como homenagem discreta a outro dos grandes cineastas da História do Cinema que desaparece.

Repôs-se num cinema de Lisboa, um dos grandes filmes de Michelangelo Antonioni, “Profissão Repórter”. Vou “repor” uma critica minha escrita aquando da estreia do filme em Portugal, e aparecida da revista “Opção”, uma excelente revista que deixou saudades. O texto surgiu no nº 109, de 25 de Maio de 1978. Aqui vai, com alterações apenas de letras. O curioso é manter o sabor da época, para um filme de época. Talvez faça a experiência de escrever outro, com os olhos de hoje.

Continuando a deambular pelo mundo, recolhendo imagens e sons (qual repórter), Antonioni viaja até à China de Mao Tse Tung, que lhe abre as portas para um longo documentário. Os resultados, porém, não agradaram às entidades oficiais chinesas, que tenta­ram "vetar" o filme um pouco por todo o lado. Estamos em 1972. Dois anos depois, com "The Passenger", a rota de Michelange­lo prossegue. Continuando a trabalhar fora de Itália, o cenário muda, agora estende-se do Norte de África até Londres, Munique e Espanha.

David Locke (Jack Nicholson), jornalista inglês, "de formação americana", encontra-se no Norte de Africa, tentando entrar em contacto com os guerrilheiros de um país não identificado. Frustrada a tentativa, en­contra num pequeno hotel incrustado no de­serto um outro hóspede que fisicamente se lhe assemelha muito. É esse mesmo Robertson que aparece morto no seu quarto. Loc­ke não resiste ao apelo da aventura, troca as fotos dos passaportes, as vestes, as bagagens, e anuncia a morte de David Locke, o repórter. A partir daí ele será Robertson, uma incógnita que pro­curará desvendar. Donde o título original: "The Passenger", o passageiro, aquele que viaja a bordo de um corpo que não é o seu, fugindo de uma vida que lhe não diz já nada.
Entre a bagagem de Robertson descobre uma agenda com vários encontros marcados para as próximas semanas: Munique, Londres, Barcelona. E alguns nomes enigmáti­cos: Daisy, Melisa, Lucy. De "rendez vous" em "rendez vous", Locke descobre a verda­deira actividade de Robertson: tráfico de ar­mas. No momento, procurando vender armas a um grupo de guerrilheiros que tudo indica serem os mesmos com quem Locke procurara estabelecer contacto em África.
Entretanto, em Londres, a mulher que se desinteressara de Locke há algum tempo, considerando-o um jornalista demasiado contemplativo, que aceita veicular a menti­ra, sem questionar a realidade até ao fim (o que é documentado com uma entrevista com o chefe político do país africano em questão, um presidente que anuncia eleições para o ano seguinte e não admite a presença da oposição, "porque não há oposição. To­dos procuram trabalhar para o País. É um país cheio de futuro!"), sente-se profunda­mente atraída por Locke, quando este é dado como morto. Inicia mesmo um inquérito particular que procura saber em que circunstâncias se deu essa morte. O inquérito levá-la-á até ao verdadeiro Robertson, o outro hóspede do hotel onde Locke falecera. Esta­belecesse assim um duplo "suspense", no in­terior deste filme que, tal como "A Aventu­ra" ou "Blow Up", vai assentar a sua estru­tura dramática numa intriga de fundo poli­cial, ainda que continuamente coarctada nos seus possíveis desenvolvimentos. Temos por um lado Locke percorrendo o caminho que Robertson nunca chegou a efectuar, para deste modo saber quem ele era, o descobrir como “identidade” (e através dele, o mundo); por outro lado, há Rachel procuran­do chegar a Locke que julga morto, perseguindo Robertson que continuamente se lhe escapa.

O interesse central de Antonioni não se dirige, porém, para esta intriga que possibili­ta o "suspense", mas para as razões que le­vam ao "disfarce" de Locke. Quando este encontra uma rapariga inglesa, estudante de arquitectura, que visita em Barcelona as ca­sas projectadas por Gaudi, e ela lhe pergunta quem ele é, a resposta adivinha-se: "Alguém que se faz passar por outro". Mais tarde, Maria (Maria Schneider) volta a colocar-lhe uma pergunta definitiva: "De que foges?". Locke, pedindo-lhe para se voltar para trás, indica-lhe o cenário: a sua fuga é de todo um passado, de tudo o que para trás vai ficando até esse momento de um furtivo presente roubado a alguém.
Incapaz de penetrar a realidade com as armas que o jornalismo lhe concede (incapaz de penetrar a fotografia até à minúcia, como fazia Thomas, em "Blow Up"), Locke viaja agora sob a aparência de outro. As primeiras sensações são de libertação (veja-se a sequên­cia no teleférico de Barcelona, com Locke "voando" por sobre a cidade, braços abertos para o espaço que se lhe oferece, numa si­tuação muito semelhante à que o jovem de 'Zabriskie Point" experimenta ao pilotar um avião roubado). Mas viver "disfarçado" comporta igualmente os seus riscos. Conhecer o mundo por interposta pessoa não será tão produtivo como enfrentá-lo directamente. Por vezes a crueza da realidade circundante mostra-se de uma agressividade insuportável. Locke, momentos antes de "sair de campo" neste filme que o acompanha de princípio a fim, conta a Maria uma história que funcionará como "chave": "um amigo cego consegue um dia, através de uma operação, passar a ver. Ao princípio, o mundo encanta-o. As cores, as formas, os volumes. Mas, à medida que vai conhecendo o mundo, este mostra-se bem mais pobre do que aquele outro que ele idealizara quando cego, e suicida-se."
A história é premonitória, Maria sabe-o. Locke fecha-se num quarto de uma pensão espanhola, abre a janela que se estende para uma praça, e espera a chegada dos enviados de um país africano. Num plano sequência admirável, de longuíssima duração (fala-se em sete minutos, que não controlámos), a câmara começa por deixar Locke encerrado na sua “prisão” (a identidade de Robertson e o seu negócio de tráfego de armas), enquanto na praça se ouvem os acordes de um carro anunciando uma tourada. De morte. A víti ma fica estendida numa cama, esperando de­liberadamente a estocada final. De suicídio se trata, ainda que de assassinato se fale. Locke chegou ao fim da caminhada. Ele que morrera já no corpo de Robertson, oferece-se agora com a nova identidade. A experiên­cia não se mostrara enriquecedora. Cortado do mundo de que só retinha as aparências, Locke perpetuava um novo caso de aliena­ção. Quando a recusa e aceita penetrar no significado interno e profundo da realidade, esta esmaga-o. A câmara continua a viajar, sai agora do quarto, rompendo as grades, percorre a pequena praça, volta-se sobre si própria, regressa ao hotel "Gloria dela Osuna", onde, por entre as grades de um quarto, se redescobre Locke, enquanto a mulher lhe verifica a identidade. "Reconhece-o?", per­guntam as autoridades. "Nunca o vi", garan­te Rachel.
Primeira incursão de Antonioni em terra africana, "Profissão: Repórter" prolonga, no entanto, as referências que à África se fazem ao longo de vários filmes seus, da "A Noite" a "Blow Up". Sempre associado à ideia de nostalgia, de exotismo, o continente que aqui nos aparece no deserto dos seus hori­zontes, ajuda a caracterizar pela imagem o espaço vazio de um personagem em crise. Num universo em constante ruptura emocional, que é o de Antonioni, são ainda as mulheres quem quase sempre comanda o jo­go, neste caso quer através de Rachel que investiga "Robertson", quer de Maria que, por meio de vários expedientes, consegue furtar Locke das diversas armadilhas em que continuamente se vê envolvido.
Mantendo a coerência da sua pesquisa, permanecendo perfeitamente fiel a uma te­mática que se mostra obcecante no interior da sua filmografia (por muitas inflexões de rumo que possa comportar), Michelangelo Antonioni volta a atingir um momento alto da sua carreira, neste filme rigorosamente trabalhado, milimetricamente calculado, por onde se sente, todavia, perpassar a sinceridade espontânea de algumas das dúvidas maiores que preocupam de há muito o cineasta. Nu­ma sociedade em crise de valores, num mun­do em mutação e vertigem, qual o lugar do homem, viajante transitório? No caligrafismo da sua escrita depurada, Antonioni pro­cura visar o essencial, os sentimentos dete­riorados, a realidade difusa, um frente a frente de um doloroso pessimismo. Será dentro de nós que nos teremos de encontrar, conclui Antonioni. Ninguém pode viajar "à boleia". Os “passengers” acabam sempre por pagar bilhete.

MICHELANGELO ANTONIONI: HOMENAGEM

MICHELANGELO ANTONIONI
HOMENAGEM
(nasceu em Ferrara (Itália) a 29 de Setembro de 1912
e faleceu em Roma, a 30 de Julho de 2007).




"Profissão Reporter"
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"Eclipse"
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"Eclipse"
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"A Noite"
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"Blow up"
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"Zabriskie Point"
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segunda-feira, julho 30, 2007

10 FILMES E 10 CINEASTAS

10 FILMES E 10 CINEASTAS DA NOSSA VIDA


Andamos todos numa onda de recordar séries de televisão. Tudo bem. Há-as brilhantes. Mas desta feita vou eu lançar um desafio à blogosfera nacional (e internacional). Que tal elegermos, cada um de nós, os “10 Filmes e os 10 Cineastas da Nossa Vida”. As razões para a escolha são as mais diferentes, e cada um terá a sua (ou mesmo as suas).
Regras: 10 Filmes, sendo cada um de um autor diferente.


A minha lista aqui vai.

O MUNDO A SEUS PÉS (Orson Welles)


A GRANDE ILUSÃO (Jean Renoir)

LÁGRIMAS E SUSPIROS (Ingmar Bergman)



SERENATA À CHUVA (Gene Kelly e Stanley Donen)

LADRÕES DE BICICLETAS (Vittorio De Sica)

O VALE ERA VERDE (John Ford)A JANELA INDISCRETA (Alfred Hichcock)
OS 400 GOLPES (François Truffaut)

O LEOPARDO (Luchino Visconti)

CASABLANCA (Michael Curtis)

Sem ordem de preferência
(como custa sacrificar mais uns 50!)

Como este desafio parte de mim, não nomeio ninguém em especial para continuar o inquérito, mas todos os leitores ficam desde já nomeados. De resto, seria interessante sabermos todos as escolhas uns dos outros, pelo que proponho a criação de um blogue onde se arquivem os resultados. Para tanto, terei de tomar conhecimento de cada resposta. Basta indicarem-me, para este blogue ou para o email laproducine@gmail.com, através de link, o blogue que acedeu responder.
Já agora sugiro que cada resposta continue o inquérito para outros 10 blogues.
No final poderá resultar uma interessante lista de obras e autores mais votados.

INGMAR BERGMAN: HOMENAGEM PESSOAL


LÁGRIMAS E SUSPIROS

(Escrevi muito sobre Bergman, um dos meus autores preferidos. Em homenagem ao seu "silêncio" -que será eterno e nunca se extinguirá - fui recuperar um texto de que gosto. Ele aqui está, Ingmar, com um enorme obrigado por todo o prazer que me deste ao longo da vida, prazer que se cruzou com a dor, a angústia, o medo, mas também o com sorriso, a fraternidade, o amor.)
O que mais me apaixona - é o termo - neste filme de Ingmar Bergman (que desde já coloco na minha lista particular dos “10 Melhores de todos os tempos”) é a se­rena simplicidade da narrativa, em profundo contraste com o universo carregado de “gri­tos e murmúrios” que povoa esta “home­nagem à mãe”, como o próprio Bergman confessou.
Neste aspecto, neste silenciar de sentimen­tos gritados, neste serenar faustoso de emo­ções em fúria, Tchekov seria o termo de comparação ideal e por isso foi François Truffaut mais uma vez certeiro, quando disse, não me recordo onde, que este filme come­çava como “As Três Irmãs” e terminava como “O Cerejal”, passando ainda por Strinberg. E Ibsen, acrescentaria eu... Se se tratasse de Godard, bastaria dizer que se falava “do mais belo dos filmes”, porque isso seria dizer tudo. Os seus epígonos por­tugueses tratarão, seguramente de o afirmar. Vejamos se consigo eu, de alguma forma, aproximar-me da razão de ser de uma tal preferência.
Em algumas entrevistas, Bergman declarou que, em “Lágrimas e Suspiros”, quis exprimir quatro aspectos de sua mãe, uma mulher extraordinária, que ele adorava. Para o filme, esforçou-se por descobrir alguma coisa dela. Sem pretender traçar um retrato ou uma bio­grafia, encontrou um meio de melhor a conhecer (e de melhor a dar a conhecer), fazendo interpretar os diferentes caracteres por quatro mulheres, três irmãs e uma criada.
Obcecado pelo tempo, “Lágrimas e Suspiros” inicia-se por algumas panorâmicas sobre re­lógios que marcam as horas. Da natureza, onde reina a paz, para o interior de uma man­são sueca, nos fins do século passado. Os relógios estabelecem esta ligação, caminhan­do da vida para a morte, do exterior para o interior, da serenidade da madrugada para a agonia. “É manhã e eu sofro”, escreve Agnès (Harriet Andersson) no seu “Diário”, depois de ter olhado pala janela. Uma frase que encerra, desde logo, uma das dualidades mais prementes que o filme de Bergman procura analisar: nasce o dia e morre lentamente Agnès. Nascmento e morte. Dualidade que terá, no final do filme, termos de uma equação equi­valente: da morte (de Agnès) para o renas­cimento da vida, nessa majestosa Pietá que se converte num dos mais sublimes e arrepiantes planos da história do cinema. Numa mansão da Suécia, em fins do século passado (em Faro, mais precisamen­te, ilha para onde Bergman se desterra, sem­pre que quer rodar um novo filme, de alguns anos a esta parte), irá assistir-se à agonia de uma mulher: Agnès, no seu leito de mori­bunda, sofre. Pelos sintomas, pode pensar-se num cancro no útero. A doença mina o corpo que se crispa de dores e grita a sua revolta, perante a impotência, o medo, o amor de quem a rodeia. Envolvendo Agnès, estão duas ir­mãs: a mais velha, Karin (Ingrid Thulin), a mais nova, Maria (Liv Ullman) e uma criada, Anna (Kari Sylwan).
Agnès vivia isolada no campo, acompanhada unicamente por Anna. Quando a morte se aproxima, Karin e Maria viajam para junto da irmã, procurando auxiliá-la, reconfortá-la nos derradei­ros momentos da saua vida. Mas, a doença, a dor, a proximidade da morte, finalmente, a presença física de um corpo sem vida faz oscilar o equilíbrio existente entre irmãs. Assim, se o centro de “Cries and Whispers” é, efectivamente, a agonia de Agnès, essa agonia acaba por repercutir-se a vários ní­veis, sendo como que a mola accionadora de um mecanismo que irá definir relações entre irmãs, entre irmãs e respectivos maridos (relações estas conhecidas através da intro­dução de alguns “flash backs”) e entre irmãs e criada. Através de uma despojada medita­ção sobre a morte (e a vida), o amor (e o ódio), a dor e a doença (e a felicidade), Bergman retrata-nos uma época, uma socie­dade, os privilégios e os preconceitos de uma classe, a falência de uma instituição (o casamento) os laços instáveis de uma rela­ção (a família), o desespero de um mundo descrente de Deus (e a fé vertiginosa no homem e nas possibilidades da sua obra), as relações de profundo desequilíbrio social que se estabelecem entre as diversas classes (irmãs e maridos, em função de Anna), etc. Um acontecimento motor despoletará um mecanismo preciso. A genial mestria de Bergman (não há que ter medo dos adjectivos, neste caso: Bergman surge-nos como um dos mais importantes, senão o mais importante realizador de cinema da actualidade) irá, porém, pôr a funcionar este mecanismo, desmontando-o, quase sem qual­quer tipo de ficção a servir-lhe de suporte. Na verdade, toda a “história” de “Lágrimas e Suspiros” se resume a duas linhas: a ago­nia de uma mulher, assistida por duas irmãs e uma criada. Não há, portanto, vestígios de uma intriga clássica. Situações, sentimentos, emoções, memória, tudo isto resulta de uma admirável “mise-en-scène”, para a qual Bergman se serve predominantemente de olhares, de gestos, de movimentos, por vezes imper­ceptíveis, de cor, de sons (toda a banda sonora tem um volume de som aparentemente desme­dido, fazendo com que os ruídos assumam uma importância decisiva na criação de um ambiente de uma densidade invulgar).
Sobre a cor. Raras vezes a cor adquiriu no cinema um papel tão significativo como nesta película de Bergman. Tanto mais que a secura e a nudez dos cenários, o hieraquismo das composições, a gravidade de todos os movimentos (dos gritos aos murmú­rios, do trágico estertor aos sussurros de reconciliação) parecem participar no resfolegar sanguíneo, onde a preponderância de tons vermelhos indica uma única substância unificando a vida e a morte: o sangue. Na verdade, é o vermelho cor de sangue, quente e vivo, que dá a tonalidade à última obra de Bergman; são as paredes da mansão, são as alcatifas, são, sobretudo os “encadeados” e as “fusões” de pla­nos (admiráveis “viragens” a vermelho), donde emergem e onde desaparecem, náufragos, os ros­tos. O vermelho, plasma de vida e de morte, sinaliza toda a obra, pautando espaços, silên­cios, unindo e desagregando imagens. Nestes cenários de uma cor dominante, as figuras centrais: de inicio, o branco dos “anjos da guarda” de Agnès (quando o filme principia, as irmãs deixaram-se adormecer, velando por Agnès: a dominante é o branco de uma pureza ofuscante). Depois, à medida que a morte vai ganhando terreno, o negro do luto invade o écran. Mas, outras cores delimitam planos e cenas (o castanho, com Maria, a filha e a boneca; o azul, quando Anna acorda e atravessa uma sala, por onde a manhã procura romper).
O rosto. O rosto, sua imagem e memória. Em “Lágrimas e Suspiros”, quatro rostos abrem o episódio relativo a cada personagem. Quatro rostos de mulher, cada um deles interrogando-se sobre uma identidade: Agnès, Maria, Karin e Anna. Agnès, a moribunda, recorda a infância, junto à mãe, cujos carinhos inveja. Um “flash back” reconstitui tempos passados: uma sessão familiar com lanterna mágica. De resto, Agnès é uma figura de certo modo neutra, passiva, limitando-se a lutar ingloriamente contra a morte. A sua função, no in­terior do filme, é mais de centro detonador, do que de sujeito de acções. O cancro mi­na-lhe as entranhas que nunca conheceram intimidades.
Karin, a irmã mais velha, é, por seu turno, a figura dominante. Violenta, odiando um marido que despreza (um diplomata, cuja silhueta se descobre igualmente num “flash back”), frígida e seca, Karin detesta qualquer tipo de relação física. Para contrariar o marido, amputa-se, introduzindo no sexo um pedaço de vidro. Frígida, ela repele todas as hipóteses de relações possíveis (quando Anna a ajuda a despir-se, manda-a embora, porque o olhar da criada lhe parece sus­peito; com a irmã, recusa quase sempre o diálogo, o contrato, com excepção de uma cena, que logo renega). Maria, a irmã mais nova, frívola e sensual, casada com um marido mais ou menos im­potente, com uma filha, amante do médico da família, recorda também o suicídio frustrado do marido, quando este descobre as relações entre esta e o médico. Receosa, vive apavorada com a anunciada morte da irmã. No seu universo de frivolidade e de fugazes instantes de prazer vividos numa casa de boneca não suporta a presença obcecante da morte. A única saída para tais encontros é a fuga. Anna, a criada, é a sombra de uma família, uma mulher humilde, dedicada, discreta, si­lenciosa. No enquadramento dos planos de Bergman, Anna ocupa quase sempre um plano secundário, afastado da câmara, movimen­tando-se por detrás das irmãs. É também a presença reconfortante, quente, a dádiva ge­nerosa. Quando todos fogem da morte, Anna é a única que despe a camisa e oferece o calor do seu peito ao rosto frio de Agnès, que procura a paz e a doçura que lhe permi­tiriam transpor os limites da vida e entrar no desconhecido. Tal como Agnès (mas de for­ma diferente), Anna não tem um papel activo nesta obra que seria de um angustiante pessimismo, sem a sua presença. Reservados para Karin e Maria os papéis activos (elas detêm o poder, só elas podem resolver, man­dar, deliberar) Agnès e Anna assumem a so­lidariedade dos marginais. Tendo perdido uma filha, Anna faz de Agnès a sua “menina”, que não se cansa de ouvir chorar e chamar por ela. Estes longínquos chamamentos de fraternidade (que só Anna entende, que só Anna não teme) conduzem a essa “Pietá” su­blime de que atrás falei. Mas o sublime não se concentra neste plano indescritível. Per­passa por toda a obra, infiltra-se de forma absoluta, nessa figura de uma doçura ine­narrável que Kari Sylwan soberbamente in­terpreta. Na longa galeria de retratos de mulher que o cinema até hoje nos ofereceu, esta Anna (de Bergman e Sylwan) ocupará, se­guramente, destacado lugar. Quatro rostos num terrível “huis clos”. O grito de Angès atravessando a casa: “Ninguém me socorre!”. O olhar dos vivos, impotentes pe­rante o espectáculo da morte. A terrível angústia, expressa numa decantada austeri­dade, numa secura, numa simplicidade de processos que definem um “clássico”. Um filme onde Bergman se expõe integral­mente. Com as suas dúvidas, os seus temo­res, a sua esperança. Um Bergman barroco e metafísico, como o fora Bergman de “O Sétimo Selo” ou “A Fonte da Virgem”? Não. Antes um Bergman austero e profundamente humano, atento ao humano instante, não à eternidade de Deus, interrogando o homem, num universo que Deus aparenta ter abandonado de vez. Quando a morte parece ter conquistado ter­reno, quando a injustiça e a crueldade mes­quinha dos interesses se julgariam ter triun­fado, eis que Anna retira do tempo um “Diário” que abre e soletra. É Agnès quem regressa, é a vida, o sol, a natureza que revivem. "Quinta-feira, 3 de Setembro. Sente-se o ar do Outono, embora tudo esteja ameno. Sin­to-me muito melhor. Minhas irmãs, Karin e Maria, vieram ver-me, é bom estarmos jun­tas, como nos velhos tempos. Podemos até ir dar um passeio juntas, é um acontecimento para mim. Há muito que não saía de casa. Corremos a rir para o velho baloiço, que não víamos desde crianças. Sentámo-nos as três e Anna empurrou-nos devagar. Todas as minhas dores tinham passado. As pes­soas de quem mais gosto no mundo esta­vam comigo. Podia ouvi-las tagarelar. Senti a presença dos seus corpos e o calor das suas mãos. Quis agarrar-me a esse momento e pensei: venha o que vier, isto é felici­dade. Nada de melhor posso desejar. Agora, por poucos minutos, posso experimentar a perfeição. Sinto grande gratidão pela minha vida, que tanto me deu.” Excerto de um “Diário”, de que se ouve ler ainda uma passagem: “Quinta-feira, 30 de Se­tembro: Recebi a melhor prenda que alguém pode ter na vida. A prenda tem vários no­mes - solidariedade, camaradagem, contacto humano, afeição. Creio que é o que se chama graça”.
E assim “Lágrimas e Suspiros” morreram. Do ódio à solidariedade, da morte à vida, da dor à felicidade, do interior de uma mansão sueca nos fins do século passado à natu­reza exuberante, do “huis clos” à plenitude, imagem de esperança que, não destruindo o pesadelo, o transcende.
Lauro António, (Para a Eduarda, em Santarém, 1973)

INGMAR BERGMAN: HOMENAGEM


"Lágrimas e Suspiros"
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"Persona"
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"O Sétimo Selo"
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"Morangos Silvestres"
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"O Silêncio"
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"Sonata de Outono"
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"Lágrimas e Suspiros"
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"Fanny e Alexandra"
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Ingmar Bergman
Nasceu a 14 de Julho de 1918, em Uppsala, Suécia;
Morreu a 30 de Julho de 2007, em Faro, Gotland, Suécia)

O MELHOR VIDEO CLIP DE SEMPRE?

Ora vejam. Depois digam de vossa justiça:



Video descoberto por:
"eu, Lenore Maria Laurinda, de mente sã e livre das drogas, desfio-vos a dizer q este não é o melhor video de sempre!"
Como é que eu fui parar às "Putas das Góticas" isso é outra história. Terá de meter Sherlock Holmes...

SERIES DE ANIMAÇÃO

A Disney não entra, mas tem lugar de eleição
SÉRIES DE ANIMAÇÃO

Séries de animação. O Frederico do “Não há Nada como o Realmente” desafiou-me a confessar quais as minhas séries de animação preferidas. Pois bem. Nos meus tempos de miúdo, não havia ainda televisão (e quando apareceu, não apareceu logo com séries!) e as minhas séries preferidas eram mesmo de cinema: toda a produção Disney, obviamente, “Tom e Jerry”, toda a série “Looney Tunes”, da Warner, com Silvestre, Piu piu, o Monstro da Tasmânia, Speed Gonzalez, etc, etc. A Pantera Cor-de-Rosa surgiu muito depois, mas fica na lista. Os Marretas igualmente. E, finalmente, algumas séries japonesas.
Nunca fui apaixonado por séries infantis de animação na televisão. Achava-as mesmo um pouco chatas e desengraçadas. Os “Simpsons” ou “South Park” não são animação infantil. Só as conheci em adulto e acho que só funcionam plenamente em idade madura.

Assim sendo aqui ficam as escolhas:

Tom e Jerry Looney Tunes Os Marretas Pantera Cor- de-Rosa Conan

UM NOVO BLOGUE



Surgiu um novo blogue na blogosfera nacional. Chama-se "221 - B Baker Street" e, como é óbvio, é dedicado a Sherlock Holmes. São seus autores a Ana Paula, de "Musica do Acaso", de "Marcador Somático" e de "Sibila", e eu próprio. Quem quiser saber mais Conan Doyle e a sua magnifica criação pode dar uma vita de olhos. Nasceu ontem, ainda está fresquinho (nesta caloraça!), mas promete crescer e ter muita informação e opinião. Pode ir a:



"Elementar, meus caros."

sábado, julho 28, 2007

SÉRIES PREFERIDAS


O blogue “Detesto Sopa”, da famigerada M. (a quem posso mandar os beijos todos que me apetecer que ninguém se ofende, assim seja!), lembrou-se de me nomear para eu indicar as minhas cinco séries de televisão favoritas. Acontece que nunca fui muito de séries, até à época em que as séries apareceram empacotadas em caixas de DVDs. Aí não mais parei. Já tenho umas 60, muitas das quais até já vi integralmente (!).
Acho que nunca tive paciência para esperar pela semana seguinte para ver o novo episódio, e tinha tanto cinema para ver que fui sempre descurando as séries. Não quer dizer que uma ou outra vez uma série não me tivesse “apanhado”, mas sempre ocasionalmente. N ada como agora.
Vejamos: “24” não perco. Deve ser uma das séries mais pró-Bush que conheço (um dia gostava de escrever sobre isso, mas, e o tempo?), e uma das mais bem feitas e das que melhor me prende ao sofá noites seguidas, com a malta familiar e amiga à volta. Depois há os “CSI, Las Vegas, Miami, Nova Iorque, etc” e os “Ficheiros Secretos”, não esquecendo, obviamente, “Prison Breack”. Mas essas são as actuais, e não sei onde coloco, por exemplo, “Recordando o Passado em Brideshaed” ou “A Família Bellamy”, ou “Allô!, Allô!”, ou "Fawlty Towers", ou os incomparáveis “Monthy Python e o Circo Voador”. Ou a deliciosa “A Pequena Grã-Bretanha”, não esquecendo “Mr. Bean” e “Sim, Senhor Ministro”. E o velho companheiro, "Alf".
E “Roma” fica entre as 5 mais ou não? E "Os Sopranos"? Claro que “Twin Peacks” tem de figurar. Do mesmo David Lynch, “On the Air”. Não podendo faltar “Alfred Hitchcock Apresenta” (que lata! copiar-me o título!) que agora reapareceu para gáudio de todos. Séries de médicos e para-médicos é que não, muito obrigado. Sejam ou não bem feitas, aquilo não bate com a minha hipersensibilidade ao ambiente. Prefiro claramente os fantásticos, a “Quinta Dimensão”, “Tales from the Crypt”, a velhinha “Guerra dos Mundos” ou “Dr. Who”. “A Família Addams” também poderia figurar. De resto vejo com muito prazer os policiais: “Sherlock Holmes”, “Agatha Christie”, “Maigret”, “O Polvo”, e mesmo uns “O Santo”, “O Fugitivo” ou esse "Modelo e Detective" com uma divina Cybil Shepperd. Depois, onde vou colocar "Six Feet Under", "Extras", “The Office”, "Seinfeld", “MacGyver", “Sex and the City”, “Mad About You"?
Há duas séries portugueses que adorei, "Tal Canal" e “Herman Enciclopéia” (claro, escusam de perguntar o que penso sobre o “Lauro Dérmio”!) e uma brasileira magnífica, “Os Normais”.
O meu maior problema é que se os estiver a ver, não posso responder a estes desafios (os únicos que aceito). E se estiver aqui a escrever, não vejo mais um episódio de “Alfred Hitchcock Presents”, que chegaram agora, quentinhos e frescos.
Donde o melhor é ficar por aqui.
(nesta altura o grilo do Pinóquio segreda-me ao ouvido: “olha que são só 5” “Só cinco? Onde é que se viu uma série só com 5?”, pergunto eu. “Isso não é uma série, é uma mini-série!” “Mas tens de escolher!”. “Nunca ouviste falar na liberdade do leitor? Ele que escolha. Esta é uma escolha “aberta”, made in Umberto Eco, “meu”.”).

Dado que fui de uma irresponsabilidade total e não correspondi ao solicitado, tenho de me portar bem agora e enviar esta sugestão a mais cinco bloguistas.
A maioria dos/das que me estão mais próximos/as já responderam (e como não quero que me digam “Olha lá, não viste que já respondi a essa questão há cinco posts atrás!?”), vou enviar para amigas recentes, a fim de estreitar laços em série:

segunda-feira, julho 23, 2007

LIVROS: POESIA DE SARA

“Quando desapareceres
Escreverei uma história épica
Com o que restar das palavras.”


A Sara (F. Costa) teve um dia a gentileza de transcrever uma nota minha, aparecida neste blogue, sobre uma escritora japonesa (“Serpentes e Piercings”, de Hitomi Kanehara), no seu blogue “Bungaku!”, apoiado pelo “Centro de Estudos Orientais” (ela estuda esse tema na Universidade do Minho).
Depois eu agradeci, em comentário, ela respondeu, falámos via mail, soube que tem 20 anos e um livro de poesia já publicado, “Uma Devastação Inteligente” (em homenagem ao seu mestre, Herberto Hélder). Conversa daqui e dali, com muito cinema japonês e chinês à mistura (Zhang Yimou, por exemplo!), eis que a Sara me manda o seu belo livro de estreia com dedicatória e tudo.
Leio e gosto muito. Rigor na palavra, exigência nas imagens, uma maturidade de escrita que faz esquecer os seus 20 anos (ou os faz recordar ainda mais!). Jorge Listopad, no “Jornal de Letras” disse que "Sara na minha imaginação parece a Agustina na sua idade, sabendo já o que quer!" e Jorge Reis-Sá, no “Magazine Artes” faz a pergunta "...quantos poetas puderam assegurar o manejo das formas como Sara Costa o faz já?"
Por mim desejo-lhe as maiores felicidades e muitos poemas para encantar noites cálidas ou quentes dos verões da vida, as dela e as nossas, seus leitores. Não é todos os dias que se descobre um talento a despontar com a força amadurecida de quem domina as palavras, mas conserva o abençoado viço da adolescência (que nunca se deveria perder). E no intervalo de tudo isto, a disciplina rígida do ai kai. Vale a pena apreciar devidamente.



Sobre adolescência:

A adolescência é um murmúrio oco,
Um oceano estendido por baixo da insónia.
Repara como se move na poeira da fuga,
Como envolve as faces da terra
(talvez do universo)
E como cospe a escrita
Para dentro da voz calejada do sonho.

Outro exemplo:

passos de zinco atravessam-se nas estradas.
dizes trazer o terror preso na garganta
e o amor de lado,
de um qualquer lado.
densas insónias circulam
nos músculos das imagens,
colam-se às feições pouco nítidas
dos meus reflexos.
e a solidão incinerada nas beiras dos passeios
emana um odor turvo.
tu prossegues por dentro dos versos poluídos.
o silêncio surge-te a vermelho
enquanto o mundo vira a sua carne raspada
para os holofotes.

Ou este ainda:

Anoitecia por dentro do corpo,
Lembro-me bem.
As imagens corriam para junto de uma fogueira
Espalhada por todo o comprimento do sonho.
Esperei mas a espera derretia-se
Com o café.
Trazia em m im um sono ferido
E as mãos agarradas à febre. Soube que morreste, sem,
Soube-o entre dois versos.

A terminar:

tudo se ergue pela febre dos seios,
nas carícias afiadas das palavras.

a tua língua a percorrer a minha nudez
e a saliva de veludo a estender-se
pelo suor do desejo.
….
«Uma Devastação Inteligente» foi Prémio Literário João da Silva Correia."

sábado, julho 21, 2007

CINE ECO: EXTENSÃO EM OLHÃO


Entrada Livre / Inscrições até 24 de julho

Exposição DESIGNFORFUTURE 07 - Reciclagem do Sentido Museu da Cidade de OlhãoInaugura a 26 de Julho [19H30]

Ciclo de conferências + ciclo de cinema de ambienteFórum de conferências Jardim Pescador Olhanense

A II edição da Feira Nacional de Parques Naturais e Ambiente é organizada pelo Município de Olhão em associação estratégica com o Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) e insere-se nas comemorações do Dia Nacional da Conservação da Natureza (28 de Julho). O evento reúne a totalidade das áreas protegidas portuguesas, representações de parques naturais e áreas protegidas estrangeiras e algumas das mais destacadas organizações que desenvolvem a sua actividade em torno do Desenvolvimento Sustentável e da Defesa do Ambiente. Quem visitar a Feira entre as 18:00 e as 24:00 poderá ver uma representativa Mostra de Produtos Biológicos, com áreas de prova e degustação, novas propostas de Artesanato e ainda áreas expositivas ligadas ao Lazer e ao Turismo de Natureza.
A programação inclui também a realização do “Seminário do Algarve sobre Alterações Climáticas” que terá lugar em 27 de Julho no Auditório do Centro de Educação Ambiental de Marim, sede do Parque Natural da Ria Formosa. O objectivo deste seminário é o de objectivo difundir informação sobre o tema e suscitar o debate sobre as implicações das alterações climáticas nos parques naturais e áreas protegidas. Paralelamente decorrerão exposições sobre alterações climáticas, design sustentável e eco-design.
A inauguração da II edição da Feira Nacional de Parques Naturais e Ambiente terá lugar no próximo dia 26 de Julho, às 18h00, no Jardim Pescador Olhanense.
Atenção:
para ver programação, carregar nos links.
Ver ciclo de cinema, carregar no link respectivo.

CINE ECO: EXTENSÃO EM LISBOA


EXTENSÃO DO CINE ECO 2006
Programa

DIA
TÍTULO
03 Ago
KIARASA YO SATI, O AMENDOIM DACUTIA, de Komoi Panará e Paturi Panará, Brasil, 2005, 81’
04 Ago
OURO BRANCO – O VERDADEIRO PREÇO DO ALGODÃO, de Sam Cole, Itália, 2005, 8’, Leg. Inglês
AINDA HÁ PASTORES?, de Jorge Pelicano, Portugal, 2006, 80’
05 Ago
CARPATIA, de Andrzej Klamt e Ulrich Rydzewski, Alemanha, 2005, 127’, Leg. Inglês
10 Ago
O PROFETA DAS ÁGUAS, de Leopoldo Nunes, Brasil, 2005, 83’
11 Ago
GIOVANNI E O MITO IMPOSSÍVEL DAS ARTES VISUAIS , de Ruggero Di Maggio, Itália, 2006, 19’, Leg. Inglês
DA PELE À PEDRA, de Pedro Sena Nunes, Portugal, 2005, 40’
12 Ago
GAMBIT, de Sabine Giseger, Suiça, Finlândia, 2005, 107’, Leg. Inglês
17 Ago
O PONTAL DO PARANAPANEMA, de Chico Guariba, Brasil, 2005, 52’
18 Ago
CHARLES JENCKS E O SEU JARDIM DE ESPECULAÇÃO CÓSMICA, de Christoph Schuch, Alemanha, 2005, 26’, Leg. Inglês
QUANDO A ECOLOGIA CHEGOU, de Pedro Novaes, Brasil, 2006, 50’
19 Ago
BRASIL, de Ângelo Lima, Brasil, 2006, 8’
OVAS DE ORO, de Manuel Gonzales, Chile, 2005, 63’, V.O. Castelhano
24 Ago
DOUTOR ESTRANHO AMOR, de Leonor Areal, Portugal, 80’
25 Ago
UMA ALQUIMIA EM VERDE, de Dave Dawson, Nova Zelândia, 2005, 50’, V.O. Inglês
ÁGUAS AGITADAS, de Bernardo Ferrão, Portugal, 2005, 30’
26 Ago
OS 4 ELEMENTOS, de Janek Pfeifer e Joaquim Pavão, Portugal, 2006, 20’
FERIDAS ATÓMICAS, de Marc Petitjean, França, 2005, 52’, Leg. Inglês
01 Set
RESERVA NATURAL DO ESTUÁRIO DO SADO, de João P. Fernandes, João Dias, Nelson Silva, Portugal, 2006, 20’
O FOLE UM OBJECTO DO COTIDIANO RURAL, de Carlos Eduardo Viana, Portugal, 2006, 33’
02 Set
PEIXE FRITO, de Ricardo George de Podestá, Brasil, 2006, 7’
OS REFUGIADOS DO PLANETA AZUL, de Jean-Philippe Duval e Héléne Choquette, Canadá, 2006, 53’, Leg. Inglês
08 Set
MUITCHAREIA, UM PASSEIO PELO SÃO FRANCISCO, de Uliana Duarte, Brasil, 2006, 71’
09 Set
THE BAREFOOT RUNNER, de Filipe Y, Portugal, 2006, 4’
O ATAQUE DO TIGRE, de Sasha Snow, Rússia, Inglaterra, 2005, 62’, Leg. Inglês
ATENÇÃO:
para ver melhor, clicar na imagem.

VARAL DO DIA: ESPECIAL LAURO CORADO

No Blogue Varal de Ideias,
do artista plástico brasileiro Eduardo P.L., um
VARAL DO DIA ESPECIAL LAURO CORADO

Montagem de FREDERICO CORADO ( neto do pintor Lauro Corado)

Tela do artista LAURO CORADO

Outra montagem do Frederico
Frederico Corado, filho de Lauro António

UM QUADRO, UMA JANELA


O Varal do Dia de hoje é mais complexo do que os de rotina.
A tela do quadro da segunda imagem é do Artista plástico e Professor LAURO CORADO
(1908-1977)
Seu filho Lauro António, em seu blog LAURO CORADO EXPOSIÇÃO, postou várias fotos, de um trabalho do seu filho Frederico, e neto do artista, para uma peça de teatro.
Para entenderem melhor visitem os blogs linkados.
Em resumo, a tela do avô( segunda imagem) mostra uma janela, com varal de roupa ao sol.
Frederico, o neto, usou a tela para mudar as imagens vistas pela janela do quadro.
Quem me descobriu este artista português foi o (NON) BLOG
Postado por Eduardo P.L. às 06:58 12 comentários
Meu caro Eduardo P.L., obrigado pelas referências à família. Isto por aqui anda tudo na mesma onda, a imagem, entre as artes plásticas, o cinema, o teatro, a televisão. A isto eu ainda acrescento a escrita, minha terceira paixão, depois do cinema (não é erro não, é mesmo assim!). É bom estreitar laços entre Brasil e Portugal, através de blogues e de tudo o mais. Adoro o Brasil, onde, de há anos para cá, sou visitante anual. Um abraço transatlântico. LA

sexta-feira, julho 20, 2007

A JUVENTUDE DE HOJE


Enviaram-ma por email, portugueses que vivem em Valência (Espanha), e a história vem com sabor a samba. Coisas da globalização. (Abraço para o Zé, a Josefina e respectiva prole):

“Falando sobre conflitos de gerações, o médico inglês Ronald Gibson começou uma conferência citando quatro frases:

1.) "A nossa juventude adora o luxo, é mal-educada, caçoa da autoridade e não tem o menor respeito pelos mais velhos. Os nossos filhos hoje são verdadeiros tiranos, não se levantam quando uma pessoa idosa entra, respondem mal aos pais e são simplesmente maus."

2) "Não tenho mais nenhuma esperança no futuro do nosso país se a juventude de hoje tomar o poder amanhã, porque essa juventude é insuportável, desenfreada, simplesmente horrível."

3) "O nosso mundo atingiu o seu ponto mais crítico. Os filhos não ouvem mais seus pais. O fim do mundo não pode estar muito longe."

4) "Essa juventude está estragada até o fundo do coração. Os jovens são malfeitores e preguiçosos. Jamais serão como a juventude de antigamente. A juventude de hoje não será capaz de manter a nossa cultura."

Após ter lido as quatro citações, ficou muito satisfeito com a aprovação que os espectadores davam às frases. Então, revelou a origem delas: A primeira é de Sócrates (470-399 a.C.); a segunda é de Hesíodo (720 a.C.); a terceira é de um sacerdote do ano 2000 a.C. e a quarta estava escrita em um vaso de argila descoberto nas ruínas da Babilónia (actual Bagdad) e tem mais de 4000 anos de existência. “

Conto-a pelo preço por que a comprei. Até parecem autênticas as citações, mas todo o historiador sabe que deve fazer “crítica de fontes”, o que não fiz. Recebi assim, e assim coloco no blogue. Se não for verdade, podia ser. Estou plenamente de acordo com o que ali se diz. Não sou de forma nenhuma um catrastrofista, muito pelo contrário, acho que a Humanidade vai melhorando. Podia era fazê-lo mais rapidamente, é verdade, e, sobretudo, não ter tantas recaídas periódicas.
Acontece que o que antigamente era do conhecimento de uns tantos, hoje é do conhecimento de milhões, através desta sociedade da informação e do seu espectáculo. Se, há um século atrás, um filho batia no pai ou na mãe, só eles os três sabiam; hoje vem no jornal e passa na televisão.
Podem, pois, os pais ficar mais descansados. Mas não relaxar. Os filhos, porém, não devem agarrar no pretexto para se manterem ao mais baixo nível, mas… podem desanuviar um pouco o ambiente.

quinta-feira, julho 19, 2007

LIVROS QUE ANDO A LER

Desafio (que aceito *)

Respondendo ao simpático desafio proposto pelo blogue Lua Obscura, aqui vão as minhas escolhas a propósito de livros. Uma escolha é sempre problemática, muito subjectiva (esse também o gozo deste tipo de proposta) e muito datada. Os nossos dez melhores de hoje, podem não ser os dez melhores de amanhã.
Mas não vou escolher os 5 livros da minha vida (impossível escolha!), mas os 5 livros que li ultimamente e mais me marcaram. Aqui vai a lista:

O ANIMAL MORIBUNDO, de Philiph Roth
O VÉU PINTADO, de Somerset Maugham
ando a ler CONFISSÕES, do mesmo, igualmente muito bom)
MUNDO PERDIDO, de Patrícia Melo
VIAGENS NO SCRIPORIUM, de Paul Auster
CIDADE PERDIDA, de Eduardo Pitta
(o livro da Lídia Jorge, COMBATEREMOS A SOMBRA, seria igualmente uma boa opção, mas ainda não acabei de ler)

E assim "passo a outros, e não ao mesmo":

dois familiares:
DETESTO SOPA
NÃO HÁ NADA COMO O REALMENTE
e mais 5
MÚSICA DO ACASO
NONBLOG
DIVAS E CONTRABAIXOS
SULBURBIO
BANCO & AZUL

(poderia escolher muitos outros autores que estimo e prezo, mas alguns pela própria estrutura dos seus blogues não comportam a vertente "desafio").

----
* Este tipo de desafio será sempre aceite por mim, com todo o prazer. Creio mesmo que poderá ser um bom estímulo para troca de opiniões, informações, sensibilidades.

[...Lauriando no Alentejo...]

No blogue "Lapis Exilis" uma simpatica referência que agradeço.
18.7.07 : [...Lauriando no Alentejo...]


http://lauroantonioapresenta.blogspot.com
http://detesto-sopa.blogspot.com
{... ?... Lauriando no alentejo... foi exactamente o que a família
Lauro António andou a filmar.
porque as imagens falam por si... e o alentejo também. porque
existem tantos artistas a habitar o alentejo? não sei.... ou melhor,
parece que descobri o que nos motiva - silêncio! a Cor é motivada
pelos cheiros e a aridez do horizonte teima dependurar tudo
aquilo que nos falta ainda criar. no silêncio tudo fica mais perto do
momento tão desejado - Criar. desta imensidão de azul todas as
cores nos transformam e nos acordam de todo e qualquer sono
urbano.
alentejanamente pensando... tudo é perto da Cidade das Tintas!...
Lauriano no alentejo?... ouvi dizer que sim!...}

posted by musqueteira at 19:18 Comment (1) Trackback

terça-feira, julho 17, 2007

ELEIÇÔES EM LISBOA E BRINCADEIRAS

No "Hoje há Conquilhas...",
Tomás Vasques contabilizava os números das
Eleições em Lisboa
resultados finais:

PS - 57 907 - 29.54% - 6 Mandatos.

Carmona - 32 734 -16.70% - 3 Mandatos.

PPD/PSD - 30 855 - 15.74% - 3 Mandatos.

Roseta - 20 006 - 10.21% - 2 Mandatos.

PCP-PEV - 18 681 - 9.53% - 2 Mandatos.

B.E. -13 348 - 6.81% - 1 Mandato

CDS-PP - 7 258 - 3.70% - O Mandatos

Na contabilidade do meu blogue,

numa brincadeira que esteve aqui ao lado,

durante as últimas semanas,

os resultados foram muito diferentes nalguns aspectos.

Por brincadeira, veja-se a votação de 182 votos:


Se fosse hoje, em quem votaria?


Votos
Antonio Costa 43% 78 votos
Helena Roseta 27% 50
Fernando Negrao 3% 6
Carmona Rodrigues 3% 5
Telmo Correia 1% 1
Garcia Pereira 2% 4
Ruben de Carvalho 8% 14
Goncalo da Camara Pereira 1% 1
Sa Fernandes 9% 17
Manuel Monteiro 3% 6


segunda-feira, julho 16, 2007

ALENTEJO E PINTURA





O meu fim de semana foi passado por aqui a filmar a pintura de uma pintora e os espaços por ela habitados. O Frederico foi o operador incansável, a Eduarda a fotógrafa, a Maria o motivo que a objectiva captou. Entre a herdade do Paco Bandeira, a seis quilómetros de Montemor-o-Novo, e o Convento de São Paulo, na Serra de Ossa, perto de Estremoz, ficam as pinceladas de luz e cor, a abrir o apetite para o pequeno filme e a Exposição (tudo a ver em Outubro, depois se diz onde).


NO REFÚGIO DA MARIA, PERTO DE MONTEMOR-O-NOVO






NA SERRA DE OSSA, NO CONVENTO DE SÃO PAULO