sábado, abril 30, 2011

OS CINEMAS DA EUROPA

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OS CINEMAS DA EUROPA
a partir de 3 de Maio em Oeiras


para saber mais ver AQUI

sábado, abril 23, 2011

FELIZ PÁSCOA

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FELIZ PÁSCOA... TO YOU
com a música de Erving Berlin

JOÃO MARIA TUDELA, UM AMIGO

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 João Maria Tudela 
(Lourenço Marques, 1929 — Cascais, 2011)
João Maria Tudela era um amigo. Amigo de todas as horas durante largos anos, já que vivíamos no mesmo prédio da Av. de Roma, e frequentávamos o mesmo café, o Vavá. Encontrava-o quase todos os dias, quando ainda ambos éramos solteiros, passeando o seu cão enorme que era o seu fiel companheiro (tão fiel que um dia comprou um bilhete de cinema para levar o Chiquembo a ver “Os 101 Dalmatas”). Cantor, músico e apresentador de televisão, João Maria foi ainda um homem de sete ofícios, um romântico incurável, e um amigo de excepção. Contou-me um dia que detestava chegar a algum local sem se sentir acompanhado. Por isso, sempre que viajava para longe de Lisboa, enviava de véspera um postal ou carta para si próprio. Quando chegava ao hotel de destino, tinha sempre algo à sua espera.
Não sei se agora que partiu, teve tempo de enviar para o Além, um postal para receber quando lá chegou. Partiu vítima de um AVC súbito e fulminante, quando passeava o seu novo cão nos jardins do Casino do Estoril. Morte com o seu quê de simbólico. Quem o conhecia bem sabe porquê. Ele era um homem do espectáculo, e a ele se devem os primeiros sucessos do novo Casino do Estoril, quando passou para a direcção de Mário Assis Ferreira. Foi lá que surgiram as “Noites de Gala”, que deram um impulso inovador ao que depois viria a ser o Salão Preto e Prata. Eram transmitidas em directo pela RTP e tiveram grande sucesso por essa altura. Mas há ainda um pormenor de valor simbólico a não desprezar. Caído por terra, o seu cão não o abandonou e não permitia que ninguém se aproximasse do seu dono prostrado. Para ele, que adorava cães, esta terá sido uma boa homenagem.
Na noite de Natal de 1988, a RTP entregara ao João Maria a coordenação das festividades, e ele convidou-me para realizar um Conto de Natal, sobre uma ideia dele, que Raul Solnado viria a interpretar de forma brilhante. A história, de sua autoria, vincava bem as ideias generosas do seu autor, um homem que se distinguia pela elegância muito british do seu porte, pela afabilidade do seu convívio, pela abertura de espírito que deixava transparecer.
Veio de Moçambique, de uma família abastada e brasonada, onde nascera a 27 de Agosto de 1929. Estudou na África do Sul até aos 13 anos, depois em Lourenço Marques, no Liceu Salazar, onde começa a actuar como solista. Nunca estudara música, mas tocava piano, guitarra, viola e harmónica vocal com à vontade. Sempre que vinha a minha casa era um dos raros a dar uso a um piano que hoje suporta pilhas de livros. Passou por Coimbra, como estudante, onde se juntou a grupos académicos, estudando pouco, apaixonando-se pelo tradicional fado, e desenvolvendo as capacidades artísticas que fizeram dele um símbolo da música branca de Moçambique. De volta à sua terra natal, empregou-se primeiro na "Companhia de Seguros Império" e depois na "Shell", onde permaneceu durante uma década como responsável comercial. Torna-se um emérito jogador de ténis, chegando a ser considerado um dos melhores atletas de Moçambique nesta modalidade. Interessa-se então pela música de raiz africana, que integra no seu reportório.
Nos anos seguintes continuará a gravar e a actuar ao vivo, iniciando uma parceria com a orquestra de Dan Hill, que o acompanhará nos principais êxitos da época. É de 1959 o seu primeiro e maior êxito de sempre, “Kanimambo”, que fará grande carreira em Portugal continental, nos Estados Unidos e na América do Sul, nomeadamente o Brasil. Considera-se um amador, canta mais por prazer que por profissão, o que não invalida ser considerado na época "o maior cartaz turístico de Moçambique", o que o leva a enveredar por uma carreira profissional. No início da década de 60, João Maria Tudela entra no meio artístico português pela porta grande. Tem uma legião de fãs, uma forma muito sua de cantar, e ganha o “Prémio da Crítica - O Melhor da TV”, em 1962.
Em 1968, depois de ter participado no Festival RTP da Canção, com “Ao Vento e às Andorinhas”, é proibido de voltar à RTP, por ter interpretado a canção “Cama 4, Sala 5”, de José Carlos Ary dos Santos e Nuno Nazareth Fernandes. Tudela pensa terminar, então, a sua carreira, mas continuará com uma intervenção artística cada vez mais exigente quanto aos autores e temas. Canta “Liberdade”, que se tornará um dos símbolos do 25 de Abril. Entre as suas composições mais conhecidas, além do já citado “Kanimambo” (que foi um fenómeno de vendas), citam-se “Hambanine”, “O Meu Chapéu”, “Diz que Gostas de Mim”, “Menina das Tranças”, “No País do Sol”, “Soldado Português”, “Moçambique”, “Liberdade” ou “Fuzilaram um Homem num País Distante”.
Benfiquista dos sete costados, é célebre um acontecimento em que participou no estádio da Luz. Poucos minutos depois de ter entrado para o camarote que então detinha com alguns amigos (creio que, entre eles, o Tordo), Eusébio marca um daqueles seus golos do outro mundo. Tudela levanta-se, sai e volta pouco depois: “Fui comprar outro bilhete, que o primeiro já se esgotara com o golo do Eusébio.”
Casou apaixonadíssimo pela Filomena, muitos anos mais nova que ele. Nessa altura, rondava os 60 anos, lamentava-se de talvez não ver os filhos crescer. Mas viu-os chegar a adultos. Até que um AVC fulminante o levou. Morreu nesta manhã de sexta-feira Santa, no hospital de Cascais. Tinha 81 anos.
Estará agora a ler um postal por si enviado lá para onde foi? Se o postal não chegou, chegará por certo esta missiva de amigos que o não esquecem. 

 Três fotografias de um album pessoal.

quinta-feira, abril 21, 2011

CINEMA: LONDON BOULEVARD


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LONDON BOULEVARD, CRIME E REDENÇÃO 
William Monahan, o argumentista e realizador de “London Boulevard” era sobretudo conhecido, até agora, por ser argumentista de alguns filmes que se tornaram notados, como “Reino dos Céus” (2005), “The Departed - Entre Inimigos” (2006), “O Corpo da Mentira” (2008) e “Fora de Controlo” (2010). Com “The Departed - Entre Inimigos” limpara tudo o que havia para ganhar em prémios internacionais, inclusive o Oscar para melhor argumento adaptado de obra literária. Seria de esperar que a sua escolha de argumento para ele próprio se estrear na realização fosse algo de particularmente excitante. Não aconteceu.
“London Boulevard - Crime e Redenção” é uma daquelas obras que nada distingue de centenas de outras, quer a nível da história como da realização. Mitchel (Colin Farrell), com prestígio no submundo do crime londrino, sai da prisão e quer acertar agulhas e começar uma vida nova. Emprega-se como uma espécie de guarda-costas de uma actriz de cinema, Charlotte (Keira Knightley), que vive cercada por indignos paparazzis, e de um amigo algo estranho, Jordan (David Thewlis). Mas os antigos comparsas do crime não largam Mitchel até o voltarem a envolver em actividades ilícitas. Ele reage, e etc.
A história está vista e revista, podia descortinar-se alguma originalidade no tratamento. Nada a assinalar também por estes lados. Temos, então, alguma interpretação brilhante? Nem isso. Até o facto de Keira Knightley ser muito bonita não ajuda à festa, por que esta nunca o é. Não há realmente festa que se instale em tanta mediocridade e banalidade.

CRIME E REDENÇÃO
Título original: London Boulevard
Realização: William Monahan (Inglaterra, EUA, 2010); Argumento: William Monahan, segundo romance de Ken Bruen; Produção: Quentin Curtis, Tim Headington, Justine Suzanne Jones, Graham King, William Monahan, Redmond Morris, Jacob Rush, Theodore Suchecki, Colin Vaines; Música: Sergio Pizzorno; Fotografia (cor): Chris Menges; Montagem: Dody Dorn, Robb Sullivan; Casting: Nina Gold; Design de produção: Martin Childs; Direcção artística: Sarah Stuart; Decoração: Celia Bobak; Guarda-roupa: Odile Dicks-Mireaux; Maquilhagem: Christine Blundell ; Direcção de Produção: David Bell; Assistentes de realização: Tom Brewster, Carlos Fidel, Richard Styles; Departamento de arte: Mark Raggett; Som: Per Hallberg; Efeitos especiais: Stuart Brisdon, Mark White, Nigel Wilkinson; Efeitos visuais: Simon Carr, Zissis Papatzikis, Liam Tully; Companhias de produção: GK Films, Henceforth, London Boulevard, Projection Pictures; Intérpretes: Colin Farrell (Mitchel), Keira Knightley (Charlotte), David Thewlis (Jordan), Anna Friel (Briony), Ben Chaplin (Billy Norton), Ray Winstone (Gant), Eddie Marsan (DI Bailey), Sanjeev Bhaskar (Dr. Raju), Stephen Graham, Ophelia Lovibond, Jamie Campbell Bower, Velibor Topic, Lee Boardman, Alan Williams, Jonathan Cullen, Robert Willox, etc. Duração: 103 minutos; Distribuição em Portugal: Pris Audiovisuais; Classificação etária: M/ 12 anos; Estreia em Portugal: 14 de Abril de 2011.

segunda-feira, abril 18, 2011

POLÍTICA

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ALGUMAS CONSIDERAÇÕES 
POUCO POLÍTICAS 

Ler o caderno principal do “Expresso” ao fim-de-semana é motivo para criar uma angústia existencial para o resto da semana. Quase sempre já se conheciam as notícias, mas vê-las assim, todas ao lado umas das outras, não deixa de piorar consideravelmente a perspectiva. Esta semana não foi nem muito melhor nem muito pior, mas os factos são assustadores:

1) Pedro Passos Coelho, aquele rapaz bem apessoado e bem falante, que agora dirige o PSD (e, devo confessar, em quem cheguei a depositar esperanças, apesar do mesmo não ser representante do meu tradicional espectro político) andou durante muito tempo a dizer que Sócrates levara para a UE uma decisão de PEC IV que não dera a conhecer a ninguém, nem sequer ao “principal partido da oposição”. Por causa dessa falta de “solidariedade” institucional acabaria mesmo por provocar o derrube do governo de Sócrates. Afinal agora vem dizer que Sócrates reuniu com ele na véspera de partir para a conferência europeia. Afinal quem mentiu?

2) Fernando Nobre, que andou por aí a afirmar que tinha visto uma criancinha a roubar comida a uma galinha e que ganhou votos à custa de uma campanha pela cidadania para a Presidência da República, afinal já não se importa de ser cabeça de lista para deputados do PSD por Lisboa, desde que seja imediatamente eleito Presidente da Assembleia da República. Não chegou a nº 1 “independente”, mas passa rapidamente a ser candidato a nº 2 “dependente”.
Mas há mais: concorre a cabeça de lista para deputados do PSD por Lisboa, mas jura que nunca será deputado. Só Presidente da Assembleia da República. Portanto o eleitor vota num nome que afinal não o irá representar. Interessante concepção de cidadania. Venha-me cá dizer mais vezes que a vida política portuguesa está a precisar de um abanão e que o que é bom é a sua cidadania. Cidadania desta, não obrigado! Prefiro a vida política portuguesa, onde, se há alguns aldrabões, também há muita gente séria (pena é que a gente séria tenha tão pouco talento e este quase só apareça nos aldrabões).

3. O Caso Cavaco – BPN. Em julgamento, o director do BPN, é acusado de ter vendido a Cavaco Silva e a uma filha deste 250.000 acções do citado banco. Oliveira Costa comprara-as a 2,1 e vendeu-as a Cavaco Silva e filha por 1 euro cada. Perdeu, de um minuto para o outro, 275.000 euros. Mais tarde, algum tempo antes do BPN ser conhecido pelas trafulhices em que andava metido, Cavaco Silva e filha venderam as acções, creio que a 2,4. Ganharam umas coisinhas. Oliveira Costa perdeu umas coisinhas. Nada de grave, já que eram amigos. Cavaco Silva, agora Presidente da República de uma República falida, é o “garante” dessa República. Mas, quando o negócio ocorreu, já deixara de ser Primeiro-Ministro e ainda não era Presidente e “garante” desta República, era um simples professor universitário, afirmam, para explicar a legalidade do acto. Resta perguntar: qualquer professor universitário se pode candidatar à mesma transacção? Dava-me tanto jeito! Mas se calar é preciso ser PM antes, e futuro PR.

4. O FMI entrou em Portugal e anda a estudar as nossas contas. Vai ter um certo trabalho, é certo. Mas parece que acha que o país deve pagar juros de 3,5 ao longo de cinco ou mais anos de reestruturação da economia portuguesa, para atenuar os efeitos da recessão. A UE, pelo contrário, acha que os juros devem ser de 5,5 e estenderem-se por apenas 3 anos. Quem não aguentar que desista. E os finlandeses (alguns, mas numerosos) acham que não têm nada de pagar a factura dos povos do sul. Abençoado espírito europeísta.  

5. Entretanto, o Senado norte-americano inquiriu e descobriu falcatruas a dar por um pau na actividade daquelas abençoadas agências de “rating” que andam por aí a pregar moral e desvalorizar economias de países “não cumpridores”. Parece que as agências e os bancos e as seguradoras andam todos de mãos dadas para aumentar determinados lucros, que por sinal lhe dizem respeito, directamente a eles, os interessados. Basta ler o artigo de Robert Fishman, no “New York Times”, para se perceber como funciona a marosca. Mas já se tinha percebido há muito. Isto anda tudo ligado, e não somos só nós que andamos a viver acima das possibilidades. Quem anda a delapidar a economia mundial é essa corja de especuladores que brinca com o dinheiro dos outros neste global casino virtual.

6. Agora para se conhecer o pensamento do RP, há que ler o seu “Facebook”, transformado não em “Diário do Governo”, mas em “Pensamento do Dia” da Presidência da República. Ainda há quem diga que o Presidente não fala!...

7. Reparam que bastou os banqueiros, concertados, começarem a dizer que não emprestam mais dinheiro a Portugal, para os políticos todos irem de mão beijada pedir ajuda ao FMI? Viram bem como a coisa funcionou? Hoje, o primeiro deu uma entrevista, no dia seguinte foi outro, depois mais um, finalmente nem foi necessário o restante pessoal escalado intervir, que o pedido ao FMI já estava em processamento. Claro que já se tinha compreendido há muito quem manda nos países (não é só Portugal, não fiquem a pensar que isto se destina só a nós, é geral). Os governos geram as pequenas contas caseiras. Mas o Big Brother global das multinacionais, esse está atento ao essencial. Capitalismo selvagem?, claro! Mas não parece haver outro, de Washington a Pequim, de Moscovo a Tripoli.

8. Nesta altura, quando se vislumbra para daqui a muito pouco que não haverá “estado social” para ninguém, e que, segundo Medina Carreira, o seu entrevistador do “Expresso”, Ricardo Costa, já só terá direito a uma “reforma simbólica”, o que nos resta? Indignarmo-nos, pois então, mas a indignação terá de ser construtiva. Pensar o que se pode fazer para alterar este estado de coisas e introduzir maior justiça neste mundo que, desde Reagan e os Bushs, mais os imperadores da China e outros quejandos, mais não faz do que precipitar-nos a todos nas mãos de uma ditadura financeira que não olha a nada a não ser o lucro, fácil e desmedido.

9. O que nos vale é que Futre foi contratado para fazer a publicidade ao “Licor Beirão”, com “soluções à Portuguesa”. Por exemplo: “À beira do precipício não daremos passos em frente” ou “Um governo com 19+1: 19 amigos e mais um para trabalhar”. Haja alento!

CINEMA: RIO

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 RIO 

Carlos Saldanha é brasileiro e assume-se hoje como um dos principais autores de animação dos estúdios norte-americanos Blue Sky, normalmente distribuídos internacionalmente pela Twentieth Century Fox. Ele foi um dos criadores da excelente série “A Idade do Gelo” e agora aparece, individualmente, a assinar “Rio”, um filme que obviamente lhe dirá muito. Objectam os brasileiros contra alguns aspectos do filme e protestam de alguma forma contra a sua tendência exótica, afirmando que ela é “mais uma visão de estrangeiro” sobre o Brasil, com samba, carnaval, futebol, favela, crime e animais excêntricos. Visão de clichés, carregada de chavões. Pois parece-me que sim, mas há que ter em conta que este é um filme para crianças (ou melhor: “para todos os públicos”, o que compreende ser também para crianças) e isso obriga a certas simplificações e reduções. O Brasil não é, obviamente, só este retrato que nos é dado aqui, este é o Brasil que os turistas procuram, o que lhes vendem. Mas este Brasil também existe. Certamente não se esperava um filme para crianças com o Brasil de “Tropa de Elite” ou o Brasil estético e depurado de João Moreira Salles ou de Júlio Bressane. Cada arara no seu galho.
Mas mesmo assim “Rio” não é o grande filme de animação que se podia esperar tendo o Rio de Janeiro como pano de fundo. Obviamente que tem uma cor exuberante e um ritmo vigoroso, é evidente que a animação é impecável, ao bom estilo da casa, é certo que a história tem todos (se calhar demasiados) condimentos para agradar. Vejamos:
O filme abre sobre um nascer do dia no Rio de Janeiro, em vista panorâmica sobre a cidade e a baía, as casas, o mar, a floresta. Com o nascer do dia, esta regurgita de vida. As plantas e as aves movimentam-se livremente até à chegada medonha das redes que aprisionam as aves e as encerram em gaiolas, com destino a terras desconhecidas. Entre os aprisionados, encontra-se Blu, uma arara bebé, de um intenso azul que, juntamente com as irmãs de espécie, lá vai para “Not Rio”, ou seja, o gélido estado de Minnesota, onde, apesar de tudo, tem a sorte de cair nas mãos da bondosa Linda, que o conserva cuidadosamente nos próximos quinze anos. Muito mimado e instruído, por entre livros e ricos pequenos almoços, Blu vive satisfeito da vida, não se importando nada com o facto de nem sequer saber voar. Nunca precisou. Mas um dia aparece Túlio, um ornitólogo que anda em perseguição de Blu para, através dele, tentar preservar a raça das araras azuis. No Brasil existe uma fêmea, única no mundo, de nome Jade, que quer “conhecer” Blu. Eles têm de levar Blu até Jade e esperar que a raça não morra. O que fazem, mas com péssimos resultados: Blu e Jade são apanhados pelo tráfico de animais, levados para as favelas, acorrentados um ao outro, até que conseguem fugir. O filme acompanha as peripécias dessa fuga, e são algumas. Temos, assim, Blu e Jade em fuga, Linda e Túlio a tentarem localizá-los, os traficantes no seu encalço, e o Rio em época de Carnaval com o sambódromo a transbordar de gente para ver a banda passar. Tudo isso e os macaquinhos ladrões e o falcão malvado e os amigos dos perseguidos tentando ajudá-los. História de amor que começa mal e acaba em “happy end” (faz lembrar os encontros da parelha Fred Astaire-Ginger Rogers), filme de aventura e perseguições com uma ave que não sabe voar acorrentada a uma intrépida moçoila, animal domesticado que não se adapta já à vida natural, metáfora ambientalista “politicamente correcta”, musical sambado em homenagem a Carmen Miranda, passeio turístico pela bela e romântica “cidade maravilhosa” (está lá tudo, o Cristo Redentor, o Pão de Açúcar, os arcos da Lapa com os ónibus a passar, as favelas, a já citada baía da Guanabara, a floresta da Tijuca, a avenida Atlântica, os desfiles no sambódromo, etc.), enfim “Rio” é um pouco de tudo isso, mas diverte, os miúdos gostam e os pais não se aborrecem. Apesar de muito musicado, nem por isso é muito feliz, com a partitura de John Powell (que conta com colaborações especiais de Carlinhos Brown e Sérgio Mendes). Não é, todavia, o grande filme que o Rio merece. 

RIO
Título original: Rio
Realização: Carlos Saldanha (EUA, 2011); Argumento: Carlos Saldanha, Don Rhymer; Produção: Bruce Anderson, John C. Donkin; Música: John Powell; Fotografia (cor): Renato Falcão; Montagem: Harry Hitner; Decoração: Melanie Martini; Direcção de Produção: Jacob Carlson, Gina Grasso, Mark Jacyszyn;  Departamento de arte: Nash Dunnigan, Rachel Tiep-Daniels; Som: Randy Thom; Efeitos visuais: Heather Brown, Taylor Shaw, Doug Spilatro; Animação: Nick Bruno, John E. Hurst, Sergio Pablos, Jason Sadler, Joshua Spencer, etc. Companhias de produção: Blue Sky Studios, Twentieth Century Fox Animation; Intérpretes (vozes originais): Jesse Eisenberg (Blu), Anne Hathaway (Jewel), Leslie Mann, Rodrigo Santoro, Wanda Sykes, Jane Lynch, Jamie Foxx, Will.i.Am, Bernardo de Paula, Carlos Ponce, Jake T. Austin, Thomas F. Wilson, George Lopez, Bebel Gilberto, Judah Friedlander, Tracy Morgan, Karen Disher, Jason Fricchione, Sofia Scarpa Saldanha, Kelly Keaton, Gracinha Leporace, Phil Miler, Carlos Saldanha, Renato D'Angelo, Jeffrey Garcia, Davi Vieira, Jemaine Clement, Cindy Slattery, Justine Warwick, Miriam Wallen, Tracy Morgan, Sergio Mendes, etc. Duração: 96 minutos; Distribuição em Portugal: Castello Lopes Multimédia; Classificação etária: M/ 6 anos; Estreia em Portugal: 14 de Abril de 2011.

sábado, abril 16, 2011

TEATRO: AS TRÊS IRMÃS

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 AS TRÊS IRMÃS
Depois de “Platonov” (2008), e de “A Gaivota” (2010), Nuno Cardoso encerra o ciclo dedicado a Anton Tchekhov, fechando a trilogia com a encenação de “As Três Irmãs”, uma das obras mais célebres e mais representadas do dramaturgo russo, um dos expoentes do teatro moderno do século XIX. Em jeito pessoal, devo confessar que este é um dos meus autores preferidos. Julgo que a forma como analisa certos microcosmos da sociedade e das relações humanas nunca foi superada em teatro. “As Três Irmãs” é um óptimo exemplo disso: três irmãs, herdeiras órfãs de uma aristocracia rural em decadência, vivem perdidas nos confins gelados da Rússia. Sonham com Moscovo, a cidade, a metrópole, a aventura, o improvável. Uma vai dando aulas, outra casou com um bom homem que a não satisfaz, outra, a mais nova, quer trabalhar e sonhar com Moscovo. Os tempos estão a mudar. Nas reuniões que todas as noites promovem em sua casa, os militares que as visitam falam e filosofam sobre a natureza humana que para uns é imutável e para outros se vai aprimorando. Um deles chega mesmo a afirmar, convicto, de que agora elas as três são apenas um exemplo, mas que, amanhã, o número se multiplicará e a Humanidade viverá feliz. Não é todavia o que a peça demonstra, pois um a um os sonhos vão morrendo, Moscovo está cada vez mais longe e a felicidade não é decididamente daquele mundo. E o que vem aí não deixa também muitas dúvidas: o irmão de Olga, Macha e Irina perde-se de amores por uma recém chegada, sem escrúpulos e com febre de subir na vida, com quem casa e que lentamente toma conta da família e impõe a sua nova ordem. Serão estes os novos tempos que se adivinhavam na Rússia de fim do século XIX, início do XX? O desespero e o desencanto, a angústia que sobra desta peça genial não deixa margens a muitas dúvidas, por muito optimistas que possam parecer algumas frases finais.
Trata-se de um texto primoroso que é conveniente nunca abastardar com encenações descuidadas ou provocações inúteis. O que mais se vê por aí, em palcos portugueses, são elencos que nem sequer sabem “dizer” um texto. Actores que comem as palavras, com uma dicção impossível, que nem num balcão de atendimento público se safavam, mas que tentam a sua sorte nos palcos, impunemente. Primeira vitória deste elenco de Nuno Cardoso: irrepreensível. Terá os seus altos e baixos quase imperceptíveis, mas globalmente é de uma segurança (e talento) notável. O texto é belissimamente reproduzido, interiorizado, vivido.
Segundo trunfo desta encenação: procura recriar o texto de Tchekhov sem nunca o destruir. A encenação é brilhante nalguns momentos, discutível aqui e ali (sobretudo na abertura, com a coreografia, para mim excessiva, do bailado das irmãs e das cadeiras), mas sempre inteligente, tentando dar uma nova forma mas procurando que esta seja sempre coerente com o texto e as suas intenções, e sublinhando bem a sua contemporaneidade. É de um tempo de crise que se fala, é de pessoas à deriva por entre cadeiras que assinalam lugares, pontos, referências, símbolos. A encenação é neste aspecto criativa e estimulante, oferecendo momentos de grande intensidade dramática e de incentivadora originalidade. A forma como Nuno Cardoso encena o duelo é particularmente brilhante, mas há muitos outros momentos brilhantes num espectáculo que é, todo ele, imperdível.
A tradução de António Pescada do texto de Techekhov é muito boa. A cenografia de F. Ribeiro é verdadeiramente notável, pela instabilidade que cria num palco desenhado em suaves colinas. Os figurinos de Storytailors são igualmente excelentes, bem como o desenho de luz de José Álvaro Ribeiro. O elenco é constituído por Daniel Pinto, Isabel Abreu, João Grosso, José Neves, Luís Araújo, Manuel Coelho, Maria Amélia Matta, Maria do Ceú Ribeiro, Micaela Cardoso, Sara Carinhas, Sérgio Praia, Tonan Quito, Vitor d’ Andrade. Lamentavelmente o programa não apresenta o elenco com a identificação de personagens e assim só me permito destacar os que conheço (erro meu, eu sei!), Sara Carinhas, Isabel Abreu, Maria Amélia Matta, João Grosso, muito bem.
Se gosta de teatro, não perca estas “Três Irmãs”, até 22 de Maio na sala Garrett do D. Maria II. É um prazer ver teatro assim. Em português. 


AS TRÊS IRMÃS
“As Três Irmãs”, de Anton Tchekhov; tradução: António Pescada; encenação: Nuno Cardoso; assistência artística e movimento: Victor Hugo Pontes; cenografia: F. Ribeiro; figurinos: Storytailors; desenho de luz: José Álvaro Correia; desenho de som: Rui Dâmaso; Intérpretes: Daniel Pinto, Isabel Abreu, João Grosso, José Neves, Luís Araújo, Manuel Coelho, Maria Amélia Matta, Maria do Ceú Ribeiro, Micaela Cardoso, Sara Carinhas, Sérgio Praia, Tonan Quito, Vitor d’ Andrade. Uma co-produção TNDM II e AO CABO TEATRO; Classificação etária: M/12 anos; Sala Garrett, de 14 de Abril a 22 de Maio 2011.

CINEMA: TROPA DE ELITE 2

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 TROPA DE ELITE 2 
- O INIMIGO AGORA É OUTRO

“Tropa de Elite 2 - O Inimigo Agora é Outro” prolonga “Tropa de Elite”, lançado em 2007 com enorme sucesso no Brasil e no mundo. Sucesso e polémica. Sobretudo para todos aqueles que pensam que polícia é sempre o vilão da fita e o criminoso a vítima do poder estabelecido. O filme de José Padilha mostrava que tanto polícias como criminosos se igualavam por vezes em métodos, e erguia uma figura de herói violento, mas impoluto ao nível da corrupção, o chefe do esquadrão da BOPE, Nascimento de seu nome (excelente criação de Wagner Moura).
“Tropa de Elite 2” também se poderia chamar “agora o filme é outro”, apesar do protagonista e o cenário serem os mesmos. Nascimento é agora coronel e, no início do filme, continua à frente da tropa de elite que instruiu como uma verdadeira máquina de guerra, mas por pouco tempo. A tentativa de apaziguar a revolta na cadeia Bangu 2 transforma-se num massacre, aproveitado pelo pacifista Diogo Fraga (Irandhir Santos) para denunciar mais este atentado aos direitos do homem. Nascimento torna-se não já um problema policial, mas político, sobretudo para os responsáveis do estado do Rio de Janeiro, que o resolvem afastar do comando do BOPE e “promovê-lo”, já que o pulsar popular a isso obrigava, a Secretário de Segurança, uma forma de o afastar da acção directa e colocá-lo a enfeitar mais uma prateleira de prestígio.
Aqui, digamos, começa “Tropa de Elite 2 - O Inimigo Agora é Outro”, quando Nascimento descobre os podres políticos da situação, os conluios que se estabelecem entre políticos preocupados com o voto e a reeleição, senadores e publicitários de campanha, alguma polícia, alguns meios de comunicação social, os bandidos das favelas, etc. Uma teia de interesses que se estabelece com base no dinheiro que circula e gera poder, poder esse que oferece votos, que garantem eleições e a permanência no poder. Nada que não se saiba em qualquer país do mundo, nada que o cinema de qualquer canto democrático não tenha já denunciado, por vezes com grande vigor e talento (relembram-se vários filmes americanos, italianos, franceses, espanhóis e etc.), por vezes com grande tibieza e mesquinhez de olhar (e estou a recordar alguns portugueses recentes que abordavam a corrupção local deixando muito a desejar, procurando sobretudo o sucesso de bilheteira e não a denúncia aberta das questões abordadas).
O filme de José Padilha aproxima-se muito dos melhores exemplos italianos dos anos 60 e 70, com algumas cenas de violência muito bem conduzidas, e uma leitura muito “mais politicamente correcta” para as mentes inquietas com os direitos humanos do banditismo organizado. É óbvio que estes filmes de José Padilha só existem porque o Brasil vive realmente em democracia e, sobretudo, porque muito brevemente vão organizar dois eventos à escala mundial que impõem uma “limpeza” nas favelas (o que já aconteceu e vai continuar) e alguma atenção à corrupção institucionalizada. Neste aspecto, “Tropa de Elite”, 1 e 2, tranquilizam de alguma forma a população, uma forma inteligente de tranquilizar igualmente a política local.
Mas o filme tem efectivamente muitos aspectos positivos, ainda que ao nível da narrativa não tenha a fluência e a unidade do original. O facto de a acção passar, em grande parte, da rua para os escritórios e as salas oficiais, retira-lhe alguma espectacularidade, mas ganha outro empenhamento. A denúncia do apresentador de televisão que exorta o seu público para a violência policial como forma de atenuar conflitos, dos senadores comprados, dos chefes policiais vendidos, das campanhas eleitorais subsidiadas pelo crime, tudo isso resulta transparente e bem enunciado. Nascimento é visto, neste “opus 2”, como uma personagem nuanceada, que tem dúvidas, que hesita, humanizada sobretudo pela presença de um filho que o rejeita e que ele tenta conquistar (muito boa a cena de karate em que pai e filho se “abraçam” da única forma que Nascimento sabe abraçar, em luta, mas numa luta que aqui simboliza amor).
O ritmo é nervoso e bem conseguido, a fotografia densa e “vivida”, a interpretação brilhante por parte de todos os intervenientes, muito bem escolhidos para as personagens.

TROPA DE ELITE 2 - O INIMIGO AGORA É OUTRO
Título original: Tropa de Elite 2 - O Inimigo Agora é Outro
Realização: José Padilha (Brasil, 2010); Argumento: Bráulio Mantovani, José Padilha, Rodrigo Pimentel; Produção: Marcos Prado, James D'Arcy, Leonardo Edde, Malu Miranda, Carlos Eduardo Rodrigues; Música: Pedro Bromfman; Fotografia (cor): Lula Carvalho; Montagem: Daniel Rezende; Direcção artística: Tiago Marques Teixeira; Decoração: Odair Zani; Guarda-roupa: Claudia Kopke; Maquilhagem: Martin Macias; Direcção de Produção: Katiuscha Mello, Edu Pacheco; Assistentes de realização: Luiz Henrique Campos, Daniel Lentini, Paula Lima, Marianne Macedo Martins, Rafael Salgado, Jim Shreim; Departamento de Arte: Cristina Cirne; Som: Eduardo Virmond Lima, Alessandro Laroca; Efeitos Especiais: William Boggs, Rene Diamante, Bruno Van Zeebroeck; Efeitos visuais: Andre Waller; Companhias de Produção: Globo Filmes, Feijão Filmes, Rio Filmes, Zazen Produções; Intérpretes: Wagner Moura (Tenente-Coronel Nascimento), Irandhir Santos (Diogo Fraga), André Ramiro (Capitão André Matias), Pedro Van-Held (Rafael), Maria Ribeiro (Rosane), Sandro Rocha (Major Rocha / Russo), Milhem Cortaz (Tenente-Coronel Fábio), Tainá Müller     (Clara), Seu Jorge (Beirada), André Mattos (Fortunato), Fabrício Boliveira (Marreco), Emílio Orciollo Neto, Bruno d'Elia, Rod Carvalho, etc. Duração: 116 minutos; Distribuição em Portugal: Zon Lusomundo Audiovisuais; Classificação etária: M/ 16 anos; Estreia em Portugal: 7 de Abril de 2011.

segunda-feira, abril 11, 2011

SIDNEY LUMET (25.VI.1924 - 9.IV.2011)

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 SIDNEY LUMET 
(25.VI.1924-9.IV.2011)
Foi um dos maiores cineastas norte-americanos da segunda metade do século XX, um sólido narrador, um autor sensível e, sobretudo, um homem de ideias. De boas ideias que sabia expressar com justeza e elegância, com vigor e clareza. Nisso se distinguia de muitos outros, porque em si o equilíbrio entre o que se dizia e o como se dizia era invariavelmente muito conseguido e participava de uma coerência total que nunca nos fazia arrepender de ver mais um título com a sua marca. Podia acertar mais ou menos, ser mais ou menos vigoroso e contundente, mais denso ou mais ligeiro, abordar o drama ou a comédia (muitas vezes negra), mas a sua marca estava lá e valia sempre a pena.

Sidney Lumet nasceu a 25 de Junho de 1924, em Filadélfia, Pensilvânia, nos EUA, onde viria a morrer, a 9 de Abril de 2011 (com 86 anos), em Nova York. Foi casado com Rita Gam (1949–1954), Gloria Vanderbilt (1956–1963), Gail Jones (1963–1978) e Mary Gimbel (1980–2011). Dirigiu mais de uma centena de filmes, entre obras para televisão, onde começou a sua carreira, como para o cinema, onde se notabilizou, a partir de 1957, com uma fabulosa adaptação ao ecrã da peça teatral de Reginald Rose, “12 Angry Men” (Doze Homens em Fúria). Rodado em tempo real, o filme reúne doze jurados numa sala de tribunal, onde vão rapidamente julgar da culpabilidade de um réu. Mas um dos jurados tem dúvidas e leva os outros onze a votarem “inocente”, porque a justiça pode errar, mas mais vale inocentar um culpado que culpar um inocente. Este é um dos mais importantes filmes sobre o funcionamento da justiça que se rodaram até hoje. “O Veredicto”, que o mesmo Lumet dirigiu anos depois, é outro.

Mas o cineasta, que principiou a trabalhar como director teatral nos palcos off-Broadway, e conseguiu depois um prestígio invulgar na sua carreira na televisão, que lhe permitiu a ele (e a muitos da sua geração, conhecida depois como a geração-televisão) dar o salto para o cinema, sempre se interessou por temas fulcrais da sociedade norte-americana e mundial, como a justiça, a corrupção, a polícia, o crime. Sempre teve sobre esses temas um olhar generoso, solidário, integro, justo.

Muito ligado à literatura e ao teatro, fez diversas adaptações de clássicos e modernos, com resultados no mínimo interessantes, pela fidelidade e rigor do olhar. Homem que viveu e trabalhou quase sempre em Nova Iorque, era um representante lídimo de um cinema que olhava para Hollywood com alguma desconfiança, mas que sabia lidar com ela, impondo-se ao respeito. Mas era Nova Iorque que ele sentia pulsar nas suas veias e que tão bem transmitiu nos seus filmes.

Em 2005, recebeu um Oscar de carreira pelos "brilhantes serviços prestado como argumentista e realizador ao serviço da arte do cinema". Foi várias vezes nomeado para o Oscar de melhor realizador ("12 Angry Men", "A Dog Day Afternoon", "Network" e "The Veredict") e uma como argumentista ("O Príncipe da Cidade").

Todos os actores gostavam de trabalhar com ele, pois ele conseguia resultados perfeitos. A Turner Classic Movies referindo-se ao cineasta, relembrou a sua capacidade de atrair os principais actores para seus projectos, "devido à sua economia visual, à sua forte direcção de actores, às narrativas vigorosas e ao seu uso da câmara para acentuar os temas". E foi mais longe: "Lumet produziu um catálogo de obras que só pode ser definido como extraordinário."

Morreu um grande cineasta com uma obra realmente importante, quer de um ponto de vista artístico, como sociológico. “Network” fica, até hoje, como o retrato mais implacável na televisão.


SIDNEY LUMET
FILMOGRAFIA

1951 Crime Photographer (série de TV)

1952 CBS Television Workshop (série de TV)
– Don Quixote (1952)

1951-1953 Danger (série de TV)
– Subpoena (1953)
– No Room (1953)
– Car Pool (1953)
– The System (1952)
- The Lady on the Rock (1951)
- Marley's Ghost (26 June 1951) - Director 
- Love Comes to Miss Lucy (25 September 1951) - Director 
- The Face of Fear (26 August 1952) - Actor 

1953-1955 You Are There (série de TV)
– The Liberation of Paris
– The Gettysburg Address
– The Recognition of Michelangelo
– The Dreyfus Case
– The Death of Socrates
- The Capture of Jesse James
- The Discovery of Anesthesia
- The Conquest of Mexico

1954-1955 The Best of Broadway (série de TV)
– Stage Door (1955)
– The Show-Off (1955)
– The Philadelphia Story (1954)

1955 The Elgin Hour (série de TV)
– Mind Over Momma (1955)
– Crime in the Streets (1955)

1955 The United States Steel Hour (série de TV)
– Incident in an Alley (1955)
– The Meanest Man in the World (1955)

1955 Frontier (série de TV)
– In Nebraska (1955)

1956 The Alcoa Hour (série de TV)
– Finkle's Comet (1956)
– Man on Fire (1956)
– Tragedy in a Temporary Town (1956)
– Long After Summer (1956)

1956 Goodyear Television Playhouse (série de TV)
– The Sentry (1956)

1957 Omnibus (série de TV)
– School for Wives (1957)

1957 12 Angry Men (Doze Homens em Fúria)

1957 Mr. Broadway (série de TV)

1957 Producers' Showcase (série de TV)
– Mr. Broadway (1957)

1957 Studio One (série de TV)
– The Deaf Heart (1957)

1957 The Seven Lively Arts (série de TV)
– The Changing Ways of Love (1957)

1958 Hallmark Hall of Fame (série de TV)
– Hans Brinker and the Silver Skates (1958)

1958 Stage Struck (Lágrimas da Ribalta)

1958 All the King's Men (série de TV)

1957-1958 The DuPont Show of the Month (série de TV)
– The Count of Monte Cristo (1958)
– Beyond This Place (1957)

1958 Kraft Television Theatre (série de TV)
– All the King's Men: Parte 2 (1958)
– All the King's Men: Parte 1 (1958)
– Fifty Grand (1958)
– Three Plays by Tennessee Williams: Moony's Kid Don't Cry
– Three Plays by Tennessee Williams: The Last of My Solid Gold Watches
- Three Plays by Tennessee Williams: This Property Is Condemned
- Dog in a Bus Tunnel

1959 That Kind of Woman (Uma Certa Mulher)

1960 Playhouse 90 (série de TV)
– The Hiding Place (1960)
– John Brown's Raid (1960)

1959 The Fugitive Kind (O Homem na Pele da Serpente)

1960 Sunday Showcase (série de TV)
– The Sacco-Vanzetti Story: Parte 2 (1960)
– The Sacco-Vanzetti Story: Parte 1 (1960)

1960 John Brown's Raid (Teledramático)

1960 The Iceman Cometh (Teledramático)

1960 Rashomon 1960 The Iceman Cometh (Teledramático)

1960 Play of the Week (série de TV)
– Rashomon (1960)
– The Iceman Cometh: Parte 2 (1960)
– The Iceman Cometh: Parte 1 (1960)
– The Dybbuk (1960)

1961 A View from the Bridge (Do Alto da Ponte)

1962 Long Day's Journey Into Night (Longa Jornada para a Noite)


1964 The Pawnbroker (O Agiota)

1964 Fail-Safe (Missão Suicida)

1965 The Hill (A Colina Maldita)

1966  The Group

1967 The Deadly Affair (Duas Plateias para a Morte)

1968 Bye Bye Braverman

1968 The Sea Gull (A Gaivota)

1968 "The Dick Cavett Show"  convidado

1969 The Appointment (O Rendez-Vous)

1970 King: A Filmed Record... Montgomery to Memphis (documentário)

1970 Last of the Mobile Hot Shots            

1971 The Anderson Tapes (O Dossier Anderson)

1972 Child's Play              

1972 The Offence

1974 "Film '72" convidado

1973 Serpico (Serpico)      

1974 Lovin' Molly     

1974 Murder on the Orient Express (Um Crime no Expresso do Oriente)


1975 Dog Day Afternoon (Um Dia de Cão)

1976 Network (Escândalo na TV)


1977 Equus (Equus)  

1978 The Wiz (O Feitiço)

1980 Just Tell Me What You Want  (Queres ou não Queres?)       

1980 "The British Greats" - Peter Finch  convidado

1981 Prince of the City (O Príncipe da Cidade)

1982 Deathtrap (Armadilha Mortal)


1982  The Verdict (O Veredicto)

1983 Daniel (Daniel, Passado Sem Resgate)

1984 Garbo Talks     

1986 Power (As Chaves do Poder)

1986 The Morning After (A Manhã Seguinte)

1988 Running on Empty (Fuga sem Fim)

1989 Family Business (Negócios de Família)

1990 Q & A (Inquérito Escaldante)

1992 A Stranger Among Us (O Assassino Está Entre Nós)

1993 Guilty as Sin (Culpa Formada)

1995 "Inside the Actors Studio" - Sidney Lumet  convidado

1997 Night Falls on Manhattan (O Lado Obscuro da Lei)

1997 Critical Care (Cuidados Intensivos)    

1999 Gloria (Glória)

2001-2002 100 Centre Street (série de TV)
(32 episódios, como realizador, produtor excutivo, argumentista), entre os quais “Bobby & Cynthia”, “My Brother's Keeper”, “Hostage”, “Things Change”, “A Shot in the Dark”, “Passion”, “Joe Must Go”, “The Bug”, “Domestic Abuses”, “Let's Make a Night of It”, “Queenie and Joe”, “And Justice for Some”, “No Good Deed Goes Unpunished”, “Kids”, “Love Stories”, “Queenie's Tough”, “The Fix”, “Daughters”, “Lost Causes”, “Queenie's Running”, “Andromeda and the Monster”, “Bottlecaps”, “End of the Month”, “Give Up or Fight”, “Babies”, “Zero Tolerance”, “Justice Delayed”, “Hurricane Paul”, “Fathers” ou “It's About Love”.

2004 Rachel, quand du seigneur (curta-metragem)

2004 Strip Search    

2005 Private Screenings" - Sidney Lumet (documentário) convidado

2006 Find Me Guilty (Mafioso Quanto Baste)

2006 "The American Experience" - Eugene O'Neill: A Documentary Film (documentário).

1995 – 2007 "The Charlie Rose Show" (5 episódios de TV) convidado


2007  Before the Devil Knows You're Dead (Antes que o Diabo Saiba que Morreste)

(a negro os filmes para cinema)