quarta-feira, janeiro 30, 2013

CINEMA: LINCOLN


LINCOLN
 
 

Quem espere um filme sobre a Guerra da Secessão nos EUA, apenas irá encontrar uma ou outra cena de batalha, que localiza historicamente o período, que enuncia os adversários e a questão em discussão (a abolição da escravatura nos EUA) e que coloca o problema visto dos dois lados dos contendores. Na verdade, o que interessa essencialmente a Spielberg é um outro aspecto, complexo e pouco conhecido, e que se debate em gabinetes e no Congresso. Ao mesmo tempo que a guerra se aproxima do seu fim, com os estados do sul próximos da rendição, no Congresso irá votar-se a 13ª Emenda que proclama o fim da escravatura. Para Lincoln este é o propósito primordial. Para fazer passar no Congresso este diploma, mostra-se capaz de tudo. Quer que todos os Republicanos (o partido que na altura defende a abolição) assumam esse voto e necessita de pelo menos mais vinte senadores Democratas (que recusam o fim da escravatura), para atingir a percentagem necessária. Portanto, no segredo dos gabinetes, há que fazer mudar o sentido de voto de uns quantos, prometendo-lhes o que for preciso, empregos, promoções, possivelmente benesses. Trata-se de corrupção ao mais alto nível. Tony Kushner, o argumentista desta obra e de “Munique” e “Anjos na América”, baseia-se parcialmente na obra de Doris Kearns Goodwin, "Team of Rivals: The Political Genius of Abraham Lincoln", onde tudo isto estará documentado.
O filme começa por uma rápida cena de batalha, nocturna e lamacenta, violenta e feroz, que relembra a brutalidade de iguais cenas de “O Resgate do Soldado Ryan” ou “Cavalo de Guerra”. Mas rapidamente se passa para a intimidade de uma conversa entre Lincoln e alguns soldados negros que reivindicam direitos e igualdades. Lincoln ouve e está de acordo. Esse será o seu caminho. Obstinadamente irá cruzá-lo até à votação final, derrubando todos os obstáculos que encontra no acidentado percurso. Mas a questão é mais complexa. A guerra tem de ser a pressão necessária para impor a Emenda. Se a paz chegar, se as tropas sulistas se renderem antes do dia da votação, é muito possível que a votação lhe seja contrária. Não pôr fim à guerra é um argumento poderoso para levar avante os seus intentos. Por isso, não pode aceitar a rendição do exército confederado antes da hora certa.
Talvez seja oportuno relembrar um pouco da história: a guerra civil norte-americana começou em 1861, depois de Abraham Lincoln ter sido eleito Presidente da República no ano anterior, com um programa abolicionista, e só terminaria em 1865. Em consequência desta eleição, dez estados do Sul, que se baseavam numa economia latifundiária, estribada no trabalho escravo e na produção de algodão, revoltaram-se, pois viam a sua sobrevivência ameaçada. Criaram em Richmond uma confederação, à frente da qual se encontrava Jefferson Davis. Por outro lado, o Norte, que defendia a abolição da escravatura, tinha interesses igualmente comerciais e lucrativos: a sua economia era sobretudo industrial e tornava-se mais rentável com operários livres do que com o trabalho escravo. Este conflito de interesses desencontrados conduziu à guerra. Morreram mais de 600 mil pessoas. Os confederados sulistas, comandados pelo general Lee, venceram batalhas importantes, como Richmond ou Fredericksburg, mas perderam em Gettysburg ou Petersburg. Os federados nortistas tiveram no general Grant o seu chefe máximo, que mais tarde viria a ser também Presidente da República. Quanto a Abraham Lincoln, dias depois da rendição de Robert Lee a Ulisses Grant, ocorrida no Palácio da Justiça, em Appomatox, na Virgínia, foi assassinado num camarote do Teatro Ford, em Washington, no dia 15 de Abril de 1865. Seria o primeiro Presidente dos EUA a ser assassinado.
 
 
No plano das ideias e da reconstituição histórica, o principal interesse do filme de Steven Spielberg é precisamente desenvolver esta teia de interesses que se desenhava durante a guerra e perante o debate no Congresso. Pondo a claro os processos corruptos que levaram um congressista, precisamente o chefe da ala radical dos Republicanos, a afirmar que “a lei mais importante do século XIX tinha sido aprovada com base em corrupção.”
Desenvolvendo-se numa escrita clássica, sóbria, rigorosa, “Lincoln” traça um retrato da época, nos cuidados ambientes, nos cenários plasticamente de grande beleza, nos adereços e guarda-roupa, na direcção de actores, servida por um magnífico elenco, onde avultam dois soberbos intérpretes, Daniel Day-Lewis, um Lincoln de antologia, sereno, confiante, discreto, impositor, e Tommy Lee Jones, um radical Thaddeus Stevens absolutamente deslumbrante. O filme está nomeado para 12 Oscars e trará para casa certamente alguns deles, tanto mais que a obra se encontra imbuída de um espírito americano que faz apelo a algumas das suas mais celebradas virtudes democráticas, a esperança no potencial humano, a crença nos valores da liberdade e da democracia, os ideais de igualdade e, neste caso, a perseverança de um presidente ciente da justeza de uma luta, o que de certa forma pode ser extrapolado para a actualidade, e ver ali reflectir-se Obama e as suas lutas pelo serviço de saúde. Não se trata tanto de um filme de acção, mas mais de um ensaio cinematográfico sobre os meandros da política, com uma ou outra incursão pela vida privada de certas figuras preponderantes, o que funciona quer para explicitar certos traços psicológicos quer para sublinhar simbolicamente algumas situações. Curioso é ver como a política mantinha uma certa transparência ingénua, onde tudo, ou quase tudo, era permitido dentro dos quadros institucionais. Já falámos da corrupção por uma boa causa, mas haverá ainda que citar um episódio magnífico e para nós hoje verdadeiramente estranho. Mal acaba a votação no Congresso da 13ª emenda, o chefe da ala radical dirige-se à mesa, pede emprestado papel onde esta está redigida (“amanhã trago-o, apenas com um vinco a mais”) e leva-o para casa, para o mostrar a uma senhora negra que o lê. Plano seguinte: ambos se encontram na mesma cama. Afinal o congressista tinha mesmo motivos ponderosos para ser tão radical.
A morte de Lincoln não nos é evitada no final da obra, mas Spielberg opta por uma solução extremamente engenhosa, colocando a sua câmara num outro teatro, onde a notícia é dada aos espectadores, entre os quais se encontra o filho mais novo do Presidente. Spielberg continua igual a si próprio, mestre no entretenimento inteligente, agarrado a ideias e valores que não descura, senhor de um estilo importado dos maiores e que ele cuida de forma devotada. Belo filme sobre um grande homem e uma excelente ideia, mesmo que argamassada sobre vícios e maus costumes. Mas essa é, igualmente, uma das características do cinema norte-americano: repensar erros e dá-los a conhecer, sobretudo se do seu espectáculo puder retirar dividendos económicos. 

 

LINCOLN
Título original: Lincoln
Realização: Steven Spielberg (EUA, 2012); Argumento: Tony Kushner, segundo obra de Doris Kearns Goodwin ("Team of Rivals: The Political Genius of Abraham Lincoln"); Produção: Kathleen Kennedy, Steven Spielberg, Jonathan King, Daniel Lupi, Kristie Macosko, Jeff Skoll, Adam Somner; Música: John Williams; Fotografia (cor): Janusz Kaminski; Montagem: Michael Kahn; Casting: Avy Kaufman; Design de produção: Rick Carter; Direcção artística: Curt Beech, David Crank, Leslie McDonald; Decoração: Jim Erickson, Peter T. Frank; Guarda-roupa: Joanna Johnston; Maquilhagem: Leo Corey Castellano, Kay Georgiou, Dean Jones, Mo Stemen, Mo Stemen;  Direcção de produção: Robert Bella, Susan McNamara, Corey Sklov, John Burton West; Assistentes de realização: Adam Somner, Ian Stone, Eliot John Hagen; Departamento de arte: Richard Blankenship, Alex Brandenburg, Jimmy L. Carmickle, Christina Garnett, Steven Harris, Jim Hewitt, Keith S. Jackson, Tina Allen Pleasants, Josh Sheppard, Karen Teneyck; Som: Ben Burtt; Efeitos especiais: Steve Cremin; Efeitos visuais: Ben Morris, Lee Chan Popo, Sara Trezzi; Companhias de produção: DreamWorks Pictures, Twentieth Century Fox Film Corporation, Reliance Entertainment, Participant Media, Amblin Entertainment, The Kennedy/Marshall Company, Imagine Entertainment, Office Seekers Productions, Parkes/MacDonald Productions; Intérpretes: Daniel Day-Lewis (Abraham Lincoln), Sally Field (Mary Todd Lincoln), David Strathairn (William Seward), Joseph Gordon-Levitt (Robert Lincoln), James Spader (W.N. Bilbo), Hal Holbrook (Preston Blair), Tommy Lee Jones (Thaddeus Stevens), John Hawkes (Robert Latham), Jackie Earle Haley (Alexander Stephens), Bruce McGill (Edwin Stanton), Tim Blake Nelson, Joseph Cross, Jared Harris (Ulysses S. Grant), Lee Pace, Peter McRobbie, Gulliver McGrath, Gloria Reuben, Jeremy Strong, Michael Stuhlbarg, Boris McGiver, David Costabile, Stephen Spinella, Walton Goggins, David Warshofsky, Colman Domingo, David Oyelowo, Lukas Haas, Dane DeHaan, Carlos Thompson, Bill Camp, Elizabeth Marvel, Byron Jennings, Julie White, Charmaine White, Ralph D. Edlow, Grainger Hines, Richard Topol, Walt Smith, Dakin Matthews, James 'Ike' Eichling, Wayne Duvall, Bill Raymond, Michael Stanton Kennedy, Ford Flannagan, Robert Ayers, Robert Peters, John Moon, Kevin Lawrence O'Donnell, etc. Duração: 150 minutos, classificação etária: M7 12 anos; Distribuição em Portugal: Big Picture; Estreia em Portugal: 31 de Janeiro de 2013.

CINEMA: DJANGO LIBERTADO

 
 
 

DJANGO LIBERTADO
 
Creio que os dois melhores filmes norte-americanos nomeados para o Oscar de Melhor Filme de 2013, são “Lincoln” e “Django Libertado”, ambos curiosamente ambientados no mesmo período histórico e abordando igual tema, a escravatura negra. Em nenhum dos casos os realizadores, Steven Spielberg ou Quentin Tarantino, obedecem a qualquer oportunismo político da era Obama: ambos sempre pugnaram por essa causa e ambos têm nas respectivas filmografias exemplos claros disso mesmo. Mas o percurso narrativo e o estilo dos dois filmes são bem diferentes, ainda que as intenções se possam justapor: ambos se batem contra a escravatura, pela igualdade de direitos e pela dignidade humana. Spielberg avança pelo campo da seriedade e da reconstituição histórica, Tarantino joga na cartada da rábula ao western spaghetti, reinventando “Django”, um filme italiano de 1966, dirigido por Sergio Corbucci e protagonizado por Franco Nero. Depois das obras de Sergio Leoni, que são de uma outra constelação, esta de Sergio Corbucci é muito curiosa e, entretanto, tornou-se um “cult movie” que um cinéfilo fanático da série B, como Tarantino, não podia desdenhar. Esta é a sua homenagem, que vai ao ponto de chamar Franco Nero para interpretar um pequeno papel, em jeito de tributo a um dos mais populares actores do western spaghetti, claro que depois de Clint Eastwood (que por acaso era americano e se notabilizou em películas de Leoni).
Mas a inspiração de Tarantino em “Django” fica-se pelo título e pelo estilo. Toda a história é bem diversa e baseia-se numa vingança. As personagens parecem realmente retiradas de um western spaghetti, dada a caracterização brutal, o amoralismo, a baixeza das intenções dos vilões, e os processos nada digno dos anti-heróis.
Tudo começa pelo aparecimento do Dr. King Schultz (Christoph Waltz), um médico alemão que viaja pelo oeste americano numa carroça transformada em clínica dentária, mas que no fundo não passa de um muito eficiente caçador de prémios. Para chegar junto de um gang de irmãos muito cobiçado, tem de libertar um escravo negro, Django (Jamie Foxx), e ambos passam a constituir uma dupla de peso. Um continua a perseguir cadastrados que quer levar às autoridades, vivos ou mortos (de preferência mortos), para arrecadar os prémios prometidos, o outro quer resgatar a noiva, Broomhilda (Kerry Washington), que se encontra escrava numa fazenda de um latifundiário sem escrúpulos (mas quem é que tem escrúpulos neste filme?). Na sua dupla perseguição viajam em conjunto e vão organizando as tarefas com sucesso, até chegarem à propriedade de um verdadeiro tarado sanguinolento, Calvin Candie (Leonardo DiCaprio), que se entretém a ver morrer negros desfeitos pelas dentadas de cães ou a assistir a duelos mortais entre negros mandingos. E chega de falar na intriga que, como em todos os westerns spaghetti, é intrincada, ainda que progrida em linha recta até ao massacre final.
 

Primeira constatação: Tarantino é fiel ao cinema e não à história. Mandingo existe como filme de Richard Fleischer (um dos preferidos do cineasta, segundo revelações do próprio), e a existência ou não real desses combates interessa-lhe pouco. Existem no cinema, é quanto basta. De resto, já vi quem criticasse o aparecimento da KKK, antes de ela ter existido (historicamente e organizada só aparece depois do fim da Guerra da Secessão), mas o que vemos não é a KKK, mas uma pré-KKK que existiu, que parece ter sido conhecida por "The Regulators". Mas a Tarantino, o que interessa é que depois de aparecer no seu filme, passa a existir. O filme não se reclama da fidelidade histórica, quanto muito de uma fidelidade de estilo cinematográfico e de uma coerência ideológica.
Posto isto, se nas sequências finais o massacre atinge um tom de uma violência quase insuportável (o que provocou protestos na América, e o que terá levado a algum constrangimento da Academia nas nomeações, e creio que nos próprios Oscars, o que confirmaremos daqui a alguns dias), a verdade é que todo o filme se desenvolve num tom de paródia, com personagens particularmente bem construídas e divertidas (o Dr. King Schultz, de Christoph Waltz, é uma figura inesquecível, uma das melhores criações da mente pervertida de Tarantino, bem assim como o Calvin Candie, de Leonardo DiCaprio), situações magnificamente sustentadas, uma narrativa nervosa de uma arquitectura quase esquizóide, e uma componente técnica de mestre, desde a sumptuosa fotografia, ao requinte dos ambientes, da inspirada partitura musical à montagem e à sonoplastia. Cremos mesmo que este é dos melhores Tarantinos de sempre. Rapidamente se tornara um cult movie e deixa rasto na história do cinema, mesmo que passe quase desapercebido na cerimónia dos Oscars. Onde se deve sublinhar, todavia, um agradável e bem-vindo regresso de um cinema interventivo, certamente consequência de uma era Obama, incrustada num período de crise que leva os criadores a questionarem a realidade social e política, uma das boas características do cinema norte-americano de esquerda liberal.



DJANGO LIBERTADO
Título original: Django Unchained
Realização: Quentin Tarantino (EUA, 2012); Argumento: Quentin Tarantino; Produção: William Paul Clark, Reginald Hudlin, Shannon McIntosh, Pilar Savone, Michael Shamberg, Stacey Sher, James W. Skotchdopole, Bob Weinstein, Harvey Weinstein; Fotografia (cor): Robert Richardson; Montagem: Fred Raskin; Casting: Victoria Thomas; Design de produção: J. Michael Riva; Direcção artística: Page Buckner, David F. Klassen, Mara LePere-Schloop, Suzan Wexler; Decoração: Leslie A. Pope; Guarda-roupa: Sharen Davis; Maquilhagem: Camille Friend, Heba Thorisdottir; Direcção de produção: Tina Anderson, Marc A. Hammer, Alex G. Scott, James W. Skotchdopole; Assistentes de realização: William Paul Clark, Greg Hale, Melinda Johnson, Teresa Jolene Lee, Leonardo Corbucci, Juana Franklin; Departamento de arte: Ernie Avila, Andrea Babineau, Andrew Birdzell, Caleb Guillotte, Nancy A. King, Molly Mikula, Paul Sonski, Eric Sundahl, Brian Walker, Suzan Wexler; Som: Harry Cohen, Wylie Stateman; Efeitos especiais: John McLeod; Efeitos visuais: John Dykstra, Sheila Giroux, Rachel Faith Hanson, Mohamad Sharil Harees, Tom Rubendall, Wineeth Wilson; Agradecimentos e homenagens: Ralph Bakshi, Sacha Baron Cohen, David Carradine, Sergio Corbucci, Lady Gaga, Joseph Gordon-Levitt, Sid Haig, Isaac Hayes, Sergio Leone, Gordon Parks, Sam Peckinpah, Robert Rodriguez, Richard Roundtree, Kurt Russell, Tony Scott, Michael Kenneth Williams; Companhias de produção: The  Weinstein Company, Columbia Pictures, Brown 26 Productions, Double Feature Films, Super Cool Man Shoe Too, Too Super Cool ManChu; Intérpretes: Jamie Foxx (Django), Christoph Waltz (Dr. King Schultz), Leonardo DiCaprio (Calvin Candie), Kerry Washington (Broomhilda), Samuel L. Jackson (Stephen), Walton Goggins (Billy Crash), Dennis Christopher (Leonide Moguy), James Remar (Butch Pooch / Ace Speck), David Steen (Mr. Stonesipher), Dana Michelle Gourrier (Cora), Nichole Galicia (Sheba), Laura Cayouette (Lara Lee Candie-Fitzwilly), Ato Essandoh (D'Artagnan), Sammi Rotibi (Clay Donahue Fontenot), Miriam F. Glover, Don Johnson (Big Daddy), Franco Nero (Amerigo Vessepi), James Russo (Dicky Speck), Tom Wopat (U.S. Marshall Gill Tatum), Don Stroud (Sheriff Bill Sharp), Russ Tamblyn (filho do pistoleiro), Amber Tamblyn, Bruce Dern (velho), M.C. Gainey, Cooper Huckabee, Doc Duhame, Jonah Hill, Lee Horsley, Zoe Bell, Michael Bowen, Robert Carradine, Jake Garber, Ted Neeley, James Parks, Tom Savini, Michael Parks, John Jarratt, Quentin Tarantino, Amari Cheatom, Keith Jefferson, Marcus Henderson, etc. Duração: 165 minutos; Distribuição em Portugal: Zon Lusomundo; Classificação etária: M/16 anos; Estreia em Portugal: 24 de Janeiro de 2013. 



domingo, janeiro 27, 2013

ORIGINALIDADES

INVICTA FILMES

 
Há quatro temporadas que existe, no Porto, uma iniciativa, criada por mim, com o designação Invicta Filmes, a decorrer semanalmente na Biblioteca Municipal Almeida Garrett. Lembrei-me do nome como homengaem à velhinha "Invicta Filmes", a primeira grande produtora portuguesa, que existiu ainda no período do mudo. Conta com o patrocínio da Câmara Municipal do Porto. Agora a Casa da Música, com uma inspiração súbita, lança uma inicitiva a que chamou, com uma evidente originalidade, "Invicta. Música. Filmes."
Claro que se trata se uma coincidência. Ele há tantas!
 

quarta-feira, janeiro 23, 2013

NA RTP-1, UM TRABALHO NOTÁVEL


PORTUGAL DE PATRÍCIA REIS

Acabei de ver na RTP-1 um documentário belíssimo, “Portugal de Patrícia Reis”. Faz parte de uma série produzida pela “Até ao Fim do Mundo”, ao que soube este é o segundo de um grupo de oito (o primeiro teria sido o “Portugal de José Luís Peixoto”, que infelizmente não vi), Luís Osório conduziu a entrevista à escritora e jornalista e André Banza realizou. Brilhante. Acreditem que tem sido muito difícil eu chamar brilhante a trabalhos da televisão portuguesa. Mas este é-o.

Patrícia Reis é uma mulher fascinante, fica-se facilmente preso ao seu discurso, é certeira na forma como caracteriza os portugueses e Portugal, tem uma forma amarga e terna de nos olhar (de se olhar), gosta de fados e de pastéis de nata e de bolos de bacalhau, atravessa o Tejo e vai à Feira da Ladra, vive na Expo e tem um marido igualmente interessante de acompanhar, apesar de ser do Benfica. Mas enfim, ninguém é perfeito. E a inteligência tudo desculpa.

Depois a realização é notável, de inteligência, de sensibilidade, de acerto na forma como enquadra, como se aproxima das pessoas, como nos restitui climas e ambientes, como se empenha em cada imagem, como recusa a preguiça de encher chouriços, como procura o plano certo para acompanha uma frase.

Fica o aviso: revejam o episódio no site da RTP-1, vale a pena, e estejam atentos a próximas quartas-feiras, cerca das 22 horas. A série promete.

CINEMA: 00:30 A HORA NEGRA

 
 
 00:30 A HORA NEGRA
 

Kathryn Bigelow andou alguns anos a preparar uma carreira que se impôs em definitivo e com algum fragor com “Estado de Guerra”, que em 2009 se tornaria a coqueluche dos Oscars. Mas para trás tinha filmes muito apreciáveis que já apontavam para uma talentosa cineasta. “Depois do Anoitecer” (1987), “Aço Azul” (1989), “Ruptura Explosiva” (1991) e sobretudo “Estranhos Prazeres” (1995) já anunciavam não só um talento narrativo, como uma certa temática pessoal onde a violência ocupa um lugar destacado, pouco comum numa realizadora, e sobretudo uma preocupação por enredos obsessivos e explosivos. “00:30 A Hora Negra” vem confirmar tudo isso e sublinhar algumas qualidades, ao mesmo tempo que reafirma o prazer da autora no confronto polémico. “Zero Dark Thirty” não podia ter sido mais controverso e a vários níveis.
Digamos que a qualidade narrativa, o ritmo frenético que consegue impor às suas obras, roçando a esquizofrenia, o cuidado técnico, o apuro na direcção de actores não deixa dúvidas a ninguém e creio que, não fora as polémicas, que lhe trouxeram vozes críticas da esquerda e da direita, este seria o mais sério candidato aos Oscars de 2013. Mas assim, julgo que as esperanças serão poucas, a não ser para uma quase certeza, a de Jessica Chastain como Melhor Actriz.
“00:30 A Hora Negra”, que parte de um argumento de Mark Boal, que já havia escrito “Estado de Guerra”, era um projecto acalentado há alguns anos a que a morte de Osama Bin Laden, em 2012, veio impor uma reformulação de estratégia. Inicialmente, julga-se que o filme iria acompanhar os esforços da equipa da CIA que tentava localizar, prender ou matar o dirigente da Al-Qaeda, “o mais procurado homem de toda a história dos EUA”, e o que resultaria seriam as tentativas infrutíferas. Com o êxito da missão, a história altera-se completamente. O argumento é reescrito e procura-se a maior fidelidade com o que acontecera em Abbottabad, no Paquistão, aldeia onde Osama Bin Laden acaba por ser abatido. Há um contágio documental no filme que é sobretudo visível na sua primeira hora, com interrogatórios e torturas, perseguições e ciladas, gabinetes da CIA e discussões, e tudo o mais que parece não levar a lado nenhum. Mas desde início temos Maya, uma mulher, que parece ser uma coisa e depois se descobre ser uma outra, totalmente diferente. Julgamo-la tímida e fraca, distante e talvez crítica, para se verificar depois que é fria e calculista, perseverante e dura, obsessiva na sua vingança. Ela será o símbolo da América ferida de morte no 11 de Setembro? Ou pelo menos de uma certa América?
 

Kathryn Bigelow é ela também um retrato de mulher igualmente obsessiva e rigorosa na sua narrativa. Não se preocupa em enfrentar o politicamente correcto e em resvalar para o equívoco. A esquerda liberal americana não lhe desculpa algumas cenas de tortura, a direita radical quer atingi-la, acusando-a de ter tido acesso a informações confidenciais e de o filme ser uma apologia da política de Obama, para estear antes das eleições presidenciais. Julgo que ambas as acusações carecem de fundamento. Nada no filme exalta a tortura, muito pelo contrário. Nada se consegue com ela, e será através de outros meios que se chegará ao esconderijo do “homem mais procurado na Terra”. De resto, ao mostrar cenas de tortura, Kathryn Bigelow confirma que houve tortura, e deixa ao espectador a decisão de a aceitar ou não.
O filme é por vezes chocante, sobretudo na forma como mostra como são tratados, de parte a parte, homens que se abatem com a frieza de quem não tem o mais leve escrúpulo ou consciência. Percebe-se que neste universo de terror e contra terror nada importa, nada tem significado, a vida é um pormenor insignificante que se anula sem pestanejar. De um lado e do outro, repito. Quem assassina e quem responde, quem mata e quem se vinga.
Nesse aspecto, a obra é impressionante na forma como projecta uma imagem de um universo completamente dessacralizado, mesmo quando se mata em nome de princípios e de crenças religiosas ou políticas. Destaque-se enfim a presença fascinante e profundamente perturbadora de Jessica Chastain, uma actriz que em pouco mais de dois anos conquistou os públicos internacionais, com intervenções em filmes como “Procurem Abrigo”, “The Killing Fields - O Campo da Morte”, “As Serviçais”, “A Árvore da Vida” ou “Coriolano”. Tem aqui o papel de uma vida, pela complexidade e ductilidade de que dá sobejas mostras. Mas todo o elenco é notável e a qualidade técnica invulgar, da fotografia à montagem, da direcção artística ao som, da partitura musical à credibilidade dos ambientes criados. Uma excelente realização, num filme obviamente polémico, mas que por isso mesmo merece debate e a controvérsia que o acompanha.  
 
 
00:30 A HORA NEGRA
Título original: Zero Dark Thirty
Realização: Kathryn Bigelow (EUA, 2012); Argumento: Mark Boal; Produção: Kathryn Bigelow, Mark Boal, Megan Ellison; Música: Alexandre Desplat; Fotografia (cor): Greig Fraser; Montagem: William Goldenberg, Dylan Tichenor; Casting: Mark Bennett, Richard Hicks, Gail Stevens; Design de produção: Jeremy Hindle; Direção artística: Ben Collins, Rod McLean; Decoração: Lisa Chugg, Onkar Khot; Guarda-roupa: George L. Little; Maquilhagem: Mahmoud Karjoghly, Natasha Nikolic, Daniel Parker; Direcção de produção: Kaushik Guha, James Masi, Philie Naughtenm, Angela Quiles, Chanpreet Singh; Assistentes de realização: Tarik Afifi, John Mahaffie, Kirti Nandakumar, Ananya Rane, Scott Andrew Robertson, Shyamalee Sharma, Krishan Pratap Singh, David Ticotin; Departamento de arte: Christopher Brändström, Ryan Church, Martin J. Gibbons, Samy Keilani, Chris Kitisakkul, Gurubaksh Singh; Som: Paul N.J. Ottosson; Efeitos especiais: Blair Foord, Richard Stutsman; Efeitos visuais: Chris Harvey, Jeremy Hattingh, Mike Uguccioni; Companhias de produção: Annapurna Pictures; Intérpretes: Jessica Chastain (Maya), Kyle Chandler (Joseph Bradley), Édgar Ramírez (Larry), Joel Edgerton (Patrick), Mark Strong (George), Jason Clarke (Dan), James Gandolfini (director da CIA), Reda Kateb (Ammar), Jennifer Ehle (Jessica), Harold Perrineau (Jack), Jeremy Strong (Thomas), Chris Pratt (Justin), Taylor Kinney (Jared), Mark Duplass (Steve), Frank Grillo (oficial), Stephen Dillane (conselheiro de segurança), Fares Fares (Hakim), Scott Adkins (John), Mark Valley (piloto), Ricky Sekhon (Osama bin Laden), John Barrowman (Jeremy), Christopher Stanley (William McRaven), J.J. Kandel (J.J.), Homayoun Ershadi, Yoav Levi, Eyad Zoubi, Christian Contreras, Lauren Shaw, Jessica Collins, Tushaar Mehra, John Schwab, Martin Delaney, Nabil Koni, Anthony Edridge, Jeff Mash, Callan Mulvey, Siaosi Fonua, Phil Somerville, Nash Edgerton, Mike Colter, Brett Praed, Aron Eastwood, Heemi Browstow, Chris Scarf, Barrie Rice, Robert Young, Spencer Coursen, Chris Perry, Alex Corbet Burcher, Robert G. Eastman, Tim Martin, Mitchell Hall, Alan Pietruszewski, Kevin LaRosa Jr., M.D. Selig, Benjamin John Parrillo, etc. Duração: 157 minutos; Distribuição em Portugal: Zon Lusomundo; Classificação etária: M/16 anos; Data de estreia em Portugal: 17 de Janeiro de 2013.

CINEMA: A VIDA DE PI



A VIDA DE PI
 
Ang Lee nasceu em 1954, em Taiwan, mas vive nos EUA desde há muito. A sua filmografia agrupa um conjunto de excelentes filmes que vão de “O Banquete de Casamento” (1993) ou “Comer Beber Homem Mulher” (1994), até “Sensibilidade e Bom Senso” (1995), “A Tempestade de Gelo” (1997), “Ride with the Devil” (1999), “O Tigre e o Dragão” (2000), “Hulk” (2003), “Chosen” (2001), “O Segredo de Brokeback Mountain” (2005), “Sedução, Conspiração” (2007) até chegar a este recente “A Vida de Pi” (2012), que recebeu várias nomeações para os Oscars de 2013. Todos os títulos atrás referidos são particularmente curiosos e denotam sobretudo um intenso interesse pelo estudo do choque de culturas, de mentalidades, pelo enfrentar de preconceitos, onde a diferença é olhada de soslaio, por vezes com consequências nefastas.
“A Vida de Pi” parte de um romance de Yann Martel que continua a ter grande sucesso mundial e que nos fala de uma estranha aventura, vivida por um indiano, Pi Patel que deve o seu nome ao interesse do pai pelas piscinas francesas.
O filme inicia-se com um diálogo entre o protagonista e um escritor que o visita para conhecer essa invulgar viagem que ocupará o centro do filme. Pi Patel conta-lhe a sua infância passada na India, onde a família tinha um Zoo, até que um dia o pai resolve partir de barco para o Canadá, onde pensa vender a arca de Noé que viaja consigo. Mas uma tempestade tremenda faz naufragar o navio, Pi Patel perde toda a família, consegue içar-se para um bote, onde anda à deriva no Oceano Pacífico, na companhia de um tigre de Benguela (de nome Richard Parker!), e inicialmente também uma zebra, uma hiena e um orangotango, que vão sendo alimento do tigre. 
Não vou revelar muito mais sobre a acidentada jornada marítima, que tem paragem numa fascinante mas feroz ilha povoada por uma multidão de suricatas e vegetação carnívora, mas gostaria de sublinhar dois ou três aspectos da obra que me parecem interessantes. Inicialmente, o facto de Pi Patel ser um coleccionador de religiões, retendo, de cada uma delas, algum ensinamento e proveito. Isso o irá ajudar a sobreviver e sobretudo a criar um universo de fantasia (ou de realidade?) que torna “maravilhosa”, isto é “fantástica”, e muito pouco provável (ou será real?) toda a sua descrição final, quando é confrontado com dois japoneses de uma companhia de seguros que querem saber o que aconteceu a Pi e por que razão naufragou o navio.
 

É neste momento que acontece o diálogo que dá sentido à obra, depois de Pi narrar uma outra história, alternativa da primeira, e muito mais prosaica. Pi pergunta então ao escritor qual a sua versão preferida e qual gostaria de contar no seu romance. Este não hesita e prefere a primeira, com o mar encrespado, o batel carregado de animais, a tempestade enfurecida, a ilha que se transforma do dia para a noite… enfim toda a fantasia que dá cor à vida e lhe retira o colorido quando Pi conta a versão aparentemente mais realista. A simbologia relembra “O Homem que Matou Liberty Valance” que afirmava que “quando a lenda é mais forte que a realidade, o jornalista imprime a lenda”.
“A Vida de Pi” equilibra-se entre o relato de uma aventura maravilhosa e a receita do livro de ajuda, de como saber viver à maneira oriental. Percebo quem detesta a obra, mas também compreendo quem a coloca entre os grandes filmes de 2012. O estilo garrido, colhendo as cores berrantes da Índia tradicional, e a mensagem de uma espiritualidade simples, pode ser visto como kitsch para converter almas fracas e espíritos carenciados, um pouco à maneira de um Paulo Coelho do Hare Krishna, mas não deixa de ser uma aposta curiosa, transformando a obra numa proposta que pessoalmente não recuso e vou mesmo ao ponto de aconselhar.
Não será Ang Lee de melhor colheita, mas em tempo de vacas magras, um tigre de Benguela, ainda por cima chamado Richard Parker, não deixa de surpreender. 
 
 
A VIDA DE PI
Título original: Life of Pi
Realização: Ang Lee (EUA, Taiwan, 2012); Argumento: David Magee, segundo romance de Yann Martel; Produção: Ang Lee, David Lee, Gil Netter, Pravesh Sahni, David Womark; Música: Mychael Danna; Fotografia (cor): Claudio Miranda; Montagem: Tim Squyres; Casting: Avy Kaufman; Design de produção: David Gropman; Direcção artística: Al Hobbs, Ravi Srivastava, James F. Truesdale, Dan Webster, Decoração: Terry Lewis, Anna Pinnock; Guarda-roupa: Arjun Bhasin; Maquilhagem:  Kirstin Chalmers, Barrie Gower, Fae Hammond; Direcção de produção: Sandrine Gros d'Aillon, Kaushik Guha, Marc A. Hammer, Steven Kaminsky, Sanjay Kumar, Michael J. Malone, Sharon Miller; Assistentes de realização: William M. Connor, Renato De Cotiis, Sarah Hood, Nitya Mehra, Tiya Tejpal, David Ticotin; Departamento de arte: Sarah Contant, Shemi Dabhade, Wylie Griffin, Seema Kashyap, Malcolm Roberts, Gurubaksh Singh, Easton Michael Smith; Som: Shalini Agarwal, John Morris, Philip Stockton; Efeitos especiais: Jean-Martin Desmarais; Efeitos visuais: Lubo Hristov; Companhias de produção: Fox 2000 Pictures, Haishang Films, Rhythm and Hues; Intérpretes: Suraj Sharma (Pi Patel), Irrfan Khan (Pi Patel, adulto), Ayush Tandon (Pi Patel, adolescente), Gautam Belur (Pi Patel, criança), Adil Hussain (Santosh Patel), Tabu (Gita Patel), Ayan Khan (Ravi Patel, criança), Mohd Abbas Khaleeli (Ravi Patel, adolescente), Vibish Sivakumar Ravi Patel (19 anos), Rafe Spall (escritor), Gérard Depardieu (cozinheiro), James Saito, Jun Naito, Andrea Di Stefano, Shravanthi Sainath, Elie Alouf, Padmini Ramachandran, T.M. Karthik, Amarendran Ramanan, Hari Mina Bala, Bo-Chieh Wang, Ko Yi-Cheng, Jian-wei Huang, etc. Duração: 127 minutos; Distribuição em Portugal: Big Picture 2 Films; Classificação etária: M/12 anos; Data de estreia em Portugal: 20 de Dezembro de 2012. 



Ang Lee e os protagonistas de "A Vida de Pi"

 

terça-feira, janeiro 22, 2013

TERTÚLIAS DE CINEMA NO ALVALADE CITY

CINEMA NA REITORIA: DUAS CRISES EM CONFRONTO




 Organização
Reitoria da Universidade de Lisboa
Coordenação
Lauro António, Cineasta


 


As sessões realizam-se semanalmente entre 31 de janeiro e 16 de maio de 2013.
Cada sessão inclui, no início, uma apresentação do filme.
Algumas sessões são seguidas de debate com a participação de um ou mais especialistas.
Entrada livre, mas sujeita à capacidade da sala.

Tema: A Grande Depressão dos Anos 30

31 de janeiro | 18h00



AS VINHAS DA IRA (“The Grapes of Wrath”), de John Ford (EUA, 1940), com Henry Fonda, Jane Darwell, John Carradine, etc. 128 min; M/ 12 anos. Legendado em Português. Com debate no final.

7 de fevereiro | 18h00



PEÇO A PALAVRA (“Mr. Smith Goes to Washington”), de Frank Capra (1939), com James Stewart, Jean Arthur, Claude Rains, etc. 105 min. M/ 12 anos. Legendado em Português.

14 de fevereiro | 18h00



BONNIE E CLYDE (“Bonnie and Clyde”), de Arthur Penn (EUA, 1967), com Warren Beatty, Fay Dunaway, etc. 112 min. M/ 16 anos. Legendado em Português.

21 de fevereiro | 18h00



A ROSA PÚRPURA DO CAIRO (“The Purple Rose of Cairo”), de Woody Allen (EUA, 1985), com Mia Farrow, Jeff Daniels, Danny Aiello, etc. 84 min. M/ 12 anos. Legendado em Português. Com debate no final.

28 de fevereiro | 18h00



HERÓIS ESQUECIDOS (“The Roaring Twenties”), de Raoul Walsh (EUA, 1939), com James Cagney, Priscilla Lane, Humphrey Bogart, etc. 103 min. Legendado em Português.

7 de março | 18h00



DO CÉU CAIU UMA ESTRELA (“It’s a Wonderful Life”), de Frank Capra (EUA, 1946), com James Stewart, Donna Reed, Lionel Barrymore, etc. 130 min. M/ 6 anos. Legendado em Português.

14 de março | 18h00



OS CAVALOS TAMBÉM SE ABATEM (“They Shoot Horses, Don't They?"), de Sydney Pollack (EUA, 1969), com Jane Fonda, Michael Sarrazin, Susannah York, etc. 129 min. M/ 12 anos. Legendado em Português.

21 de março



15h00 - DOCUMENTARISMO SOBRE A ÉPOCA (atualidades do tempo do “New Deal”). Em Inglês, sem legendas. Com debate no final.
18h00 - O PÃO-NOSSO DE CADA DIA (“Our Daily Bread”), de King Vidor (EUA, 1934), com Karen Morley, Tom Keene, Barbara Pepper, etc. 80 min. M/ 12 anos. Em Inglês.

28 de março | 18h00



ESPLENDOR NA RELVA (“Splendor in the Grass”), de Elia Kazan (EUA, 1961), com Warren Beatty, Natalie Wood, Pat Hingle, etc. 124 min. M/ 12 anos. Legendado em Português. Com debate no final.


Tema: A Crise Atual

4 de abril | 18h00



“INSIDE JOB” - A VERDADE DA CRISE (“Inside Job”), de Charles Ferguson (EUA, 2010), com Matt Damon 120 min. M/ 12 anos. Legendado em Português. Com debate no final.

11 de abril | 18h00



O DIA ANTES DO FIM (“Margin Call”), de J.C. Chandor (EUA, 2011), com Zachary Quinto, Stanley Tucci, Jeremy Irons, Kevin Spacey, etc. 107 min. M/ 12 anos. Legendado em Português.

18 de abril | 18h00



WALL STREET: O DINHEIRO NUNCA DORME (“Wall Street: Money Never Sleeps”), de Oliver Stone (EUA, 2010), com Shia LaBeouf, Michael Douglas, Carey Mulligan, etc. 133 min. M/ 12 anos. Legendado em Português.

2 de maio | 18h00



HOMENS DE NEGÓCIOS (“The Company Men”), de John Wells (EUA, 2010); com Ben Affleck, Maria Bello, Tommy Lee Jones, Chris Cooper, etc. 104 min; M/ 12 anos. Legendado em Português. Com debate no final.

9 de maio | 18h00



NAS NUVENS (“Up in the Air”), de Jason Reitman (EUA, 2009); com George Clooney, Vera Farmiga, Anna Kendrick etc. 109 min; M/ 12 anos. Legendado em Português.

16 de maio | 18h00



CAPITALISMO: UMA HISTÓRIA DE AMOR (Capitalism: A Love Story), de Michael Moore (EUA, 2009); Com Michael Moore, Thora Birch, William Black, Congressista Elijah Cummings, etc. 127 min. M/ 12 anos. Legendado em Português. Com debate no final.

 

Informações

Reitoria da Universidade de Lisboa
Núcleo Cultural do Departamento de Estratégia e Relações Externas

quarta-feira, janeiro 16, 2013

CINEMA: GUIA PARA UM FINAL FELIZ

 
    GUIA PARA UM FINAL FELIZ

Passa-se algo de estranho nas nomeações para Oscars nos últimos anos, e isso tem a ver com a qualidade do cinema que se produz na América nestes últimos tempos. Olhando só para a lista dos nove nomeados para melhor filme do ano, e falando só dos que já vi, claro que há bons filmes, todos eles me parecem em princípio merecedores da atenção do espectador, mas… não há uma única obra-prima, uma só que seja para nos arregalar os olhos. Mas, acho que todos se recordam, em 1941, “Citizen Kane” esteve nomeado e não ganhou, o que ganhou foi “O Vale era Verde”, de John Ford. Mas reparem, entre os nomeados estavam ainda “Suspeita”, de Alfred Hitchcock, “O Sargento York”, de Howard Hawks, “Relíquia Macabra”, de John Huston, “Raposa Matreira”, de William Wyler, além de “Flores do Pó”, de Mervyn LeRoy, “O Defunto Protesa”, de Alexander Hall, “A Minha História”, de Mitchell Leisen, e “Com um Pé no Céu”, de Irving Rapper. Foi um ano interessante, dez títulos nomeados, com seis obras-primas a atropelarem-se para conseguirem chegar em primeiro. O melhor filme de sempre, que para mim continua a ser “O Mundo a seus Pés”, foi batido. Por uma outra obra-prima e até eu compreendo o embaraço dos membros da Academia. Mas veja-se o que se passa este ano. Obviamente que não há uma única obra-prima, nem sequer uma sobrinha para remediar (convém dizer que ponho de lado “Amor”, do austríaco Michael Haneke, porque apesar de estar nomeado nesta categoria, vai ganhar a de melhor filme em língua não inglesa, e ponto final). Os restantes é tudo boa gente, mas a andar na mediania. Por mim, até agora, prefiro o classicismo austero de “Lincoln”, de Steven Spielberg, mas acho muito interessantes “Argo”, “Guia para um Final Feliz”, enquanto espero para ver “OO, 30 Hora Negra”, “Django Libertado”, “A Vida de Pi” e “Bestas do Sul Selvagem”, e até percebo a nomeação de “Les Miserables”. Mas aqui não há uma única obra-prima. Enquanto há uns anos atrás havia várias no mesmo ano.
Posto isto, outro lamento, ainda que num mesmo registo. Não se trata de saudosismo retrógrado, mas apenas de verificar uma realidade. Por onde andam as brilhantes comédias norte-americanas de outros tempos? Uma comédia era um acontecimento, um entretenimento inteligente, sensível, por vezes sofisticado e elegante, outras vezes de um burlesco desenfreado, sorria-se ou gargalhava-se com gosto. Agora, descobrir uma comédia norte-americana que não nos faça corar de vergonha, é quase como encontrar uma agulha no palheiro. Vá lá, este ano temos uma: “Guia para um Final Feliz”, de David O. Russell, um realizador que nos dera duas obras anteriores interessantes, o descabelado “Três Reis” e “The Fighter – Último Round”. Agora num registo de comédia romântica adapta o romance de Matthew Quick, "The Silver Linings Playbook", e safa-se bem, ainda que sem deslumbrar. Apoiando-se em bons actores, como Bradley Cooper (que vem de “Ressaca” e outros tais), Jennifer Lawrence (a fabulosa descoberta de “Despojos de Inverno”) ou o eterno Robert De Niro, constrói um filme muito agradável de se seguir, sobre a vida destrambelhada do cidadão norte-americano que sobrevive num sobressalto constante, quer tenha saído de uma clínica psiquiátrica ou viva normalmente o seu dia a dia sem recurso a fármacos. 
 
 

Pat (Bradley Cooper) terá sido, antes de privarmos com ele no filme, um vulgar cidadão, casado, professor, filho de uma família algo estranha, até que um dia, ao regressar a casa, descobre que a mulher não está sozinha no banho e espanca o estranho que ocupa o seu lugar na banheira. Espanca-o bravamente e é preso, possivelmente julgado, descobrem que é bipolar, enfiam-no durante uns meses numa clínica, donde sai no dia em que o filme começa a acompanhá-lo. Regressa a casa dos pais, vive obcecado com Niki, a mulher que abandonou o lar e vive sozinha, e de quem está proibido de se aproximar. Acorda os pais às quatro da manhã para saber onde está uma gravação vídeo, mas enfim, não se trata de nada muito preocupante. Esfalfa-se a correr pelas ruas da vizinhança, para cansar o corpo, e encontra uma jovem amiga de uma amiga, Tiffany, que ficou viúva há pouco tempo e que adora sexo e o convida de imediato para uma sessão de queima de calorias. Mas ele continua casado, apesar de não praticar e relembra a Tiffany que ela também o é, apesar de o marido jazer no cemitério. Até aqui tudo bem, as personagens têm graça, estão muito bem defendidas pelos actores, a perseguição da obcecada sexual é muito divertida (e a actriz magnífica), o pai de Pat não é muito melhor que os outros perturbados psíquicos (ele vive a pensar na equipa da terra e nas vitórias que lhe podem trazer uma fortuna nas apostas) e há um antigo companheiro de clínica de Pat que aparece de vez em quando, em fuga. Ainda se devem referir a temerosa mãe de Pat e o irmão deste, que não destoa da família. Há ainda um polícia que tenta serenar os ânimos, com a calma necessária.
Depois o filme descai um pouco, com os ensaios para um baile, e tudo acaba num “happy end” que não agride ninguém. Há uma boa referência a “Singin’ in the Rain”, que serve de modelo para um “pas de deux”, analisado num ipod, o que dá bem o sinal dos tempos.
Nesta sociedade onde parece não existir bom senso (mas onde é que ele existe?) a loucura reparte-se habilmente entre os que estão dentro da clínica e os que estão fora, podendo muito bem trocar entre si que ninguém dará por nada.
A realização é sóbria e discreta, a interpretação boa, o filme escorre sem problemas de maior e como tal recebe a recompensa de sete nomeações para os Oscars, entre as quais a de melhor filme, melhor realizador, quatro actores e argumento adaptado. Realmente, descobrir uma comédia que não agrida a inteligência e a sensibilidade de um espectador que tenha mais do que nove anos e escolaridade correspondente, é difícil. Mas sete nomeações é obra! Veremos quantos Oscars revertem a seu favor. 
GUIA PARA UM FINAL FELIZ
Título original: Silver Linings Playbook
Realização: David O.  Russell (EUA, 2012): Argumento: David O. Russell, segundo romance de Matthew Quick ("The Silver Linings Playbook"); Produção: Bruce Cohen, Bradley Cooper, Donna Gigliotti, Jonathan Gordon, Mark Kamine, George Parra, Bob Weinstein, Harvey Weinstein; Música: Danny Elfman; Fotografia (cor): Masanobu Takayanagi; Montagem: Jay Cassidy, Crispin Struthers; Casting: Lindsay Graham, Mary Vernieu; Design de produção: Judy Becker; Direcção artística: Jesse Rosenthal; Decoração: Heather Loeffler; Guarda-roupa: Mark Bridges; Maquilhagem: Diane Dixon, Diane Heller, Lori McCoy-Bell, Janeen Schreyer, Carla White; Direcção de produção: Mark Kamine, Tim Pedegana; Assistentes de realização: Ben Bray, Xanthus Valan, Michele Ziegler; Departamento de arte: Marjorie Eber, April Hodick, Paul Maiello; Som: Odin Benitez, Kaspar Hugentobler, Tom Nelson; Efeitos especiais: Drew Jiritano; Efeitos visuais; Mark O. Forker, David P.I. James, Holt Lindenberger; Companhias de Produção: The Weinstein Company, Mirage Enterprises; Intérpretes: Bradley Cooper (Pat), Jennifer Lawrence (Tiffany), Robert De Niro (Pat Sr.), Jacki Weaver (Dolores), Chris Tucker (Danny), Anupam Kher (Dr. Cliff Patel), John Ortiz (Ronnie), Shea Whigham (Jake), Julia Stiles (Veronica), Paul Herman (Randy), Dash Mihok, Matthew Russell, Cheryl Williams, Patrick McDade, Brea Bee, Regency Boies, Phillip Chorba, Anthony Lawton, Patsy Meck, Maureen Torsney-Weir, Jeff Reim, Fritz Blanchette, Rick Foster, Bonnie Aarons, Ted Barba, Elias Birnbaum, Matthew Michels, Pete Postiglione, Richard Eklund III, Sanjay Shende, Mihir Pathak, Ibrahim Syed, Madhu Narula, Samantha Gelnaw, etc. Duração: 122 minutos; Classificação etária: M/ 12 anos; Distribuição em Portugal; Estreia em Portugal: 10 de Janeiro de 2013.

terça-feira, janeiro 15, 2013

MORREU NAGISA OSHIMA (1932-2013)

 

 NAGISA OSHIMA
Morreu Nagisa Oshima, um dos cineastas japoneses mais importantes depois da fabulosa tríade Mizoguchi, Kurosawa, Ozu. De Oshima ficou na lembrança de todos “O Império dos Sentidos”, esse poema erótico sobre a história de um “amor louco”, onde Eros e Tanatos se conjugavam num oceano de esperma e sangue, de prazer e dor. Provocatório e sublime, o filme estreou em sala, em Portugal, em 1976, com ruído óbvio, e seria passado na televisão, já em 1991, ocasionando um vendaval de reacções. Mas Oshima não é só “O Império dos Sentidos”, e para trás ficavam obras admiráveis como “O Enforcamento” (1968), “Diário de um Ladrão” (1969), “O Menino” (1969), “A Cerimónia” (1971) ou “Um Verão em Okinawa” (1972), para só citar alguns títulos estreados comercialmente no nosso país. Posteriores a “O Império dos Sentidos” (1976), há ainda a referir “O Império da Paixão” (1978), “Feliz Natal, Mr. Lawrence” (1983) ou “Max, Meu Amor” (1986). Uma carreira absolutamente notável de um cineasta que acaba de falecer aos 80 anos (31 Março 1932 – 14 Janeiro 2013).
Em 1976, Oshima e “O Império dos Sentidos” foram destaque no número 1 de uma revista que então eu dirigia, “Isto é Espectáculo”. Aqui ficam, em homenagem ao cineasta, a capa e um dos meus textos que nela apareciam.
 

segunda-feira, janeiro 14, 2013

VENCEDORES DOS GLOBOS DE OURO 2013


GLOBOS DE OURO – 2013

Acabaram de ser atribuídos os Globos de Ouro 2013, para cinema e televisão. Aqui fica a lista de nomeados e vencedores (estes a vermelho).  

CINEMA  

Best Motion Picture - Drama
 "Argo"
 "Django Unchained"
 "Life of Pi"
 "Lincoln"
 "Zero Dark Thirty"

Best Motion Picture - Comedy Or Musical
 "The Best Exotic Marigold Hotel"
 "Les Miserables"
 "Moonrise Kingdom"
 "Salmon Fishing in the Yemen"
 "Silver Linings Playbook"

Best Performance by an Actress in a Motion Picture - Drama
 Jessica Chastain - "Zero Dark Thirty"
 Marion Cotillard - "Rust and Bone"
 Helen Mirren - "Hitchcock"
 Naomi Watts - "The Impossible"
 Rachel Weisz - "The Deep Blue Sea"

Best Performance by an Actor in a Motion Picture - Drama
 Daniel Day-Lewis - "Lincoln"
 Richard Gere - "Arbitrage"
 John Hawkes - "The Sessions"
 Joaquin Phoenix - "The Master"
 Denzel Washington - "Flight"

Best Performance by an Actress in a Motion Picture - Comedy Or Musical
 Emily Blunt - "Salmon Fishing in the Yemen"
 Judi Dench - "The Best Exotic Marigold Hotel"
 Jennifer Lawrence - "Silver Linings Playbook"
 Maggie Smith - "Quartet"
 Meryl Streep - "Hope Springs"

Best Performance by an Actor in a Motion Picture - Comedy Or Musical
 Jack Black - "Bernie"
 Bradley Cooper - "Silver Linings Playbook"
 Hugh Jackman - "Les Miserables"
 Bill Murray - "Hyde Park on Hudson"
 Ewan McGregor - "Salmon Fishing in the Yemen"  

Best Performance by an Actress In A Supporting Role in a Motion Picture
 Amy Adams - "The Master"
 Sally Field - "Lincoln"
 Anne Hathaway - "Les Miserables"
 Helen Hunt - "The Sessions"
 Nicole Kidman - "The Paperboy"  

Best Performance by an Actor In A Supporting Role in a Motion Picture
 Alan Arkin - "Argo"
 Leonardo DiCaprio - "Django Unchained"
 Philip Seymour Hoffman - "The Master"
 Tommy Lee Jones - "Lincoln"
 Christoph Waltz - "Django Unchained"  

Best Director - Motion Picture
 Ben Affleck - "Argo"
 Kathryn Bigelow - "Zero Dark Thirty"
 Ang Lee - "Life of Pi"
 Steven Spielberg - "Lincoln"
 Quentin Tarantino - "Django Unchained"  

Best Screenplay - Motion Picture
 "Zero Dark Thirty" - Mark Boal
 "Lincoln" - Tony Kushner
 "Silver Linings Playbook" - David O. Russell
 "Django Unchained" - Quentin Tarantino
 "Argo" - Chris Terrio  

Best Original Score - Motion Picture
 "Life of Pi" - Mychael Danna
 "Argo" - Alexandre Desplat
 "Anna Karenina" - Dario Marianelli
 "Cloud Atlas" - Tom Tykwer, Johnny Klimek and Reinhold Heil
 "Lincoln" - John Williams  

Best Original Song - Motion Picture
 Monty Powell, Keith Urban - "For You" - from "Act of Valor"
 Jon Bon Jovi - "Not Running Anymore" from "Stand Up Guys"
 Taylor Swift, John Paul White, Joy Williams and T Bone Burnett - "Safe & Sound" from "The Hunger Games"
 Adele, Paul Epworth - "Skyfall" from "Skyfall"
 Alain Boubil, Claude-Michel Schonberg - "Suddenly" from "Les Miserables"  

Best Animated Feature Film
 "Brave"
 "Frankenweenie"
 "Hotel Transylvania"
 "Rise of the Guardians"
 "Wreck-It Ralph" 

Best Foreign Language Film
 "Amour" (Austria)
 "A Royal Affair" (Denmark)
 "The Intouchables" (France)
 "Kon-Tiki (Norway / UK / Denmark)
 "Rust and Bone" (France)  

TELEVISÃO

Best Television Series - Drama
 "Boardwalk Empire" ''Breaking Bad"
 ''Downton Abbey"
 ''Homeland"
 "The Newsroom" 

Best Television Series - Comedy Or Musical
 "The Big Bang Theory"
 ''Episodes"
 ''Girls"
 ''Modern Family"
 "Smash"  

Best Performance by an Actress In A Television Series - Drama
 Connie Britton - "Nashville"
 Glenn Close - "Damages"
 Claire Danes - "Homeland"
 Michelle Dockery - "Downton Abbey"
 Julianna Margulies - The Good Wife"  

Best Performance by an Actor In A Television Series - Drama
 Steve Buscemi - "Boardwalk Empire"
 Bryan Cranston - "Breaking Bad"
 Jeff Daniels - "The Newsroom"
 Jon Hamm - "Mad Men"
 Damian Lewis - "Homeland"  

Best Performance by an Actress in a Television Series - Musical or Comedy
 Zooey Deschanel - "New Girl"
 Julia Louis-Dreyfus - "Veep"
 Lena Dunham - "Girls"
 Tina Fey - "30 Rock"
 Amy Poehler - "Parks and Recreation"  

Best Performance by an Actor in a Television Series - Musical or Comedy
 Alec Baldwin - "30 Rock"
 Don Cheadle - "House of Lies"
 Louis C.K. - "Louie"
 Matt LeBlanc - "Episodes"
 Jim Parsons - "The Big Bang Theory"  

Best Mini-Series Or Motion Picture Made for Television
 "Game Change" 
 "The Girl"
 "Hatfields & McCoys"
 "The Hour"
 "Political Animals"  

Best Performance by an Actress in a Mini-Series or Motion Picture Made for Television
 Nicole Kidman - "Hemingway & Gellhorn"
 Jessica Lange - "American Horror Story: Asylum"
 Sienna Miller - "The Girl"
 Julianne Moore - "Game Change”
 Sigourney Weaver - "Political Animals" 

Best Performance by an Actor in a Mini-Series or Motion Picture Made for Television
 Kevin Costner - "Hatfields & McCoys"
 Benedict Cumberbatch - "Sherlock (Masterpiece)"
 Woody Harrelson - "Game Change"
 Toby Jones - "The Girl"
 Clive Owen - "Hemingway & Gellhorn" 

Best Performance by an Actress in a Supporting Role in a Series, Mini-Series or Motion Picture Made for Television
 Hayden Panettiere - "Nashville"
 Archie Panjabi - "The Good Wife"
 Sarah Paulson - "Game Change"
 Maggie Smith - "Downton Abbey" (season 2)
 Sofia Vergara - "Modern Family"

Best Performance by an Actor in a Supporting Role in a Series, Mini-Series or Motion Picture Made for Television
 Max Greenfield - "New Girl"
 Ed Harris - "Game Change"
 Danny Huston - "Magic City"
 Mandy Patinkin - "Homeland"
 Eric Stonestreet - "Modern Family"