sexta-feira, março 30, 2007

UMA TARDE EM AVEIRO

Hoje fui a Aveiro.
Tratar de questões relacionadas com a memória de meu pai, Lauro Corado.
Na Câmara Municipal, reunião com a Cultura para concretizar, ou não, a ideia de uma Casa Museu Lauro Corado. Há uns anos, a família vendeu alguns quadros de meu pai à CMA e ofertou outros tantos com a intenção de concretizar uma Casa Museu ou uma galeria no Museu da Cidade. Ficou escrito no contrato de venda e doação. Mais ficou registado que a CMA se encarregaria de organizar uma exposição para mostrar as obras adquiridas, da edição de um livro-catálogo e da produção de um vídeo. Tudo sobre Lauro Corado. A exposição e o livro já foram concretizados. Depois veio o Euro, o estádio, e ficámos por aí.
Agora que morreu minha mãe, não gostava de ver tudo disperso. Uma Casa Museu era uma excelente oportunidade de reunir o essencial de uma obra. De criar um espaço aberto a exposições temporárias, aos jovens, a sessões de cinema, a uma biblioteca e Dvdteca, a tanta actividade possível. A ideia está entregue. Já sei que a CMA não tem para já verbas. Terá vontade de concretizar esta homenagem a um filho ilustre da terra?
Veremos.
À saída da CMA, na fachada do belo Teatro Aveirense, um cartaz enorme, assinala os 125 anos do Teatro e apresenta o retrato de alguns aveirenses ilustres, de Homem Cristo a Vasco Branco, passando por Lauro Corado. Fiquei orgulhoso de ver a fotografia de meu pai. Mais orgulhoso ainda quando me contaram que, numa eleição promovida por um jornal da Terra, sobre quem eram os “Maiores Aveirenses de Sempre”, apareceu já votado Lauro Corado.
Pelo TA, muita proposta teatral e musical. Nesta noite, apresentava-se a CNB com Programa Primavera.
Na galeria da CMA vi uma curiosa exposição de fotografia: “Corpos”, com trabalhos de Ana Henriques, Andreas Soares, Catarina Patrício e Marisa Nunes, todas nascidas entre 1973 e 1980. O corpo, nu ou vestido, mas o corpo como objecto de reflexão estética, como elemento em transformação, como invólucro de emoções. Gostei.
No edifício da Antiga Capitania, “Mostra #2”, conviver com a Arte Contemporânea em Aveiro, através de obras do acervo de arte contemporânea cedidas pelo Instituto das Artes/Ministério da Cultura à cidade de Aveiro. Cerca de três dezenas de obras expostas, com meia dúzia delas interessantes (Júlio Resende, Menez, Paulo Ossião, Cândido Costa Pinto, António Sena… e várias fotografias de autores desconhecidos). No resto, coisas assim-assim e muitos mamarrachos.
Fala-se de um projecto de uma Avenida de Arte Contemporânea, mas pouco se fica a saber do que tudo isto é, quer dizer, ou para onde vai. Uma folha (pouco) explicativa, colada em mesas, e nenhum material informativo.
Subi ao Fórum e fui à excelente Bertrand, onde me abasteci de livros para um mês. Passei pelos cinemas e, de novo na rua, descobri que a livraria “Navio de Espelhos” estava fechada. Era um espaço alternativo muito curioso. Tudo leva a crer (a porta fechada, e as indicações dadas) que faliu. Pena.
Alternativo é o “Mercado Negro” que atravessei em noite de apresentação de “Peças Soltas”, de Cláudia Stattmiller, teatro/perfomance. Muitas meias presas em estendais davam o mote. Notei que a livraria também desapareceu. A loja de CDs também não a vi.
Mas descobri uma lojinha de artesanato, "Gatafunhos", onde comprei um presépio para a minha colecção. O dono parece um verdadeiro entusiasta de arte popular, e a loja é um reflexo disso. Gostei.
Passeio junto à ria e fui jantar sopa de peixe e robalo grelhado no “Mercado do Peixe”, com vista de lusco-fusco sobre um cais que meu pai pintou por diversas vezes. Enquanto esperava pelo jantar, folheei o jornal da terra onde Girão Pereira considera abandonar o CDS/PP.
Findo o repasto (belo termo!), vagueei nostálgico pelas ruas. Gosto de Aveiro. Ligam-me a esta terra tantas recordações! Por detrás do Fórum, num local indicado numa tabuleta como “Cemitério”, está uma campa que não esqueço. Mortos queridos que, apesar das aparências, nunca se enterram.

quinta-feira, março 29, 2007

VáVá.diando com Dacosta



Fernando Dacosta


e as “Máscaras de Salazar”


Conheci Fernando Dacosta não me lembro já quando. Ambos andámos pelo “Diário de Lisboa", numa época de boas e más recordações. As boas são as que agora interessam, o jornal era um farol de resistência num período de cinzentismo e opressão, ali se tentava escrever aspirando à Liberdade. Ele era jornalista encartado, eu crítico de cinema (ao lado de uma super equipa de críticos de que faziam parte também Mário Castrim, na Televisão, Carlos Porto, no Teatro, Mário Vieira de Carvalho, na Música, por exemplo). Depois coabitámos na Pró-Jornal, ele jornalista em “O Jornal”, eu crítico numa boa época do “Sete”. Um dia, João Soares convidou-nos para, ao lado de outros nomes, integrarmos ambos um Júri para avaliarmos umas duas dezenas de peças de teatro, encenadas por grupos de amadores na região de Lisboa. Excelente iniciativa, noites sucessivas de demanda de teatros, teatrinhos e casas pessoais, onde com amor e por vezes muito talento de fazia teatro. Foi nessas noites de deambulação por bairros de Lisboa que a amizade se estreitou, para se cimentar, mais e mais, há semanas, durante o “Famafest 2007”, de que Fernando Dacosta aceitou fazer parte como presidente do Júri Internacional.
Mas também nos últimos tempos ele tinha sido minha companhia diária, enquanto dele lia “Máscaras de Salazar”, um magnifico trabalho literário, difícil de catalogar num género pré-definido, pois tanto é biografia de Salazar (para o que convoca dados novos e interpretações complexas, afastadas dos maniqueísmos redutores habituais), como auto biografia, sendo sobretudo um retrato panorâmico de uma época de que muito se fala, sem todavia se ter dela conhecimento certo e vivencial. Dacosta mostra que viveu os tempos, conviveu com as personagens, e não se fica pela radiografia facilitista, tirado do lado esquerdo ou do lado direito do enquadramento. Se a imparcialidade não é deste mundo, a sua procura é-o. Dacosta fala de décadas de opressão, de ditadura paternalista, de provincianismo misantropo, de apagada e vil tristeza, de censura e perseguição, mas não deixa de iluminar também alguns aspectos que muitos querem esquecidos. A História só se faz depois de ultrapassados preconceitos. Os fantasmas só se enterram depois de, por alguma forma, terem sido psicanalizados, isto é, assumidos e apagados da memória colectiva enquanto tal: fantasmas, ou seja mitos. Se muitos mais já tivessem realmente “compreendido” Salazar ele não teria sido seguramente o mais votado dos “portugueses maiores”. Lá teria o seu lugar num cantinho da História, dedicado àqueles que, por virtudes que tenham, as defendem com vícios indesculpáveis. Para quem ama a Liberdade e por ela se bateu, a entronização de quem não soube nunca viver com ela é um facto preocupante. Mas mais preocupante ainda é ver uma esquerda histérica a dar mais votos a quem quer ver reduzido ao seu verdadeiro lugar na História, de cada vez que fala ou espuma pela boca.

Dito isto sobre “Máscaras de Salazar”, seu último trabalho e o de maior sucesso de público e de crítica, deve acrescentar-se que Fernando Dacosta não é autor de uma única obra.
Romancista, dramaturgo, jornalista, conferencista, Fernando Dacosta nasceu em Luanda a 12 de Dezembro de 1945 de onde foi, ainda criança, para o Alto Douro. Após frequentar o liceu na cidade de Lamego fixa-se em Lisboa, cursa Letras e inicia-se no jornalismo e na literatura. Foi director dos “Cadernos de Reportagem” e co-editor da “Relógio d´Água”.
A sua primeira peça de teatro, "Um Jipe em Segunda Mão ”, sobre a guerra colonial, vale-lhe o Grande Prémio de Teatro RTP, o Prémio da Associação Portuguesa de Críticos e o Prémio Casa da Imprensa. “A Súplica ” (monólogo de uma mulher em ruptura com a realidade pós 25 de Abril), “Sequestraram o Senhor Presidente” (obra localizada no período revolucionário), “A Nave Adormecida ” (oratória do Portugal colonialista) e “A Frigideira” (inédito), são outros dos seus trabalhos dramatúrgicos.
“Os Retornados Estão a Mudar Portugal”, narrativa da integração dos portugueses regressados de África, obtém o “Prémio Clube Português de Imprensa”. “Moçambique, todo o sofrimento do mundo ”, vence os prémios “Gazeta” e “Fernando Pessoa” de 1991. “O Despertar dos Idosos ” recebe o prémio “Gazeta” de 1994.
Com “O Viúvo”, metáfora sobre a perda do império, conquista o Grande Prémio de Literatura Círculo de Leitores. “Os Infieis”, parábola à volta dos que ousam trair o estabelecido, como os navegadores de quinhentos, e "Máscaras de Salazar", crónica memoralista, são, respectivamente, os seus últimos romances e narrativa.
Apresentou durante 1991 e 1992 uma rubrica sobre livros na RTP-1. Integrou os júris dos principais prémios literários portugueses. Foi agraciado em 2005 pelo Presidente da República com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique.

TRAVIATA - Excerto

terça-feira, março 27, 2007

ENCONTRO DE BLOGUES - NOMEAÇÕES


NOMEAÇÕES DE BLOGUES
No blogue "Kontrastes 20", surgiu um post que transcrevemos com a devida vénia:

336] Cineblogger
Março 14th, 2007

Na próxima sexta-feira, em Famalicão, arranca uma nova fase da vida da blogosfera portuguesa. Mais um salto qualitativo para a afirmação da importância dos blogues no contexto das novas tecnologias de informação e comunicação — NTIC’s –, e neste preciso caso, dos blogues temáticos. Os blogues cinéfilos começam a ganhar o seu espaço na blogosfera e são uma mais valia para os conteúdos do ciberespaço.

O Famafest, organizado por Lauro António, servirá também para escolher os melhores blogues de cinema e cultura. Entre os nomeados estão:

Melhores Blogues de Cinema: O Acossado; Ainda não começámos a pensar; Amarcord; As Aranhas; Brain-mixer; Cineásia; Cineblog; De que raio é que ele está a falar?:; Estado Civil; Fila do meio; Filmes de Culto; Grindhouse; Hollywood; Imagens Perdidas; Last Picture Show; Mise en Abyme; Mulholand Drive; Obscuridades da 7ª Arte; Pasmos Filtrados; Plano 9; Play It Againt; Royale With Cheese; Viver contra o tempo; Wasted Blues e Zona Negra. [os blogues que não possuem link deve-se ao facto de não ter encontrado os mesmos].

Melhores Blogues de Cultura: A a Z; Um Amor atrevido; Amor e ócio; Arrastão; A Arte da fuga; Aspirina b; Bandida; Big Blog is watching You; Blasfémias; Cidadesurpreendente; Contraculturalmente; Da literatura; Divas e Contrabaixos; Erotismo na cidade; Espaço de Crítica Artística; Fadista Valéria Mendez; Foram-se os anéis; Grande Loja do Queijo Limiano; Guilhermina suggia; Hoje há conquilhas; Indústrias Culturais; O Insurgente; Indústrias Culturais; O Intruso; Kontratempos; Lápis Exilis; Luminescências; O Melhor Anjo; Mouco; Miniscente; Miss Pearls; A Origem das Espécies; Passado/Presente; Passengers; Piano; Portugal dos Pequeninos; Raim; Republica e Laicidade; Saudades do futuro; Sem Pénis nem Inveja; A Senhora Sócrates; O Sentido das Palavras e Volto Num Segundo. [os blogues que não possuem link deve-se ao facto de não ter encontrado os mesmos].

Depois deste tempo perdido a procurar na imensa blogosfera os links dos ditos blogues, sinto-me no direito de opinar sobre as nomeações. No que concerne aos cineblogues ressalta logo que alguns dos nomeados não são, na realidade, blogues sobre muitas coisas menos cinema. No que concerne aos blogues culturais o que me apraz dizer é que, tentando atrair bloggers famosos, deu-se uso ao sentido lato do conceito “cultura”, albergando toda a produção humana. Neste sentido, tudo o que se produz num blogue é cultura. É por isso que muitos dos nomeados verdadeiramente ali estão. Porque se entendeu que a publicação de fotos de actores e locais de interesse turístico é postagem cultural. Para mim, tratou-se pois, de uma estratégia de marketing, chamando a atenção da blogosfera erudita para o evento, englobando-os assim nos elegíveis. A salientar fica a ideia muito mais do que o rigor.


Lido o "post", há a referir o seguinte: os blogues nomeados foram-no por votação de autores de blogues que os escolheram. A organização limitou-se a convidar todos os blogues a votarem. Quem achou por bem associar-se a esta iniciativa, votou em quem escolheu. A lista dos nomeados reflecte apenas essa votação. Não houve estratégia de marketing, nem sequer estratégia. Se a blogosfera dita erudita foi citada, foi-o por vontade de quem voto (yum voto por blogue, em cada categoria). Os conceitos de blogues de cinema e de cultura também foram de escolha dos eleitores. Até porque nos pareceu, a nós, abusivo e de mau gosto dizer quem é ou não autor de blogue de cultura ou de cinema. Se blogues houve que não foram nomeados, a quem não os nomeou caberá a "culpa".

Aproveito para agradecer as palavras iniciais de João Ferreira Dias, esperando que sobre as restantes fique esclarecido o equívoco. Também eu acho que houve muitos blogues esquecidos e outros sobrevalorizados, mas a votação não era só minha. Eu só tinha que respeitar a votação. O que fiz.

FAMAFEST 2007

FAMAFEST 2007
OS PRÉMIOS
ACTA DO JÚRI INTERNACIONAL

Aos 24 dias de mês de Março, em Vila Nova de Famalicão, reuniu o Júri Internacional do Famafest constituído por Fernando DaCosta, escritor, que presidiu, Rita Ribeiro, actriz, Lisa França, professora universitária e realizadora (Brasil), Rosa Coutinho Cabral, realizadora, Alain Marie, realizador (França), Patrícia Enis, realizadora (Argentina), Carlos Teófilo, director de festival, e Analisa Capriuollo, produtora (Itália) e decidiu atribuir os seguintes prémios:

Menções Honrosas:
"Marinheiros e Músicos”, de Steven Lippmann (EUA), pela respiração estética;
“Ehni”, de Jean-Luc Bouvret (França), pela vitalidade criativa;
“Penumbra”, de Gwynne MacElueen (Irlanda), pela reinvenção dossentimentos;
"O jardim que se afastou a flutuar”, de Ruth Walk (Israel), pelo assumir daLiteratura com sentido para a vida;
“Roxana", de Moze Mossanen (Canadá), pela beleza e ritmo.

Prémio Especial do Júri - Memória Histórica
"Meu Pai Humberto Delgado", de Francisco Manso (Portugal)

Prémio Ficção Jovem
"Conoclasta", de Mariko Saga (Polónia)

Prémio Melhor Documentário
"Só queria viver", de Mimmo Calopresti (Itália/Suíça)

Premio Ficção/Adaptação de Obra Literária
"Debaixo do Sol" de Baran Von Odar (Alemanha)

Grande Prémio de Lusofonia:
"O Escritor Prodigioso”, de Joana Pontes (Portugal)

Grande Prémio do Famafest 2007
"As Borboletas estão um Passo Atrás", de Mohammad Ibrahim Moaiery (Irão).

Por mais nada haver a tratar foi encerrada a reunião da qual se lavrou a presente acta que, depois de aprovada por unanimidade, vai assinada por todos os presentes
Vila Nova de Famalicão vinte e quatro de dois mil e sete.

ACTA DO JÚRI DA JUVENTUDE

O Júri da Juventude do FAMAFEST 2007 - IX Festival Internacional de Cinema e Vídeo de Vila Nova de Famalicão, constituído por Ana Cristina Leite Martins, Ana Rita Moura Silva, Bernardo Alberto de Macedo Miranda, Daniela Filipa Azevedo Silva, Joana Marina Silva Ferreira, Joana Sofia Ribeiro, João Paulo Carvalho Machado, Liliana Patrícia Araújo Pontes, Lisandra Oliveira, Patrícia Daniela da Silva Gomes e Rita Pires de Almeida, reunido no Café Concerto, da Casa das Artes, no dia 24 de Março de 2007, deliberou entregar os seguintes prémios:
Menção Honrosa:
"O PORTUGAL DE MIGUEL ESTEVES CARDOSO", realizado por Fernando Ávila (Portugal), pela forma directa do discurso narrativo e audiovisual e pela visão particular do país;
Menção Honrosa:
"PEQUENOS TORMENTOS DA VIDA", realizado por Gustavo Spolidoro (Brasil), pela evidência do papel da literatura na educação das crianças e da escola como meio privilegiado para vincular o gosto da relação entre o leitor e a literatura;
Prémio Especial da Juventude – Ficção:
"O SONHO DO LOBO", realizado por Maria-Anna Rimpfl (Alemanha);
Prémio Especial da Juventude – Documentário:
"ENSAIO SOBRE O TEATRO", realizado por Rui Simões (Portugal);
Prémio Especial da Juventude – Animação:
"O LOUCO, O CORAÇÃO E O OLHO", realizado por Annette Jung e Gregor Dashuber (Alemanha);
Grande Prémio da Juventude:
"SÓ QUERIA VIVER", realizado por Mimmo Calopresti (Itália), pela força narrativa e documental e pela importância histórica dos vista apresentados.

segunda-feira, março 26, 2007

ENCONTRO DE BLOGUES DE CINEMA - PRÉMIOS

1º ENCONTRO NACIONAL DE BLOGUES DE CINEMA E DE CULTURA


BLOGUES PORTUGUESES DE CINEMA
Os Melhores de 2006

Os blogues votados:

O Acossado
Ainda não começámos a pensar
Amarcord
As Aranhas
Brain-mixer
Cineásia
Cineblog
De que raio é que ele está a falar?
Estado Civil
Fila do meio
Filmes de Culto
Grindhouse
Hollywood
Imagens Perdidas
Last Picture Show
Mise en Abyme
Mulholand Drive
Obscuridades da 7ª Arte
Pasmos Filtrados
Plano 9
Play It Againt
Royale With Cheese
Viver contra o tempo
Wasted Blues
Zona Negra

Os blogues premiados:

Primeiro Prémio:
Amarcord
Zona Negra

Menções Honrosas:
Cineblog
Play It Againt
Royale With Cheese
Wasted Blues


BLOGUES PORTUGUESES DE CULTURA
Os Melhores de 2006

Os blogues votados:

A a Z
Amor atrevido, Um
Amor e ócio
Arrastão
A Arte da fuga
Aspirina b
Bandida
Big Blog is watching You (Merdinhas)
Blasfémias
Cidadesurpreendente
Contraculturalmente
Da literatura
Divas e Contrabaixos
Erotismo na cidade
Espaço de Crítica Artística
Fadista Valéria Mendez
Foram-se os anéis
Grande Loja do Queijo Limiano
Guilhermina suggia
Hoje há conquilhas
Indústrias Culturais
O Insurgente
Indústrias Culturais
O Intruso
Kontratempos
Lápis Exilis
Luminescências
O Melhor Anjo
Mouco
Miniscente
Miss Pearls
A Origem das Espécies
Passado/Presente
Passengers
Piano
Portugal dos Pequeninos
Raim
Republica e Laicidade
Saudades do futuro
Sem Pénis nem Inveja
A Senhora Sócrates
O Sentido das Palavras
Volto Num Segundo

Primeiro Prémio:
O Intruso
Piano

Menções Honrosas:
A a Z
Bandida
Erotismo na cidade
Hoje há conquilhas
Indústrias Culturais


OS MELHORES FILMES
ESTREADOS EM PORTUGAL EM 2006

Os filmes votados foram:

007 - Casino Royale
Les Amants Réguliers
Babel
A Bittersweet Life
Black Dahlia, The
Breakfast On Pluto
Brokeback Mountain
Caché
Capote
Cars
Children of Men
El Cielo Gira
Clerks
Coisa Ruim
Colour Me Kubrick
The Da Vinci Code
Dans Paris
Departed, The: Entre Inimigos
Descent, The
The Devil's Rejects
L’ Enfant
The Fast and the Furious: Tokyo Drift
Good Night, and Good Luck.
The Hills Have Eyes
A History of Violence
Na Inconvenient Truth
Inside Man
Irresistíble
Jarhead
Juventude em Marcha
Kiss Kiss Bang Bang
Lady in the Water
Lisboetas
Little Miss Sunshine
Marie Antoinette
Mary
The Matador
Match Point
Miami Vice
Munich
The New World
Nobody knows
Paradise Now
A Prairie Home Companion
The Prestige
Profissão: Repórter
The Proposition
Rapace
La Science des Rêves
Superman Returns
Syriana
A Tale Of Two Sisters
Le Temps Qui Reste
That Thing You Do
Two for the Money
United 93
V for Vendetta
Volver
Walk the Line
Water
World Trade Center

Os premiados foram:

Os Melhores
(ex-aequo, igual número de votos)
The Departed: Entre Inimigos
Match Point

Menções Honrosas
(restantes oito mais votados):
Babel
A History of Violence
Lady in the Water
Little Miss Sunshine
Marie Antoinette
Munich
The New World
Volver

segunda-feira, março 19, 2007

FAMAFEST 2007: ENCONTRO DE BLOGUES

Ainda foto de S., do NonBlog:
um apontamento do
1º Encontro Nacional de Blogues Portugueses de Cinema e de Cultura.
Aqui estou eu a anunciar os blogues vencedores
da votação inter-bloguistas.
Casa das Artes, Famalicão,
16 de Março de 2007

FAMAFEST 2007: SIMONE DE OLIVEIRA


A S., do Nonblog, esteve em Famalicão, durante o 1º Encontro Nacional de Blogues Portugueses de Cinema (e de Cultura), e assistiu também a várias outras sessões, nomeadamente à abertura oficial do Festival, com o espectáculo "Conversas de Camarim", com Simone de Oliveira, Victor de Sousa e Nuno Feist. Espectáculo memorável, diga-se. A S. registou imagens que publicou no seu blogue, e que eu chamo aqui com a devida vénia.

segunda-feira, março 12, 2007

domingo, março 11, 2007

TUDO SOBRE O FAMAFEST 2007

0 FAMAFEST 2007
inicia-se na próxima sexta-feira, 16
Casa das Artes, Famalicão

No primeiro fim de semana
ENCONTRO NACIONAL DE BLOGUES
DE CINEMA E CULTURA

Contamos com a presença dos blogues
e o apoio dos mesmos na divulgação da iniciativa.

Para ver tudo sobre o Festival:

FAMAFEST' 2007

sexta-feira, março 09, 2007

RTP VERSUS TVI

Gala dos 50 anos da RTP1 bate '7 Maravilhas' da TVI

Segundo um texto de Paula Brito, aparecido no DN, “a festa das Bodas de Ouro da RTP, que decorreu na quarta-feira à noite no Coliseu dos Recreios, não podia ter corrido melhor à estação pública. A Gala dos 50 Anos foi vista por 1,6 milhões de portugueses, mais de 600 mil espectadores do que a Gala das 7 Maravilhas , emitida à mesma hora pela TVI, em directo da Praça de Touros do Campo Pequeno.
Com arranque a seguir ao Telejornal, a gala da RTP liderou durante toda a sua emissão. Segundo a estação pública, excluindo o futebol, tem de se recuar a 29 de Maio de 1999, para encontrar um prime time com uma quota de mercado superior, obtido então com a ajuda do Festival Eurovisão da Canção (55,2% share/19,9% rating).
Já a estação de Queluz de Baixo, que apostou num espectáculo criado por Filipe La Féria, ficou abaixo desta concorrente. Algo que não preocupava o director-geral da TVI. "Esta noite [quarta-feira] não estamos preocupados com as audiências, mas sim em mostrar que a TVI é uma estação de referência", disse aos jornalistas José Eduardo Moniz, no final do espectáculo musical.
No final do dia, as televisões ficaram arrumadas da seguinte forma: RTP1 com um share de 37,9%, marca alcançada em 17 de Dezembro de 1998, dia do Natal dos Hospitais (62,1%/9,1%), a TVI com 24,9%, a SIC com 22,6% e a 2: com 3,6%. “

Passei sete anos na TVI, uma estação que, muito por causa disso, era considerado o “canal do cinema”. Não tenho dúvidas, era a melhor programação de cinema de qualquer canal português, e nunca mais algum canal se lhe chegou em qualidade. Apesar disso, não fui convidado para a “Gala das 7 maravilhas do Mundo.” Fui convidado pelo La Feria e o meu filho que coordenou toda a programação de vídeo que acompanhou todo o espectáculo.
Na RTP assinei uma das primeiras, senão a primeira mini série portuguesa de sucesso (Manhã Submersa, em quatro episódios, em 1980), tive vários programas de cinema (Cinemática, “Clássicos do Cinema), de cultura (um com o Eduardo Parado Coelho e o Fernando Assis Pacheco, nem me recordo o nome), assinei várias séries (Histórias de Mulheres, A Paródia, Novo Elucidário Madeirense), fiz uma Natal (Um Conto de Natal com o Raul Solnado), fui chamado para dezenas e dezenas de intervenções gratuitas em programas avulsos e telejornais, cedi trabalhos meus para comemorações de Laura Alves, José Viana, etc., enfim, acho que fiz trabalho válido na RTP, mas os actuais responsáveis também não me convidaram para a gala dos 50 Anos.
Digo isto para mostrar a minha independência, ou seja, emotivamente estou ligado aos dois canais, mas além da “minha emoção” mais nada me liga a qualquer dos canais. As administrações de ambos bem o demonstraram.
Na quarta-feira estaria sempre na gala do Felipe La Féria, não só porque o admiro, como por motivos familiares. Assim foi e o Campo Pequeno foi pequeno realmente para a loucura do La Féria, que nos ofereceu duas horas e meia de puro fascínio e magia. Houve do tudo, do musical ao circo, que me lembre em Portugal nunca vi nada de tão “fantástico”. La Féria é completamente louco, e que saudável loucura por ali perpassou. Quem esteve no Campo Pequeno naquela noite não a vai esquecer. O espectáculo, único, irrepetível, mereceria uma análise detalhada. Se houvesse crítica em Portugal, não deixariam de escrever sobre este “acontecimento”. Não há. Ficam as estatísticas. Não sei como o espectáculo apareceu na televisão, mas não me parece que pudesse dar sequer uma ideia do que se viu no Campo Pequeno!
Gravei a Gala dos 50 anos da RTP e revia-a depois de ter ceado no Galeto, por onde iam aparecendo convidados de uma e outra gala (Lisboa na quarta feira à noite era uma Gala pegada, com as avenidas atravancadas às duas da madrugada!). Os que vinham do Coliseu, diziam o pior possível, falavam em estopada, em gala da terceira idade, em chatice (apenas aligeirada por alguma ternura encomendada em certas evocações!). O que vi na televisão, com muito recurso ao arquivo da RTP, não me pareceu tão mau como os que estiveram no Coliseu me iam contando. Mas confesso que ver excertos de filmes no écran do Coliseu deve ter sido aborrecido, muito mais do que vê-los no écran da televisão em nossas casas. De todas as formas, o resultado não foi de forma alguma brilhante e deu uma imagem pífia de um canal de serviço público que tem melhorado imenso nos últimos tempos, mas que não me pareceu estar à altura da empreitada que lhe era pedida nesta data gloriosa. Não é todos os dias que se fazem 50 anos. A efeméride merecia muito melhor. Muito maior criatividade, modernidade, invenção, etc., etc. Ter os meios e não ter quem os potencialize é um desperdício absurdo. Parece que é o que está a acontecer na RTP – gala de novo-rico que foi desenterrar os antepassados para exibir como troféus de linhagem ilustre. Não basta antepassados ilustres para fazer ilustre a história actual. Há que a merecer na actualidade, no presente, nos estúdios sumptuosos, do digital, no etc e tal.
Para mim o La Féria ganhou em toda a linha – mostrou mais uma vez que é um criador, um homem que sabe fazer espectáculos de qualidade e sensibilidade que, não descendo ao fácil, agradam a todos (excepto aos snobs do costume, mas esses…) e proporcionam momentos de prazer indiscutíveis.

Atendendo ao facto deste post ter provocado alguma polémica, passamos a post os comentários que o mesmo desencadeou até agora (mantemos os comentários, para permitir linkagens):


23 comentários:
S. disse...
(Bom, antes de começar gostaria de dizer que ISTO, não é uma tomada de posição contra a família, nem contra nenhuma estação de televisão...nem mesmo a criação de uma frente de guerra... é só um ponto de vista, diferente do do LA é certo, mas simplesmente um ponto de vista.)

Não era para comentar, depois de ter comentado o mesmo tema no DETESTO SOPA, mas quando li que achou o espectáculo da RTP "novo rico" e com uma "imagem pífia", não pude deixar de dar a minha modesta opinião.

Não vi na integra, nem ao vivo o espectáculo da TVI, mas se tivesse num jogo e tivesse de escolher o "show novo rico" não hesitaria a apontar o da TVI, por muito “glamouroso”, faustoso, grandioso (etc) que possa ter sido. De facto, a RTP não exibiu numa só noite todos os recursos de que dispõe, felizmente poupou para outras ocasiões onde serão mais necessários, ao contrario da TVI que exibiu tudo o que poderia exibir..n’O espectáculo.

Tal como a M. disse, “não passam de programas de televisão”...é verdade... mas também é verdade que me entristeceu esta infeliz coincidência (ou não) de datas. Não achei bonito. Nem que tenha respeitado uma senhora de idade. Nem que tenha respeitado 50 anos de História (de Portugal). A TVI teria sido muito mais digna, muito mais apreciada (mesmo que só por alguns) se tivesse optado por uma outra data.

Para provar que não faço parte do grupo de “snobs do costume”, gostei do espectáculo “pífio” da RTP, achei que teve muita classe, foi discreto, mas impôs-se, moderno mas sem esquecer os “antepassados” exibidos como “troféus de linhagem ilustre”, porque o são...ilustres. Obviamente, não gostei de muitas coisas, existiram erros, cenas mais tristes... como em tudo.
Para enaltecer 50 anos não são necessárias centenas de pessoas em palco, nem o gasto de ??? (não faço a mínima ideia, mas IMENSO certamente) de dinheiro público. Para mim, a RTP cumpriu o serviço (público) que tinha a cumprir nessa noite, até porque as comemorações continuam, diariamente.

Quanto ao espectáculo da TVI não me poderei pronunciar mais do que fiz até agora, até porque não tenho conhecimento de causa suficiente.
É possível que esta minha tomada de posição se resuma somente a uma questão de indignação por FALTA DE RESPEITO.... contudo guerra é guerra...e esta foi a de canais televisivos, é justo!

(No entanto, também compreendo que, a nível pessoal, não esteja muito satisfeito com o comportamento da RTP, eu no seu lugar também não estaria.)

(Bom, agora que estou a terminar gostaria de dizer que ISTO, não é uma tomada de posição contra a família, nem contra nenhuma estação de televisão...nem mesmo a criação de uma frente de guerra... é só um ponto de vista, diferente do do LA é certo, mas simplesmente um ponto de vista.)

Beijos
S.

Sexta-feira, Março 09, 2007 7:33:00 AM
Anônimo disse...
Esta postagem foi removida pelo administrador do blog.
Sexta-feira, Março 09, 2007 12:42:00 PM
Ana Paula disse...
Não vi nem uma nem outra. De qualquer modo, gostei de ler esta crítica como testemunho a ter em conta.
A.P.

Sexta-feira, Março 09, 2007 1:09:00 PM
Flávio disse...
Não vi o espectáculo, mas voto à mesma no La Féria. É um tipo generoso ao inverosímil: mesmo não me conhecendo de lado nenhum, deu o maior apoio à produção da nossa curta-metragem O Porteiro.

Sexta-feira, Março 09, 2007 2:17:00 PM
Lauro António disse...
Amilcar Neves: recebi e li o seu texto demolidor quanto á minha actividade e à do La Féria. Publicá-lo-ei obviamente aqui, desde que tenha ligação a um blogue e não seja um texto "anónimo". Fico à espera.
Eu também posso assinar Maximiliano Fernandes. Ou Francisco Benavides. Ou Amilcar Neves.

Sexta-feira, Março 09, 2007 4:47:00 PM
Lauro António disse...
S.: És livre de teres as opiniões que tens e queres ter. Eu também. Ainda bem que não pensamos todos por igual.
Não gostei da coincidência de datas, mas acho que quem escolheu a data foi a entidade que organiza as 7 maravilhas e não a TVI. Acho que escolheram dias 7 de cada mês, para as suas iniciativas que acabam a 7 do 7 de 2007.
Quanto à TVI, não falei da sua transmissão que não vi. Falei do espectáculo do La Féria que vi. Aliás, raramente vejo a TVI, apenas quando lá joga o Sporting, e, mesmo assim, é quase sempre um desgosto. Portanto...
De resto, este é um país tramado, em questões de cultura. Ou 8 ou 80. Ou pimpa ou alternativo. A cultura e a arte que agradam ao grande público e têm qualidade só podem ser vilipendiadas. Uns defendem o elitismo que só os "eleitos" entendem (uma razão para se sentirem "eleitos" mesmo que não compreendam do que falam), outros abastecem-se de lixo e tretas várias, e dão-se por satisfeitos. Haja saude!

Sexta-feira, Março 09, 2007 4:58:00 PM
M disse...
Ora bem! Haja saúde! Essa é que é a grande conclusão! É que sem saúde, como diria o Sr. Malato, na RTP de todos nós, isto não tem graça nenhuma!

Sexta-feira, Março 09, 2007 5:42:00 PM
Ouriço disse...
Saúdinha, sim.
E viva o Sporting!!!!!!!!!!

Sexta-feira, Março 09, 2007 7:32:00 PM
Lauro António disse...
Oh Ouriço, saúdinha sim, mas viva o Sporting, ainda acreditas? Tou tão triste! Em casa com o pão tão mal repartido, ainda achas que há razão? Beijocas sportinguistas (ainda e sempre!)

Sexta-feira, Março 09, 2007 9:10:00 PM
BlueAngel disse...
Vi o programa da RTP. Não quis ver o programa da TVI. Confesso (n é por estar a comentar aqui) que achei que ia ver o Lauro António, no palco do Coliseu, quando chamaram os apresentadores da velha guarda (espero que não se ofenda). Comentámos isso aqui em casa e tb comentámos o facto de tb poder estar no outro canal, pq afinal tb lá tinha trabalhado. Achámos indecente não ter estado na RTP. Percebemos agora pq o fez, família é família. Compreende-de!!!! Mas o público é assim e manifesta-se. Achei mal! Estou no meu direito! De qualquer ambas as estações estiveram mal por não lhe terem endereçado, cada uma, o respectivo convite.

Quanto à qualidade do prgrama da RTP discordo da sua opinião. Achei que teve glamour, homenagens e humor quanto baste. E muita, muita qualidade!!! Gostei de tudo e emocionei-me bastante ao ver certas caras e ao ouvir determinadas músicas. O ponto mais negativo? O palhaço Reininho que não soube estar à altura do grande Tony Matos (apesar de não ser apreciadora do estilo musical deste Senhor, reconheço a sua qualidade e importância no panorama musical nacional). De resto, foi uma grande noite e uma grande prestação de serviço público.

Devo confessar que não sou grande apreciadora dos espectáculos do Sr. Filipe La Féria (a quem reconheço o empenho e e esforço para criar público no teatro. Tarefa que tem superado!) e isso foi, à partida, uma das razões para recusar o espectáculo da TVI. Deste senhor guardo duas boas memórias: "What happened to Madalena Iglésias?", que vi há muitos anos na Casa da Comédia com uma interpretaçãpo brilhante da Rita Ribeiro, e o "Passa Por Mim no Rossio", a que tive o privilégio de assitir duas vezes. Depois comecei a ficar desencatada com o trabalho deste encenador. Mas é apenas uma opinião!

Sábado, Março 10, 2007 1:09:00 AM
BlueAngel disse...
Esqueci-me de dois detalhes. Acho a coincidência de datas uma coincidência (oasso a redundância) muito estranha. Compreendo que os organizadores das "7 Maravilhas" queiram usar todos os dias sete de cada mês até à exaustão, mas talvez pudesse ter havido um pouco de diálogo e de compreensão. Foi de uma grande falta de chá e mau tom fazer um programa directo de um esoectáculo no dia dos 50 anos da RTP. Esta era uma data que todos sabíamos ia ser.
comemorada.

Acho também que as pessoas estão a ficar cansadas do formato dos espectáculos da TVI e isso foi um grande ponto negativo para o canal 4. Apesar de estar anunciado um encenador de nome reconhecido, o público fez a sua escolha.

Sábado, Março 10, 2007 1:38:00 AM
Luis Eme disse...
Acho que não comparações possíveis entre a RTP e a TVI, felizmente.

Nem se podem fazer comparações entre dois espectáculos completamente diferentes, no tempo e no espaço.

Quanto às razões de queixa do L.A., de ambas as televisões, fazem parte do dia a dia dos portugueses. Gostam de nos usar quando dá jeito, da mesma forma que adoram enfiar-nos na "arca dos esquecidos"...

Sábado, Março 10, 2007 2:06:00 PM
Lauro António disse...
Blue Angel e Luis Eme:
Nunca coloquei em comparação a RTP e a TVI. Para falar sinceramente, de TV vejo pouco e o que vejo é quase tudo na RTP. Com excepção de futebol. Realmente a RTP tem melhorado muito nos últimos anos e tenho-o afirmado publicamente. A minha crítica era sobretudo em relação às duas Galas. Gostei do espectáculo do La Feria e não gostei quase nada do da RTP precisamente pela razão que muita gente diz ter gostado: por terem homenagedo daquela forma a "herança" da RTP. Ora a "herança" da RTP não se pode tratar assim: não se tira do armário para causar emoção fácil e não se volta a colocar na arrecadação logo a seguir.
O Solnado não tem um programa seu, mas qualquer modelo consegue ser "actor"! Os actores e realizadores portugueses estão na prateleira, mas não têm vergonha de por no ar essa série indigente "dirigida" por um brasileiro sobre obras de Camilo Castelo Branco, numa co-produção que imagino o que terá custado, e é seguramente das piores coisas que vi em TV.
Enfim... todos ficaram muito felizes por ver as glórias nacionais subir ao palco, mas ninguém se importa de as ver arrumadas durante anos, e erguidas em troféus de dia de aniversário.
A TVI é de outro campeonato, nem é obrigada a ter serviço público. É comércio puro. Quando apresenta um espectáculo digno e bonito, o rei faz anos.

Sábado, Março 10, 2007 3:36:00 PM
Whisper disse...
"Os que vinham do Coliseu, diziam o pior possível, falavam em estopada, em gala da terceira idade, em chatice (apenas aligeirada por alguma ternura encomendada em certas evocações!)".

Bom... também não fui convidada por nenhuma das estações televisivas (passo a brincadeira) nem pude assistir ao espectáculo de La Feria por motivos de tempo e transporte (já que habito no Porto), mas assisti à Gala de Comemoração dos 50 anos da RTP. Dadas as minhas características saudosistas penso que foi uma festa muito bem conseguida, com espaço à homenagem (rara no nosso país) daqueles (alguns dos) que fizeram a nossa história!

Se pensarmos um pouco, como referiu o Presidente da República (que nem sempre gosto de ouvir), quando é evocado um acontecimento de que imagens são maioritariamente constituídas as nossas recordações? daquelas que a TV disponibilizou...

Conclusão: gostei muito de poder recordar!

Sábado, Março 10, 2007 6:28:00 PM
M.M. disse...
Também estava à espera de ver o Lauro António na gala da RTP. Contudo, mesmo que tivesse sido convidado, teria optado pelo espectáculo da TVI, pelas razões que já apresentou, não é verdade?
Enfim, a gala da RTP teve imensas falhas, cenas menos felizes e alguma falta de organização. Mas foi um espectáculo importante, que talvez pudesse ter sido gravado e transmitido em diferido, por razões óvias. É uma opinião.
Quanto à gala da TVI... sinceramente, não vi muita coisa, mas lembro-me de ver um bailado chinês com dançarinas europeias? Talvez tivesse sido impressão minha, mas se não foi, acho que a comunidade chinesa em Portugal é suficientemente grande para que o La Féria pudesse contar com a colaboração de dançarinas chinesas, não? Lá está, é outra opinião.
Um bj grande para si, Lauro.

Sábado, Março 10, 2007 7:36:00 PM
tender is the night disse...
Não vi. Não sei. Não tenho opinião. Não sabia que havia uma polémica de interesse nacional.
De resto, blog interessante. Detesto sopa...? O que é isso?
Um beijo meu. Para ti.

Domingo, Março 11, 2007 3:13:00 AM
Lauro António disse...
Mais achas para a fogueira. Li no Blogue Industrias Culturais, de Rogério Santos (http://industrias-culturais.blogspot.com/)

50 ANOS DE RTP

Do pouco que vi da gala dos 50 anos da RTP, não gostei. Parecia quase o Natal dos Hospitais. Em especial quando os jornalistas subiram ao palco e o director Luís Marinho enalteceu o papel desses agentes activos na busca e apresentação de notícias de modo objectivo. É o que se pede a todos eles.
Ao lado, na TVI, um bailado garboso (é a palavra que me ocorre) de musical americano, dos que se vêem em Londres ou NovaIorque.
Estou com muita curiosidade para ler as audiências das galas concorrentes. A RTP terá apanhado apenas os saudosos da Madalena Iglésias e colegas.

Domingo, Março 11, 2007 3:50:00 AM
tender disse...
touchée

Domingo, Março 11, 2007 1:55:00 PM
Hugo disse...
Gostei do seu ponto de vista.Fui vendo ambas as galas em sistema de Zapping, coisa muito em voga por estes tempos e do que vi preferi a da RTP(embora fique sabendo que se trata de uma copia da festa dos 50 anos da TVE pelo menos,a que eu assisti um pouco á já algum tempo.Penso até que a Endemol produziu as 2 é o mal desta globalisação das coisas).A da RTP teve como se sabe o famoso momento do Reninho digno de um progrma do gato fedorento, de resto esteve tudo muito bem,gostei do momento da Mafalda Arnauth e de ver aquelas caras todas fazem parte da minha vida da sua e de todos os portugueses.Em relação á da TVI gostei do momento da Marina Mota(que saudades dos seus bons tempos), achei despropsitado o momento Miss Saigão não era adequado ao monumento em causa nem o momento do Brasil, de resto esteve bem, tal como o La Feria sabe fazer.
No meio disto tudo quem perdeu foi o povo de portugal, que ou tem tudo ou não tem nada.Pior ainda ainda é esta guerra estupida(em tudo semelhante á que querem fazer entre Herman/gato fedorento não têm razão de ser)e ainda bem que foi a RTP a ganhar a noite.

Domingo, Março 11, 2007 7:10:00 PM
Yardbird disse...
Meu caro Lauro António,
Atrasada, mas mesmo assim gostaria de deixar expressa a minha opinião sobre vários aspectos por si abordados neste texto.
Não é de forma alguma compreensível o esquecimento a que algumas figuras foram votadas (uma delas você - não se trata de "graxa" mas da constatação de um facto - que se tornou, de facto, incontornável quando se falava de cinema na RTP, e tanto assim é que até deu origem a uma das mais hilariantes criações do grande Herman), principalmente quando se chamam ao palco figuras menores, para não dizer insignificantes (apesar de não ser grande entusiasta, parece-me que a Simone também não terá sido chamada). Mas quue quuer, a memória dos homens é curta e a gratidão ainda mais.
Sobre o espectáculo, confesso que esperava um pouco mais, que não só auto-elogios e o evocar de figuras. Mas pronto, era um programa evocativo, situou-se num nivel razoável.
O da TVI não vi. Como o meu caro, só ligo aquele canal para ver o Sporting. De resto recuso-me pura e simplesmente a ver (e esta recusa estende-se também á SIC, excepção feita ao programa do Herman, apesar da sua debilidade - aqui para nós, acho que o andam a querer tramar). Seja ou não um espectáculo do La Féria (que nem sequer aprecio particularmente, descuulpe lá a divergência). E esta minha recusa tem muito a ver com a falta de respeito de que alguns dos seus comentadores falam, não em relação à RTP particularmente, mas em relação a nós, que assistimos e que somos brindados diariamente com programa de um baixo nível atroz.
É por isso que os canais de cabo que transmitem séries de qualidade e filmes, se vão assenhorando de uma fatia de publico cada vez mais significativa.
E já agora, se não viu eu conto-lhe: na emissão da RTP foram ouvidas algumas figuras que tendo "nascido" na RTP se transferiram para os outros dois canais. Todos eles demonstraram a sua simpatia pela casa que os lançou. Só a D manuela moura guedes foi igual a si própria, com uma postura a que infelizmente já habituou toda a gente. Melhor fôra não aceitar dizer nada.
Os meus cumprimentos para si e felicidades para o evento do fim de semana.

Quarta-feira, Março 14, 2007 2:53:00 PM
Nan disse...
1. Optei pela gala da RTP por um simples (?) motivo: não vou estar aqui a poder recordar, daqui a outros 50 anos o que entretanto neles se passar nesta estação televisiva, como recordei os últimos 50 que fizeram, a maior parte deles, parte da minha vida. Onde me senti acompanhada, onde me distraí, onde também aprendi. Diria o mesmo se pudesse aqui estar por altura de qualquer 50º aniversário de qualquer dos outros canais portugueses. Todos eles são serviço público.

2. Achei desonesto (concorrência desleal) da parte da TVI, não terem tido a atenção de optarem, excepcionalmente, por outra data - datas planeadas há muito tempo, portanto passíveis de acordo amigável. Ganharíamos todos. É que dias 7 há muitos...mas não me parece curial que um canal como a RTP se pudesse apresentar perante o país a comemorar um aniversário como este a dia 8 ou 9...
E seria bonito a TVI, no seu próprio espectáculo, referir esse gesto como oferta à mãe de todos os canais de televisão em Portugal. E bonito seria a RTP referir, na sua Gala, o gesto nobre da TVI.
Mas confesso que não esperei nada disso; nunca achei que fôssemos um país educado e de brandos costumes.

3. Por falar em educação - e ombridade - repito aqui o que já comentei no meu blog: a injustiça que foi não te terem convidado para a Gala. Pareço dizer pouco quanto a este facto mas acredita que quero dizer muito.

4. A Gala comoveu-me até às lágrimas mas não me toldou o sentido critico. A forma podia ser a mesma mas já não digo o mesmo do conteúdo. Lacunas imperdoáveis. Escassa repescagem de arquivos. Alguns tempos muito mal aproveitados. Desempenhos entregues a pessoas que não tinham nada a ver com quem se pretendia homenagear, como foi o caso do Rui Reininho. Fiquei boquiaberta - eu, que até sempre considerei os GNR a melhor banda de rock em Portugal. Qualquer miúdo saído desses concursos que por aí pululam, de descobertas de novos talentos, teria feito muito melhor. Cá para nós: ele pareceu-te num estado normal?

5. Só acrescentar que este género de espectáculos não fazem o meu género, assim como não o fazem os do La Féria, a quem, no entanto, não retiro o valor. Reconhecer que algo é bom e gostar desse algo não são a mesma coisa. Tipo reconhecer o valor duns Beatles e nunca ter vibrado com nada deles. Acho que percebes...
Não fazem o meu género, como dizia. Mas eram os 50 anos de uma coisa que amenizou a solidão de milhares de pessoas, com o esforço, muitas vezes abnegado, de muitos "carolas".
Se é que ainda conseguimos sentir solidariedade...

Soube-me a pouco o que disse, embora tenha feito o maior comentário que alguma vez fiz num blog, e que, aqui ou ali, tenha perdido o fio condutor. Mas pronto.

E tu não te esqueças que também quem não está connosco não está, necessariamente, contra nós.
Tu és tu e sabes o que vales. Como todos nós. Neste contexto, o resto é folclore...

Beijo

e

don't look that trailer too much :)

Quinta-feira, Março 15, 2007 3:42:00 AM
Nan disse...
Adenda: Hoje não vejo muita televisão, excepção feita às notícias, enquanto ando dum lado para o outro em casa, a curtir uma de fada do lar, um ou outro debate temático e ao cinema - sempre, sempre antes de dormir. E, para isto, uso qualquer dos canais. O único critério que sigo é o do meu gosto, daquilo que me preenche.
E encontro de que gostar seja em que canal fôr.
O meu comentário anterior não foi, por isso, parcial. Até acho que - e não sofro de patriotite aguda - qualquer dos nossos canais televisivos rivaliza, na boa, com qualquer outro de países considerados mais desenvolvidos que o nosso.
Abusa-se demais nas novelas...mas também não há bela sem senão...

(pronto, calo-me já...:)]

Quinta-feira, Março 15, 2007 3:54:00 AM
Lauro António disse...
Meus caros, que bom lê-los, mesmo quando discordam de mim. Os blogues têm isso de notável, dar a voz a todos em igualdade de circunstâncias.
A gala da RTP foi retransmitida. Vi-a quase toda. Teve alguns momentos aceitáveis, concordo. Continuo a não achar graça nenhuma à forma como foram recuperar a considerada "velhada" da casa (estilo venham cá dar um ar arzinho da vossa graça, comovam lá o pagode, e voltem depois para o armário). Mas apesar disso, e do indigente Festival da Canção que deram logo nos dias a seguir (que canções! que humor!), é obvio que não há comparação entre a RTP e a TVI, globalmente.
Eu quase só vejo RTP e vejo bastante coisas de que gosto: os telejornais (que me parecem muito equilibrados, e nada tendenciosos, como às vezes são acusados), as grandes entrevistas, os prós e contras, os comentários de Marcelo e Vitorino, o um contra todos (pois, gosto do Malato e gosto de programas deste género, de pergunta e resposta), enfim, há muita coisa na RTP boa. Nos outros canais, pelo contrário, há por vezes uma ou outra coisa aceitável, e muitas, mas mesmo muitas, intoleráveis. Mesmo assim, estou (quase) de acordo com Nan (obrigado pelo maior comentário alguma vez escrito num blogue que não o teu!): os canais de televisão portugueses são por vezes bem melhores do que o que se pode ver em muitas televisões estrangeiras, de Espanha, França, Alemanha, Itália, Brasil, Argentina, México, etc....
Outra coisa que detesto nos portugueses é esta auto-crítica sistemática, este desprezo metódico, compulsivo, militante contra tudo o que é português. Não somos os melhores do mundo (os melhores do mundo são os americanos, não é? – vejam lá o que dizem deles!), mas temos muitos “melhores do mundo” para um país tão pequenino.
De resto, há dias vi uma estatística que me deixou muito satisfeito: entre os países mais detestados e ameaçadores do mundo, não estávamos na “shot list” nem que eu visse em lista nenhuma. E os “melhores do mundo” de todos os cambiante políticos (e religiosos!) estavam lá.
Mais uma vez, obrigado a todos.

Quinta-feira, Março 15, 2007 12:42:00 PM
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sábado, março 03, 2007

UTE LEMPER DE NOVO EM PORTUGAL


UTE LEMPER
EM PORTUGAL

A produtora de espectáculos Décima Colina anuncia três novos espectáculos de Ute Lemper em Portugal. Quem me conhece um pouco nao era preciso sugerir-me uma nota no blogue: eu faria tudo por esta femme fatal da música, uma das minhas divas preferidas. Aqui fica o programa das festas, e espero firmemente não perder pelo menos uma das actuações.



4 Maio, Casa da Música - Porto
5 Maio, Teatro das Figuras - Faro
6 Maio, Centro Cultural de Belém - Lisboa


Transcrevo, e faço minhas, as palavras do desdobrável da "Décima Colina":

Com uma sensibilidade penetrante, aventurosa e sofisticada, Ute Lemper conta com um versátil e sofisticado repertório de músicas onde constam as participações e inspirações alemãs de Kurt Weill, as canções francesas de Jacques Prévert, os poemas belgas de Jacques Brel, o rock alternativo dos contemporâneos Tom Waits, Elvis Costello e Nick Cave, co-habitando com Gershwin e Michael Nyman.
Esta estrela de cabaret alemã, que deslumbra na pintura, na dança e no cinema, também mostrou a sua voz flexível e expressiva em musicais como o Cats, Chicago e Cabaret, onde cantou “All That Jazz”, valendo-lhe prémios para Melhor Actriz num Musical, uma nomeação de “Crossover Artist of the Year” pela revista Billboard e inúmeros prémios internacionais de gravações. Toda esta carreira de actuações vem de um compromisso entre esta glamorosa femme fatale e a sua paixão com a arte, a política e a história e com um relacionamento complicado e contencioso com a sua pátria.
Para os amantes da música, com enfase na teatralidade e na emoção, Ute Lemper, bela, talentosa e charmosa diva comparada a Edith Piaf, Marlene Dietrich e Greta Garbo, traz a Portugal “Voyage”, um espectáculo com a sua marca única e inconfundível, onde nos levará ao mundo de Brel, Piaf, Weill, Hollaender e Waits.

TEATRO EM LISBOA - Frozen



FROZEN - PRESOS NO GELO


Na Sala Estúdio do Teatro Nacional D. Maria II, “Frozen - Presos no Gelo”, a peça da britânica Bryony Lavery, é um espectáculo a não perder. Aborda questões essenciais como a vida e a morte, o pecado e a culpa, a vingança e o perdão, tendo como base o caso de um “serial killer” pedófilo que rapta, abusa sexualmente e mata uma miúda. Uma entre várias, mas é dessa que vamos acompanhar a dor da mãe, a sua relação com o assassino e com uma psicóloga que estuda o comportamento de “serial killers”.
Marcia Haufrecht, especialista no “Método” de Lee Strasberg, foi a encenadora, que sobre esta obra disse: “Tinha visto a peça representada em Nova Iorque e quando a Lídia Franco me pediu para pensar num texto que ela pudesse representar, e que ainda não tivesse sido feito em Portugal, este veio-me à cabeça. Tem um tema muito poderoso que, necessariamente, causa algum sofrimento aos actores.” “Aliás, acho que isso acontece na construção de qualquer espectáculo...”, acrescenta. “O sofrimento é inevitável. É verdade que aqui todas as personagens têm de se confrontar com perdas pessoais dolorosas, mas até nas comédias se sofre porque a maior parte delas tem como tema profundo as grandes tragédias humanas...” Marcia Haufrecht não pretendeu, portanto, um melodrama social, mas uma visão de um microcosmo da Humanidade com a sua complexidade própria, onde a tragédia e o humor coabitam, onde o desespero e a esperança andam lado a lado.
A peça funciona quase como três monólogos entrecruzados, em que cada personagem vai contando, a espaços, a sua razão de ser e fala dos seus propósitos. A encenação é sóbria, sem nada de muito especial a fazê-la sobressair. O que conta, e nisso o “Método” tem as suas vantagens, é o trabalho dos actores. Bruno Schiappa é Ralph, o assassino, de corpo tatuado e alma desfigurada, um obsessivo-compulsivo metódico, obcecado com a limpeza, meticuloso e explosivo quando contrariado. Quase sem se aperceber do que faz, sempre que a oportunidade surge, empurra uma miúda para dentro da sua furgoneta, leva-a consigo, grava as “conversas” com elas em vídeo, viola-as e mata-as, sem sequer perceber por que esta “actividade” é ilícita. É isso que a Drª Agnetha Gottmundsdottir, como psicóloga, e Nancy, mãe de uma das suas vítimas, vão tentar “ajudá-lo” a perceber. Vão também elas “torturá-lo” à sua maneira. É Lídia Franco quem interpreta Nancy, a mãe amargurada pelo desaparecimento da filha, depois destruída pela sua morte, finalmente vingada no confronto pessoal com o assassino. Para encontrar uma finalidade para a sua solidão e dor, inscreve-se numa associação de pais que perderam os filhos. Só vinte anos depois descobre a verdade, que Rhona, a filha desaparecida, morrera às mãos de um pedófilo coleccionador de cadáveres.
Suzana Borges é a mulher que dedica a vida a tentar perceber como funciona a mente de um assassino em série. A sua teoria é a de que os “serial killers” nem sempre são “pessoas más”, muitas vezes são apenas pessoas traumatizadas, também elas ofendidas, mal tratadas, que não sabem distinguir o Bem do Mal. Bruno Schiappa tem aqui “o” papel da sua vida (pelo menos até agora, e dentro do que dele vi). Um trabalho absolutamente invulgar, que vai desde a forma como assume o seu corpo, como interioriza a personagem, como fala, como persiste nos tiques, como lentamente vai deixando crescer a angústia e a instala em seu redor. Lídia Franco é igualmente brilhante, num dos melhores papeis que dela vimos (disse-lhe no final da sessão como gostaria de a dirigir em Blanche DuBois, de “O Eléctrico Chamado Desejo”, que ela faria brilhantemente, tenho a certeza). Suzana Borges, que muito admiro de obras anterior, é mais irregular, mas tem momentos muito bons, nesta representação de actores, num palco quase nu, onde as emoções se dilatam até extremos quase insuportáveis. Muito bom, ainda que doloroso. Mas a dor, em arte, pode ser um bom trampolim para o conhecimento de nós próprios.

sexta-feira, março 02, 2007

TEATRO EM OEIRAS - Felizmente não é Natal

"Felizmente não é Natal"
em Oeiras

"Felizmente não é Natal", comédia do catalão Carles Alberola, estreou ontem no Centro de Artes Dramáticas de Oeiras, no Auditório Eunice Munoz, bem no centro antigo da cidade. No elenco, dois “monstros sagrados” do nosso teatro: Lourdes Norberto e Manuela Maria, acompanhados por Paula Lobo Antunes e Álvaro Faria. Uma lição da arte de representar que sabe bem ver e deliciarmo-nos com ela. Lourdes Norberto e Manuela Maria são magníficas, completam-se, opõem-se, mesclam-se, juntam-se, afastam-se e, no seu diálogo, criam personagens que humanizam e se aproximam de nós de forma vibrante, secreta, discreta.
Nascido em Alzira, em 1964, Carles Alberola diz da obra que ela "retrata as distintas visões" que duas mulheres alojadas num Lar para idosos "têm da solidão como condenação". "Uma delas - explicou Alberola - procura refúgio na ficção, inventando mês após mês a visita do seu filho, que não vai vê-la há seis anos, e a outra luta por cada pequeno fragmento de felicidade que o dia-a-dia lhes pode dar, enquanto espera que a morte lhe tire tudo". O dramaturgo contou ainda ter sido uma frase da mãe que o inspirou a escrever este texto: "A nós, velhos, já ninguém quer. Incomodamos".
Um lar de terceira idade parece não ser cenário apropriado para uma comédia, mas funciona bem. Aquele quarto que nada tem de especial e por onde perpassa uma solidão imensa enche-se de amargura mas também da ironia e do sarcasmo, da ternura e da fragilidade de duas mulheres que Lourdes Norberto e Manuel Maria “inventam” com uma agilidade e segurança notáveis. A encenação é de Celso Cleto e tem a vantagem de ser eficaz, sóbria, procurando sobretudo sublinhar o trabalho dos actores, o que já tinha sido a receita de “Miss Dayse”.
Para quem, não há muito, acompanhou a mãe durante três semanas num lar destes, e depois a teve de conduzir de ambulância ao hospital, donde não sairia mais, uma obra destas poderia ser difícil de suportar. Mas o registo é amável e o retrato sincero e justo. A ironia é terna, o olhar meigo, sem ser piegas. Boa peça, entrelaçada num diálogo escorreito, traduzida com a justeza de sempre de Marta Mendonça. A iluminação é aconchegante quando a penumbra invade o quarto, demasiado agressiva no restante tempo, mas globalmente este é um espectáculo que sabe bem ver.
"Felizmente não é Natal" terá mais três representações no Centro, no Auditório Municipal Eunice Muñoz, às 21:30, nos dias 2 e 3 de Março e às 17:00 no dia 4. Inicia depois uma digressão que levará o espectáculo aos Açores e ao Porto, regressando a Oeiras, para mais uma série de representações entre Abril e Junho.