sábado, junho 28, 2014

TEATRO: TOMORROW MORNING


TOMORROW MORNING

“Tomorrow Morning” é um musical que recentemente subiu aos palcos mundiais, com origem em Inglaterra. Passou depois por alguns dos maiores teatros de países como os EUA, a Austrália,  Coreia do Sul e outros. Chegou agora a Portugal, abrindo, no Auditório dos Oceanos, no Casino de Lisboa, uma temporada curta, entre 4 e 29 de Junho.
“Tomorrow Morning” tem letra e música do compositor e escritor britânico, Laurence Mark Wythe, tendo estreado no New End Theatre, em Londres, em 2006. Quando se esteou em Chicago, o texto e a estrutura foram rectificados. A versão que chega até nós acompanha a de Chicago e tem tradução e adaptação de Ana Cardoso Pires, Miguel Dias e Eduardo Barreto, e encenação deste último.
Em palco, numa caixa que se abre para revelar os segredos de dois casais, uma historieta não muito original: um casal que já passou os 40 e se prepara para o divórcio, e um casal próximo dos 30 que organiza o próximo casamento. 
Os mais novos são Jonny (Ruben Madureira) e Kati (Sissi Martins) e os veteranos João (Mário Redondo) e Catarina (Wanda Stuart). A partir de certa altura, percebe-se claramente que os dois casais são um só, mas em tempos diferentes das suas vidas. Enfim, o amor, o casamento, as traições, a culpa, o perdão, a esperança. A vida. Nada de muito novo e, sobretudo, nada de surpreendente. Nem no assunto, nem na forma deste ser abordado. 

Mas a banda sonora, muito na tradição do musical britânico, ouve-se com agrado, a encenação é cuidadosa e revela alguma imaginação, e os quatro actores/cantores são de qualidade acima da média, e defendem bem as suas personagens. São eles basicamente quem sustenta o possível sucesso deste musical por terras lusitanas, mostrando mais uma vez que o musical é possível entre nós. Talento existe.
   

quinta-feira, junho 26, 2014

CINEMA: THE MONUMENTS MEN


THE MONUMENTS MEN 
OS CAÇADORES DE TESOUROS

George Clooney é uma personalidade particularmente fascinante no interior da indústria cinematográfica norte-americana. Actor de boa presença, com perfil adequado para galã, não rejeita papéis em comédias sentimentais e aventuras, mas assume-se como personalidade de convicções e projectos liberais, o que nos EUA quer dizer ser mais ou menos de esquerda ou, se preferirem, ter opções progressistas. O que se demonstra bem na sua curta filmografia como realizador, iniciada em 2002, com “Confissões de Uma Mente Perigosa” e continuada com três títulos particularmente interessantes “Boa Noite, e Boa Sorte” (2005), “Jogo Sujo” (2008) e “Nos Idos de Março” (2011). “The Monuments Men - Os Caçadores de Tesouros” é já de 2014 e nele concentra um conjunto de funções que não será escusado relembrar: ele é actor, realizador, produtor e argumentista, o que mostra bem a forma interessada como encarou este projecto.
“The Monuments Men” é algo pouco conhecido do grande público. São às centenas os filmes que documentam, melhor ou pior, os massacres humanos, o holocausto, o desespero e o terror vividos por milhões durante o tenebroso reino do III Reich e do seu megalómano chefe Adolf Hitler. O “The Monuments Men, Fine Arts and Archives”, conhecido pela sigla MFAA, e que se pode traduzir por “os homens dos monumentos, belas artes e arquivos”, foi uma força especial criada pelos Aliados, depois dos EUA terem entrado na II Guerra Mundial, e que, entre 1943 e 1951, portanto apanhando os anos finais do conflito e os que se seguiram ao cessar fogo, tentaram identificar, localizar, recuperar, proteger, e finalmente devolver aos seus legítimos proprietários milhões de obras de arte, quer fossem pinturas, esculturas, cerâmicas, móveis, tapeçarias, jóias, quer se tratasse de bibliotecas, livros raros, pergaminhos, etc. que haviam sido saqueadas pelas tropas nazis durante a ocupação em terras estrangeiras. As vítimas eram de todo o género, mas particularmente milionários judeus, Rotschild, Paul Rosenberg, David-Weil, Schoss, Berheim-Jeune, Alphonse Khan, Fritz Gusmann, entre outros. Esta pilhagem maciça de obras de arte destinava-se a rechear os museus alemães e as colecções particulares de Hitler, Goering, von Ribbentrop, e outros altos dignatários do III Reich, além de alindarem sedes e departamentos governamentais e do partido nacional-socialista. Mas havia uma meta em especial na mente de Hitler: o museu a criar na cidadezinha austríaca de Linz e que se destinava a ser o melhor museu do mundo no que diria respeito à arte da Europa do Norte, dado que para o Führer só existia a arte ariana, toda a outra era “degenerada” e destinada à destruição. Tal como os judeus, ciganos, negros, comunistas, socialistas e todos quantos se opunham às intenções do predestinado leader.
Esta força especial tinha a cobertura do presidente Roosevelt e do general Eisenhower, era formada não por militares de carreira, mas por arqueólogos, arquitectos, directores de museus, professores universitários de instituições como Harvard, Yale, Princeton, New York, Williams College ou Columbia University, e especialistas afins, que se ofereceram voluntariamente para a integrarem. Eram raros os que contavam menos de 40 anos e alguns rondavam a casa dos 60. Era uma missão arriscada para qualquer um, mais ainda para estes destreinados “artistas” pouco dados a artes marciais. Vinham sobretudo dos Estados Unidos da América e de Inglaterra, mas havia-os também do Canadá, de França, de Itália, e de muitos outros países. Tantos quantos os que integravam as forças Aliadas. No total, não eram mais de 400, distribuídos por vários teatros de operações. O filme de George Clooney, que adapta a obra “Os Homens dos Monumentos”, de Robert M. Edsel e Bret Witter, foca o caso de uma dúzia deles, dando especial enfoque a seis ou sete dos que tiveram contribuição mais relevante e também mais espectacular. Na vida real chamavam-se Ronald Balfour, Harry Enlinger, Walter Hancock, Walter Hutchthausen, Jacques Jaujard, Lincoln Kirstein, Robert Posey, James Rorimer e Gerge Stoout, para além de Rose Valland, uma civil francesa a que se atribui ainda especial atenção, pois era a responsável pela catalogação das obras no Jeu de Paume, em Paris. No filme, as personagens criadas pelos actores são conhecidas por diferentes nomes: George Clooney (Frank Stokes), Matt Damon (James Granger), Bill Murray (Richard Campbell), John Goodman (Walter Garfield), Jean Dujardin (Jean Claude Clermont), Hugh Bonneville (Donald Jeffries), Bob Balaban (Preston Savitz) ou Dimitri Leonidas (Sam Epstein) e mesmo Cate Blanchett, que revive o papel de Rose Valland, se chama Claire Simone.

O filme é interessante e vale sobretudo por colocar em discussão a questão desse “museu universal” pilhado pelos nazis. Mas, apesar da excelente reconstituição, da eficácia dos meios, da qualidade técnica indiscutível, das boas interpretações de um grande elenco, falta-lhe alguma profundidade. Há temas que são abordados, mas apenas pela rama. Vale a pena arriscar uma vida humana por uma obra de arte? É um deles. Tema que se mantém em discussão há muito. Relembro há anos uma resposta do escultor suíço Alberto Giacometti, quando lhe perguntaram se, na alterativa de salvar um gato ou uma obra de arte, o que ele escolheria, ao que o artista não hesitou e indicou o gato. Esta questão levanta-se várias vezes durante a projecção e é interessante.
Mas ainda mais curioso seria uma outra questão reflectindo sobre a importância da arte para Hitler. Por que razão Hitler deu tanta importância à arte? Ele foi, na sua juventude, um aguarelista medíocre, e viu recusada a sua matrícula na Academia de Artes de Viena de Áustria. Assistimos assim a uma vingança com explicação psicanalítica? Hitler quer levar para a Alemanha todas as obras de arte que ele reputa de essenciais, ou seja todas as produzidas por artistas do Norte da Europa, de raça ariana. Coloca aqui desde logo a arte ao serviço da sua política: a grande arte dos povos do Norte da Europa, contra a arte degenerada do sul. A arte ariana contra a arte dos judeus e das gentes do Sul. Primeiro ponto da instrumentalização da arte ao serviço da política.
Mas há mais ramificações nesta opção: Hitler percebeu que a arte é o que fica do espírito humano. Os homens passam, a arte fica. Roubar a arte de um povo é roubar a sua alma, humilhar os povos invadidos, tornar visível a sua cobardia, a sua insignificância. É obviamente uma vampirização da arte dos povos ocupados. Um povo que se alimenta com a seiva cultural e artística de outros povos. 
Concorrendo com esta há uma outra conclusão a retirar da sua metodologia de pilhagem: só exige que viajem para a Alemanha as obras dos artistas nórdicos, de Rembrandt e Vermeer. Sem nenhuma contaminação judaica. As obras da modernidade europeia não lhe interessam, destrói-as ou manda-as vender para trocar por outras da sua preferência. O que indica um claro dirigismo estético, de um radicalismo como raras vezes se viu ao longo da História.


Mas o filme de George Clooney fica-se quase pela “aventura pela aventura”. Seria muito mais interessante ser um pouco mais profundo na análise das questões centrais que esta pilhagem levantava. Assim “The Monuments Men - Os Caçadores de Tesouros” é uma especie de inverso de “12 Indomáveis Patifes”, de Robert Aldrich (1967), onde se reunia um conjunto de 12 cadastrados para uma operação altamente perigosa, em território ocupado pelas tropas nazis. Tal como outros títulos que evocam situações idênticas, “Heróis por Conta Própria”, de Brian Hotton (1970), “Três Reis”, de David O. Russell (1999) ou mesmo “Sacanas Sem Lei”, de Quentin Tarantino (2009), deixando de lado alguns mais. Curiosamente, esta aventura de Clooney remete um pouco para o espírito de grupo da trilogia de Steven Soderbergh, “Ocean's Eleven” (2001), “Ocean's 12” (2004) ou “Ocean's Thirteen” (2007), curiosamente interpretada pelo próprio George Clooney e o seu grupo de amigos (o que sugere alguma aproximação ao primitivo “Os Onze de Oceano” (1960), de Lewis Milestone, protagonizado por Frank Sinatra, e o seu “rat pack”, Dean Martin, Sammy Davis Jr., Peter Lawford, Joey Bishop, entre outros).
Enfim, um filme de entretenimento que levanta algumas questões importantes, mas que infelizmente as deixa a meio caminho da discussão. Uma oportunidade perdida para se ir mais longe.

Nota 1: para lá de “Os Homens dos Monumentos”, de Robert M. Edsel e Bret Witter (ed. Circulo de Leitores), obra donde parte este filme, será de toda a utilidade ler igualmente “O Museu Imaginário”, de Héctor Feliciano (ed. Dom Quixote).
Nota 2: Este texto resume uma comunicação apresentada durante o II Colóquio “Dinâmicas Históricas no Cinema”, uma iniciativa do Instituto Prometheus, Universidade Aberta e Museu da Farmácia (21 de Junho 2014).

THE MONUMENTS MEN - OS CAÇADORES DE TESOUROS
Título original: The Monuments Men

Realização: George Clooney (EUA, Alemanha, 2014); Argumento: George Clooney, Grant Heslov, segundo obra de Robert M. Edsel e Bret Witter; Produção: George Clooney, Christoph Fisser, Barbara A. Hall, Grant Heslov, Henning Molfenter, Charlie Woebcken; Música: Alexandre Desplat; Fotografia (cor): Phedon Papamichael; Montagem: Stephen Mirrione; Casting: Jina Jay; Design de produção: James D. Bissell; Direcção artística: Helen Jarvis, Cornelia Ott, David Scheunemann; Decoração: Bernhard Henrich; Guarda-roupa:  Louise Frogley; Maquilhagem: Christine Beveridge, Jessica Haupt, Jan Kempkens, Petra Schaumann, Valeska Schitthelm, Daniela Skala, Heba Thorisdottir; Direcção de Produção:  Sam Breckman, Michelle Lankwarden, Daniel Mattig, Arno Neubauer, Jason Nightingale, Jessie Thiele; Assistentes de realização: Carlos Fidel, Barney Hughes, Caroline Kaempfer, Philipp Kramer, Danny McGrath, David J. Webb, Laura Wootton, etc.  Departamento de arte: Pablo Alza, Kevin Anthony, Silke Bauer, Axel Boden, Henning Brehm, Archie Campbell- Baldwin, Dominik Capodieci, Steve Deane, Dierk Grahlow, Robin Haefs, Tine Hoefke, Jan Hülpüsch, Sonja Kirch, Michael Lieb, Chris Lowe, Stephanie Rass, Dalia Salamah;  Som: James Harrison, Oliver Tarney; Efeitos especiais: Bernd Rautenberg, Michael Rudnik, Jürgen Thiel, Thomas Thiele, Neil Toddy Todd, Zoltan Toth, etc.  Efeitos visuais: Angus Bickerton, Oliver Cubbage, Ben Fleming, Wesley Froud, Steffen Hagen, Uday Joshi, Dominic Parker, Michelle Teefey-Lee, Chris Wenting, etc. Companhias de produção: Columbia Pictures, Fox 2000 Pictures, Smokehouse Pictures, Obelisk Productions, Studio Babelsberg; Intérpretes: George Clooney (Frank Stokes), Matt Damon (James Granger), Bill Murray (Richard Campbell), Cate Blanchett (Claire Simone), John Goodman (Walter Garfield), Jean Dujardin (Jean Claude Clermont), Hugh Bonneville (Donald Jeffries), Bob Balaban (Preston Savitz), Dimitri Leonidas (Sam Epstein), Justus von Dohnányi (Viktor Stahl), Holger Handtke (Coronel Wegner), Michael Hofland (Padre Claude), Zahary Baharov (Comandante Elya), Michael Brandner (Dentista), Sam Hazeldine (Coronel Langton), Miles Jupp (Major Feilding), Alexandre Desplat (Emile), Diarmaid Murtagh (Captain Harpen), Serge Hazanavicius (Rene Armand), Luc Feit (Aachen Vicar), Emil von Schönfels (Jovem atirador), Udo Kroschwald (Hermann Goering), Aurélia Poirier, Grant Heslov, Matthew Maguire, Michael Dalton, Christian Rodska, Stefan Kolosko, Thomas Wingrich, Oliver Devoti, James Payton, Lucas Tavernier, Oscar Copp, Luciana Castellucci, Declan Mills, Richard Crehan, André Hinderlich, Maximilian Seidel, Marcel Mols, Matt Rippy, John Dagleish, Andrew Byron, Nicolas Heidrich, Aidan Sharp, Xavier Laurent, Ben-Ryan Davies, Nick Clooney, Joel Basman, Andrew Alexander, etc. Duração: 118 minutos; Distribuição em Portugal: Columbia Pictures; Classificação etária: M/ 12 anos; Data de estreia em Portugal: 20 de Fevereiro de 2014.

TEATRO: FERNÃO MENTES?


FERNÃO, MENTES?


Foi em 1981, ainda na velha sala de “A Barraca”, ali quase ao lado do Largo do Rato, que subiu pela primeira vez a cena “Fernão, Mentes?”, um texto de Hélder Costa adaptando excertos da “Peregrinação”, de Fernão Mendes Pinto, obra mítica do imaginário literário português, que nos fala dos descobrimentos e da colonização portuguesa pelo mundo, versão nacional e pitoresca de um Marco Polo que viaja incessantemente pelo Oriente e tenta desenvencilhar-se o melhor que pode das embrulhadas em que vai caindo e também das que vai provocando. O espectáculo foi um sucesso em Portugal e por vários países por onde foi passando, servindo para consolidar o lugar de uma companhia teatral na altura recentemente formada.
Trinta e três anos depois, e aproveitando as comemorações dos 400 anos do aparecimento de “A Peregrinação”, o espectáculo é reposto pela mesma companhia, conservando a mesma estrutura e estética, mas com novo elenco, no Teatro da Trindade, em Lisboa. O êxito volta a repetir-se, perante um certo espanto das gerações mais jovens. É que se pode fazer excelente teatro com muito poucos meios e muita imaginação. Num palco quase deserto, com uma vela enfunada por pano de fundo, onde se desenha um mapa mundo, uma dúzia de actores, de camisa e calças de linho bege, um barrete vermelho que indica o protagonista, e que vai evoluindo de cabaça em cabeça (Fernão Mendes somos todos, não é?), uma guitarra e meia dúzia de adereços e vestuário improvisado que vai indicando as mudanças de usos e costumes orientais, e o essencial está lá. Um bela história de um português desenrascado (e muitas vezes enrascado) em peregrinação por outras terras e outras gentes.
No texto de apresentação do espectáculo original, Hélder Costa escrevia: “A Peregrinação”, de Fernão Mendes Pinto, verdadeiro monumento da literatura universal que ainda poucos portugueses conhecem, relata a personalidade e a vivência do seu autor (...) As peripécias porque passou esse “pobre” português têm pouco de grandiloquência, glórias guerreiras ou santidade exemplar. Mas têm tudo de verdade, têm tudo da vida. Os medos, as riquezas súbitas, a astúcia, a miséria, a desgraça, a audácia, o “safar a pele”, a inteligência, a solidariedade, e acima de tudo, um final de vida tranquilo que permite olhar para trás sem remorsos nem arrependimentos e transforma Fernão Mendes Pinto no arquétipo do homem do povo da grande gesta dos Descobrimentos, da arraia miúda, que construiu o país que somos, que foi colonialista e racista, sensível e humilde, gloriosa e rasteira.
O homem dividido é um homem de olhos abertos perante a vida. O homem que tem capacidade para se interrogar, que se confronta com as suas fraquezas e se orgulha das coisas boas que faz. Um pouco como nós todos, não é?”
Pode dizer-se que este é um exemplo magnífico de uma certa estética de “teatro pobre” que vive sobretudo da discussão de ideias, da imaginação da sua encenação, da energia e da alegria do seu elenco e do talento de um grupo que vai do texto às canções, do guarda-roupa às marcações, e se estende do palco à plateia. Injusto seria destacar nomes. É o conjunto que faz a força e torna obrigatória esta revisão (para uns) e esta descoberta (para tantos outros).  

FERNÃO MENTES?

Encenação e Adaptação: Hélder Costa; Música; Zeca Afonso | Fausto | Orlando Costa; Direcção de Arte: Maria do Céu Guerra; Direcção musical: João Maria Pinto; Direcção técnica: Paulo Vargues; Adereços: Marta Fernandes da Silva, Miguel Figueiredo; Costureira: Zélia Santos: Intérpretes: João Maria Pinto, Adérito Lopes, Ruben Garcia, Rui Sá, Sérgio Moras, Susana Cacela, Tiago Barbosa; Estagiários: Teresa Mello Sampayo, João Parreira, Inês Fragata;  Participação especial: Maria do Céu Guerra; Sonoplastia: Ricardo Santos, Iluminação: Paulo Vargues; Relações públicas / secretariado: Inês Costa | Paula Coelho; Cartaz / design gráfico: Arnaldo Costeira | Mónica Lameiro; Fotografias: Pedro Soares; Produção: A Barraca. Teatro da Trindade: de quarta a sábado (21,30h), domingo (18,00h), até 29 de Junho de 2014.