domingo, março 29, 2009

PORTUGAL-SUÉCIA

:
Mas o que é isto? pergunta o melhor do mundo

PARA O LADO E PARA TRÁS
O ADEUS AO MUNDIAL

O que se deve retirar deste 0-0 do Portugal-Suécia?
Que Portugal está afastado do Campeonato do Mundo da África do Sul?
Para mim essa era uma realidade desde o empate com a Albânia. Para nós o Campeonato vai ser visto pela TV, no sofá, sem a excitação de lá termos os nossos melhores do mundo. Não é ser pessimista, é ser realista. Entrámos num dos grupos mais acessíveis do apuramento europeu, e o resultado, ao fim de cinco jogos, são os mesmos pontos que a Albânia.
Mas há que retirar lições.
Com a Suécia jogámos bem?
Sim, jogámos bem, aquele jogo que faz que anda mas não anda, que me faz sempre lembrar o primeiro Indiana Jones, aquele duelo entre o mestre do chicote que o esgrimia sabiamente, mas que o Indiana arruma com um tiro único de revólver. Estilo, danças bem, mas não me encantas. Lembrou-me também os malfadados jogos do Sporting-Bayern, o Sporting a triangular e a lateralizar e os alemães a marcarem. Cada tiro, cada melro.
Ontem, os Suecos podiam ter ganho. Bastava terem tido sorte num daqueles contra-ataques venenosos.
As equipas portuguesas não sabem jogar contra o pragmatismo de outras selecções ou equipas de clubes. Somos mestres no para trás e para o lado, mas rematar certeiro é coisa que nos atrapalha muito. Falta convicção. Os avançados parecem aterrorizados na hora decisiva. Remato? E se falho? O melhor é lateralizar.
Depois, é claro que a minha selecção era outra. Deixar de início o Deco e o Nani no banco a mim espanta-me. Não é que os que jogaram, o tenham feito mal. O meio campo esteve bem, a fazer o que sabe: para trás e para o lado. Mas o Meireles a rematar, meu Deus! O que se necessitava era poder de fogo, e o que se viu foram “bichas de rabiar”.
Porque foi eficaz Scolari? Porque os jogadores portugueses são dos melhores do mundo em técnica, mas dos mais fracos psicologicamente. Não aguentam pressão, precisam de quem os instigue. Scolari não devia fazer grandes treinos técnico-tácticos. Usava mais a psicologia, porque é um temperamento forte e emocional. Pôs os portugueses (quase) todos com as bandeiras nas janelas e deu uma outra alma ao conjunto.
Carlos Queirós não é deste campeonato por muito que o admire. O seu trabalho nas camadas jovens foi óptimo, mas são coisas muito diferentes. Nos jovens é necessário discipliná-los tacticamente e desenvolver a técnica. Mas não é isso que precisam os “melhores do mundo” da selecção sénior. Não precisam de um pai, mas de um devoto de Nossa Senhora do Caravaggio.
É a perspectiva espiritual, a crença que nos falta. A certeza de rematar para o golo, a convicção de que não é necessário “lateralizar” e ter “muita paciência”.
Nós, os espectadores, é que temos de ter paciência para este jogo que não leva a nada. O futebol, claro que tem de ser bonito, mas bonito e eficaz foram os jogos do Bayern. Ter técnica e dar toques de calcanhar é bom numa peladinha entre amigos. O importante é pôr a técnica, a velocidade ao serviço da eficácia. Um, dois toques, abrir em profundidade para o extremo, centrar e fuzilar a baliza. A BALIZA!. Não o espaço aéreo. E fuzilar é rematar forte e colocado, não aqueles passes ao guarda-redes que ontem se viram.
Enfim, vamos ver o campeonato no sofá, via TV, e sem sombra de excitação. A torcer pelo Brasil? Claro. Por Angola? Claro. Ou pela Albânia?

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