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AGORA (JULGO) TER PERCEBIDO TUDO
Não tinha percebido ao que viera aquela insinuação proveniente de fonte anónima do Palácio de Belém que afirmava que alguém do Governo andava a escutar os telefonemas dos assessores do Senhor Presidente da República. Mas a coisa tornou-se agora límpida aos meus olhos e aos de quem queira ver.
Há dias, a Senhora Drª Manuela Ferreira Leite tinha afirmado numa entrevista à RTP que não lhe interessava saber se havia ou não escutas, e de culpa de quem eram os boatos. A ela interessava-lhe sobretudo saber que existiam suspeitas e mostrar como a vida portuguesa se encontrava eivada de suspeitas destas. Bonito. Para uma candidata a Primeiro-ministro, não se pode exigir mais. Em clareza. Em hipocrisia. Em demissão total frente à calúnia, desde que sirva os seus intuitos. O que afirmou foi que não lhe interessava saber se alguém do Governo andava às escutas (e logo do Senhor Presidente da República), nem se alguém do "staff" do Presidente mentiu ao dizer que havia escutas, para criar alarmismo no País, desacreditar o Governo, logo desacreditar José Sócrates e o PS, logo beneficiar o PSD, logo beneficiar Manuela Ferreira Leite. À referida Senhora não lhe interessa averiguar a verdade, se existir no País esse clima de suspeição, que pode ser criado por boatos como este. E que servem os seus propósitos eleitorais. Ficámos elucidados.
Agora aparece o Senhor Presidente da República a afirmar que não se mete em querelas partidárias, que está acima destas questões e que os cidadãos, “no tempo em que estamos”, não “devem desviar a sua atenção dos reais problemas do País.”
Portanto, “no tempo em que estamos”, não fará comentários com conotações partidárias (que é, de certa forma, reconhecer que a questão em causa é de conotação partidária), o que é grave.
Depois considera “que está acima” destes acontecimentos, o que é confirmado por tudo e todos, dado que sempre se falou numa "fonte anónima" da Casa Civil e nunca no próprio Presidente.
Finalmente, achar que haver escutas ou não na Presidência da República não é “um dos problemas reais do País”, é deixar subentender uma de duas coisas, ambas realmente graves:
1) não é um “problema real” porque sabe que não houve nem há escutas, o que é grave;
2) não é um “problema real” porque acha que o problema não é mesmo importante, quer haja ou não escutas. O que me parece conclusão realmente grave para um Presidente da República proferir de ânimo leve.
Por mim, considero esta questão muito grave e importante para que eu possa continuar a ter alguma confiança nos políticos que nos governam. Nos EUA um Presidente caiu por causa de escutas ilegais. Será que Portugal é muito mais tolerante com estas “ninharias”? Ou será que anda meio mundo a promover “o ambiente asfixiante de um País cheio de escutas” para que alguém que já se assumiu como directa herdeira desse clima possa ganhar eleições?
Por mim, considero esta questão muito grave e importante para que eu possa continuar a ter alguma confiança nos políticos que nos governam. Nos EUA um Presidente caiu por causa de escutas ilegais. Será que Portugal é muito mais tolerante com estas “ninharias”? Ou será que anda meio mundo a promover “o ambiente asfixiante de um País cheio de escutas” para que alguém que já se assumiu como directa herdeira desse clima possa ganhar eleições?
Esperamos os próximos episódios.
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