ALGUMAS CONCLUSÕES A QUENTE
Fechado o ciclo eleitoral de 2009, há algumas conclusões a extrair muito curiosas:
- Uma derrota estrondosa do PSD nacional, encabeçado por Manuela Ferreira Leite, que agora, nas autárquicas, foi amplamente confirmada. Alguns dos autarcas do PSD eleitos com maiorias expressivas não podiam ser mais cáusticos em relação a MFL (veja-se, a título de exemplo, Luís Filipe Meneses, em Gaia, e Moita Flores, em Santarém, chegando este último a dizer publicamente que não votaria em MFL nas legislativas). Depois, a (escassa) vitória do PSD em número de Câmaras ganhas não pode, nem de perto nem de longe, ser atribuído à direcção nacional, mas sim ao carisma e ao bom trabalho de muitos autarcas (Sintra, Cascais, Faro, Famalicão, etc. seriam autarquias ganhas obviamente pelos candidatos laranjas, com ou sem ajuda de MFL, e a do Porto foi ganha por Riu Rio, “apesar” de MFL).
- Uma derrota esmagadora do Bloco de Esquerda que demonstrou na prática que não vale nas autarquias (isto é, no “campo”, no trabalho prático) um terço do que pareceu valer a nível nacional, nas europeias e legislativas. Uma coisa é o blá, blá contestatário, onde vale tudo para arregimentar descontentes, que vende bem e engana ingénuos e papalvos a nível de Parlamento (“deixem lá chegar ao Parlamento estes gajos refilões, para animar a malta!”, terão pensado alguns, enquanto outros, fervendo de raiva, iam votar nos que “mais mal” diziam do governo), mas já não vende a nível autárquico, pois sabe-se bem quem trabalha e é competente e não vive só de bazófia.
- A CDU no poder local mantém a influência que lhe advém de algumas boas experiências. Não é um partido que incha e desincha ao sabor do vento, tem obra feita que o ilustra, e viu-se o resultado: ganhou e perdeu, mas manteve uma impressionante estabilidade.
- Uma vitória saborosa do PS e aliados em Lisboa, mostrando que “quem une ganha, quem desune perde”, como foi dito, e bem, por António Costa. Refira-se que Pedro Santana Lopes não se finou ainda desta vez, aguentou-se bem, e vai “continuar a andar por aí”, como vereador ou não. Aposto que como vereador (porque tem visibilidade), mas sem terminar o mandato (porque é assim mesmo). A ver vamos.
- Sublinhe-se a vitória de Rui Rio no Porto, um homem que enfrentou vários “núcleos duros” de interesses criados no concelho, nomeadamente ao nível do futebol, e que conseguiu trazer alguma transparência à administração autárquica. Os portuenses reconhecerem o esforço e a coragem, e alguns portistas de certeza que também o fizeram.
(Pessoalmente congratulo-me ainda com as claras vitórias de Armindo Costa, em Famalicão, de Norberto Patinho, em Portel, e de Carlos Filipe Camelo, em Seia. Do que sei, pelos contactos pessoais e profissionais mantidos com todos eles, bem merecem os resultados.)
(Volto a colocar este post, dado que o mesmo desapareceu durante a noite do meu Facebook. Estranho, não é?)
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