EM QUEM VOTAR?
Julgo que é chegada a hora de optar.Dia 5 é dia de eleições!
Sou dos que vota, não me abstenho. Logo tenho dezenas de opções.
Em branco, não votarei de certeza. Nem vou inutilizar o voto com uma asneira enviada a quem não a lê. Logo tenho de votar num dos tantos partidos que enchem o boletim de voto. Mas qual?
Nos pequenos partidos para “renovar” a assembleia? Acho simpático o MEP, com a sua Esperança (para) Portugal. Gosto do Groucho Marx da Madeira. Aprecio o Garcia Pereira.
Mas não, nenhum deles vai levar o meu voto. Para mim seria um voto nulo.
Quero votar em quem depois exerça o poder, no governo ou na oposição.
Julgo-me um homem de esquerda. Mas não me identifico com a esquerda do PCP, nem com a do BE. Para mim, a liberdade de opinião é um bem essencial, logo, não voto num partido cujo ideário é a ditadura do proletariado (ainda por cima depois de se ter visto no que deu, em tantos casos, essa ditadura desse “proletariado”). Quanto ao BE, onde reconheço inteligência e conto amigos (no PCP também, cumpre ressalvar), não gosto da maneira puritana e algo beata como se exprimem.
Depois, tanto o PCP como o BE exigem o impossível. Prescrevem o que lhes vai na real gana, porque sabem que nunca serão governo e ninguém lhes irá pedir responsabilidades. Claro que é importante que tenham uma expressão parlamentar significativa. Funcionam como uma espécie de válvula de escape para o radicalismo, um amortecedor, o airbag da democracia. Mas há quem vote neles, não serei eu.
Restam três partidos. Todos ditos do “espectro governamental”. Ou seja, todos à procura de serem eleitos para formar governo. CDS, PSD e PS. O que os distingue? Hoje em dia, e muito sinceramente, quase nada. Há tempos, ainda se podia dizer que o CDS era da direita radical. Com Paulo Portas de cravo vermelho a abraçar causas sociais e a passear bonés pelas feiras, não sei se não terá passado o PSD pela esquerda. A verdade é que Portas é inteligente e um dos raros “políticos” actuais. Pedro Passos Coelho, de início pareceu-me uma esperança: jovem, bom aspecto, simpático, dialogante, afastando a crispação criada por anteriores direcções do PSD, parecia-me uma promessa. Mas ou ele, ou alguém por ele, dá tiros nos pés que não têm conta. Uns atrás dos outros. Agora vem dizer que a Troyka vota no do PSD. Pois, está bem. A mim não me apanhas tu. Já percebi há muito que quem manda na Europa (e no mundo) é a Troyka, são os FMI todos congregados, as multinacionais dos ratings, os capitalistas dos EUA e da China, da Índia e da Rússia, da Alemanha e da África do Sul. Mas ao menos haja vergonha. Não se assuma assim, publicamente, essa cumplicidade.
Quem for para o governo, vai governar com o programa da Troyka, isso não restam dúvidas. Mas pode haver nuances. O que distingue CDS, PSD e PS serão mesmo nuances.
Olhe-se, lado a lado, para o Pedro Passos Coelho e o José Sócrates. Ambos muito metrossexuais, bem postinhos, bem vestidinhos. Um é o mais africano dos candidatos. O outro o mais viajado. Um mente, o outro não fala verdade. A avaliar pelo que por aí se diz. Um acusa, o outro culpa. Ambos aprenderam a técnica da cassete: repetir a mesma coisa até parecer que é verdade. Um vai aplicar o que o FMI manda. O outro diz que o FMI o acha o eleito para a tarefa. Um tem um ministro das finanças que caiu em desgraça, o outro anuncia um ministro das finanças que já caiu em graça (um pouco brejeira, diga-se).
Por que será que as eleições não são directamente para os bancos e as agências de rating? Economizava-se tanto. Sobretudo em hipocrisia. Mas afinal quem manda realmente nisto tudo são uns senhores que ninguém elegeu para os conselhos de administração de bancos, de FMIs, de ratings e conglomerados adjacentes.
Eu calculo em quem vou votar, mas será apenas por um questão de nuance.
Sem comentários:
Enviar um comentário