quarta-feira, novembro 23, 2011

MOMENTO DE REFLEXÃO

:
 MOMENTO DE REFLEXÃO 
EM VÉSPERAS DE…

Greve ou não greve? Ok, é um problema interessante e a merecer ponderação. Na verdade, a situação de indignação é geral, enfim, digamos que percentualmente muito grande (dado que para quem tem MUITO dinheiro não há indignação que se note, as viagens mais exóticas, os hotéis de muitas estrelas, os restaurantes mais afamados, os carros de luxo, as lojas de marca das principais avenidas, nada disso se queixa da crise, e pour cause).
Mas estamos a assistir a um fenómeno que sociologicamente é muito curioso. Estamos a assistir à destruição, sistemática e programada, da classe média, sobretudo da media baixa e média. A classe que normalmente não faz revoluções, a classe que é chamada de “maioria silenciosa”, aquela que historicamente apoiou a direita, a sustenta em termos eleitorais, é agora chicoteada impiedosamente pela direita, um pouco por todo o lado, e of course, também em Portugal (e de que maneira!).
Já se saber que as classes menos desfavorecidas estão mal. Obviamente que não se toca no ordenado mínimo nacional, mas também não se prejudica quem já vive de uma economia paralela (muito pelo contrário, apoia-se ainda que indirectamente, pois retirando-se poder de compra à classe média, esta vai favorecer o pequeno e o grande negócio clandestino, que é mais barato). Também não se toca nas grandes fortunas (a menos que se ache que “grande fortuna” é aquela de quem ganhe mais de 1.500 euros por mês).
Mas todas as medidas tomadas em nome da troica dirigem-se, quase exclusivamente, ao poder de compra de quem trabalha. Por isso a indignação da classe média é muita. Por isso não me espanta que a “maioria silenciosa” o deixe de ser. O que pode tornar muito perigosa esta bomba relógio que a troica e seus apoiantes andam por aí a municiar.
Apareça por aí um fala-barato hábil nas artes da retórica a congregar vontades ou um chico-esperto da manipulação das massas e verão no que tudo isto pode dar. Basta ler a História do passado, que está cheia de lições.
De resto, a Europa é bom terreno para fazer germinar este tipo de sementeira. Basta esperar que a terra esteja ávida de ser regada e lançar alguns jactos de loucura bem condimentada. Depois digam que não foram avisados.
Só há uma verdade insofismável desde sempre: os mesmos de sempre nunca são incomodados. Os MUITO ricos continuam a ser muito ricos. Ou então passam outros a ser MUITO ricos. Mas uns e outros não distribuem a riqueza.

Sem comentários: