O MUSEU DO FADO
O
Museu do Fado existe. É um edifício não muito grande, mas muito bem tratado
pela sua sábia directora, Sara Pereira, que tornou realidade um sonho, a
acompanhar a candidatura do Fado a Património Imaterial da Humanidade. Encontra-se
no Largo do Chafariz de Dentro, nº1, em Lisboa, numa zona castiça e fadista. Em
frente ao Museu existe o largo do citado chafariz donde partem ruelas estreitas
encastradas por casas de fado mais ou menos conhecidas.
Mas
o Museu do Fado tem muito para contar, muito para se ver e ouvir, muito para
recordar e aprender. “O Fado é um poema que se ouve e se vê”, lê-se lá pelas
paredes da casa. É isso que se deve fazer, vendo o que dele se disse, desde a Ramalhal
figura até quem considera o “fado a canção dos vencidos”, para se chegar ao
fado actual, a romper pelas costura de talentos diversificados, para já não
falar dos eternos, de Amália a Marceneiro, de Carlos do Carmo a Mariza.
Instrumentos,
autores, músicos, fadistas, é toda uma galeria que vem do povo e sobe à
aristocracia, e volta a subir ao povo, e estende-se à burguesia, e ultrapassa
barreiras e fronteiras e se assume como a canção de um povo, partindo de uma
cidade banhada pelo Tejo, que aqui lançou o seu canto de sereias e de marinheiros
do destino. Há fados para todos os gostos e gostos para todos os fados. Sobre a
sua origem pouco se sabe, ou se preferirem muito se conjectura, mas a verdade é
que existe, está ali bem presente e é um prazer percorrer o curto labirinto deste
estado de espírito tão português.
O
FADO NO CINEMA
Entretanto,
surgiu há pouco uma Exposição Temporária, no Pátio da Galé, Terreiro do Paço,
com entrada pela rua do Arsenal, aberta todos os dias, até 26 de Agosto de 2012,
entre as 10h e as 19h, dedicada a “O Fado no Cinema”, uma produção conjunta do Museu
do Fado e da Cinemateca Portuguesa.
Não
será a exposição exaustiva que um dia será possível ver, mas é um bom início de
caminhada, com um espaço bem ordenado onde se reúnem cartazes, programas,
fotos, excertos de filmes, rostos de actores e fadistas, alguns dos fados mais conhecidos,
e um longo excerto de um documentário, “Fado” de Aurélio Vasques e Sofia
Portugal, uma co-produção do Museu do Fado com a Zulfilmes, que reúne testemunhos
falados sobre o fado, na voz de alguns dos seus protagonistas, como Carlos do
Carmo, Mariza, Camané, Beatriz da Conceição, Carminho, José Manuel Neto, Joel
Pina, José Pracana, Rui Vieira Nery ou Maria do Rosário Pedreira.
Vale
a pena não perder. É uma boa visita nestes dias mais ou menos soalheiros de verão.
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