O MEU VOTO PRESIDENCIAL
Agora que se aproxima o dia da eleição do futuro Presidente da República,
poderá fazer-se um balanço, obviamente pessoal, isto é, numa óptica própria,
que só a mim diz respeito e que se irá concretizar no dia (ou dias) da (ou das)
votação (votações).
O facto de terem aparecido dez candidaturas não me causa grande mossa. Entre
as e os proponentes, uns foram insuportáveis, outros ingénuos, alguns muito
sabidos, uns sisudos, outros pacholas, uma ou outra surpresa boa (não sei se
assim poderei colocar o caso de Marisa Matias). Que um português qualquer, com
mais de 35 anos, no total usufruto das suas capacidades e direitos possa
candidatar-se a um cargo público, tudo bem, é a democracia, que tanto gostamos
de louvar, a funcionar.
Ouvidos todos, fica uma certeza: há dois candidatos possíveis, tudo o mais
é folclore: Marcelo Rebelo de Sousa, que parte destacado, e Sampaio da Nóvoa.
Ambos me merecem consideração e acredito que qualquer deles dará um bom
presidente, cada um com o seu estilo, com a sua bagagem pessoal, cultural, política,
um mais centro direita, outro mais centro esquerda, mas ambos a navegarem nas
águas de uma social democracia abrangente.
Eu, que sempre me senti mais à esquerda, voto Sampaio da Nóvoa, sem vacilar,
na primeira volta. Nóvoa tem a cultura, o prestígio, a inteligência, a
propensão para o diálogo e um discreto carisma pessoal que faz dele o meu
candidato natural. É o tipo de pessoa que gosto de contar como amigo, que sinto
ser sincero, preocupado com injustiças, um homem de plena liberdade, que se
preocupa com as verdadeiras revoluções: as culturais, de mentalidade,
estruturantes da sociedade. Eu voto Sampaio da Nóvoa, portanto. É o meu Reitor.
Mas, na segunda volta, se a houver, e se, por estranho que pareça, Sampaio
da Nóvoa não estiver entre os vencedores, aí voto Marcelo Rebelo de Sousa. Digo-o
já para que não fiquem dúvidas. Podem dizer que ficaria rendido ao encanto pessoal
do Professor que, apesar de tudo o que lhe apontam (nalguns casos, raros, com
justiça), é um homem de cultura, inteligente, arguto, nada sisudo (que
diferente de Cavaco Silva, meu caro General Ramalho Eanes!), económico na
alimentação, discreto nas horas de sono, o que só traz vantagens para os bolsos
dos contribuintes. É um homem que gostaria de contar entre os amigos, e nunca
entre os inimigos. Muito embora alguns digam que “com amigos destes, não
preciso de inimigos”.
Gostaria ainda de referir um aspecto desta campanha que me soou mal. As
críticas mais evidentes a Marcelo Rebelo de Sousa foram, nalguns casos, tontas.
Por exemplo, que anda há quarenta anos a fazer campanha nas televisões.
Portanto, uma personalidade por ter prestígio conquistado na sua actividade,
quer como professor universitário, como político, quer como comentador terá de
ver esse facto como negativo? Curioso. O elogio do zé ninguém ou do
desconhecido sem curriculum? Absurdo.
A outra crítica, sobretudo ao ser utilizada neste contexto, só demonstra a
falta de tacticismo de alguns candidatos. Quando Marcelo procura colocar-se ao
centro, e a direita mais trauliteira o olha de esguelha, e muitos preferem a
abstenção a engolir um sapo, a esquerda lembra a esse eleitorado de direita que
pode votar nele calmamente porque o Professor sempre foi de direita e não
deixará de sê-lo quando estiver em Belém.
Abençoados estrategas. Quanto mais disserem isso, mais Marcelo conquista
votos que já tinha
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