A HORA
MAIS NEGRA
A Inglaterra enfrenta neste momento da sua
história algumas dificuldades resultantes do “brexit”. Altura para se tentar
reunir as forças e mentalizar a população com exemplos heroicos. Winston
Churchill e a sua epopeia durante a II Guerra Mundial serve bem esses
propósitos. Uma das razões seguramente para o aparecimento de dois filmes sobre
esta figura ímpar da política inglesa do século XX. “Darkest Hour” é um deles e
aparece assinado pelo mesmo realizador que também nos dera “Orgulho e
Preconceito”, “Expiação”, “Hanna” ou “Anna Karenina”. Mantendo-se ao nível do
realizador interessante que escolhe temas de um certo impacto histórico e
literário, Joe Wright aproxima-se muito de uma outra obra recente, “O Discurso
do Rei”, de Tom Hooper, mantendo com esta algumas das virtudes e certos dos
seus vícios. Os vícios são para mim óbvios e facilmente ultrapassáveis se não
se pretendesse fazer “obra de arte original”. Referimo-nos a alguns efeitos sem
qualquer justificação, panorâmicas por avenidas ao ralenti, planos filmados a
pique, mais uma ou outra situação que em vez de beneficiar o filme o distancia do
espectador. Depois levanta-se uma questão que é comum a todos os filmes que
procuram ficcionar factos históricos e figuras que existiram realmente. Em que
medida situações e conversas apresentadas aconteceram efectivamente? Algumas dessas liberdades poéticas não
resultam muito bem, como por exemplo a viagem de Churchill pelo metropolitano
de Londres, auscultando a opinião do povo.
O lado interessante é efectivamente a
recuperação de um momento histórico importante, a obstinação de Churchill em
não ceder perante a capitulação de alguns políticos ingleses e aceitar um pacto
de colaboração com Hitler. Churchill sempre foi pela resistência à barbárie.
Os motivos que valorizam decisivamente este
filme, são as interpretações de um elenco de um grande rigor, quer da parte de
um extraordinário Gary Oldman, muito bem apoiado por uma maquilhagem acima da
média, quer pelos restantes secundários.
Com alguma sobrevalorização, “A Hora mais
Negra” está nomeado para alguns Oscars: Melhor Filme, Melhor Actor (Gary
Oldman), Melhor Fotografia, Melhor Guarda Roupa, Melhor Direcção Artística e
Melhor Caracterização. Há dois candidatos com muitas hipóteses, Oldman e caracterização.
Classificação: ***
A HORA
MAIS NEGRA
Título
original: Darkest Hour
Realização: Joe Wright (Inglaterra,
2017); Argumento: Anthony McCarten; Produção: Tim Bevan, James Biddle, Lisa
Bruce, Liza Chasin, Eric Fellner, Katherine Keating, Anthony McCarten, Douglas
Urbanski, Lucas Webb, Dario Marianelli; Fotografia (cor): Bruno Delbonnel
(Carlos de Carvalho, na segunda equipa); Música: Geoff Alexander
(orquestrador); Montagem: Valerio
Bonelli; Casting: Jina Jay; Design de produção: Sarah Greenwood; Direcção
artística: Oliver Goodier, Nick Gottschalk, Joe Howard; Katie Spencer;
Guarda-roupa: Jacqueline Durran; Maquilhagem: Jo Barrass-Short, Anita Burger,
Ella Burton, Diana Choi, Carolyn Cousins, Bob Kretschmer, David Malinowski,
Heather Manson, Helen Masters, Flora Moody, Ivana Primorac, Lucy Sibbick, Rosie
Sinfield, Naomi Tolan, Kazuhiro Tsuji, Vincent Van Dyke, Jenny Watson, Direcção
de produção: Tim Grover, Jo Wallett, etc. Assistentes de realização: Dan
Channing Williams, Gayle Dickie, Jonny Eagle, Candy Marlowe, Sarah Mooney,
Thomas Napper; Departamento de Arte: Matt Boyton, Freddie Burrows, Tamara
Catlin-Birch, James Collins, Stephanie Gibbins, Georgina Millett, Julia
Morgantti Minchillo, Julia Newell, etc. Som: Paul Carter, Michael Maroussas,
Chris Murphy, Becki Ponting, Mhairi Wyles-Lang, etc. Efeitos especiais:
Jonathan Bullock, Neal Champion, George Spensley-Corfield; Efeitos visuais:
Miguel Algora, Yan Caspar Hirschbuehl, Patricia Leblanc, Benjamin Magaña,
Stephane Naze, etc. Companhias de produção: Perfect World Pictures, Working
Title Films; Intérpretes: Gary
Oldman (Winston Churchill), Kristin Scott Thomas (Clemmie), Ben Mendelsohn (Rei
George VI), Lily James (Elizabeth Layton), Ronald Pickup (Neville Chamberlain),
Stephen Dillane (Viscount Halifax), Nicholas Jones (Sir John Simon), Samuel
West (Sir Anthony Eden), David Schofield (Clement Atlee), Richard Lumsden (General
Ismay), Malcolm Storry (General Ironside). Hilton McRae, Benjamin Whitrow, Joe
Armstrong, Adrian Rawlins, David Bamber, Paul Leonard, David Strathairn, Eric
MacLennaN, Philip Martin Brown, etc. Duração: 125 minutos; Distribuição em
Portugal: NOS Audiovisuai; Classificação etária: M/ 12 anos; Data de estreia em
Portugal: 11 de Janeiro de 2018.
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