quinta-feira, fevereiro 08, 2018

A HORA MAIS NEGRA


A HORA MAIS NEGRA
A Inglaterra enfrenta neste momento da sua história algumas dificuldades resultantes do “brexit”. Altura para se tentar reunir as forças e mentalizar a população com exemplos heroicos. Winston Churchill e a sua epopeia durante a II Guerra Mundial serve bem esses propósitos. Uma das razões seguramente para o aparecimento de dois filmes sobre esta figura ímpar da política inglesa do século XX. “Darkest Hour” é um deles e aparece assinado pelo mesmo realizador que também nos dera “Orgulho e Preconceito”, “Expiação”, “Hanna” ou “Anna Karenina”. Mantendo-se ao nível do realizador interessante que escolhe temas de um certo impacto histórico e literário, Joe Wright aproxima-se muito de uma outra obra recente, “O Discurso do Rei”, de Tom Hooper, mantendo com esta algumas das virtudes e certos dos seus vícios. Os vícios são para mim óbvios e facilmente ultrapassáveis se não se pretendesse fazer “obra de arte original”. Referimo-nos a alguns efeitos sem qualquer justificação, panorâmicas por avenidas ao ralenti, planos filmados a pique, mais uma ou outra situação que em vez de beneficiar o filme o distancia do espectador. Depois levanta-se uma questão que é comum a todos os filmes que procuram ficcionar factos históricos e figuras que existiram realmente. Em que medida situações e conversas apresentadas aconteceram efectivamente?  Algumas dessas liberdades poéticas não resultam muito bem, como por exemplo a viagem de Churchill pelo metropolitano de Londres, auscultando a opinião do povo.
O lado interessante é efectivamente a recuperação de um momento histórico importante, a obstinação de Churchill em não ceder perante a capitulação de alguns políticos ingleses e aceitar um pacto de colaboração com Hitler. Churchill sempre foi pela resistência à barbárie.
Os motivos que valorizam decisivamente este filme, são as interpretações de um elenco de um grande rigor, quer da parte de um extraordinário Gary Oldman, muito bem apoiado por uma maquilhagem acima da média, quer pelos restantes secundários.
Com alguma sobrevalorização, “A Hora mais Negra” está nomeado para alguns Oscars: Melhor Filme, Melhor Actor (Gary Oldman), Melhor Fotografia, Melhor Guarda Roupa, Melhor Direcção Artística e Melhor Caracterização. Há dois candidatos com muitas hipóteses, Oldman e caracterização.
Classificação: ***


A HORA MAIS NEGRA
Título original: Darkest Hour

Realização: Joe Wright (Inglaterra, 2017); Argumento: Anthony McCarten; Produção: Tim Bevan, James Biddle, Lisa Bruce, Liza Chasin, Eric Fellner, Katherine Keating, Anthony McCarten, Douglas Urbanski, Lucas Webb, Dario Marianelli; Fotografia (cor): Bruno Delbonnel (Carlos de Carvalho, na segunda equipa); Música: Geoff Alexander (orquestrador);  Montagem: Valerio Bonelli; Casting: Jina Jay; Design de produção: Sarah Greenwood; Direcção artística: Oliver Goodier, Nick Gottschalk, Joe Howard; Katie Spencer; Guarda-roupa: Jacqueline Durran; Maquilhagem: Jo Barrass-Short, Anita Burger, Ella Burton, Diana Choi, Carolyn Cousins, Bob Kretschmer, David Malinowski, Heather Manson, Helen Masters, Flora Moody, Ivana Primorac, Lucy Sibbick, Rosie Sinfield, Naomi Tolan, Kazuhiro Tsuji, Vincent Van Dyke, Jenny Watson, Direcção de produção: Tim Grover, Jo Wallett, etc. Assistentes de realização: Dan Channing Williams, Gayle Dickie, Jonny Eagle, Candy Marlowe, Sarah Mooney, Thomas Napper; Departamento de Arte: Matt Boyton, Freddie Burrows, Tamara Catlin-Birch, James Collins, Stephanie Gibbins, Georgina Millett, Julia Morgantti Minchillo, Julia Newell, etc. Som: Paul Carter, Michael Maroussas, Chris Murphy, Becki Ponting, Mhairi Wyles-Lang, etc. Efeitos especiais: Jonathan Bullock, Neal Champion, George Spensley-Corfield; Efeitos visuais: Miguel Algora, Yan Caspar Hirschbuehl, Patricia Leblanc, Benjamin Magaña, Stephane Naze, etc. Companhias de produção: Perfect World Pictures, Working Title Films; Intérpretes: Gary Oldman (Winston Churchill), Kristin Scott Thomas (Clemmie), Ben Mendelsohn (Rei George VI), Lily James (Elizabeth Layton), Ronald Pickup (Neville Chamberlain), Stephen Dillane (Viscount Halifax), Nicholas Jones (Sir John Simon), Samuel West (Sir Anthony Eden), David Schofield (Clement Atlee), Richard Lumsden (General Ismay), Malcolm Storry (General Ironside). Hilton McRae, Benjamin Whitrow, Joe Armstrong, Adrian Rawlins, David Bamber, Paul Leonard, David Strathairn, Eric MacLennaN, Philip Martin Brown, etc. Duração: 125 minutos; Distribuição em Portugal: NOS Audiovisuai; Classificação etária: M/ 12 anos; Data de estreia em Portugal: 11 de Janeiro de 2018.

Sem comentários: