E O “PORTUGUÊS DE MERDA”
Foi um jogo épico. Com alguma sorte à mistura, é certo, mas quantas vezes a não tivemos noutras ocasiões? Mas não foi só sofrido, intenso, emotivo, vibrante. Foi muito mais do que isso: foi um jogo daqueles que recordaremos por muitos e muitos anos, e que alguns de nós vão contar aos netos. Jogadores que se excederam em brio e valor, sem dúvida, e um treinador que calou (terá calado?) os imbecis do costume. Scolari mudou a mentalidade do jogador português, porque sobretudo sabe mobilizar uma equipa, transformar 23 homens num grupo homogéneo e estóico. Devíamos estar todos orgulhosos e agradecidos. Sabem bem alegrias como esta.
Por isso, acabado o jogo, quando atravessei a rua para tomar o café no outro lado da avenida, foi bom ver pessoas com bandeiras e cachecóis, buzinas e gargantas a gritar por “Portugal!”. Já quando entrei no café, tudo mudou. Um pobre diabo ao balcão, acabava de tomar a sua bica e olhava em redor, enquanto resmungava entre dentes: “Com esta energia toda, amanhã é que vai ser trabalhar.” Continua a olhar à volta, “mas os ingleses já lhes vão ensinar!”
Este é o típico “português de merda”, invejoso, ciumento, que não pode ver a alegria nos olhos dos outros, que se “especializou” no “bota a baixa”, para quem nada está bem. Há-os em todos os níveis, entre políticos ressabiados, entre intelectuais elitistas, entre professores e alunos, entre populares e demais. São os velhos do Restelo, típicos.
Acontece que estes “portugueses de merda” continuarão encostados ao balcão, agarrados à bica, olhando os outros passar com a alegria nos olhos. Uma alegria que eles não entendem, nem suportam. Uma alegria que os faz sofrer ainda mais na sua mediocridade, no seu cinzentismo.
Posto isto, viva Portugal, viva a selecção, passada a Holanda, venha a Inglaterra, rumo ao Brasil.
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