VIII FICA (Goiás, Brasil)
O Júri Internacional do “Festival dos Festivais”:
Gaetano Cappizi, do Cineambioente, Turim, Itália,
Lizandro Nogueira, do FICA, Goiás, Brasil, e
Lauro António, do CineEco, Seia, Portugal.
Vila Boa de Goiás, velha capital estatal, hoje "tombada" património mundial, via Unesco, é cidade mágica, onde perduram as marcas da arquitectura colonial portuguesa, onde se juntam culturas e continentes vários numa harmoniosa orquestração de cores e raças, onde o cair da noite traz da Serra Dourada os seus raios luminosos, onde o Rio Vermelho abre caminho por entre o casario, beijando de relance a casa de Cora Coralina, poetisa e lenda maior do burgo.
É aqui que, há oito anos já, se realiza o FICA, Festival Internacional de Cinema Ambiental, uma iniciativa da Agepel, Agência Goiana de Cultura, sob o patrocinio de uma equipa aguerrida, comandada por Nasz Chaul, Washington Novaes e Lizandro Nogueira.
Desde o seu primeiro ano que o FICA estabeleceu com o CineEco de Seia (a caminho do seu décimo segundo ano) uma fraternal relação que nos tem permitido seguir de perto as sucessivas edições do festival goiano, cimentando laços de colaboração e de forte comunhão.
Este ano, o FICA inaugurou uma nova parceria com outros festivais internacionais para, conjuntamente, criarem o "Festival dos Festivais", que anualmente irá premiar uma obra entre todas as que foram distinguidas pelos festivais de Portugal (Seia), Itália (Turim), Grécia, Espanha (Barcelona) e Brasil (Goiás).
Foram dez os títulos revistos em competição, dos quais sobressaiu, para os membros doi Júri Internacional (Lizandro Nogueira, do Brasil, Gaetano Cappizi, de Itália, e Lauro António, de Portugal), "Carpatia", de Andrej Klant e Ulrich Rydzewsky, uma viagem pelos rostos e as paisagens que habitam os Cárpatos, um região que cobre países como a Ucrânia, a Roménia e a Eslováquia. Contemplativo, poético, vigoroso na pincelada e discreto na aproximação, "Carpatia" ultrapassou na votação final outras obras igualmente importantes e muito interessantes, como "Estamira", do brasileiro Marcos Prado, "The Sharpe of the Moon', de Leonard Retel Helmrich (Holanda),"Dutch Light", de outro holandês, Pieter-Rim de Kroon, "Conflit Tiger", de Sasha Snow (Inglaterra), "O Coro das Palavras", do português Carlos Brandão Lucas ou "Shipbreakers", de Michael Kot (Canadá).
Entretanto, na Mostra Competitiva, vimos também filmes particularmente curiosos, chamando a atenção para alguns dos mais prementes problemas que assolam a Humanidade ao nível do meio ambiente. “White Gold:The True Cost of Cotton”, de Sam Cole, “Plages and Pleasures on the Salton Sea”, de Chris Metzier, “The Last Atomic Bomb”, de Robert Ritcher, “O Amendoim da Cutia”, de Komoi e Paturi Panara, “The Real Dirt on Farmer John “, de Taggart Siegel, “Gottes Plan un Menschen Hand”, de Dominik Wessely, “Peixe Frito”, de Ricardo Geortge de Podestá, e “O Profeta das Águas”, de Leopoldo Nunes, e “Ovas de Oro”, de Manuel Gonzáles (estes dois últimos a dividiremn ex-aequo o Grande Prémio do certame goiano deste ano) são obras seguramente a merecerem uma mais atenta visão, o que poderá acontecer para muitos deles no próximo CineEco a decorrer em Seia, no mês de Outubro.
Atendendo a este facto, o melhor é preparar desde já uma semana em Seia por essa altura, para se poder ver estes (e muitos outros) filmes que alertam de forma dramática, mas lúcida e corajosa, para algumas das pragas que afligem o nosso planeta. E não falamos de "pragas de gafanhotos", mas de outras pragas muito mais dolorosas de suportar, as que têm a ver com a violência quotidiana, a exploração feroz, a injustiça, o despotismo das grandes potências sobre os mais fracos e indefesos, o recurso abusivo a um lucro venenoso que não se detém perante nada para ampliar receitas e beneses.
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