“DIÁRIO DE UM NOVO MUNDO”
“Diário de Um Novo Mundo”, de Paulo Nascimento, uma co-produção luso-brasileira, é um filme de uma confrangedora mediocridade, partindo de um romance de Luiz António de Assis Brasil, com argumento escrito por Pedro Zimmermann, que aborda as divisões da América entre portugueses e espanhóis, durante a época colonial (segunda metade do século XVIII), as emigrações de açorianos para o Brasil, a vida na colónia portuguesa, os amores e as traições, e etc.
Um quadro do Brasil colonial, dir-se-ia a pretensão. Mas é tudo tão pouco claro no filme. Que sirva ao menos para recordar um pouco de história: Na segunda metade do sec. XVIII, a colonização portuguesa procurou alargar e proteger o território do sul do Brasil (terras que hoje são do Uruguai, da Argentina e do sul do Brasil), disputado disputadas pelos espanhóis. Foi um tempo de guerra e violência, de ambição e de descoberta de “novos mundos”. Para garantir um reforço da posição portuguesa foram enviadas tropas, mas também colonos, sobretudo açorianos. Em 1748, o rei Dom João V promulga legislação de apoio à emigração. Muitos colonos açorianos lançam-se à aventura com rumo ao Rio Grande do Sul e à ilha de Santa Catarina. Com a promessa da coroa portuguesa de que daria terra e condições muito especiais às famílias que aceitassem ir povoar as terras brasileiras, muita gente partiu. Muitos não chegaram ao seu destino. Muitos, mais valeria que não o tivessem feito. Outros houve que marcaram com o seu sangue (e o alheio) esse pedaço de terra que ainda hoje mantém características muito especificas.
O filme começa em 1752, quando uma caravela portuguesa chega ao Brasil, transportando emigrantes açorianos. Durante viagem muitos morreram, havendo mesmo assim alguns sobreviventes que aportam à ilha de Santa Catarina, entre os quais o médico Gaspar de Fróes (Edson Celulari), que mantém um diário contando toda a perigosa viagem. E alguns aspectos da subsequente estadia em terras de Vera Cruz, misturados com uma tórrida história de amor, o adultério de uma mulher casada, Dona Maria (Daniela Escobar) casada com um tenente português, de nome Covas (Rogério Samora), que se entrega, e deliberadamente seduz, o já citado Gaspar de Fróes, que convalescia de um desgosto, a morte da mulher, quando esta tinha apenas 23 anos. Isto está tudo um pouco confuso, não está? Pois, é para conseguir captar o tom do filme, que tem uma narrativa sem pés nem cabeça, uma realização de bradar aos céus, uma fotografia baça e desfocada (seria da projecção?), uma interpretação tremendamente medíocre, mesmo quando os actores já deram provas anteriormente (salvam-se os portugueses!, eureka!), uma reconstituição “histórica” falsa como Judas (não é falsa por estar errada, é falsa de não ser vivida, de parecer tudo uma loja de antiguidades, dos actores não terem o mínimo de naturalidade, de se vestirem como manequins, de usarem adereços só para “mostrarem” a época, de nada ser como é, mas como deve ser para a fotografia).
Uma co-produção luso-brasileira, onde não vejo qual tenha sido a utilidade deste empate de capital nacional. O resultado é zero, muito embora o filme tenha ganho dois prémios no festival do Gramado. Como é possível? Gramado aqui vem de gramar?
O filme começa em 1752, quando uma caravela portuguesa chega ao Brasil, transportando emigrantes açorianos. Durante viagem muitos morreram, havendo mesmo assim alguns sobreviventes que aportam à ilha de Santa Catarina, entre os quais o médico Gaspar de Fróes (Edson Celulari), que mantém um diário contando toda a perigosa viagem. E alguns aspectos da subsequente estadia em terras de Vera Cruz, misturados com uma tórrida história de amor, o adultério de uma mulher casada, Dona Maria (Daniela Escobar) casada com um tenente português, de nome Covas (Rogério Samora), que se entrega, e deliberadamente seduz, o já citado Gaspar de Fróes, que convalescia de um desgosto, a morte da mulher, quando esta tinha apenas 23 anos. Isto está tudo um pouco confuso, não está? Pois, é para conseguir captar o tom do filme, que tem uma narrativa sem pés nem cabeça, uma realização de bradar aos céus, uma fotografia baça e desfocada (seria da projecção?), uma interpretação tremendamente medíocre, mesmo quando os actores já deram provas anteriormente (salvam-se os portugueses!, eureka!), uma reconstituição “histórica” falsa como Judas (não é falsa por estar errada, é falsa de não ser vivida, de parecer tudo uma loja de antiguidades, dos actores não terem o mínimo de naturalidade, de se vestirem como manequins, de usarem adereços só para “mostrarem” a época, de nada ser como é, mas como deve ser para a fotografia).
Uma co-produção luso-brasileira, onde não vejo qual tenha sido a utilidade deste empate de capital nacional. O resultado é zero, muito embora o filme tenha ganho dois prémios no festival do Gramado. Como é possível? Gramado aqui vem de gramar?
"Diário de Um Novo Mundo", de Paulo Nascimento (Brasil, Portugal, 2005), com Edson Celulari, Daniela Escobar, Rogério Samora, Jean Pierre Noher, José Vitor Castiel, Gonzalo Durán, Marcos Paulo, José Eduardo, Felipe Kannenberg, Ney Matogrosso, etc. 94 minutos; M/ 12 anos;
1 comentário:
Que pena! Seria fantástico se tivesse metade da qualidade de "A Selva" com Maitê Proença e diogo Morgado...!
E Se se conseguisse uma coprodução para relizer um filme com um argumento baseado e "O último cabalista de Lisboa" ou "Meia-noite ou o princípio do Mundo de Richard Zimler?
Um beijinho
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