PIERRE BONNARD
Na minha viagem de "salteador de imagens", passei pelo blog da minha amiga Rosário e roubei esta, de uma série de textos que ela anda a escrever e documentar iconográficamente, tendo por base uma leitura apaixonada de "O Mar", de John Banville (de que retenho um excerto). Uma bela, e generosa, imagem de um fabuloso quadro de Bonnard (para adormecer mais reconfortado).
Pierre Bonnard
"Certo dia, em 1893, Pierre Bonnard avistou uma rapariga a descer de um eléctrico de Paris e, atraído pela sua beleza frágil e pálida, seguiu-a até ao local onde ela trabalhava, uma agência de pompes funèbres, onde passava os dias a coser pérolas em coroas mortuárias. Foi assim que, desde o início, a morte entrelaçou a sua fita negra na vida de ambos. Ele não tardou a conhecê-la - suponho que que essas coisas eram feitas com naturalidade e um certo aprumo na Belle Époque - e pouco tempo depois ela abandonou o emprego e tudo o resto na sua vida e foi viver com ele. Disse-lhe que se chamava Marthe de Méligny e que tinha dezasseis anos. Na realidade, embora só o viesse a descobrir volvidos mais de trinta anos, quando decidiu finalmente casar com ela, o seu verdadeiro nome era Maria Boursin e, quando se conheceram, não tinha dezasseis anos, mas, como Bonnard, vinte e poucos. Permaneceram juntos atravessando várias vicissitudes, cada vez mais frequentes, até à morte dela cerca de cinquenta anos depois. (...) Era reservada, ciumenta, ferozmente possessiva, sofria de um complexo de perseguição, e era uma hipocondríaca ferrenha e obstinada."
Transcrição: in Banville, Jonh, O Mar, ed. ASA, Junho 2006, p 97
Sem comentários:
Enviar um comentário