terça-feira, dezembro 19, 2006

VIAGEM AO NORTE, 4

4. "EU, CAROLINA"

Esta é uma mulher do Norte, carago! Uma certa mulher do Norte! De um certo Norte! Li o livro, claro. Não sou daqueles que diz que não desce a essas vilanias. Quem não desce não sabe, e também quem não desce não sobe. Li, portanto, o livro em questão, ou o livro que vem por em questão tantas coisas que todos julgavam saber, mas que só se murmuravam pelos corredores. Devo dizer que do ponto de vista desportivo e judicial, não me trouxe nada de novo. O essencial já tinha visto na imprensa. Do ponto de vista da badalhoquice privada, também esse aspecto tinha sido devidamente referido pelo “Gato Fedorento”. O que ficou então?
Um livro que sendo mau é bem construído, linear, sem bazófias de querer passar pelo que não é. E o que é? Uma vingança. Apenas literalmente o exercício de uma vingança. A própria Carolina o confessa: “Se Pinto da Costa não me tem tratado mal, nunca teria escrito o livro.” (as palavras não foram estas, mas a ideia era essa sem tirar nem por). Ou seja: este não é um ditame de consciência. É apenas uma escrita de vingança. Ler o livro é interessante para descobrir (se se conseguir), que tipo de vingança é esta? Amorosa? Ou calculistamente interesseira? Carolina vinga-se de um amante que a desprezou depois de a ter utilizado, ou vinga-se de poderoso que a fez subir até ao Papa, ao Presidente da CE, ao Presidente da República, e depois lhe tira o tapete debaixo dos pés, quando ela ainda não reuniu o pé de meia sonhado? Amor ressabiado ou ganância? Melodrama ou thriller?
Esperam-se novos capítulos da novela ou espera-se uma telenovela em capítulos?
(li o livro no alfa pendular, muito pendular).
*
Num táxi para Serralves:
- Estão o ambiente aqui no Norte está quente, com estas revelações do livro da Carolina!
Condutor (com cara de poucos amigos) - Os mouros do Benfica é que devem estar preocupados. Os directores ainda vão todos dentro!...
Sou do Sporting, mas achei que o melhor era mesmo falar das iluminações de Natal.

1 comentário:

Ida disse...

Texto genial! Sem faire semblant, sem hipocrisia. E o fecho com a conversa no taxi, foi dez!