TEOLINDA GERSÃO
NO VÁVÁ, EM TERTÚLIA
Um dia peguei num livro, um romance com um título que me cativou, “A Casa da Cabeça de Cavalo”, trouxe-o para casa e li-o de um fôlego. Tão impressionado fiquei que, não conhecendo eu pessoalmente a escritora, maneira arranjei para lhe telefonar a dizer o quanto gostara do livro e o muito que desejaria de o fazer também meu, adaptando-o a cinema.
O livro foi para mim a descoberta de uma voz nova no espaço da literatura portuguesa, mais uma vez a voz de uma mulher, mais uma vez uma descoberta inesperada por diversas razões. Já sabia da admiração de Vergílio Ferreira por Teolinda Gersão. Sabida a minha paixão por Vergílio Ferreira, fácil seria supor que Teolinda me deveria prender. Mas sou pessoa de só reagir por experiência própria – a leitura do romance, confirmou completamente as recomendações de Vergílio Ferreira.
A conversa com Teolinda fez crescer ainda mais a minha admiração pela romancista, mas também pela mulher: a voz macia e doce, o olhar terno, a delicadeza dos gestos, e por trás de tudo isso o vislumbre de uma vontade destemida, uma força com algo de telúrico que o sorriso apenas escondia, mas que qualquer bom observador pressente. Se gostara desse romance desde que comecei a sua leitura, gostei da autora desde que a conheci. Creio que passámos a gostar um do outro desde esse dia, e algumas vezes mais nos encontramos ao longo dos anos. Nomeadamente no Famafest, de que foi membro de Júri Internacional já por duas vezes. Encontros, no entanto, demasiados espaçados para colmatarem a alegria de estar com ela, de a ouvir discretamente discorrer sobre a vida, com a mesma discrição que escreve os seus romances e contos.
Um dos aspectos mais interessantes da escrita e do estilo de Teolinda Gersão, será o facto da autora nos habituar a relatos de quotidiano, envolvidos numa delicada sensibilidade, onde as palavras vulgares do dia a dia se bastam, pela mestria com que são usados, para nos descrever emoções e paixões, mesmo em violento e nervoso confronto. Teolinda nunca abandona a suavidade da escrita, mesmo quando por detrás dela perpassam os mais violentos dramas, as tragédias mais extremadas. Esta aparente discrepância entre a tensão interna dos conflitos e das personagens e a “normalidade” das palavras que os descrevem tornam ainda mais grave e insuportáveis certas situações narradas. Neste aspecto, “A Casa da Cabeça de Cavalo” é um exemplo magnífico do que pretendo dizer, ao desenhar a existência de uma família, apalaçada e senhorial, em finais do século XIX, no Norte de Portugal, mas perpassa por toda a sua obra, agora reconfirmado com o excelente volume de contos a que deu o título de “A Mulher que Prendeu a Chuva”, onde me volteia apaixonar por um conto, que não digo qual, pois quando falo de projectos antes destes estarem concretizados, ficam pelo caminho. A ver vamos se com secretismo se concretizam.
O livro foi para mim a descoberta de uma voz nova no espaço da literatura portuguesa, mais uma vez a voz de uma mulher, mais uma vez uma descoberta inesperada por diversas razões. Já sabia da admiração de Vergílio Ferreira por Teolinda Gersão. Sabida a minha paixão por Vergílio Ferreira, fácil seria supor que Teolinda me deveria prender. Mas sou pessoa de só reagir por experiência própria – a leitura do romance, confirmou completamente as recomendações de Vergílio Ferreira.
A conversa com Teolinda fez crescer ainda mais a minha admiração pela romancista, mas também pela mulher: a voz macia e doce, o olhar terno, a delicadeza dos gestos, e por trás de tudo isso o vislumbre de uma vontade destemida, uma força com algo de telúrico que o sorriso apenas escondia, mas que qualquer bom observador pressente. Se gostara desse romance desde que comecei a sua leitura, gostei da autora desde que a conheci. Creio que passámos a gostar um do outro desde esse dia, e algumas vezes mais nos encontramos ao longo dos anos. Nomeadamente no Famafest, de que foi membro de Júri Internacional já por duas vezes. Encontros, no entanto, demasiados espaçados para colmatarem a alegria de estar com ela, de a ouvir discretamente discorrer sobre a vida, com a mesma discrição que escreve os seus romances e contos.
Um dos aspectos mais interessantes da escrita e do estilo de Teolinda Gersão, será o facto da autora nos habituar a relatos de quotidiano, envolvidos numa delicada sensibilidade, onde as palavras vulgares do dia a dia se bastam, pela mestria com que são usados, para nos descrever emoções e paixões, mesmo em violento e nervoso confronto. Teolinda nunca abandona a suavidade da escrita, mesmo quando por detrás dela perpassam os mais violentos dramas, as tragédias mais extremadas. Esta aparente discrepância entre a tensão interna dos conflitos e das personagens e a “normalidade” das palavras que os descrevem tornam ainda mais grave e insuportáveis certas situações narradas. Neste aspecto, “A Casa da Cabeça de Cavalo” é um exemplo magnífico do que pretendo dizer, ao desenhar a existência de uma família, apalaçada e senhorial, em finais do século XIX, no Norte de Portugal, mas perpassa por toda a sua obra, agora reconfirmado com o excelente volume de contos a que deu o título de “A Mulher que Prendeu a Chuva”, onde me volteia apaixonar por um conto, que não digo qual, pois quando falo de projectos antes destes estarem concretizados, ficam pelo caminho. A ver vamos se com secretismo se concretizam.
2 comentários:
Tenho a maior admiração pela Teolinda Gersão, como escritora e como pessoa. Espero que continue a escrever para nosso prazer.
Tive mta pena de não ter ido, até porque estou a ler o seu último livro de contos e conheci-a faz agora 8 anos e gostaria de a rever. No entanto, ando numa maratona Indie e já tinha os bilhetes comprados.
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