As Pedras
Semi-despida aguardas a pedrada no charco
Quando ela vem sentes um pouco do fim
Antecipado na fé e na crença do inútil
Uma outra chega e bate no teu rosto
O amor agora está tingido de sangue
Cada pedra a mais é um beijo proibido
E o céu já não é tecto da tua vida
Morre-se aos poucos atirada aos cães
Morre-se de vez devorada nos olhares
Os olhos consomem-te, agora aos milhares
Como se em visão postiça
Se fizesse justiça
Se eu fosse Deus só por um segundo
Velava por ti espalhada p'lo mundo
Mas eu não sou Deus nem por um segundo...
Adeus!
(Imagem: Pollock, War, 1947)
Posted by Ana Paula at 00:22 3 comments
Semi-despida aguardas a pedrada no charco
Quando ela vem sentes um pouco do fim
Antecipado na fé e na crença do inútil
Uma outra chega e bate no teu rosto
O amor agora está tingido de sangue
Cada pedra a mais é um beijo proibido
E o céu já não é tecto da tua vida
Morre-se aos poucos atirada aos cães
Morre-se de vez devorada nos olhares
Os olhos consomem-te, agora aos milhares
Como se em visão postiça
Se fizesse justiça
Se eu fosse Deus só por um segundo
Velava por ti espalhada p'lo mundo
Mas eu não sou Deus nem por um segundo...
Adeus!
(Imagem: Pollock, War, 1947)
Posted by Ana Paula at 00:22 3 comments
Belissima contribuição da Ana Paula, no Blogue "Música do Acaso". Espero que compreenda esta transcrição como uma homenagem à sua indignação e à sua sensibilidade. a obra de Pollock, de 1947, parece ter sido feita de encomenda. Inspiradissima escolha.
7 comentários:
Lindissimo!! Enche o âmago..."Tan irresistible es la dulzura del la piedras." ;)
boa tarde, lauro antónio. acabei de ler este poema no blog da ana paula. sem dúvida uma dádiva que recebi. fico contente de o ver aqui publicado com a mesma e bela ilustração. um grande beijinho.
Não gosto de ver, recuso-me a ver, repugna-me, enoja-me, enfurece-me e deixa-me mal disposta. Mas vi. E eu não olho para os acidentes, não vejo filmes sobre o holocausto, não espio avidamente as lágrimas das famílias das vítimas de qualquer tragédia. Mas neste caso, vi. Vi porque não tinha ainda dado uma imagem às palavras "morta por apedrejamento". Nunca mais verei porque já sei o que signifca.
Em 1962 Simone de Beauvoir recebeu ameaças de morte no dia do lançamento do seu livro sobre Djamila Boupacha, que expôs aos olhos do mundo o caso de uma argelina acusada de atentado, que um grupo de militares franceses sequestrou, torturou e violentou com uma garrafa quebrada. Nada aconteceu a Simone de Beauvoir, o mundo ficou a conhecer a história e muitos nunca mais esqueceram.
Ouvia dizer nos meus tempos de miúda que "uma mulher honesta não tem ouvidos" e "uma mulher honesta não olha para os lados". Mas se nunca olhar nem ouvir, como sabe ela que é honesta? Só sabe é que nada sabe. Faz falta ver e ouvir e saber, para julgar. Agora quando ouvirmos dizer "apedreajada até à morte", já sabemos. Não precisamos de ver mais vídeos de telemóveis de 3ª geração. E não esquecemos. Nunca esqueci Djamila Boupacha.
Peço desculpa pelo tamanho do comentário, eu sei que é um abuso do espaço alheio...
O post da ana paula é muito bom.
Muito obrigada pela sua homenagem, L.A..
O meu post resultou somente de um instante de profunda com(paixão).
Fico reconhecida pela atenção que lhe mereceu.
O meu obrigada igualmente a todos os que, de diferentes maneiras, estiveram em sintonia comigo.
É muito bom.
Ainda não tive coragem para ver o video. Confesso.
Muito Bom !
Subscrevo as palavras de " m " ...
senti-me apedrejada
deixo-vos beijos ***
de profunda com(paixão)
Interessante.
Bom dia.
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