sexta-feira, junho 08, 2007

A ESCOLA DE VILA NOVA DE POIARES

Leio e pasmo.
Aliás há anos que pasmo com o que acontece com as chamadas praxes académicas, invenções brutais e verdadeiramente aberrantes que anualmente se renovam perante o olhar cúmplice de autoridades, académicas e outras. A praxe, e tudo o que está relacionado com esse mau costume medieval, há muito que deveria ter sido erradicada, numa sociedade moderna. Mas não foi até hoje, e todos os anos há mais motivos para preocupação.
Agora em Vila Nova de Poiares, leio nos jornais, um aluno, dois alunos, sofreram de um costume (há dez anos que ocorre, claro que é um costume, uma tradição a preservar, como todas as boas tradições!) que consiste em ser colocado na horizontal pelos colegas, ver, obviamente contrariado, as suas pernas abertas, e ser atirado violentamente contra o tronco de uma árvore ou um poste. Provoca "ligeiras" escoriações nos órgãos genitais do indivíduo que está a ser agarrado pelas bestas e é por elas atirado contra o poste, mas nada que não faça soltar umas valentes e alarves gargalhadas que tudo justificam. Há dois alunos hospitalizados, ou a receber tratamento. Um deles teve de sair dessa escola e agora anda na de Penacova, para não sofrer represálias dos colegas que denunciou. Como é possível? O agredido teve de sair da escola, para os agressores não o continuarem a maltratar? Os prevaricadores continuam impunes, a vítima é sancionada? Estado de direito? Uma ova!
Mais: há dez anos que esta prática se cumpre. Que fazem as autoridades de Vila Nova de Poiares? Assobiam para o ar? Aquilo é terra de faroeste? Não há lei? Que fazem as autoridades escolares? Refugiam-se atrás das bestas que inventaram este “saudável” costume (que é já uma tradição da terra!)? Que fazem as demais autoridades, civis e militares? Anda tudo distraído? Há dez anos e nunca ninguém viu ou soube da existência de tão estranho costume? Ou, perante tal prática, não há ninguém nesta terra com tomates para acabar com este costume que transforma os ditos cujos em polpa de tomate?
Os professores que fazem greve por isto e por aquilo (algumas vezes com razão, é certo!), não se incomodam com estes casos? Não fazem nada? O Conselho Executivo da referida escola não explica o que fez, nem quais os castigos aplicados, se os houve, nem quais as medidas tomadas para impedir futuros casos. Parece que se vive nos domínios da KKK. Até quando?

alunos de Vila Nova de Poiares, preparam novas tradições.

12 comentários:

Jorge disse...

Já são horas de se acabar com as praxes!

Anónimo disse...

Sempre achei as praxes um disparate. Nos tempos em que a Faculdade de Letras de Lisboa era uma casa a sério, não havia lá nada disso, que a gente não deixava! Abraço!

Ouriço disse...

Mas que disparate!
Coisa desconcertante...
Lembro-me da minha praxe. Irritou-me imenso e ganhei uma alergia brutal na cara.
Bjs

None disse...

Espero que nesta altura já tenham sido tomadas medidas em relação aos infractores e no sentido de acabar com tal barbaridade. Até custa a acreditar que tais fenómenos violentos e humilhantes, ainda aconteçam.

Sara F. Costa disse...

É devido a esses provincianismos medievais chamados praxes que a universidade nem parece um Império do Saber... parece mais um antro para a falta de dignidade própria. Quando será que as mentalidades evoluem?

Marisa Martins disse...

Exitem brincadeiras de puro convívio. Brincadeiras designadas como gincana, karaokes, "canticos de louvor" aos Doutores da praxe.

Travam-se conhecimentos, as pessoas riem-se, divertem-se...

Na ESAD (Escola Superior de Artes e Design-Matosinhos) nunca assisti a nada de transcendente. Nos últimos anos nem se considerava praxe, mas sim reuniões de puro convívio entre caloiros e os ditos doutores.

O que aconteceu com estes caloiros de V.N. de Poiares, no meu ponto de vista não é praxe, é violência, brutalidade e falta de respeito.

Outro ponto, que gostaria de salientar, só se sujeita a este tipo de coisas quem quer. Ninguém é obrigado a ser praxado.

Um Abraço

Isabel Victor disse...

"invenções brutais e verdadeiramente aberrantes que anualmente se renovam perante o olhar cúmplice de autoridades"

Plenamente de acordo !
Isto aflige-me ...

Queridíssimo Lauro, ainda bem que traz este assunto à baila. Isto merece discussão ...
URGENTE !

B* da isabel

Anónimo disse...

O silêncio é o pior pecado...

Anónimo disse...

Não só as praxes, mas também o bullying, que deixam feridas ocultas, é uma constante nas nossas escolas. Coisas de garotos... dizem! Até quando o direito do mais "forte"?
Obrigada por denunciar estas histórias invisíveis para muitos.

José Louro disse...

Gostei do título referenciado na etiqueta...

Bite disse...

Sendo eu de Poiares, e ex-aluno daquela escola, não posso deixar de dizer que o que se passou não são praxes, apenas brincadeiras estúpidas feitas por alunos com má formação e educação. E não se deverá atirar responsabilidades para professores, que cada vez mais estão atulhados em papel, e vêem o seu poder a diminuir perante tais situações. Será que a educação não deveria partir de casa!?!
É rídiculo continuar a associar a praxe sempre a coisas más! E se os caloiros na altura que entram na faculdade se declaressem anti-praxe? Ou então, informarem-se do código de praxe para saber os direitos que têm, e como a praxe se rege!
A praxe é uma tradição, e como em muitas outras tradições há quem concorde e discorde. Mas isto é em tudo na vida.

Anónimo disse...

Olá...desconheço a pessoa que escreveu este documento...mas quero deixar aqui a minha opinião para que esta questão possa ser esclarecida...frequento a referida escola há longos anos e os jovens hospitalizados que são tratados como vitimas foram as primeiras a realizar este acto na escola a colegas mais novos...aliás o que saiu da escola é um "miudo" de 19 anos que n merece ouvidos pois era um provocador e ainda demonstra ser uma criança...penso que a escola tratou bem do caso..pelo menos da maneira que pode...é de salientar que estes casos nunca mais foram observados depois de o aluno sair da escola...