QUANDO O INVERNO CHEGAR
(com agradecimentos à minha querida amiga Yvette Centeno,
(com agradecimentos à minha querida amiga Yvette Centeno,
que me alertou para o espectáculo e traduz primorosamente Goethe).
Sala cheia (ou quase), muito público jovem, grande entusiasmo no final. No Teatro São Luíz, últimas representações de “Quando o Inverno Chegar”, de José Luís Peixoto.
O pano sobe sobre uma floresta, onde se encontram três homens, três tuberculosos, que vivem num sanatório perdido no interior dessa floresta. São três náufragos, três desterrados, três destroços que encontram no sanatório mais do que um local de tratamento, um refúgio. Como fala Marco Martins, o encenador, são personagens que criaram uma inércia de paragem. Encontram-se no sanatório "sob pretexto de estarem em recuperação de doenças respiratórias", explica o escritor, mas "vamo-nos apercebendo de que têm dificuldade em lidar com o mundo exterior e inventam todas as desculpas para não encarar a realidade". Um dia, passeando pela floresta, encontram a “menina Lena” que está prestes a suicidar-se, enforcando-se no tronco de uma árvore. Mas eles vão desviá-la desse desígnio. Percebem depois que Lena fora empregada numa casa abastada e que o herdeiro da mansão, Lucas de seu nome, a havia engravidado e fugido depois. Lena procura Lucas e procura sobretudo uma razão para continuar a viver. Coisas que todos procuram, é certo, mas de formas diferentes. Uns estão para sempre aprisionados nas suas próprias armadilhas. Como se verá.
A peça, da autoria de José Luis Peixoto é, todavia, uma criação colectiva, deste e ainda de Marco Martins, Nuno Lopes, Beatriz Batarda, Dinarte Branco e Gonçalo Waddington. "Eu fui o filtro. Fui sempre aproveitando as sugestões, sobretudo a partir da improvisação dos actores. Só depois se foi para a caracterização mais detalhada de cada personagem, as cenas foram muito discutidas", disse José Luís Peixoto, que foi assistindo a todos os ensaios entre Novembro e Dezembro, tendo concluído o texto no fim do ano.
Diga-se que é um excelente texto, literariamente muito bem escrito, sugestivo, apelativo, trágico nalgumas das suas consequências, mas cozinhado com humor e ironia, muito bem trabalhada por toda a equipa. Há muito tempo que não via em palcos nacionais um espectáculo português (digamos que quase 100 % português) tão completo, tão bem conseguido, tão perfeito na forma como se apresenta ao público. Faz lembrar, aqui e ali, “À Espera de Godot” ou algumas outras peças de Samuel Beckett (não esquecendo Tchekov). José Luís Peixoto afirma que teve "duas influências literárias assumidas" para a construção deste texto: a ideia do sanatório surgiu a partir de "A Montanha Mágica" de Thomas Mann, e a figura feminina, Lena, inspirou-se numa personagem com o mesmo nome de "Luz em Agosto", de William Faulkner." É uma peça sobre a inércia, sobre a cobardia, o medo, a auto-ilusão", resumiu o escritor.
A encenação de Marco Martins é excelente, o cenário de João Mendes Ribeiro é brilhante, o desenho de luz, de Nuno Meira, rigoroso e inventivo, bem como os figurinos de Adriana Molder, a música original de Pedro Moreira ajustadíssima, e as interpretações de Beatriz Batarda, Dinarte Branco, Gonçalo Waddington e Nuno Lopes notáveis.
Marco Martins que se estreara no cinema de ficção com a longa-metragem "Alice", e que dera óptimas referências neste trabalho, mostra-se igualmente um encenador talentoso e a não perder de vista. No elenco de “Quando o Inverno Chegar”, figuram, aliás, três dos actores que já tinham aparecido em "Alice", Beatriz Batarda, Nuno Lopes e Gonçalo Waddington.
A não perder sob pretexto algum. Tanto mais que só resta uma representação: hoje, sábado, dia 30 de Junho, pelas 21,00. No São Luiz.
O pano sobe sobre uma floresta, onde se encontram três homens, três tuberculosos, que vivem num sanatório perdido no interior dessa floresta. São três náufragos, três desterrados, três destroços que encontram no sanatório mais do que um local de tratamento, um refúgio. Como fala Marco Martins, o encenador, são personagens que criaram uma inércia de paragem. Encontram-se no sanatório "sob pretexto de estarem em recuperação de doenças respiratórias", explica o escritor, mas "vamo-nos apercebendo de que têm dificuldade em lidar com o mundo exterior e inventam todas as desculpas para não encarar a realidade". Um dia, passeando pela floresta, encontram a “menina Lena” que está prestes a suicidar-se, enforcando-se no tronco de uma árvore. Mas eles vão desviá-la desse desígnio. Percebem depois que Lena fora empregada numa casa abastada e que o herdeiro da mansão, Lucas de seu nome, a havia engravidado e fugido depois. Lena procura Lucas e procura sobretudo uma razão para continuar a viver. Coisas que todos procuram, é certo, mas de formas diferentes. Uns estão para sempre aprisionados nas suas próprias armadilhas. Como se verá.
A peça, da autoria de José Luis Peixoto é, todavia, uma criação colectiva, deste e ainda de Marco Martins, Nuno Lopes, Beatriz Batarda, Dinarte Branco e Gonçalo Waddington. "Eu fui o filtro. Fui sempre aproveitando as sugestões, sobretudo a partir da improvisação dos actores. Só depois se foi para a caracterização mais detalhada de cada personagem, as cenas foram muito discutidas", disse José Luís Peixoto, que foi assistindo a todos os ensaios entre Novembro e Dezembro, tendo concluído o texto no fim do ano.
Diga-se que é um excelente texto, literariamente muito bem escrito, sugestivo, apelativo, trágico nalgumas das suas consequências, mas cozinhado com humor e ironia, muito bem trabalhada por toda a equipa. Há muito tempo que não via em palcos nacionais um espectáculo português (digamos que quase 100 % português) tão completo, tão bem conseguido, tão perfeito na forma como se apresenta ao público. Faz lembrar, aqui e ali, “À Espera de Godot” ou algumas outras peças de Samuel Beckett (não esquecendo Tchekov). José Luís Peixoto afirma que teve "duas influências literárias assumidas" para a construção deste texto: a ideia do sanatório surgiu a partir de "A Montanha Mágica" de Thomas Mann, e a figura feminina, Lena, inspirou-se numa personagem com o mesmo nome de "Luz em Agosto", de William Faulkner." É uma peça sobre a inércia, sobre a cobardia, o medo, a auto-ilusão", resumiu o escritor.
A encenação de Marco Martins é excelente, o cenário de João Mendes Ribeiro é brilhante, o desenho de luz, de Nuno Meira, rigoroso e inventivo, bem como os figurinos de Adriana Molder, a música original de Pedro Moreira ajustadíssima, e as interpretações de Beatriz Batarda, Dinarte Branco, Gonçalo Waddington e Nuno Lopes notáveis.
Marco Martins que se estreara no cinema de ficção com a longa-metragem "Alice", e que dera óptimas referências neste trabalho, mostra-se igualmente um encenador talentoso e a não perder de vista. No elenco de “Quando o Inverno Chegar”, figuram, aliás, três dos actores que já tinham aparecido em "Alice", Beatriz Batarda, Nuno Lopes e Gonçalo Waddington.
A não perder sob pretexto algum. Tanto mais que só resta uma representação: hoje, sábado, dia 30 de Junho, pelas 21,00. No São Luiz.
3 comentários:
Um miminho de prémio para si no meus novo "espaço" .)))
Um espectáculo de teatro que eu, realmente, não deveria ter perdido! :(
Obrigada por me ter posto a par...
A peça parece-me bastante interessante. Gostei de ver o espectáculo dedicado á princesa Diana,pena foi a porcaria de transmissão da RTP,grupos que são anunciados pelo Julio Isidro que os vamos ver e ouvir e quando começamos a ouvir acabam(caso dos Orson), pois a RTP esteve a passar publicidade é ridiculo.Entrevistas para que?Não chegava irem comentando as imagens que vinham de Wembley(eram bons convidados ao menos isso).E deixar de transmitir para dar o telejornal(era importante por causa da presidencia da União Europeia admito)esta mal,no minimo devia naquele espaço de 1h.40m passar para a RTP2.Já estou com medo da transmissão do Live Earth.
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