terça-feira, agosto 14, 2007

LIVROS E FILMES: O FIO DA NAVALHA

"O FIO DA NAVALHA":
O ROMANCE
E AS VERSÕES CINEMATOGRÁFICAS
“O Fio da Navalha” é um dos romances de maior sucesso de Somerset Maugham, só ultrapassado, ao que julgo, por “Servidão Humana”. De “The Raizor’s Edge” os americanos realizaram duas adaptações cinematográficas, uma de 1946, com realização de Edmund Goulding, e com um excelente elenco, onde se destacavam Tyrone Power (Larry Darrell), Gene Tierney (Isabel Bradley), John Payne (Gray Maturin), Anne Baxter (Sophie Nelson Macdonald), Clifton Webb (Elliott Templeton), Herbert Marshall (W. Somerset Maugham), Lucile Watson (Louisa Bradley), Frank Latimore (Bob Macdonald) e Elsa Lanchester (Miss Keith, secretária da Princesa). A fabulosa fotografia a preto e branco era assinada por Arthur C. Miller e a partitura musical da responsabilidade de Alfred Newman. Não se tratava de uma obra-prima, mas, com uma ou outra cedência a um exotismo de pacotilha nas sequências rodadas fora dos EUA (Paris e Índia, sobretudo), este “The Razor's Edge” aproximava-se muito do que se pode pedir a uma boa adaptação, com alguns aspectos arrojados e uma notável criação de personagens.
Nos anos 80, mais precisamente em 1984, foi a vez de John Byrum voltar ao clássico, desta feita com uma adaptação promovida e escrita por Bill Murray (de colaboração com o próprio John Byrum), que interpretaria o papel principal, Larry Darrell, ao lado de um elenco curioso: Theresa Russell (Sophie MacDonald), Catherine Hicks (Isabel Bradley), Denholm Elliott (Elliott Templeton), James Keach (Gray Maturin), Peter Vaughan (Mackenzie) e Brian Doyle-Murray (Piedmont), A fotografia, a cores, era da responsabilidade de Peter Hannan, e a música de Jack Nitzsche. O resultado, deve dizer-se, ficou muito aquém das expectativas, sobretudo porque Bill Murray “leu” o romance para o encaixar na sua pele de actor, fazendo deslizar os contornos de personagens e situações a seu belo prazer, colocando um certo acento demasiado visível numa faceta de humor que nunca existiu no romance de W. Somerset Maugham (ironia sim, mas nunca o humor quase burlesco de certas situações recriadas por Bill Murray). Mas haverá muito mais a dizer, o que faremos a seu tempo.

Falemos do romance, que data de 1944: Larry Darrell (curioso o facto de W. Somerset Maugham colocar como protagonista alguém com o nome de Lawrence Darrel, com uma única letra a separá-lo de Lawrence Durell, um escritor que tudo indica ser homenageado nesta referência) é americano, jovem, bem apessoado, esteve como piloto na I Guerra Mundial, regressa a Chicago, onde é bem recebido por vários amigos e uma namorada, Isabel Bradley, que está por ele apaixonada e o esperou com ansiedade. Isabel é filha de Louisa Bradley, sobrinha de Elliott Templeton, um “dandy” que fez fortuna a vender antiguidades, se passeia entre a América, Paris, Londres e estâncias de turismo muito in, e que não acha muita graça a Larry, por este, regressado da guerra, querer “vadiar” e não estar muito interessado em contribuir para o progresso da América, arranjando um bom emprego e desfrutando da sua condição de pertencer à melhor sociedade, aos endinheirados que tudo podem e tudo se permitem. Pelo contrário, Larry vive angustiado com uma recordação dolorosa da guerra, que evoca com discrição: foi salvo por um camarada de armas que morreu ao salvá-lo a ele. A sua viagem agora é uma longa procura espiritual: quer encontrar um sentido para a sua vida e um sentido para aquele acto de extrema generosidade e abnegação desse piloto que se atravessou entre o seu avião e o de um alemão.
Larry não quer casar já, quer passar um ou dois anos em Paris, para onde parte. Aí chegado, não aceita os préstimos de Elliot, que o procura apresentar à melhor sociedade, aluga um quarto manhoso numa pensão de quinta ordem, lê tudo o que pode, confraterniza em tertúlias de artistas, viaja e flaneia à sua maneira. Passa pela Alemanha, trabalha numa mina em França, onde cria amizade com um polaco, persegue gurus que o levam até à Índia, descobre-se iluminado por um saber interior que estimula a sua espontânea generosidade. Reencontra-se por várias vezes com Isabel, com quem aceita desfazer o casamento, mas nunca a amizade, troca carícias e amor com mulheres avulsas que o seduzem e de quem aceita o prazer, mas nunca se descobre um amante impulsivo e apaixonado. Recebe a notícia do casamento de Isabel com Gray Maturin com satisfação, assiste à derrocado emocional de Sophie, que vê marido e filho morrerem num acidente de automóvel, e que nunca mais se recompõe do terrível trauma, surpreende-a anos depois numa tasca imunda de Paris, bêbeda e promíscua, dependente do ópio e de uma angústia que a prostra e a levará à morte, pescoço cortado por uma fina lâmina que a atira, primeiro para o Sena e depois para a morgue. No meio de todo este drama, Larry tenta ainda salvar Sophie, oferece-lhe o seu amor (sobretudo o seu “calor”) e o seu quarto em Montparnasse, pede-a em casamento e tenta libertá-la do vinho e das drogas, mas uma “imprevidência” deliberada de Isabel provoca a queda no abismo e a tragédia da sua melhor amiga de infância, que, todavia, ela não consegue ver casada com Larry, o homem que ela sempre amou, e ainda ama, e sempre irá amar, mas que abandonou, perante a perspectiva de uma vida inquieta a seu lado, e o radioso futuro de uma existência tranquila e abastada ao lado de Gray.

Acontece que a fortuna dos Maturin se afundou com a grande recessão de 1929, e o casal volta a Paris na penúria, com duas filhas, aceitando a “esmola” de viverem no palácio de Elliot enquanto se regeneram socialmente. Larry terá mesmo a função de curar Gray de persistentes enxaquecas, com o milagroso saber que trouxera da Índia. Finalmente, um dia, depois de muitas aventuras e peripécias, de dramas e tragédias, com algumas alegrias pelo meio, Larry está pronto para voltar à sua terra, a América. Para ser taxista, talvez, mas agora com alguma possibilidade de entender um pouco melhor a vida e a sua finalidade. A procura terminou, Larry sabe-se um entre milhões, não será nunca um homem excepcional, não irá colocar em letra de forma a sua extraordinária aventura, basta-lhe viver o melhor que pode o resto da sua vida. W. Somerset Maugham assim pensa: “Não tem ambições, nem desejo de se tornar célebre; distinguir-se aos olhos do público ser-lhe-ia sumamente desagradável; é, portanto, admissível que se contente em levar a vida que escolheu e ser apenas ele próprio. É excessivamente modesto para se oferecer como exemplo aos olhos dos outros; mas é possível que julgue que algumas almas indecisas – para ele atraídas como borboletas para a chama - chegarão, com o tempo, a compartilhar da sua maravilhosa crença de que a verdadeira felicidade só pode ser encontrada nas coisas do espírito, e que esteja convencido de que, trilhando com abnegação e renúncia o caminho da perfeição, está praticando o bem tão positivamente como se estivesse escrevendo livros ou discursando a multidões.”
Toda esta intriga é acompanhada, portanto, pelo próprio W. Somerset Maugham que, assumindo-se como personagem do seu próprio romance, logo a abrir, confessa: “Não inventei coisa nenhuma.” E acrescenta: “Este livro parte das recordações que tenho de um homem com quem, em épocas muito espaçadas, tive íntimo contacto; mas pouco sei do que lhe aconteceu nos intervalos. Creio que, recorrendo à imaginação, eu poderia preencher plausivelmente as lacunas e tornar mais coerente a minha narrativa; mas a tal não me sinto atraído. Quero unicamente relatar factos de que tenho conhecimento.”
Pelos vistos assim será. Durante anos, após o lançamento do livro, e sobretudo após as adaptações ao cinema, muito se tem especulado sobre quem seriam na realidade as personagens em que se inspirara W. Somerset Maugham para escrever o seu romance. Elliot Templeton terá merecido alguma atenção, bem como o “holy man” que Lary visita na Índia e que para muitos estudiosos parece fácil de desvendar (fala-se em Sri Ramana). Mas a figura mais enigmática e aquela que tem feito correr mais tinta é obviamente a de Larry Darrell. Há um site na internet que ao longo de centenas de páginas procura explicar que Larry Darrell não é outro senão um tal americano de nome Guy Hague que terá percorrido um caminho idêntico ao de Darrell. Para os interessados fica aqui a chave de entrada nesse reino de pesquisa que não acaba mais:
http://www.geocities.com/upakaascetic/all_larry_darrell.html.

O Filme de 1946
George Cukor terá sido o primeiro a ser convidado a assinar a versão de 1946 de “The Razor’S Edge”, mas rapidamente o produtor Darryl F. Zanuck o despediu, em virtude do tipo de adaptação que o realizador sugeria e que não agradava de forma nenhuma ao boss da Twenty Century Fox. Acabou por ser Edmund Goulding, um realizador interessante, mas homem sem grande marca pessoal, a aceitar a encomenda de que se desembaraçou com satisfação geral.
Tyrone Power, que acabava de regressar da Europa e da intervenção na II Guerra Mundial, mostrava-se farto de interpretar a figura de aventureiros sem registo psicológico de assinalar, pretendia papéis com outra dimensão humana, e prometeu regressar a Zorro se lhe oferecem o desempenho de Larry Darrell. Por outro lado, W. Somerset Maugham, vivendo do sucesso dos seus romances mais falados, viajou até Hollywood em 1945 para escrever a adaptação do seu romance para cinema, de colaboração com Lamar Trotti, um argumentista da velha escola de Hollywood. Quando Darryl F. Zanuck lhe perguntou quanto levava pelo trabalho, três meses depois, o escritor declinou qualquer pagamento (bastavam-lhe os direitos que auferiu na concessão do livro para adaptação ao cinema, e que ascenderam a 150.000 dólares, recebidos em Outubro de 1944), aceitou apenas ser ressarcido das suas despesas nos EUA, mas acabaria por receber na volta um quadro de Matisse (dizem que no valor de 15.000 dólares). Darryl F. Zanuck mostrou-se generoso quanto ao pagamento, mas não usou uma linha dessa adaptação. W. Somerset Maugham não ficou nem surpreendido, nem aborrecido. Conta-se, aliás, que quando trabalhava com Lamar Trotti o descobriu tão zeloso na fidelidade à obra e na forma de a adaptar ao cinema, que lhe confidenciou: “Você ainda é mais respeitoso com Maugham, o escritor, do que eu mesmo!”
Na capa do guião escrevera mesmo: “Por favor, notem que, no fundo, isto é uma comédia, e deve ser interpretada enquanto tal por todos os actores, excepto nas passagens definitivamente sérias.”
A adaptação do escritor funcionou apenas como um esboço para a adaptação final. Maugham comentou: “Zanuck nunca utilizou uma única linha do meu guião…. Tomaram imensas liberdades com o meu romance original no guião que acabou por ser filmado. Mas Maugham sentiu-se satisfeito por “ter sido eliminado por $15,000" e admitia que “The Razor's Edge” tinha algumas qualidades de acção, de movimento ("pedestrian”) que convidavam à injecção de certos estímulos cinematográficos. “

Estreado a 20 de Novembro de 1946, no "Roxy", em New York City, numa soirée de gala, “O Fio da Navalha” dividiu opiniões críticas. Muitos apoiaram entusiasticamente, mas o crítico do “The New York Times” refere "diálogos vazios". O que não impediu o filme de galopar nas bilheteiras até uma receita de cinco milhões de dólares (tendo custado 1, 2 milhão).
Na cerimónia de atribuição dos Oscars do ano, “O Fio da Navalha” ganhou o “Oscar de Melhor Actriz Secundária (para Anne Baxter), além de ter sido nomeado em outras três categorias: Melhor Filme, Melhor Actor Secundário (Clifton Webb) e Melhor Direcção Artística (a preto e branco). Entretanto, nos Globos de Ouro, alcançou duas estatuetas: para os dois actores secundários (Clifton Webb e Anne Baxter).
Perante estes resultados, artísticos e sobretudo económicos, Zanuck pensou numa sequela, mas Maugham não aceitou: “A única sequela que conheço tão boa como o original é “Don Quixote”, e eu estaria louco se admitisse uma continuação para “The Razor's Edge".
O filme foi lançado com uma boa proposta: “Ele tinha tudo e não queria nada. Aprendeu que não tinha nada e queria tudo. Salvou o mundo e ficou devastado. O caminho para a salvação é tão cortante e fino como o fio da navalha.” O que se aproxima muito da frase de Katha-Upanishad que serve de citação inicial à obra literária: “Difícil é andar sobre o fio aguçado de uma navalha e árduo, dizem os sábios, é o caminho da salvação.”
Estas obras, tanto o romance de 1944, como o filme, de dois anos mais tarde, terão sido percursoras do movimento “hippie” que se desencadeou durante a década de 60, bem como instigadoras fundamentais das inúmeras peregrinações ao Oriente, em direcção a Kathmandu e outras paragens de inspiração budista e hinduísta. Foram igualmente importantes para modificar o olhar e a posição do Ocidente em relação ao Oriente, afastando a ideia de que por estas bandas asiáticas só imperava o mistério maléfico de Fu Manchu e parceiros. Rapidamente citem-se duas razões para avalizar uma boa adaptação: a primeira é que se não se quer ser fiel ao espírito da obra, então porque se adapta? A segunda é que nem sempre (ou melhor, quase nunca) uma adaptação fiel ao romance (ou à obra original) assegura uma nova obra de qualidade. Dito isto, tudo é possível. No caso da versão de 1946 de “The Razor’s Edge” há que referir desde logo algo que me parece muito original na altura: aparecer a personagem do escritor, enquanto tal (Somerset Maugham em pessoa) que convive com as outras personagens do seu romance em pé de igualdade. Ele funciona como no livro: um inquisidor que vai despoletando diálogos, recolhendo informações, inquirindo, procurando saber, ligando factos e figuras, dando algum sentido a uma história cheia de hiatos. Herbert Marshall é um W. Somerset Maugham plausível e correcto, não intervindo demasiado, olhando com alguma ironia esse "jet-set" que interpela, essa "beautifull people" com que se encontra, mas nunca deixando de os observar com alguma ternura e sensibilidade. Para Maugham, um mineiro e um dandy podem e devem ser vistos com a mesma delicadeza de olhar e igual afecto. Ambos participam de uma obra muito vasta, ambos se moldam com a mesma matéria, com fraquezas e vícios, virtudes e forças desconhecidas a uma primeira impressão. O que não quer dizer que todos sejam objecto da mesma fraternidade e simpatia. Ao longo do romance há personagens de sombreado mais carregado, de interpretação menos dúbia. Mas, obviamente, que o prazer da companhia vai direitinho para Larry Darrell, que dir-se-ia o “seu tipo inesquecível”.
A adaptação parece-me extremamente interessante, porquanto não se procura manter apenas fiel às peripécias do romance, mas procura “adaptá-lo” a um novo contexto narrativo, sem perder a essência da obra donde parte. Houve que concentrar situações e personagens, há figuras que desaparecem, como Suzanne Bouvier, outras que ganham mais força no filme, como Isabel Bradley, Sophie Nelson Macdonald ou Elliott Templeton (valorizadas, e muito!, pelos desempenhos notáveis de todos os actores que os vivem), há muita conversa em busca do Absoluto que é substituída por imagens que tendem a instalar a sugestão. Há uma soberba fotografia que acentua o lado espiritualista do projecto, sublinhando a riqueza dos cinzentos, num mundo que nunca é visto num agressivo e contrastado preto e branco.
Há infelizmente, como já procurei referir a abrir, algumas sequências de um exotismo de pacotilha, sobretudo nas “caves” de Paris, com parisienses de bigodinho e comportamento estereotipado. Mas existe, por outro lado, uma preocupação de verdade noutras cenas, quer nos ambientes requintados de Chicago ou Paris, quer nas minas francesas ou nas alturas das montanhas indianas.
Resumidamente, parece-me um filme plasticamente muito bem resolvido, sem o sopro do génio na realização, é certo, mas com o saber técnico e o rigor seguro de um profissional competente, servido aqui e ali por alguma respiração a rondar a excepção, o que torna o projecto ambicioso e exaltante. É o tipo de filme que se vê e se não esquece facilmente.

O Filme de 1984
O mesmo não se poderá dizer de “O Fio da Navalha”, na sua versão de 1984, rodada por John Byrum, com a colaboração no argumento de Bill Murray, que é igualmente o protagonista. Nalguns aspectos, a história repetia-se. Bill Murray, apaixonado pelo projecto, teve de se impor à produtora, a Columbia, com argumentos idênticos aos de Tyroner Power, quarenta anos antes: “Se quiserem mais “Biggie Goes to College Movies" (tipo de filmes que interpretava com imenso sucesso), terei de fazer “The Razor's Edge”.
Inicialmente há que referir a adaptação que é, curiosamente, o inverso da de 1946: aqui tudo se transforma. Larry Darrell é visto abundantemente durante a sua contribuição na I Guerra Mundial (como elemento de uma ambulância da Cruz Vermelha, e não como piloto, o que desvia o filme do romance para o romancista: Maugham é que desempenhou semelhante tarefa durante esse conflito), o que permite várias sequências de movimentadas acções militares, que acenam à espectacularidade, mas acabam por sofrer de um decorativismo sem autenticidade, cheirando tudo a plástico e a vulgar guarda-roupa. Depois, o tratamento dado ao romance é discutível, não tanto por sublinhar umas situações e personagens e relegar para a sombra outras. Essa seria uma liberdade que se justifica, se os fins o confirmassem. Mas, infelizmente, nada se passa assim. Isabel é quase esquecida, para dar lugar a uma Sophie muito mais presente (a escolha das actrizes desde logo prenunciava tal: Theresa Russell é Sophie MacDonald, Catherine Hicks é Isabel Bradley), sem que se consiga nada de suplementar (muito pelo contrário, a obra fica coxa). A personagem de Larry Darrell é construída por Bill Murray na linha das suas composições na época (“Stripers” ou “Os Caça-Fantasmas”, por exemplo), e muito longe do que depois seria o seu trabalho num outro registo, em “Lost in Translation”, por exemplo. Demasiado humor de situação e pouca ironia. Parece que a ideia de Murray-Byrum era actualizar a mensagem do romance e levá-la as gerações mais jovens. Intenções malogradas, já que o insucesso foi completo e o filme um tremendo “flop”. Finalmente, todo o projecto enferma de um mesmo vício: um esteticismo “bonitinho” que passa da fotografia à música, da direcção artística aos cenários. Tudo muito bilhete-postal, desde as cenas rodadas no campo de batalha até aos interiores de Paris ou aos exteriores da Índia. John Byrum que se estreara em 1974, com uma obra profundamente interessante e surpreendente, “Inserts”, prosseguira-a depois com Heart Beat (1980), ainda muito estimável, mas daí em diante nunca mais se voltou a notabilizar. Construiu uma lenda de autor intratável que o lançou para raras contribuições na televisão e pouco mais. O seu “The Razor's Edge” (1984) é uma decepção que, todavia, mantém admiradores incondicionais (veja-se o site
http://www.theoldcorner.org.uk/exclusive.htm).
O FIO DA NAVALHA
Título original: The Razor's Edge
Realizador: Edmund Goulding (EUA, 1946); Argumento: Lamar Trotti, segundo romance de W. Somerset Maugham; Darryl F. Zanuck (sequências adicionais); Música: Alfred Newman; Fotografia (p/b): Arthur C. Miller; Montagem: J. Watson Webb Jr.; Direcção de arte: Richard Day, Nathan Juran; Decoração: Thomas Little; Maquilhagem: Ben Nye; Direcção de produção: Raymond A. Klune; Guarda-roupa: Oleg Cassini, Charles Le Maire, Sam Benson; Assistentes de realização: Saul Wurtzel; Departamento de arte: Paul S. Fox, Lady Elsie Mendl; Som: Alfred Bruzlin, Roger Heman Sr.; Efeitos especiais: Fred Sersen; Produção: Darryl F. Zanuck; Companhia produtora: Twentieth Century-Fox Film Corporation
Intérpretes: Tyrone Power (Larry Darrell), Gene Tierney (Isabel Bradley), John Payne (Gray Maturin), Anne Baxter (Sophie Nelson Macdonald), Clifton Webb (Elliott Templeton), Herbert Marshall (W. Somerset Maugham), Lucile Watson (Louisa Bradley), Frank Latimore (Bob Macdonald), Elsa Lanchester (Miss Keith, secretária da Princesa), Fritz Kortner (Kosti), John Wengraf (Joseph), Cecil Humphreys (Homem sagrado), Harry Pilcer (dançarino), Cobina Wright Sr. (Princesa Novemali), Dorothy Abbott, George Adrian, Demetrius Alexis, Olga Andre, John Ardell, Frank Arnold, Juan Arzube, Richard Avonde, Claude Avray, Louis Bacigalupi, Virginia Barnato, Robert Barron, Claude Bayard, Eugene Beday, Pati Behrs, Emile Bejaut, Stanislaw Belski, Wilson Benge, Evelyn Bennett, Carmen Beretta, Walter Bonn, Eugene Borden, Jacques Boyjan, George Brenner, Mary Brewer, Maurice Brierre, George Bruggeman, Frederic Brunn, Paul Bryar, Joseph Burlando, Peter Camlin, Renee Carson, Jaque Catelain, David Cavendish, André Charlot, Jack Chefe, Gordon Clark, Louise Colombet, Helene Copel, Robert Cornell, Franco Corsaro, Noel Cravat, Mary Currier, Adolph Damotte, Roberta Daniel, Eddie Das, Alexis Davidoff, John Davidson, George Davis, Jack Davis, Jean De Briac, Paul De Corday, Marcel De la Brosse, Gene De Liere, Jean Del Val, Harry Denny, Ray De Ravenne, Henri DeSoto, Marion de Sydow, Juan Duval, Gerald Echaverria, Gale Entrekin, Edward Equinet, Nestor Eristoff, Ben Erway, Joe Espitallier, Paul Everton, Fed Farrell, John Farrell, Bertha Feducha, Bess Flowers, Robert Ford, Leo Galitzine, Jack Gargan, George Gastine, Helen Giere, Fred Godoy, Sol Gorss, Dolores Graham, Don Graham, Fred Graham, Marcelle Grandville, Greta Granstedt, Edna Mae Harris, Susan Hartmann, Jamiel Hasson, Yvette Heap, Bert Hicks, Jackson Jordan, Wanda Karska, Dorothy Kelly, Frank Kerbrat, Hassan Khayyam, Ilia Khmara, Nicholas Kobliansky, Theodore Kompanetz, Edward Kover, Serge Krizman, Yolanda Lacca, Isabel La Mal, Raymond Largay, Robert Laurent, Tony Laurent, Eddie Le Baron, Henri Letondal, Arthur Little Jr., Manuel López, Jacques Lory, Charles Loyal, Tanya Lupeea, Maurice Marsac, Andre Marsaudon, Michael Mauree, George Mendoza, Louis Mercier, Ruth Miles, Rene Mimieux, Baldo Minuti, Frances Morris, Diana Mumby, Henri Muro, Forbes Murray, Joan Myles, George Navarro, Mayo Newhall, Barry Norton, Robert Norwood, Suzanne O'Connor, Peggy O'Neill, Alfredo Palácios, Manuel Paris, Helen Pasquelle, Marg Pemberton, Albert Petit, Alex Pollard, Albert Pollet, Marie Rabasse, Alfred Redgis, Frances Rey, Loulette Sablon, Cosmo Sardo, Leonardo Scavino, Suzanne Schwing, Shushella Shakari, Robert Shaw, Mario Siletti, Paul Singh, Dina Smirnova, George Sorel, Aldo Spoldi, Lillian Stanford, Ann Staunton, Hermine Sterler, Laura Stevens, Adele St. Mauer, Blanche Taylor, Dr. Ross Thompson, Olga Marie Thunis, Willy Thunis, Nanette Vallon, Roger Valmy, Tyra Vaughn, Odette Vigne, Jacques Villon, Betty Lou Volder, Jack Wagner, Basil Walker, Joe Warfield, Joanee Wayne, Barrett Whitelaw, Crane Whitley, Marek Windheim, Al Winters, Bud Wolfe, Frank Wolf, Jack Young, etc. Duração: 145 minutos; Locais de filmagem: Denver, Colorado (EUA); Data de estreia: Dezembro de 1946 (EUA).

O FIO DA NAVALHA
Título original: The Razor's Edge
Realizador: John Byrum (EUA, 1984); Argumento: John Byrum, Bill Murray, segundo romance de W. Somerset Maugham; Música: Jack Nitzsche; Fotografia (cor): Peter Hannan; Montagem: Peter Boyle; Design de produção: Philip Harrison; Direcção de arte: Malcolm Middleton; Decoração: Stuart Rose, Ian Whittaker; Guarda-roupa: Shirley Russell, Catherine Halloran, Michael Jeffery, Aperna Kasara; Maquilhagem: George Frost, Mike Jones, Mike Lockey; Direcção de produção: Atul Bhasin, John Comfort, Sudesh Syal, Serge Touboul; Assistentes de realização: Laurent Brégeat, Ray Corbett, Kieron Phipps, Kanwal Swaroop; Departamento de arte: Terry Apsey, Jean-Pierre Bazerolle, Arun Joglekar, Robert Le Corre, Marcel Simeon, Saba Zaidi; Som: Rene Borisewitz, Stan Fiferman, Leslie Hodgson; Efeitos especiais: Martin Gutteridge; Casting: Elizabeth Desouches, Jacqueline Perpere, Jennifer Shull, Maude Spector; Produção: Harry Benn, Rob Cohen, Jason Laskay, Robert P. Marcucci; Companhias produtoras: Columbia Pictures Corporation, Marcucci-Cohen-Benn Production.
Intérpretes: Bill Murray (Larry Darrell), Theresa Russell (Sophie MacDonald), Catherine Hicks (Isabel Bradley), Denholm Elliott (Elliott Templeton), James Keach (Gray Maturin), Peter Vaughan (Mackenzie), Brian Doyle-Murray (Piedmont), Stephen Davies (Malcolm), Saeed Jaffrey (Raaz), Faith Brook (Louisa Bradley), André Maranne (Joseph), Bruce Boa (Henry Maturin), Serge Feuillard (Coco), Joris Stuyck (Bob MacDonald), Helen Horton, Michael Fitzpatrick (Tyler), Robert Manuel (Albert), Sam Douglas, Nora Connolly, Jeff Harding, Richard Oldfield, Gordon Sterne, Mary Larkin, Christopher Muncke, Russell Sommers, John Moreno, Hugo Bower, Abbie Shilling, Cassie Shilling, Jean-François Soubielle, Claude Le Saché, Caroline John, Daniel Chatto, Louis Sheldon, Kunchuck Tharching, Derek Lyons, etc.
Duração: 128 minutos; Data de estreia: 19 de Outubro de 1984 (EUA).

4 comentários:

Lord of Erewhon disse...

Só vi o de 46... não devo ter perdido muito.

Já que estamos em estação de piadas ao Drácula... que tal uns posts às glórias do cinema fantástico?

Abraço.

P. S. Também gostava de ver aqui uma diatribe ao «Death Proof» do Tarantino, quiçá ilustrada com umas mamalhudas do Russ Meyer... :)

Marisa Martins disse...

Tomei a liberdade de explorar ainda mais o seu tópico "os 10 mais das nossas vidas" e desafiar a eleição das 10 vozes/compositores mais marcantes da história da música.

Como "pai" desta iniciativa teria muito gosto que participasse neste desafio.

Fico a aguardar os seus eleitos.


Um abraço
Marisa Martins


http://as10vozesmaismarcantes.blogspot.com/

Luis Eme disse...

Gostei de ler e aprender...

Numa de Letra disse...

Falta-me o filme...

http://numadeletra.com/o-fio-da-navalha-de-somerset-maugham-47211