sábado, setembro 27, 2008

PAUL NEWMAN


PAUL NEWMAN SEMPRE !
(25.jan.1925 - 26.set.2008)


















Em 1974, o “estúdio Apolo 70” (sala de cinema hoje encerrada, mas que se situava no Centro Comercial do mesmo nome, em Lisboa, frente ao Campo Pequeno,), cuja programação foi, desde a sua inauguração até quase ao seu encerramento, dirigida por mim, ensaiava uma colecção de "Monografias" de cinema, a primeira das quais (saber-se-ia depois que primeira e única) dedicada ao cinema norte-americano da época, com o título "USA", e o propósito de chamar a atenção para alguns (então) jovens realizadores cujas obras iniciais me tinham impressionado vivamente e a quem augurava bom futuro. Paul Newman era na altura um actor já consagrado mas um realizador com apenas três filmes, todos eles a mereceram os maiores encómios. Os outros para quem o livrinho apontava talento não se esquivaram a esse desígnio: George Roy Hill, George Lucas ou Peter Bogdanovich não se fizeram rogados e assinaram obras que ficaram na história do cinema.
Nesse livrinho, de que recupero a memória (ano feliz o de 1974, por tantas e tantas razões, e também por essa que todos lembram), escrevi uma introdução à análise da obra de Paul Newman como realizador, onde dizia:
“Um dos mais brilhantes discípulos do “Actor’s Studio”, comparável somente a um Marlon Brando, Paul Newman é um actor de composição nervosa, apaixonada (quase sempre atlética, fazendo valer a sua natureza particularmente dotada para os papéis de acção), de recortes subtis e uma grande mobilidade de tom.
Inteligente e exigente para com o seu próprio trabalho, Paul Newman escolhe com algum rigor os filmes em que aceita intervir como intérprete, podendo ver-se na sua já longa filmografia os nomes seguros de cineastas como Robert Wise, Arthur Penn, Richard Brooks, Leo McCarey, Otto Preminger, Robert Rossen, Martin Ritt (de quem parece ser o actor predilecto, dado que para ele trabalhou já por seis vezes), Alfred Hitchcock, Stuart Rosenberg, John Huston ou George Roy Hill. São de referir as intervenções inesquecíveis em “Vício de Matar” (no papel de Billy, the Kid, numa interpretação de raiz psicanalítica da lendária figura do gunfighter), “Gata em Telhado de Zinco Quente” e “Corações na Penumbra” (primeiros contactos cinematográficos de Newman com o universo de Tennesse Willams, dramaturgo que muito o viria a influenciar como autor), “A Vida é Um Jogo” (possivelmente um doa seus melhores trabalhos, na figura de um jogador de bilhar), “O Presidiário”, “Dois Homens um Destino”, “O Juiz Roy Bean” e “O Misterioso Mackintosh” (ambos de John Huston) ou no recente “The Sting”.”
Nesse mesmo livrinho resumia a já vasta carreira de Paul Newman:
Nasceu a 26 de Janeiro de 1925 em Cleveland, Ohio, E.TJ.A.. Filho de Theresa Newman e de Arthur S. Newman, Paul começou a representar com doze anos, sendo membro do grupo infantil “The Cleveland Players”. Prosseguiu a sua carreira na “Shaker Heights High Scliool” e, mais tarde, no “Kenyon College”, onde se inscreveu para a formatura em Ciências Económicas.
Alguns meses depois, por ocasião da entrada dos E.U.A. na Segunda Grande Guerra, interrompeu os estudos e alistou-se na Marinha. Tendo servido durante três anos, na zona do Pacífico, foi desmobilizado em 1946. Regressou ao “Kenyon Coliege” e mudou o curso dos seus estudos. Interessa-se agora pela literatura e pelas artes dramáticas, com a vaga intenção de se tornar professor. Entre 1951 e 1952 estuda na “Yale Schooll of Drama”.
Passado tempo actuou na Broadway, com Ralph Meeker e Janice Rule, interpretando o papel de Alan Seymour na peça “Picnic” (1953), que esteve cerca de catorze meses no cartaz. Apôs uma única audição, foi admitido no “Actor's Studio”, de Lee Strasberg, onde principiou a estudar com actores como Eli Wallach, Rod Steiger, Geraldine Page e Julie Harris.
Ainda durante as representações de “Picnic”, a Warner Bros fecha com ele um contrato de longa durarão. No seu primeiro filme, “The Sllver Chalice” (1954), Paul Newman desempenhou o papel de um escravo grego. Esse trabalho desagradou-lhe enormemente pelo que, ainda antes do termo das filmagens, valeu-se do poder do opção que lhe era conferido pelo contrato para trabalhar numa outra peça a exibir na Broadway, “Ths Desperate Hours”, um grande sucesso, tanto sob o ponto de vista comercial corno artístico.
Paul Newman era casado, desde 1958, com Joanne Woodward. De colaboração com Barbra Streisand, Sidney Poittier, Steve McQueen e Dustin Hoffman foi um dos associados da jovem produtora “FirsT Artists Produtions Company, Lda”.
De 1974 para cá interpretou outras dezenas de obras. Como realizador, os seus filmes mais conhecidos foram “Raquel, Raquel” (1968), “Os Indomáveis”, “A Influência dos Raios Gamas sobre o Comportamento das Margaridas” ou “The Glass Menagerie”.

3 comentários:

Anónimo disse...

Era um dos últimos gigantes do cinema americano clássico. Com o seu desaparecimento, o cinema (americano e não só) fica indubitavelmente mais pobre, na medida em que Paul Newman ainda tinha muito para oferecer à 7ª Musa, basta recordar as suas últimas e excelentes interpretações em "Road to Perdition" de Sam Mendes (2002) e na mini-série "Empire Falls" (2005). Deixa-nos uma carreira absolutamente notável com grandes interpretações em grandes filmes: "Cat on a Hot Tin Roof", "The Hustler", "Hud", "Cool Hand Luke", "Butch Cassidy and the Sundance Kid", "The Verdict", "The Color of Money", etc. Em suma, penso que não será exagero nenhum afirmar que Paul Newman foi um dos maiores actores de sempre! Das grandes estrelas da Idade de Ouro de Hollywood, penso que só ficamos agora com Kirk Douglas (91 anos) vivo.

jorge vicente disse...

deixa-nos sobretudo a dádiva da arte da representação, que é uma das grandes formas de Arte.

um abraço
jorge vicente

p.s.
o meu lançamento correu muito bem.

Luis Eme disse...

excelente biografia.