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domingo, novembro 22, 2009

NOVO LIVRO DE CINEMA

:
No novo bar-livraria dos cinemas King foi apresentado um livro de cinema, da autoria de José Varregoso, dedicado a Alfred Hitchcock. A edição é Chiado Editores. Convidado a apresentar essa obra, alinhavei o seguinte comentário:
EU, HITCHCOCKIANO, ME CONFESSO
No princípio era um blogue que eu visitava por vezes. Chamava-se, e chama-se, “Eu, Hitchcockiano, Me Confesso”, e por lá ia lendo apaixonadas declarações de amor ao cinema e a um cineasta em particular, Alfred Hitchcock, como devem calcular.
Mas o blogue organizava-se de uma maneira muito curiosa. Primeiramente a coerência e o método: durante cerca de três anos, cento e cinquenta semanas, para ser mais exacto, o autor colocava um novo post, um texto relativamente longo onde falava de um filme, de um tema, de um aspecto da vida, de uma curiosidade, de um colaborador de Alfred Hitchcock, mas sempre numa perspectiva muito pessoal.
Depois, estes não eram textos de um crítico encartado sobre um cineasta, eram e são divagações de um cinéfilo que escreve, na primeira pessoa do singular, sobre cinema e um cineasta que admira e ama. São diálogos, quase em tu cá tu lá, entre quem vê um filme e aquele que o concebeu. São dois eus em confronto, de forma descomplexada e simples, mas nem por isso menos profunda, intelectualmente ágil e estimulante.
Quem é este José Varregoso que assim aparece primeiro num blogue, agora em livro reunindo as crónicas, os cento e cinquenta posts ali previamente publicados? Pouco sei do autor, falei com ele uma vez, para ele me entregar o livro que li com proveito e curiosidade, mas acho que o que ele diz de si próprio no prefácio do volume que temos agora nas mãos é o bastante, pelo menos o essencial:
Escreve ele na apresentação do blogue e no primeiro texto desta obra: “Isso da identidade pessoal de cada um de nós tem muito que se lhe diga. Deixem-me contar-vos desde já que estudei Antropologia e que, portanto, me sinto rudimentarmente habilitado para falar daquilo que pode moldar a personalidade de um ser humano. Bem sei que é inevitável que se fale da soma de muitos factores biológicos, sociais e culturais. Mas é também certo que o percurso biográfico de alguém é sempre marcado pelo nível dos seus interesses e paixões particulares. Pelas suas inclinações emocionais ou psicológicas. Cada pessoa representa uma soma imensa de factores. Vejam-me como um hitchcockiano.”
E precisa o contexto do seu trabalho: “Conto publicar aqui, com regularidade, crónicas sobre o Cinema, a Vida e o Suspense. Três valores esses que serão temáticas permanentes nas minhas reflexões.”
José Varregoso tem depois algumas qualidades apreciáveis. Escrever sobre cinema (como sobre qualquer forma de expressão artística) pode ser tarefa a cumprir de muitas formas e algumas delas bastante entediantes para quem lê. Escrever simples e claro, sem que isso torne linear e desprovido de qualquer profundidade de análise o que se escreve, não é tarefa fácil. Por isso muitos escrevem “difícil” e “arrevesado” para se darem ares e assim julgarem colmatar a falta de profundidade e de originalidade.
José Varregoso sabe-o bem e tem consciência disso quando afirma: “Procurarei aqui nunca parecer entediante nem presunçoso; escrever sobre o que me agrada e motiva a compor um texto; e não esquecer que escrevo para ser lido. Porque escrever é um meio de comunicação e não tão só um meio de encontro do escritor consigo mesmo e com os seus ideais.”
E precisa o objecto da sua análise: “Claro está que um dos pontos de referência das minhas crónicas será a figura de Alfred Hitchcock. O que ela significa para o Cinema e como reflecte perspectivas de vida e conceitos culturais variados. Já saberão portanto que Hitchcock será uma figura emblemática da minha escrita neste blog. Mas não pretendo construir um site sobre o cineasta e sobre a sua filmografia. Procurarei antes contar a quem me ler como algum do cinema de Hitchcock me tem influenciado. Quero escrever sem moldes estritamente definidos. Escrever sem orientações rígidas. Cada crónica terá a sua vida própria e cumprirá o seu objectivo, mas gostava de pensar que o conjunto de todos os textos aqui apresentados reflectirá uma lógica e uma coerência uniformes.”
José Varregoso apresenta-se também de forma discreta: “Sou um cinéfilo mas não me devem ler como um crítico de cinema esclarecido, nem tão pouco como um filósofo ou um cientista social.”
O que me interessou particularmente neste trabalho, além da paixão que testemunha, é a reflexão sobre temas tão caracteristicamente hitchcockeanos como a construção do suspense, a utilização do medo, a definição de personagens femininas, o amor e o sexo na obra deste cineasta, o falso culpado, o mistério da morte, entre muitos outros. Depois, José Varregoso é também um coleccionador de curiosidades, um cocabichinhos que nos dá a lista das aparições de Hitchcock em todos os seus filmes, todos os seus trabalhos para a televisão, um nota sobre o trabalho fotográfico que a “Vanity Fair” fez para homenagear o cineasta, e tantas outras preciosidades. Muitas de difícil conhecimento e acesso para o leitor comum.
Mas como de um blogue se tratava “Eu, Hitchcockiano, Me Confesso” acompanhava também o dia a dia do autor, que tanto pode falar de amigos e amizade (citando os bons e maus amigos dos filmes de Hitch), como saudava as celebrações de um novo ano com champanhe made in Hitchcock.
“Perdoem-me se estas linhas carecerem de humor e de irreverência.”, diz José Varregoso. “Acho que sou um homem sério e frequentemente sisudo e circunspecto. Mas não me levem demasiadamente a sério. Nem tão pouco me identifiquem com um intelectual esclarecido apostado em ensinar aos outros como devem entender a Vida e o Cinema. Vejam-me antes como um hitchcockiano... Nada mais...”
Lendo “Eu, Hitchcockiano, Me Confesso” cedo se perceberá que Varregoso não só tem humor, como também o utiliza de forma criteriosa. Esta última citação testemunha-o. E se não está saudavelmente “apostado em ensinar aos outros como devem entender a Vida e o Cinema” (basta os que já existem e são tantos!), não deixa de ser verdade que é um esclarecido e apaixonado hitchcockiano. Que para quem gosta de cinema, de suspense, e da vida… é quanto basta.

Lauro António, Cinemas King, bar, 21 de Novembro de 2009

sábado, setembro 27, 2008

PAUL NEWMAN


PAUL NEWMAN SEMPRE !
(25.jan.1925 - 26.set.2008)


















Em 1974, o “estúdio Apolo 70” (sala de cinema hoje encerrada, mas que se situava no Centro Comercial do mesmo nome, em Lisboa, frente ao Campo Pequeno,), cuja programação foi, desde a sua inauguração até quase ao seu encerramento, dirigida por mim, ensaiava uma colecção de "Monografias" de cinema, a primeira das quais (saber-se-ia depois que primeira e única) dedicada ao cinema norte-americano da época, com o título "USA", e o propósito de chamar a atenção para alguns (então) jovens realizadores cujas obras iniciais me tinham impressionado vivamente e a quem augurava bom futuro. Paul Newman era na altura um actor já consagrado mas um realizador com apenas três filmes, todos eles a mereceram os maiores encómios. Os outros para quem o livrinho apontava talento não se esquivaram a esse desígnio: George Roy Hill, George Lucas ou Peter Bogdanovich não se fizeram rogados e assinaram obras que ficaram na história do cinema.
Nesse livrinho, de que recupero a memória (ano feliz o de 1974, por tantas e tantas razões, e também por essa que todos lembram), escrevi uma introdução à análise da obra de Paul Newman como realizador, onde dizia:
“Um dos mais brilhantes discípulos do “Actor’s Studio”, comparável somente a um Marlon Brando, Paul Newman é um actor de composição nervosa, apaixonada (quase sempre atlética, fazendo valer a sua natureza particularmente dotada para os papéis de acção), de recortes subtis e uma grande mobilidade de tom.
Inteligente e exigente para com o seu próprio trabalho, Paul Newman escolhe com algum rigor os filmes em que aceita intervir como intérprete, podendo ver-se na sua já longa filmografia os nomes seguros de cineastas como Robert Wise, Arthur Penn, Richard Brooks, Leo McCarey, Otto Preminger, Robert Rossen, Martin Ritt (de quem parece ser o actor predilecto, dado que para ele trabalhou já por seis vezes), Alfred Hitchcock, Stuart Rosenberg, John Huston ou George Roy Hill. São de referir as intervenções inesquecíveis em “Vício de Matar” (no papel de Billy, the Kid, numa interpretação de raiz psicanalítica da lendária figura do gunfighter), “Gata em Telhado de Zinco Quente” e “Corações na Penumbra” (primeiros contactos cinematográficos de Newman com o universo de Tennesse Willams, dramaturgo que muito o viria a influenciar como autor), “A Vida é Um Jogo” (possivelmente um doa seus melhores trabalhos, na figura de um jogador de bilhar), “O Presidiário”, “Dois Homens um Destino”, “O Juiz Roy Bean” e “O Misterioso Mackintosh” (ambos de John Huston) ou no recente “The Sting”.”
Nesse mesmo livrinho resumia a já vasta carreira de Paul Newman:
Nasceu a 26 de Janeiro de 1925 em Cleveland, Ohio, E.TJ.A.. Filho de Theresa Newman e de Arthur S. Newman, Paul começou a representar com doze anos, sendo membro do grupo infantil “The Cleveland Players”. Prosseguiu a sua carreira na “Shaker Heights High Scliool” e, mais tarde, no “Kenyon College”, onde se inscreveu para a formatura em Ciências Económicas.
Alguns meses depois, por ocasião da entrada dos E.U.A. na Segunda Grande Guerra, interrompeu os estudos e alistou-se na Marinha. Tendo servido durante três anos, na zona do Pacífico, foi desmobilizado em 1946. Regressou ao “Kenyon Coliege” e mudou o curso dos seus estudos. Interessa-se agora pela literatura e pelas artes dramáticas, com a vaga intenção de se tornar professor. Entre 1951 e 1952 estuda na “Yale Schooll of Drama”.
Passado tempo actuou na Broadway, com Ralph Meeker e Janice Rule, interpretando o papel de Alan Seymour na peça “Picnic” (1953), que esteve cerca de catorze meses no cartaz. Apôs uma única audição, foi admitido no “Actor's Studio”, de Lee Strasberg, onde principiou a estudar com actores como Eli Wallach, Rod Steiger, Geraldine Page e Julie Harris.
Ainda durante as representações de “Picnic”, a Warner Bros fecha com ele um contrato de longa durarão. No seu primeiro filme, “The Sllver Chalice” (1954), Paul Newman desempenhou o papel de um escravo grego. Esse trabalho desagradou-lhe enormemente pelo que, ainda antes do termo das filmagens, valeu-se do poder do opção que lhe era conferido pelo contrato para trabalhar numa outra peça a exibir na Broadway, “Ths Desperate Hours”, um grande sucesso, tanto sob o ponto de vista comercial corno artístico.
Paul Newman era casado, desde 1958, com Joanne Woodward. De colaboração com Barbra Streisand, Sidney Poittier, Steve McQueen e Dustin Hoffman foi um dos associados da jovem produtora “FirsT Artists Produtions Company, Lda”.
De 1974 para cá interpretou outras dezenas de obras. Como realizador, os seus filmes mais conhecidos foram “Raquel, Raquel” (1968), “Os Indomáveis”, “A Influência dos Raios Gamas sobre o Comportamento das Margaridas” ou “The Glass Menagerie”.

sexta-feira, março 28, 2008

SÂO MIGUEL DE SEIDE: MANHÃ SUBMERSA


Hoje, sexta-feira, 28 de Março de 2008, às 21, 30 horas, no auditório da Casa de Camilo Castelo Branco, em São Miguel de Seide, Vila Nova de Famalicão, "Um livro, um Filme", com "Manhã Submersa". Lá vos espero, para uma conversa sobre o livro e o filme.